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O Espectro Autoritário: Como a Concentração de Mídia Fragiliza a Democracia
O Espectro Autoritário: Como a Concentração de Mídia Fragiliza a Democracia
O Espectro Autoritário: Como a Concentração de Mídia Fragiliza a Democracia
E-book540 páginas6 horas

O Espectro Autoritário: Como a Concentração de Mídia Fragiliza a Democracia

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Sobre este e-book

Um mercado concentrado de mídia não surge ao acaso. Ele é resultado de um processo histórico em que atores autointeressados interagem estrategicamente e negociam regulação favorável em troca de apoio político. Assim, surgem e evoluem os oligopólios midiáticos, associados ao comprometimento de princípios de inclusão, participação, accountability e liberdade de expressão. Quem perde é a democracia. O livro O espectro autoritário: como a concentração de mídia fragiliza a democracia desvenda minuciosamente a lógica desse processo, a partir da investigação do caso da radiodifusão em perspectiva comparada Brasil-Argentina. A obra oferece, ainda, um rigoroso guia teórico-metodológico para estudos de políticas de comunicação voltados à relação entre mídia e qualidade da democracia em diferentes contextos.
"Livro de fôlego, com argumentação sólida e segura, exibe elogiável senso de organização lógica entre suas partes teóricas e empíricas e exemplar clareza de raciocínio. Da cuidadosa consistência teórico-metodológica resultam questões, objetivos e pressupostos formulados de maneira clara, precisa, a partir de conceitos bem definidos. Além disso, e por fim, as corretas análise e interpretação dos dados colhidos caminham lado a lado com o uso de uma linguagem acadêmica rigorosa e objetiva, mas leve e de fácil leitura."
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de ago. de 2022
ISBN9786525013343
O Espectro Autoritário: Como a Concentração de Mídia Fragiliza a Democracia

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    O Espectro Autoritário - Juliano Domingues

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    Às minhas alunas e aos meus alunos,

    que tanto me ensinam.

    AGRADECIMENTOS

    O desenvolvimento desta pesquisa e a publicação deste livro não teriam sido possíveis sem o suporte da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), seus funcionários, professores e estudantes. Ao agradecer o reitor, Padre Pedro Rubens, agradeço a todos e todas da nossa querida comunidade.

    Também é necessário agradecer ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCP/UFPE), especialmente aos professores Jorge Zaverucha e Flávio Rezende, os quais colaboraram decisivamente para conferir forma e conteúdo à investigação empreendida, percurso com o qual também colaboram os professores Enivaldo Rocha e Dalson Figueiredo Filho. Foram essenciais, ainda, as contribuições dos professores Venício Lima (UnB), Othon Jambeiro (UFBA) e Juliano Maurício de Carvalho (Unesp).

    Agradeço aos e às colegas do grupo de pesquisa Políticas e Estratégias de Comunicação da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), do grupo de trabalho Políticas de Comunicação da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (Compolítica) e do Research Committee nº 22 Political Communication da International Political Science Association (IPSA). Suas críticas auxiliaram-me a burilar o desenho de pesquisa e, assim, incrementar a proposta original. Agradeço, sobretudo, a Carlo Napolitano (Unesp), Paulo Liedtke (Ufsc), Juçara Brittes (Ufop), Elen Geraldes (UnB), Sivaldo Pereira (UnB), Óscar Garcia Luengo (Universidad de Granada) e Nuno Mesquita Coimbra (USP) por tudo.

    O trabalho de investigação na Argentina não teria sido possível sem o apoio operacional de Noelia Barral Grigera e Gustavo Mingus Minian. Também agradeço a disponibilidade e a colaboração de Fernando Torrillate, Pablo Wisznia, Santiago Marino, Eduardo Seminara e Martín Becerra. É preciso, ainda, mencionar o cuidado e profissionalismo do trabalho realizado pela equipe da Editora Appris para a finalização deste livro, especialmente a atenção dedicada ao projeto por Pâmela Isabel Oliveira, Evelin Louise Kolb e Angela Cristina.

    Por fim, e mais importante, agradeço àqueles sem os quais nada faria sentido: Brena, Bernardo, Marina; Teresa e Marcílio; Celso e Lúcia. Obrigado à vida.

