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Inclusão: perspectivas para as áreas da educação física, saúde e educação
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Inclusão: perspectivas para as áreas da educação física, saúde e educação
E-book205 páginas2 horas

Inclusão: perspectivas para as áreas da educação física, saúde e educação

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Sobre este e-book

O tema desta obra nasce dos estudos continuados com o tema da inclusão, especialmente voltados para a área da Educação Física. A obra reúne artigos, produtos das pesquisas realizadas no grupo de pesquisa Reabilitação e Inclusão vinculado ao CNPq e ao Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista IPA, cujo coordenador é o autor organizador desta obra.
As pesquisas voltadas para a área da Educação Física e da saúde nascem da problematização do tema da inclusão na escola e na sociedade. As experiências de exclusão ainda são práticas vivas no ambiente educacional e, quando se trata das aulas de Educação Física, talvez as experiências sejam mais pronunciadas. Tal fator acaba por excluir e até mesmo contribuir para uma aprendizagem de negação e de rejeição com a área, espaço que historicamente se voltou para a performance e o ensino dos alunos saudáveis. Trata-se ainda de um aprendizado em sociedade, aprender sobre a inclusão é um exercício de afetividade e reconhecimento do outro.
A obra avança com pesquisas do tema da inclusão e das necessidades especiais que são referenciais para as áreas da Educação Física, da educação e da saúde, sua finalidade principal é apresentar resultados de pesquisas atuais e possibilitar reflexões acerca das realidades em que o tema está presente.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de fev. de 2022
ISBN9786588054048
Inclusão: perspectivas para as áreas da educação física, saúde e educação

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    Inclusão - Atos Prinz Falkenbach

    1.1 VYGOTSKY E O SUJEITO COM AUTISMO: UMA MEDIAÇÃO PERTINENTE A UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS

    ¹

    Atos Prinz Falkenbach

    Gisele Battistelli

    Diego Castro Eloy

    Para pensar a produção de conhecimento da educação física e a temática da inclusão e das necessidades especiais

    O ponto de partida para as reflexões se ampara nas afirmações de Góes e Laplane (2004) cujos estudos apresentam pequena inserção de crianças com necessidades especiais na escola regular. Um aspecto é a inclusão no ambiente educacional, outro é o conhecimento sobre a inclusão na área da saúde. As perguntas que podem ser realizadas na sequência são: se na classe regular há pouca inclusão cujo espaço é respectivo ao processo educacional, indagamos como está a realidade quando se trata da prática desempenhada pela área da saúde, mais especificadamente da área da Educação Física? Em continuidade, inda- gamos como os profissionais da Educação Física concebem a inclusão social da criança com necessidades especiais? Há pesquisas e produção de conhecimento na área das necessidades especiais e inclusão em Educação Física? Como se caracteriza a produção de conhecimento na área das necessidades especiais? Como se caracteriza a produção de conhecimento na área da inclusão?

    O presente estudo investiga a temática da inclusão e das necessidades especiais. Busca interpretar a produção de conhecimento acerca da temática da inclusão e das necessidades especiais a partir do foco da área da saúde. O estudo parte da identificação dos estudos em nível Stricto Sensu da área da saúde acerca da temática da inclusão e das necessidades especiais na CAPES para, em seguida analisar e interpretar a produção de conhecimento desta temática na área da Educação Física.

    Para início das reflexões é necessário destacar a necessidade atual de estudos nessa área ao considerar os aspectos legais da prática de inclusão social e educacional. Tal realidade não é um processo simples. Vygotsky (1997) apresenta a problemática da prática da escola de educação especial que isola cada vez mais a criança das experiências coletivas e das relações sociais. Esse sistema fechado e de segregação da criança com necessidades especiais segue uma abordagem biomédica determinista do desenvolvimento da criança (PADILHA, 2001). Também o isolamento desta criança serve como um sistema atraente, confortável e amplamente divulgado. Essa abordagem pedagógica vem ampliando a ideia comum de que os deficientes criam mundos próprios, fora do coletivo social. Tais contextos construíram um mundo a parte para os deficientes com trabalhos e estudos próprios, mas que servem apenas para isolar e cada vez mais confirmar a ideia de que não se deve conviver juntos.

    O modelo biomédico determinista das características genéticas da doença é hegemônico. Sua implicação se perpetua no processo formativo de profissionais da área da saúde que prepara para a continuidade de ações segregadoras e de pouca convicção nas perspectivas de desenvolvimento humano em relação às crianças com necessidades especiais.

    Outra perspectiva se volta para o processo de cura da criança com necessidades especiais e do processo de medicamentoso para essa finalidade. A crença recai na possibilidade da cura. Sacks (1997) afirma que em se tratando das necessidades especiais, tanto o profissional da saúde quanto os pais possuem comportamentos e crenças que são produtos da ideia comum de que se há doença há cura e o procedi- mento é o tratamento com base na química de remédios. Izquierdo (2004) explica que o uso de remédios no tratamento de crianças com necessidades especiais, contribui mais ao alento dos familiares que à criança e suas reais necessidades. Trata-se de um ajuda ao anseio dos familiares que se acalmam quando percebem que algo está sendo feito. Também é importante compreender que tal alento favorece um melhor ambiente de convívio da criança na família.

