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Amigas para Sempre
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E-book178 páginas2 horas

Amigas para Sempre

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Sobre este e-book

Às vezes, sua melhor amiga pode ser sua pior inimiga.

A bem-sucedida advogada Molly Reid pensou que tinha deixado o passado para trás. Mas quando o corpo de sua colega de quarto esquisita, mas adorável, Sarah, é descoberto abandonado em um campo, Molly é atraída de volta ao mundo incestuoso da Faculdade de Devereaux. No velório de Sarah, Molly confronta seu ex-noivo, um ex-popular do campus subitamente atencioso, as amigas mal-intencionadas da faculdade que ainda tratam Molly como a bolsista fora dos trilhos que ela já foi, e a mãe de Sarah, que força Molly a levar os diários da reabilitação de Sarah.

Enquanto Molly vasculha os diários rabiscados de Sarah, ela descobre que Sarah não era uma adorável cabeça de vento, e sim uma mulher inteligente, mas danificada. Os diários tornam-se para Molly uma caixa de segredos de Pandora. Os segredos de Sarah derrubarão a fachada cuidadosamente construída de Molly?

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento7 de abr. de 2022
ISBN9781667430065
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    Amigas para Sempre - Bernadette Walsh

    CAPÍTULO UM

    20 de maio de 2009

    Puxei a saia de lã preta apertada. Dois anos atrás, quando cheguei aos quarenta e me divorciei do meu marido, fiz algo absurdo e bani tudo que era preto do meu guarda roupas. É bobo, na verdade, imaginar que uma advogada da Avenida Park poderia sobreviver sem o pretinho básico, mas eu estava me afogando nos alinhados ternos pretos há anos. Na época, Sarah aplaudiu meu novo estilo. Claro que Sarah apoiaria. Seu guarda roupas com cara de mãe em tempo integral de Nova Jersey era uma explosão de cor e brilho. O que Sarah diria se soubesse que ela causou a ruptura do meu decreto contra roupas pretas? Ela provavelmente reviraria os olhos e diria: O 'Connor, você tem mesmo que fazer tudo ser sobre você?

    Saí do carro e ajeitei a saia que achei no fundo do guarda roupas mais uma vez, com o estômago embrulhado diante da possibilidade de ver o marido de Sarah.Seu irmão. Todos os alunos da Faculdade de Devereaux que inevitavelmente apareceriam.Entrar e sair. Eu daria meus cumprimentos e então escaparia pela ponte George Washington para minha vida real no Upper East Side, onde eu era uma advogada respeitada e mãe de dois filhos. Minha vida real, onde ninguém se lembrava de Molly O'Connor, a bolsista devassa.

    Eu estava atrasada, é claro, a sala de exibição já lotada com todos que eu sabia que estariam lá. O bando de amigas donas de casa desesperadas de Sarah, cujos nomes eu nunca conseguiria lembrar. O Sr. Reilly, seu cabelo quase todo perdido agora. A Sra. Reilly, vestida com esmero como eu sabia que ela estaria. As crianças, meu Deus, as crianças. Abracei a filha mais velha, Elizabeth, mas não a via há anos e ela provavelmente nem mesmo sabia quem eu era. Por quê ela saberia? Sarah e eu nos tornamos amigas que se falavam por telefone duas vezes ao ano.

    Timothy Reilly, seguido pela esposa que usava meu anel, cumprimentou-me com um beijo seco ao lado do caixão fechado. Seus olhos eram duas cavidades. Os meses de busca, de desconhecimento, deixaram suas marcas até no formidável Tim.

    A dupla pavorosa, Beth e Donna, nossas companheiras de quarto do primeiro ano, me encurralaram do lado de fora do banheiro feminino e me bombardearam em busca de informações, mas eu sabia tanto quanto elas sobre as circunstâncias da morte de Sarah. Beth estreitou os olhos como se pensasse que eu as estava escondendo algo, da mesma forma que eles estreitaram todos aqueles anos atrás, sempre que eu não contava a ela onde havia passado a noite. Meus ombros involuntariamente curvaram-se para a frente como se eu fosse mais uma vez aquela garota magrela de dezoito anos em um suéter de náilon barato cheirando a cerveja da noite anterior.

    Beth e Donna pareciam como se o Shopping Short Hills tivesse sido jogado sobre elas, ambas usando roupas de luto caras e de bom gosto - sapatos pretos de cano alto e bolsas de grife combinando. Elas provavelmente foram fazer compras juntas e combinaram suas roupas para o grande evento no momento em que souberam do desaparecimento de Sarah. A dupla pavorosa, como eu as batizei no primeiro ano, eram esposas elegantes e mimadas de subúrbio, exatamente como o destino pretendia. Sem dúvida, causavam terror nos corações de suas respectivas associações de pais e professores. Com minha saia desajustada e sapatilhas confortáveis, eu era mais uma vez a única estranha.

    Você não tem contato com Tim? Ele deve ter te contado algo?