    PREFÁCIO

    O sumário preparado pelo autor impressiona e até mesmo assusta os que estão acostumados a estudos sobre políticas públicas, estrutura, funcionamento e regulação dos meios de comunicação: ele promete substância refinada em termos teórico-metodológicos e empíricos, assim como lógica explícita entre contextos e conceitos. E mais que isso: compromete-se a explicar, dentro de um enquadramento teórico novo – o institucionalismo –, processos decisórios de natureza política e econômica historicamente estudados dentro de quadros conceituais outros, bem estabelecidos no universo da pesquisa (Brasil e Argentina), entre os quais um, a Economia Política da Comunicação, referenciado e reverenciado como central e definitivo. Sublime ousadia!

    A leitura do livro mostra que a impressão e o susto inicial são recompensados, porque a promessa de fato se realiza, resultando para o leitor em uma acumulação de conhecimento que vibra no cérebro a cada capítulo lido. Para quem é do meio, os que vêm estudando e escrevendo sobre o que se chama genericamente de Políticas de Comunicação, a abordagem encanta principalmente pelo enquadramento teórico que o autor apresenta. Não se trata de uma variante de estudos já realizados ou de um novo enfoque de teorias extensa e intensivamente utilizadas para explicar conteúdos e processos de formulação e implementação de políticas. Não, na verdade é uma investida nova, dentro de um quadro conceitual construído a partir de uma intenção de pesquisa original, qual seja, a de compreender a relação entre qualidade da democracia e políticas de radiodifusão no Brasil e na Argentina, na contemporaneidade. Para o autor, a qualidade da democracia pode ser medida pela presença de um mercado competitivo, no qual a sociedade possa exercitar a pluralidade e a diversidade de vozes. A radiodifusão – na escolha do autor, parte dela, a TV aberta – deveria, portanto, estar constituída como instituição detentora destes atributos: atuar em ambiente competitivo e permitir à sociedade, por meio dos seus distintos agrupamentos sociais, ideológicos, políticos, étnicos e culturais, a possibilidade de expressão plural e diversa de seus pensamentos, anseios e reinvindicações.

    Observe-se que a intenção de pesquisa toma para si, como realidade desejada, a democracia tal como se desenvolve, ainda que de maneira imperfeita, no chamado mundo ocidental capitalista: é imperativo que haja um mercado, que a TV aberta esteja nele presente seguindo a lei principal, a competição, e que essa competição – independentemente de ocorrer em outras esferas – se dê na possibilidade maior ou menor de pluralidade e diversidade de vozes. Aferra-se, assim, a uma situação real, ao cotidiano dos países democráticos contemporâneos – inclusive Brasil e Argentina, universos físicos da pesquisa que originou o livro –, nos quais a questão do reduzido acesso aos meios de comunicação é permanente objeto de debates e proposições. E por que estudar isso é importante? A resposta do autor está no seu principal pressuposto: [...] democracias robustas estão associadas a mercados de mídia competitivos, guiados pela pluralidade e diversidade de vozes (DOMINGUES, 2021, p. 17). Isso significa que é improvável – para não dizer impossível – que haja democracias robustas sem essa associação, entrelaçamento que permite a afirmação ao reverso: de que é igualmente improvável existir pluralidade e diversidade de vozes sem mercados competitivos de mídia, em democracias robustas.