    As reflexões iniciais desenvolvidas permitem organizar e encaminhar a questão norteadora do presente estudo que é:

    Como está caracterizada a produção de conhecimento da Edu- cação Física em nível stricto sensu na área das necessidades especiais e da inclusão?

    Aspectos teóricos dos estudos da educação física, necessidades especiais e inclusão

    Com a finalidade de estudar as temáticas da inclusão e das necessidades especiais na área da Educação Física é necessário ter presente o histórico desta área. A área da saúde não fica restrita à concepção fragmentária, mas ao contrário passa a compreender o processo do desenvolvimento humano como uma unidade de caráter indissociável. Sacks (1997) explica que as ciências com o foco na saúde necessitam de uma revitalização em seus posicionamentos, concepções e práticas. O autor analisa que esta área distanciou-se dos aspectos realmente humanos, a dicotomia explícita nos diagnósticos e nas técnicas são exemplos desta problemática. É neste prisma que se inscreve a concepção histórica de corpo e das necessidades especiais.

    Ao exemplo das concepções de saúde, autores das diversas áreas de conhecimento buscaram orientar seus trabalhos também no sentido de superação da dualidade cartesiana, buscando um diálogo melhor estabelecido com a realidade vivenciada e continuadamente refletida. Na área da neurologia, Damásio (2000) revela que o corpo é o sustentáculo do self ², análise unificadora das relações entre o soma e a psique. O autor evidencia que as vivências do corpo constituem a forma de identificação pessoal, explica que é uma forma do ser humano compreender-se como totalidade. Morin (2002) na área da filosofia, remete ao corpo sua dimensão de complexidade e de multiplicidade dos trajetos de sua construção, argumento contrário à angústia categorizadora e classificadora que o evidenciou. Winnicott (1996), na qualidade de médico e psicanalista, avalia que em certo período os psicanalistas relacionavam saúde como a ausência de transtornos psicológicos. O autor analisa a relação social de saúde quando descreve as repercussões do coletivo sobre a formação do indivíduo. A concepção de saúde precisa incorporar sentimentos de conflitos e de êxitos, de culpa e de mérito numa relação não linear e simplista. As necessidades especiais na visão do autor constituem mais uma construção cultural do que a simples constituição genética do indivíduo. Esta compreensão leva a entender o quanto a temática das necessidades especiais podem ser agravadas no processo social do ser humano.

    As reflexões descritas abordam a saúde e as necessidades especiais como uma unidade de relações complexas entre si e com o coletivo em sentidos diversos. Tal referência se diferencia da compreensão comum, ainda hegemônica e que enfrenta com boa margem de vantagem às concepções mais unificadoras e sistêmicas da saúde e das necessidades especiais. A visão fragmentada e simplista é facilitadora e didaticamente conservadora, pensar em partes e não o conjunto permite o controle sobre um universo de variáveis simplificando sua complexidade real.

    O modelo mecanicista mantém-se vivo e dominante na ação e na práxis das diversas áreas da saúde. Os estudos de Porto, Simões e Moreira (2004) sobre a temática do corpo na área da saúde revelam a transição nos discursos dos profissionais da área da saúde e que atuam com pessoas com diferentes necessidades especiais. As evidências identificam contradições conceituais que ora conseguem argumentar em favor de um corpo com dimensão complexa e sistêmica, ora voltam ao paradigma dualista, visando um desempenho utilitário e mecanicista.

    Em relação ao conhecimento da inclusão é necessário reconhecer que historicamente as pessoas com necessidades especiais são excluídas do convívio social (JANNUZZI, 2004). Para Kassar (2005) a deficiência foi cultuada pela modernidade como uma causa biológica irreversível, ou seja, a pessoa nasce com a falta de algum sentido, habilidade ou órgão o que a impedirá de se desenvolver e aprender, perspectiva determinista do desenvolvimento humano.

    A perspectiva determinista também instituiu as escolas voltadas para o atendimento exclusivo dessa clientela cuja ação está voltada ao assistencialismo, diminuindo o processo educacional, fortaleceu-se a segregação dessas pessoas, sejam crianças ou adultos, do convívio com a sociedade normal (KASSAR, 2005).

    Padilha (2001) explica que tal conhecimento acaba por entravar o processo de inclusão social e escolar de crianças com necessidades especiais, cujas repercussões vão desde o ingresso da criança na escola até os conceitos antigos acerca da avaliação e da aprendizagem que seguem perspectivas do diagnóstico biomédico. A autora avalia que não é um processo fácil e nem mesmo rápido, mas ao contrário, é um processo lento que requisita a qualificação e reestruturação do pensamento dos atores sociais.

    A formação que possibilita um conhecimento dos processos de aprendizagem e de desenvolvimento de pessoas com necessidades especiais é o que permite mudanças na forma de concepção da área da saúde frente às necessidades especiais, bem como os procedimentos do seu tratamento. A partir da reflexão teórica desta perspectiva podemos apresentar os objetivos perseguidos no estudo.

    Metodologia do estudo

    O presente estudo investiga a produção de conhecimento da área da Educação Física na temática da inclusão e das necessidades especiais em nível stricto sensu. Pela sua natureza descritiva e interpretativa se ajusta às características do modelo qualitativo de investigação, pesquisa de modalidade

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