Saber popular e saber médico: um estudo das parteiras (Século XIX)
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Saber popular e saber médico - Esneyder Isait Manjarrez Arévalo
CAPÍTULO 1 MORTE E VIDA DAS PARTURIENTES: o nascimento de crianças no século XIX.
1.1. Reflexões iniciais sobre as parturientes
A representação da morte é uma forma de conhecimento que a humanidade carrega na consciência, num processo atribuído à essência de seu ser. Por muitos anos, as civilizações, os historiadores e filósofos, no mundo todo, se empenharam em indagar sobre a temporalidade da vida. O século XIX falará obstinadamente da morte
. (FOUCAULT, 1977, pág.196). As representações são importantes na vida cotidiana. Elas nos guiam no modo de nomear e definir conjuntamente os diferentes aspectos da realidade diária, no modo de interpretar esses aspectos, tomar decisões e, eventualmente, posicionar-se frente a elas de forma defensiva
. (JODELET, 2001. p.17). É onde um determinado grupo independentemente da classe em que este se localize, e sim, procurando mecanismos de aprimoramento em torno de tudo aquilo que marca a diferença, como constitutivas das diferenças e das lutas que caracterizam as sociedades
. (CHARTIER, 2006, p. 33).
Sendo assim, é que procuramos entender a cultura que se criou sobre mulheres parturientes do século XIX. No processo de formulação de uma história de vida e morte das parturientes no Brasil, autores relatam a trajetória vivida por essas mulheres. A escrita da história desempenha papel decisivo que, pode ser definidora de escolhas, percursos e valores a serem positivados e escolhidos como válidos. É possível observar um grande número de produções historiográficas, abordando as diversas situações que envolviam as parturientes no século XIX. Esses relatos têm provocado debates e discussões, no sentido de despertar uma compressão sobre a saúde e a vida dessas mulheres. Pesquisas bem pontuais, tem conseguido traçar um caminho sobre a história da saúde da mulher, nesse caso, o mais específico sobre a parturiente é o trabalho de acompanhamento e de relacionamento realizado pelas parteiras, enquanto sujeito histórico.
Para entendermos um pouco sobre estas narrativas, utilizamo-nos as pesquisas relevantes que discutem a temática. Mary Karasch (1999), Mary Del Priore (1993 e 2006), Fernando Magalhães (1992), Rita de Cássia Marques (2003), Fabíola Rohden (2006), Ana Paula Vosne Martins (2000), Pedro Salles (1971), Mônica de Paula da Silva (2002), Noélia de Sousa Alves (2007), Luiz O Ferreira (2003), entre outros. Partindo do princípio, de que os mesmos influenciaram as produções historiográficas em Goiás sobre nesse período.
Mary Del Piore no livro, Ao Sul do Corpo, trabalhou, utilizando-se de documentos eclesiásticos, para argumentar a perseguição sofrida pelas mulheres, que, segundo a Igreja, não se enquadravam nas estruturas morais impostas pelo cristianismo. Esses princípios foram sustentados no Concílio de Trento (1545 a 1563). Além da documentação eclesiástica, também utilizou dos manuais médicos portugueses, para ressaltar a visão da medicina da época acerca do corpo feminino, que era visto e recheado de preconceitos contra o papel reprodutivo das mulheres.
Segundo Del Priore, (1993) as mulheres sustentando-se na fala moralista da Igreja obrigavam os homens a casaram-se, fazendo com que eles assumissem a responsabilidade por elas e por seus filhos. Podemos perceber que a condição de insegurança com relação à presença dos maridos, fez com que muitas delas se enchessem de filhos, sendo esta, uma das formas de resistência, frente ao abandono dos parceiros. Desamparadas, abandonadas e submetidas à violência, essas mulheres uniam-se a seus filhos, formando assim uma unidade de amparo, segurança e afetividade. Motivo pelo qual na época da colônia, muitas mulheres eram responsáveis pelos lares.
O trabalho de Del Priore, embora faça referência ao período colonial, é importante para nosso trabalho, porque aborda aspectos pertinentes para nossa pesquisa. Num primeiro momento, veem-se as relações de solidariedade entre as mulheres, estabelecidas a partir da relação parteiras/parturientes. Da mesma maneira que, na época colonial, o trabalho de parteira ajudava a entrelaçar os laços entre as mulheres. Esses mesmos laços aconteciam na Cidade de Goiás, no período escolhido para análise. Eram relações bem concretas que ocorriam entre parteiras e parturientes. A principal preocupação deste trabalho se acentua na base dessas relações. Como se davam e em que condições essas relações aconteciam?
Ana Paula Vosne Martins desenvolveu, sua tese de doutorado, intitulada A Medicina da Mulher: Visões do Corpo Feminino da Constituição da Obstetrícia e da Ginecologia no século XIX. Em sua tese, Ana Paula Martins focou as memórias de médicos, ofícios das Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e Salvador, as revistas médicas e os trabalhos feitos nas faculdades de Medicina. A partir destas fontes, Ana Paula buscou compreender o começo da Ginecologia e a Obstetrícia e como estes dois desmembramentos da Ciência Médica tomaram forma e se estabeleceram no Brasil. O trabalho acima tem a proposição de ampliar nossas reflexões sobre o tema, já que a autora analisou com muita propriedade o embate entre os médicos e as parteiras pelo controle e superioridade na hora do parto, assim como a progressiva substituição das parteiras pelos