    A associação entre democracia, mercado competitivo e pluralidade não é, entretanto, natural, isto é, não decorre espontaneamente da existência de democracia e mercado. Pelo contrário, pode-se até mesmo dizer que a tendência histórica tem sido a de se tornar anatural, razão pela qual há permanente embate entre, de um lado, os que defendem essa associação e, de outro, as forças que constituem o mercado e as instituições do Estado Nacional, tradicionalmente autonomeados para – mas não necessariamente engajados em – assegurar a permanência da democracia e exercer o poder regulatório tanto do mercado quanto dos meios de comunicação. O autor escolheu investigar esse embate buscando conhecer a dinâmica dos processos de gênese e evolução institucional relativos ao mercado de TV aberta em rede nacional no Brasil e na Argentina (DOMINGUES, 2021, p. 232). É daí que decorre uma questão de certo modo angustiante e que é seu problema de pesquisa, qual seja, a de saber como se estruturaram e se desenvolveram os mercados da TV aberta nos dois países, consideradas suas respectivas políticas para a diversidade da mídia. Tarefa ambiciosa sobretudo porque a busca pela pluralidade e pela diversidade não é – jamais foi – apanágio dos processos e conteúdos regulatórios da radiodifusão no Brasil, e somente em tempos recentes a Argentina pôs isso em um projeto de lei, ao final aprovado pelo Congresso Nacional. Portanto, não há – nem lá nem cá – tradição de engajamento das instituições do Estado no debate dessa temática, única forma de amadurecimento e sedimentação do entendimento de que pluralidade e diversidade dos meios de comunicação são elementos centrais no exercício da democracia.

    Não foi outra, aliás, a constatação empírica do autor: depois de analisar os dados que colheu em seus exaustivos e sofisticados procedimentos metodológicos, ele concluiu – não sem amargor, como se percebe nas entrelinhas – que ambos os países têm mercados de mídia altamente concentrados e que esses mercados estão estruturados seguindo modelos monopolistas ou oligopolistas, caracterizados, consequentemente, por pouca competitividade e baixo grau de diversidade de vozes. É falha, portanto, nos dois países, a associação entre democracia e mercado competitivo de mídia para permitir pluralidade/diversidade, assim como é falha a associação entre mercado competitivo de mídia e pluralidade/diversidade para caracterizá-los como democracias robustas. O que o leva a concluir, ao final de sua investigação, que ambos os países apresentam, em termos de sistema de radiodifusão, um cenário incompatível com aquele previsto para democracias robustas (DOMINGUES, 2021, p. 233).

    Na verdade – e isto é também parte das concepções expostas pelo autor –, o mercado da radiodifusão no Brasil e na Argentina, como de resto nas Américas de maneira geral, tem sido regulado por processos não propriamente democráticos, e sempre en petit comité. Envolvem apenas representações do mundo político, concessionários e tecnocratas, estes últimos mais como operadores do que como decisores, isto é, servem para informar os que decidem sobre condicionamentos técnicos ou legais. Embora às vezes escondido sob textos legais bem construídos em termos literários, mas inócuos na prática, o objeto de discussão, conflito, articulação e final negociação, implícito ou explícito, é, infalivelmente, o poder de influência na sociedade, por meio da mídia. Interessa aos participantes a preservação dos canais de controle ideológico porque sabem que sem ele é difícil manterem-se firmes no poder político e econômico. O conflito entre os atores é permanente, em termos de quem domina mais, mas o acordo final é tácito, desde que assegure a partilha da influência, ainda que desigual, somente entre os pares. Como, aliás, constata o autor: Trata-se de um cenário historicamente moldado por meio de processos de interação estratégica em que a coalizão efetiva formada por radiodifusores obtém regulação favorável dos sucessivos governos em troca de apoio político (DOMINGUES, 2021, p. 232).

    A utilização do arcabouço teórico do institucionalismo, especificamente o institucionalismo histórico, é uma novidade que merece aplausos. Pouco – talvez jamais – utilizado no Brasil, no campo de estudo das políticas de comunicação, essa vertente conceitual é internacionalmente bem estabelecida, particularmente nos Estados Unidos, sua pátria de origem. Trata-se de uma teoria que privilegia o estudo das instituições, no sentido de saber por que elas são importantes nos processos decisórios. Mas não só isso. Na verdade, ela defende a ideia de que o comportamento dos atores desses processos é condicionado pelo contexto institucional em que cada um deles, e o processo em si, situam-se, considerando-se instituição não apenas o formalmente estabelecido (sindicatos patronais e de trabalhadores, órgãos governamentais, organizações internacionais e supranacionais, Poder Judiciário, por exemplo), mas também o que se estabelece pelo costume e pela prática (rotinas informais, relacionamentos, interações pessoais, familiares e organizacionais, códigos de conduta, convenções sociais). E se isso ocorre – determina a teoria –, é necessário investigar sistematicamente como ocorre, em que grau e com que consequências.

