Educação inclusiva é realidade ou utopia?: Núcleo de apoio multidisciplinar e um estudo sobre a construção de uma política pública em Betim/MG
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Educação inclusiva é realidade ou utopia? - Veridiana Antônia Alves de Souza
VERIDIANA ANTÔNIA ALVES DE SOUZA
Educação Inclusiva é realidade ou utopia?
Núcleo de Apoio Multidisciplinar e um estudo sobre a construção de uma política pública em Betim/MG
Conhecimento EditoraBelo Horizonte
2022
Copyright © 2022 by Conhecimento Editora
Impresso no Brasil | Printed in Brazil
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Conhecimento
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Editores: Marcos Almeida e Waneska Diniz
Revisão: Brenda Thais Ferreira, Daniely Rosa Lana Araújo, Letycia Amaral Menezes e Madu Brandão
Diagramação: Reginaldo César de Sousa Pedrosa
Capa: Waneska Diniz
Imagem capa: Betelgejze by istockphoto.com
Livro digital: Lucas Camargo
Conselho Editorial:
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José Emílio Medauar Ommati
Márcio Eduardo Senra Nogueira Pedrosa Morais
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Elaborada por Fátima Falci – CRB/6-nº700
SUMÁRIO
Prefácio – Cláudio Magalhães
1. Introdução
PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO
CAPÍTULO 1 – Educação Inclusiva: Realidade ou Utopia? Um panorama dos princípios da inclusão e diversidade
1. Introdução
1.1. Educação inclusiva na perspectiva da legislação
1.2. Princípios da Educação Inclusiva
1.3. Políticas públicas inclusivas
1.4. Inclusão e diversidade
1.5. Educação Inclusiva: realidade ou utopia?
PARTE II - PESQUISA EMPÍRICA
CAPÍTULO 2 – Núcleo de Apoio Multidisciplinar e a Educação Inclusiva: Um estudo sobre a construção de uma política pública em Betim/MG
1. Introdução
1.2. Percurso metodológico
2. Resultados e discussão
2.1. O Território
2.2. O surgimento do Núcleo de Apoio Multidisciplinar – NAM
2.3. O NAM como possibilidade de política pública
2.4. Educação e desenvolvimento local
2.4.1. Registros fotográficos de algumas atividades desenvolvidas e/ou que incluíram a participação da equipe do NAM
2.5. Os desafios enfrentados
2.5.1 Formação in loco nas escolas
2.5.2. Ampliação do NAM
2.5.3. Transporte
2.5.4. Interlocução efetiva com a rede de parceiros
CAPÍTULO 3 – Núcleo de Apoio Multidisciplinar – NAM: Apresentação de uma Ferramenta de Organização e Fluxo de Trabalho
1. Introdução
1.2. Gestão social e o desenvolvimento local
1.3. Procedimentos metodológicos
1.3.1. Mapeamento de processos
1.3.2. Organograma e Fluxograma – definições
1.4. Organizando o fluxo de trabalho no contexto do NAM
Considerações Finais
Referência Bibliográfica
ANEXO A - Documento Institucional - Plano de Ação
ANEXO B - Documento Institucional - Projeto Classe Hospitalar
ANEXO C - Quadro de levantamento de demanda usado na realização da pesquisa.
ANEXO D - Projeto Clube de Xadrez
1. APRESENTAÇÃO
2. JUSTIFICATIVA
3. O XADREZ NO AMBIENTE ESCOLAR
4. OBJETIVOS
5. METODOLOGIA
6. CRONOGRAMA
7. RESPONSABILIDADES
8. CUSTOS
9. CURRÍCULO
REFERÊNCIAS DO TEXTO
Prefácio
"Eu tenho o maior medo desse negócio de ser normal."
John Lennon
Sabemos: as religiões são muito diferentes entre si, embora todas se coloquem como função de orientar seus fiéis sobre as coisas do mundo. Ou seja, embora possam pensar que estejam todas nos levando pelas mãos (ou pela alma) para um determinado lugar, os caminhos costumam ser bem diferentes. Mas, ao que me parece, há uma coisa comum a todas elas: é preciso que cuidemos dos nossos outros, como cuidamos de nós mesmos.