    Não vejo Tim há anos e só descobri sobre o funeral pelo e-mail dos ex-alunos, eu disse.

    Sério? As sobrancelhas de Donna se ergueram e quase quebraram sua testa congelada. Sarah sempre agiu como se vocês duas ainda fossem melhores amigas. A última vez que a encontrei no shopping, ela disse que vocês duas se encontravam na cidade para almoçar o tempo todo.

    Já faz um tempo desde que falei com ela. Sarah e Chip se separaram?

    Você não sabia? Perguntou Beth.

    Não. Olhei para Chip Shields e infelizmente chamei sua atenção. Ele passou a língua pelos lábios grossos e carnudos e acenou com a cabeça na minha direção. Seus olhos cerrados, ainda sedutores, embora agora incrustados em um rosto que havia engordado, diziam: Eu conheço você. Eu provei você. O mesmo olhar que ele me deu quando eu estava em meu vestido roxo de madrinha e peguei o buquê de sua esposa.E, não pela primeira vez, me arrependi daquela noite em seu quarto no segundo ano. Mesmo depois de décadas, eu não conseguia esquecer o cheiro do lençol azedo, a sensação de seu hálito quente no meu pescoço.

    Escapei da dupla pavorosa e falei com os dois jovens monges franciscanos da Faculdade de Devereaux. A família Reilly sempre foi uma grande doadora de Devereaux e o Sr. Reilly, junto com três de seus cinco filhos, eram ex-alunos, o que provavelmente foi o motivo pelo qual a faculdade enviou dois de seu número cada vez menor de frades. Mesmo na morte, os Reillys chegaram à frente da fila.

    Os jovens frades em suas vestes ásperas e sandálias marrons desajeitadas me transportaram de volta à Faculdade de Devereaux de uma forma que os rostos inchados de meus ex-colegas não conseguiram. O simples fato de estar perto de seus rostos recém raspados me fez pensar na brisa da montanha e no consolo que seus predecessores forneciam nos confessionários sombrios da capela, quando os pecados do fim de semana se tornavam pesados demais para suportar. Consolo. Será que esses monges magros, engolidos por suas túnicas grosseiras, podem trazer consolo aos ex-alunos de quarenta e poucos anos com as cicatrizes do divórcio e do desapontamento, e agora da morte?

    Olhei para o meu relógio de diamantes - um presente de quadragésimo aniversário para mim mesma. Excedi  meu tempo originalmente programado em trinta minutos.O que aconteceu com entrar e sair, O'Connor?

    Me ajoelhei diante do caixão e coloquei minha mão em seu mogno liso. Murmurei o que restou de minha formação católica. Um Pai Nosso. Um Glória. Qualquer coisa para me distrair do fato de que sob minhas mãos estavam os ossos estirados de Sarah. A grande e bela Sarah Reilly, com seus longos cabelos castanhos dourados e membros ainda mais longos. Sarah, que sempre teve o melhor de tudo, abandonada no campo, à mercê de carniça faminta. Quem no mundo poderia ter previsto isso.

    Fiquei tempo demais e uma fila se formou atrás de mim. Na minha cabeça, eu disse: Sinto muito, Sarah.Lamento que tenha terminado assim. Me levantei muito rápido e tropecei. John Reynolds - de todas as pessoas - me segurou.

    O 'Connor, você está bem?

    O lindo John Reynolds, ao contrário de seu ex-colega de quarto, Chip, havia conquistado o tempo. No máximo, o grisalho em suas têmporas e o peso adicionado à sua estrutura de quase dois metros melhoraram sua aparência de estrela de cinema que já possuía. E é claro que eu caí nele. Assim como fiz cerca de dez vezes na faculdade, embora naquela época eu geralmente respingasse cerveja barata em seus jeans caros. Era como se o fato de estar dentro da órbita de John Reynolds me desequilibrasse.Eu e metade das garotas em Devereaux.

    Concordei com a cabeça. Sim, estou bem. Obrigada.

    Sem soltar meu braço, John me levou até o canto. Tem certeza de que está bem, O'Connor? Você está pálida. Você precisa de um copo d'água?

    Estou bem. Eu me afastei de seu aperto. Ninguém me chama mais assim, a propósito.

    Como chamam você agora? O'Connor?

    Sim. Eu uso Molly Reid agora.

    Algum homem de sorte finalmente pegou a escorregadia Molly O'Connor? Eu  gostaria de cumprimentá-lo.Ele está aqui?

    Não, nós somos divorciados. Eu mantive o nome pelas crianças.

    Então você ainda está escorregando das mãos dos caras, Molly?

    Me recusei a sorrir. Afinal, estávamos em um funeral. Dificilmente. Estou muito velha para isso.

    Os olhos azuis de John fixaram-se nos meus. Você parece a mesma para mim. Ainda linda. Brilhante também, tenho certeza.Você ainda exerce advocacia?

    Sim, na cidade. Litígio de valores mobiliários na Harper, Sherman & Reid. E você? Você não foi para a faculdade de direito?