    Importa destacar ainda que, mesmo admitindo-se os ditames teóricos que privilegiam as relações e os interesses econômicos nacionais e internacionais como motor principal dos processos regulatórios na formulação de políticas públicas (caso, por exemplo, das teorias esposadas pelas distintas correntes da Economia Política da Comunicação), o institucionalismo histórico insiste em afirmar sua presença nesses processos. Seus adeptos reconhecem a importância da existência de relações e interesses políticos, econômicos e ideológicos em litígio nesses processos, mas afirmam que os conflitos resultantes são mediados e condicionados por instituições formais e informais, tanto as que se situam no âmbito do Estado quanto as que são vivenciadas pelos indivíduos e grupos sociais. Isto é, as decisões são tomadas pelos grupos que representam aqueles interesses, mas estão sempre condicionadas pelas estruturas de governo e pela dinâmica das instituições formais e informais da sociedade.

    Livro de fôlego, com argumentação sólida e segura, exibe elogiável senso de organização lógica entre suas partes teóricas e empíricas e exemplar clareza de raciocínio. Da cuidadosa consistência teórico-metodológica resultam questões, objetivos e pressupostos formulados de maneira clara, precisa, a partir de conceitos bem definidos. Além disso, e por fim, as corretas análise e interpretação dos dados colhidos caminham lado a lado com o uso de uma linguagem acadêmica rigorosa e objetiva, mas leve e de fácil leitura.

    Othon Jambeiro, PhD

    Docente-pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas (UFBA)