Há uma interface entre os possíveis multiversos descritos pelas religiões onde, eventualmente, estariam as almas, espíritos, ancestrais, energias, ou o que mais nos componha além da matéria. Como é certo que as boas religiões nos querem o bem, e que, para isso, nos indiquem caminhos éticos dentro de seu conjunto de valores, é possível especular que, embora possam indicar trajetos distintos, o veículo acaba sendo o mesmo, aquilo que é difícil de se explicar, mas de fácil entendimento: o amor.
E o amor só se é possível se houver a quem amar. E é mesmo verdade que primeiro amamos a nós mesmos. Mas isso só até darmos conta, ainda enquanto bebê, de que é ainda mais divertido amar ao outro, esses que vão surgindo em nossas vidas. Daí, aparece nossa outra característica importante, somos seres gregários. No fundo, ainda somos bandos, tribos, somos caçadores-coletores, que viram sua trajetória evolutiva se acelerar abruptamente e, agora, voltamos às savanas e florestas dos shoppings para caçar e coletar o que nos permite seguir no cotidiano. Desde que estejamos juntos, de preferência, pelo afeto.
É velha essa história de ajudar o outro como mostra a Regra de Ouro, estampada na sede da ONU (Faça aos outros o que gostarias fosse feito a ti
), inspirada nas religiões milenares, como o Hinduísmo (Não faças aos outros o que não queres que seja feito a ti; e deseja para os outros o que desejas e esperas para ti mesmo
), o Confucionismo (não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a si
), Cristianismo (Amarás o teu próximo como a ti mesmo
), Islã (Ninguém é crente se não deseja para o irmão o que deseja para si mesmo
), Yorubás (Quem pegar um bastão afiado para beliscar um passarinho, deveria antes experimentar em si mesmo para sentir como dói
).
Mas também é notório que andamos, do Séc. XIX para cá, depois da explosão da Revolução Industrial, querendo não ser mais o que somos. No Séc. XX, elevamos a potência máxima nosso desejo pelo individualismo, algo tão pouco natural para a nossa espécie como ver rinocerontes e leopardos andando em bando. Ou zebras com listras horizontais, se gabando das demais. A pandemia que nos brindou no início do Séc. XXI, nada me tira da ideia, foi uma sacudidela da mãe natureza para nos lembrar que, como espécie, nossos gastos deveriam priorizar os cuidados coletivos, e não as tentativas vãs de nos tornamos indivíduos imortais. Ou seja, mais hospitais e menos spas.
Bom, alguém tinha que fazer alguma coisa! E fazem, porque outra de nossas habilidades é a resiliência. E entre essas pessoas que estão por aí para nos salvar, para nos lembrar e para injetar a regra de ouro na nossa veia é a autora do livro que agora está em suas mãos. Não é exagero dizer que nossa espécie ainda anda pelo planeta, porque ainda há seres humanos como Veridiana Antônia Alves de Souza. E, portanto, é também o nosso privilégio usufruir de seu conhecimento nesta obra, verdadeiramente em questão, por nos inquirir e nos provocar com uma publicação que, em resumo, nos diz: tem jeito, está aqui como fazer, eu já fiz, e só depende de você (e um pouquinho mais de conhecimento) para mudar, para melhor, a vida daqueles que precisam nos lembrar que estamos mais para zebras do que para rinocerontes.
A obra da Profa. Veridiana é fundamental para entendermos um triste paradoxo que vivenciamos no mesmo período em que fomos sendo atraídos, como moscas, para a luz resplandecente e suicida do brilho individualista. Quanto mais avançávamos no entendimento de que qualquer ser humano é digno, independente da cor da pele, do número de cromossomos Xs, se é careca ou enxerga mal, se corre ou precisa de uma cadeira de rodas, se sabe fazer contas ou tem dificuldades de falar, mais parece que nos superamos em tentar excluir aqueles que nos parecem ser diferente aos nossos sentidos.
Ora, somos ainda do mesmo bando e podemos, dentro de nossas limitações – que todos têm em maior ou menor medida – contribuir para o coletivo. Dentro do cinismo e ironia que caracteriza Sêneca, tratai os vossos inferiores como gostaríeis de ser tratados pelos vossos superiores
.