    Sim, eu assumi o escritório do meu pai em Newark.Não exatamente na Avenida Park, mas estou me saindo bem.

    E sua esposa? Ela é advogada?

    Ex-esposa. E não, ela não trabalha. Ela acabou de ter outro filho com seu novo marido.

    Então, parece que nós dois somos um pouco escorregadios.

    John riu. Pode-se dizer que sim. Ei, você gostaria—

    A mãe de Sarah se aproximou de mim. Molly, querida, você se importa de vir até o meu carro? Tenho algo pra você.

    Claro, Sra. Reilly. John, foi bom ver você de novo, eu disse.

    A Sra. Reilly não disse nada enquanto caminhávamos para o estacionamento. Ela sempre me deixava nervosa e, depois que Tim Reilly terminou nosso noivado no início dos anos 90, ficou muito fria nas poucas vezes em que a vi desde então. O que diabos ela poderia ter para mim?

    A Sra. Reilly abriu o porta-malas e tirou uma caixa cheia de cadernos. Não tinha certeza se você estaria aqui, Molly. Se você não viesse, eu iria queimá-los. Folheei alguns deles e, bem, não acho que Chip deveria vê-los. Não é isso que Sarah gostaria.

    O que são esses cadernos?

    Diários de Sarah.Ela os deixou no meu porão quando estava limpando a casa que aquele bastardo a estava forçando a vender.

    Eu sou a pessoa certa para ler isso? Certamente a irmã dela ou uma de suas outras amigas...

    As amigas de Sarah são um bando de cabeças ocas, para ser sincera, e não acho que Sarah gostaria que sua irmãzinha os lessem. Não, Molly, você era uma amiga sensata. A única que nunca quis nada dela. Posso confiar em você. Leia-os ou queime-os, não me importo neste momento.Eu sei que você fará a coisa certa com eles.

    A polícia não deveria vê-los?

    A polícia? Aqueles incompetentes? Por favor. Folheei alguns diários e não acho que tenha nada de útil para a polícia neles. Eu quero alguém que amou Sarah, que realmente amou e compreendeu Sarah, para tê-los. Sarah e eu, bem, você sabe, nunca nos demos bem. Preciso fazer uma última coisa boa por minha menina, e acho que dar a você esses diários é isso.

    Eu, uh, eu não sei.

    Por baixo da maquiagem leve, a pele da Sra. Reilly estava cinza. Pegue-os, Molly.

    E assim eu fiz.

    CAPÍTULO DOIS

    21 de agosto de 1985

    ––––––––

    Quando chegamos à Binghamton, o falatório nervoso de minha mãe havia diminuído.Com os nós dos dedos brancos contra o volante, minha mãe, que nunca dirigia com seu Chevette surrado na via expressa Long Island se pudesse evitar, havia navegado por quatro horas em pontes e rodovias, enquanto seu leve sotaque soava com alegria forçada o tempo todo. Olhe para as colinas, Molly, não são lindas? Elas me fazem lembrar de casa.

    Já andamos 160 km? Claro, não foi tão ruim.

    Mas Binghamton a conquistou. Na metade do caminho, minha orientadora escolar, a Sra. Koenig, nos contou. Quatro horas de intermináveis colinas ao longo da Rota 17 até Binghamton. Uma breve parada para abastecer e depois mais quatro horas para terminar. O último permanente de minha mãe estava caído sobre seus ombros, seu rosto tinha um estranho tom de verde. Eu finalmente tive pena dela e peguei as chaves depois que abastecemos o carro. Desde que tirei minha carteira no ano passado, eu dirigia a maior parte do tempo. Eu era, como minha mãe dizia sem parar, uma motorista confiante. Igual ao seu pai.

    Eu era um monte de coisas, igual ao seu pai.Impaciente, cismada, podia consertar qualquer coisa, e embora eu compartilhasse as maçãs do rosto salientes e o queixo pontudo de minha mãe, herdei a cor irlandesa negra do meu pai – nos olhos pretos como carvão e cachos escuros e espessos.   Pelo jeito que minha mãe falava do meu pai, com um misto de tristeza e carinho, a maioria das pessoas que não nos conhecia bem achava que ele tinha morrido.A igreja até nos incluiu na lista de viúvas e órfãos no anuário de Natal, para minha vergonha sem fim. Mas o capitão Jack O'Connor estava bem vivo e morava no Queens perto do quartel com sua segunda esposa e seus quatro filhos.Embora para os propósitos das minhas economias inexistentes para a faculdade, Jack O'Connor estivesse praticamente morto.Razão pela qual minha mãe e eu nos encontramos em nosso Chevette correndo ao longo da Rota 17, passando pela última colina depois de rolar a maldita colina até meu destino final. Faculdade de Devereaux.

    Nem Georgetown ou Notre Dame, ou a Faculdade de Boston ou mesmo Fordham, todas as quais me aceitaram e concederam bolsas parciais. Parcial não era bom o suficiente. Com seu salário de escriturária e os cheques intermitentes de meu pai, minha mãe mal

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