    Sumário

    INTRODUÇÃO 17

    PARTE I: TEORIA E MÉTODOS

    1

    Uma genealogia das abordagens para análise de políticas de comunicação 23

    1.1 Ontologia e epistemologia como pontos de partida 23

    1.2 Implicações metodológicas e técnicas 28

    1.3 Das ontologias às teorias 30

    1.4 Conclusão 35

    2

    Análise institucional e o problema agência-estrutura 37

    2.1 As instituições entre a agência e a estrutura 37

    2.2 O velho institucionalismo e a abordagem individualista 42

    2.3 O que há de novo no institucionalismo 44

    2.4 Neoinstitucionalismos e fluidez agência-estrutura 46

    2.5 Conclusão 49

    3

    Institucionalismo histórico 51

    3.1 Pressupostos 51

    3.2 Continuidade e mudança 55

    3.3 Teoria da mudança institucional gradual 57

    3.4 Conclusão 60

    4

    Análise Sequencial de Pares 61

    4.1 Método de análise sequencial 62

    4.2 Análise sequencial e narrativa histórica 65

    4.3 Análise sequencial e comparação de pares 69

    4.4 Conclusão 74

    5

    Políticas públicas de comunicação 75

    5.1 Políticas públicas 75

    5.2 Tipologias em políticas públicas 78

    5.3 Políticas públicas e teoria da regulação 81

    5.4 Políticas públicas, regulação e políticas de comunicação 84

    5.5 Conclusão 87

    6

    Democracia e Mídia Plural 89

    6.1 Democracia e democratização 89

    6.2 Procedimento e substância 93

    6.3 Desenho institucional, mídia e democracia 96

    6.4 Conclusão 100

    PARTE II: EMPIRIA

    7

    Democracia e Mercado de Mídia 105

    7.1 Variáveis e hipóteses 105

    7.2 Estatística descritiva dos dados 107

    7.3 Teste de hipóteses 110

    7.4 Panorama latino-americano: amostra específica 114

    7.5 Conclusão 117

    8

    REGULAÇÃO E DIVERSIDADE DE MÍDIA 119

    8.1 Concentração e diversidade 119

    8.2 Concentração de audiência em ambiente de TV multicanal 124

    8.3 Concentração e conglomerados 128

    8.4 Conclusão 132

    9

    MEDINDO CONCENTRAÇÃO E DIVERSIDADE 135

    9.1 Estruturas de mercado 135

    9.2 Como medir concentração de mercado 137

    9.3 Conclusão 149

    10

    ANÁLISE DE REDE NACIONAL DE TV ABERTA 151

    10.1 TV aberta como mercado relevante 151

    10.2 Análise descritiva: o contexto brasileiro 153

    10.3 Análise descritiva: o contexto argentino 160

    10.4 Análise interpretativa 164

    10.5 Conclusão 171

    11

    UMA NARRATIVA SEQUENCIAL: BRASIL 173

    11.1 Antecedentes 173

    11.2 Coalizão efetiva 179

    11.3 Militares 182

    11.4 Redemocratização 188

    11.5 Contingências 191

    11.6 Continuidade 194

    11.7 Conclusão 199

    12

    UMA NARRATIVA SEQUENCIAL: ARGENTINA 201

    12.1 Antecedentes 201

    12.2 Coalizão efetiva 203

    12.3 Militares 206

    12.4 Redemocratização 210

    12.5 Contingências 214

    12.6 Mudança 219

    12.7 Conclusão 227

    13

    Conclusões finais 231

    REFERÊNCIAS 235

    Índice Remissivo 253

    INTRODUÇÃO

    Este livro é resultado de uma investigação sobre a relação entre qualidade da democracia e políticas de comunicação. A partir do pressuposto de que democracias robustas estão associadas a mercados de mídia competitivos, guiados pela pluralidade e diversidade de vozes, a pesquisa foi guiada pelo seguinte problema: como surgem e se desenvolvem mercados concentrados de mídia?

    A resposta a esse questionamento está assentada na compreensão dos processos de gênese e evolução institucional relativos à regulação de TV aberta no Brasil e na Argentina, analisados em perspectiva comparada. O exame dessa evolução institucional revela o quanto determinada lógica regulatória possui o potencial de fomentar um espectro eletromagnético autoritário que, por sua vez, é consequência e, ao mesmo tempo, condicionante de uma democracia frágil.

    Como hipótese de trabalho, visualizou-se um processo gradual de construção de um ambiente regulatório, cujo delineamento incentivou a consolidação de um mercado de TV aberta concentrado. Esse cenário foi reforçado historicamente a partir de interações estratégicas entre os principais atores autointeressados inseridos nessa arena de disputa de recursos, a saber: empresários da área de Comunicação e governantes, em meio a circunstâncias favoráveis à manutenção de uma lógica cooperativa de barganha, guiada pela continuidade – tanto no caso brasileiro quanto no argentino. Condições presentes no caso da Argentina, entretanto sugeriam uma interrupção dessa lógica – algo não verificado no caso brasileiro. Essa investigação propôs-se a identificar quais teriam sido essas circunstâncias e como elas impactaram a lógica de continuidade até então verificada.

    O esforço empreendido ao longo da investigação teve como propósito maior, para além de oferecer uma resposta ao problema de pesquisa, apresentar um mapa para a pesquisa de fenômenos dessa natureza. Mais do que apontar o resultado, a intenção com este livro é oferecer ao leitor possibilidades de trajetória. Por isso, o texto está dividido em três etapas praticamente equivalentes em termos de volume de informação, de modo que se tenha um equilíbrio entre teoria, métodos e técnicas.

    A primeira dessas etapas é dedicada aos pressupostos e às ferramentas analíticas adotadas ao longo da investigação, isto é, aspectos de natureza ontológica, epistemológica, teórica e metodológica. Em seguida, tem-se um momento eminentemente empírico, marcadamente quantitativo, cuja análise desenvolve-se a partir de recursos matemáticos e estatísticos. Por último, verifica-se uma etapa narrativa essencialmente qualitativa, em que predomina o viés interpretativo a partir da identificação da sequência de episódios históricos relevantes. O presente tópico, por sua vez, tem como objetivo apresentar de modo sucinto os elementos centrais desenvolvidos em cada uma dessas etapas, a começar pelo debate em torno da concepção de diversidade de mídia.

    Para os efeitos da investigação empreendida, diversidade de mídia significa, basicamente, a capacidade de um sistema de mídia oferecer diversidade de pontos de vista em atendimento a princípios como igualdade, inclusão e participação. Sob esse prisma, a mídia desempenha papel relevante em processos de democratização das sociedades, uma vez que possui o potencial de torná-las mais livres e igualitárias. Para a efetivação desses princípios, porém, entende-se como necessária a existência de fontes alternativas de informação e meios de acesso à mídia. Assim, a relação entre qualidade da democracia e políticas de comunicação está inserida no contexto teórico-conceitual de democracia como substância.

    A maneira como a mídia é estruturada interfere diretamente na produção e na difusão de formas simbólicas, o que se reflete na construção de significados socialmente compartilhados. Uma indústria de mídia plural é apontada como ferramenta de incremento de regimes democráticos, ao mesmo tempo que é considerada resultado de democracias robustas. Espera-se que países democráticos disponham de normas e regras cujo objetivo seja proteger a diversidade de vozes do sistema de mídia, efetivadas por meio de políticas públicas setoriais. Assim, processos de elaboração e implementação de políticas de comunicação seriam o meio pelo qual o Estado procura moldar a estrutura e a prática comunicacional.

    No campo da radiodifusão, o papel a ser desempenhado pelo Estado é essencial. Ele é o gestor do espectro eletromagnético, bem natural e finito, pelo qual são difundidos sons e imagens, no caso da TV aberta. Sua ação – ou omissão – dá-se por meio de medidas regulatórias, as quais, por sua vez, possuem o potencial de influenciar e de serem influenciadas pelo contexto do qual emergem. Nessa arena, grupos de pressão disputam recursos, obtidos a partir de regras distributivas definidas pelo Estado.

    Evidências indicam que quanto mais competitiva a indústria de mídia de um país, maior a sua predisposição à diversidade e, portanto, mais democrático ele tende a ser. Testes de hipóteses realizados neste estudo confirmaram tal associação. Por outro lado, quanto mais concentrada e coesa uma indústria, maior a chance de ela obter regulação favorável e, com isso, reduzir a competitividade entre os atores presentes à arena de disputa por recursos. Essa premissa da Microeconomia aplica-se ao mercado de mídia, cuja concentração está associada à relação de interação estratégica entre governantes e empresários do setor. Ao longo do livro, esses aspectos são destrinchados, de modo a se tornar claro o quanto relações de poder acabam por moldar estruturas de mercado – e vice-versa.

    A análise da estrutura de mercado de mídia contribui, portanto, para revelar em que medida determinado país é mais ou menos democrático. Dados objetivos indicam isso. A investigação aqui desenvolvida recorreu a ferramentas previstas pela estatística para mensurar essa associação. Não se tem a pretensão da precisão matemática, embora os resultados obtidos explicitem claramente um contexto de correlação negativa entre qualidade da democracia e mercados assentados em estrutura concentrada de mídia. E nesse ambiente, a TV é a mídia arquétipo dos meios de comunicação de massa, desde o início da década de 1990. A análise histórica, por sua vez, procurou elucidar como essas estruturas são construídas.

    Do ponto de vista ontológico, o presente estudo está situado no campo das investigações do tipo antifundacionista. Sob essa perspectiva, a realidade existe em função do significado construído discursiva e socialmente e a ela atribuído pelos atores imersos no contexto observado. Esse entendimento resulta na adoção de uma postura hermeneuta, por meio da qual se procura compreender o fenômeno em foco, em uma análise necessariamente associada à interpretação. Ao mesmo tempo, faz-se referência ao realismo crítico, e assim se reconhece a possibilidade de se mensurarem aspectos da realidade observada. Para aqueles elementos não mensuráveis, ressalta-se a possibilidade de se perceberem suas consequências.

    A interpretação fruto deste estudo desenvolve-se com base em uma reflexão teórica neoinstitucionalista do tipo state-society approach a respeito de instituições formais e informais, no contexto do debate do chamado problema agência-estrutura. Instituições são aqui entendidas como constrangimentos exógenos modeladores das estratégias de interação. Na busca pela maximização dos seus interesses, os indivíduos veem as alternativas de ação reduzidas em função das regras que acabam por estruturar seu comportamento. Para se compreender a ação dos atores, é preciso observar o desenvolvimento histórico das instituições, com foco nos seus processos de construção, manutenção e adaptação. Por isso, esta investigação adotou o institucionalismo histórico como abordagem central, pela qual se torna possível aliar as perspectivas focus on the top e focus on the bottom, recorrendo-se à estratégia investigativa interactive approach.

    Parte-se do pressuposto segundo o qual instituições são reflexo de uma lógica de continuidade. Em princípio, modificações significam alto custo de transação e normalmente vêm acompanhadas de certo grau de imprevisibilidade quanto às suas consequências. Esse quadro incentivaria líderes à defesa da preservação de ganhos consolidados ou a, deliberadamente, implementar instituições ineficazes. Desse contexto, emerge a concepção de path dependence.

    Já a mudança institucional dependeria de fatores endógenos ou exógenos. Transformações significativas estariam associadas à ocorrência dos chamados momentos críticos – ou critical junctures. Entretanto esta investigação entende como pertinente a interpretação de mudanças também a partir de uma lógica de transformações gradativas, não necessariamente abruptas. Nesse sentido, recorreu-se à teoria da mudança institucional gradual, operacionalizada a partir de ferramentas metodológicas de análise processual do tipo dual-process tracing, calcada na comparação de pares. A narrativa histórica diacrônica associada à estratégia smaller-scale permitiu a análise detida de episódios que, uma vez conectados, compõem um caso do tipo large political process.

    O mergulho na agência permitiu a compreensão do processo de gênese e evolução do qual emergiu o cenário que havia sido explicitado pelos dados quantitativos. Primeiro, por meio de testes de hipóteses, comprovou-se a correlação negativa de forte magnitude entre influência econômica sobre a mídia e qualidade da democracia. Em seguida, a partir de dados específicos do cenário de TV aberta do Brasil e da Argentina, verificou-se em ambos os países um mercado altamente concentrado, com baixo grau de diversidade de vozes.

    A narrativa expôs o surgimento e o desenvolvimento das instituições formais e informais que levaram à estruturação desse cenário. A análise de episódios de interação estratégica entre Estado e empresários de TV confirmou pressupostos básicos da teoria econômica da regulação, perfeitamente aplicáveis ao ambiente de definição de normas para a radiodifusão. Constatou-se a atuação preponderante da indústria na arena decisória por meio de coalizão efetiva, a regularidade de medidas de natureza clientelista, a seletividade quanto à aplicação de normas, a falta de transparência e o favorecimento a pequenos grupos dotados de coesão.

    Foi possível, ainda, identificar condicionantes que permitiram à Argentina o rompimento de uma lógica path dependence historicamente verificada em termos de estrutura regulatória e ação estratégica dos atores. Para isso, as entrevistas realizadas naquele país e anexadas na íntegra à tese foram fundamentais¹. Ao se analisar essa mudança gradual de modo comparado, foi possível compreender mais claramente os incentivos à continuidade presentes no contexto brasileiro e o papel desempenhado pelos principais atores em disputa por recursos.

    O resultado dessa investigação está subdividido em 13 capítulos, os quais se encontram subdivididos em duas partes. A primeira vai dos capítulos 1 ao 5 e trata, fundamentalmente, de aspectos ontológicos, epistemológicos, teóricos e metodológicos. A segunda parte estende-se do capítulo 6 ao 12, os quais se dedicam ao diálogo entre os aspectos teóricos e a realidade empírica. Cada um dos capítulos apresenta um conjunto de conclusões voltadas para o conteúdo especificamente nele abordado. Por fim, o capítulo 13 apresenta as conclusões finais. Vale ressaltar que, seguindo recomendação de Eco (2012), há uma série de referências internas ao longo do texto. Fez-se isso para explicitar a aderência entre teoria e empiria e, ao mesmo tempo, conectar de modo simples diferentes pontos da tese, de modo a tornar o conteúdo um tanto mais conciso.

    O capítulo 1 apresenta uma genealogia das abordagens nas Ciências Sociais. O objetivo principal é situar a investigação aqui desenvolvida em termos ontológicos, epistemológicos e metodológicos, bem como em relação às técnicas de coleta e análise de dados das quais se utilizou. O capítulo 2 traça um histórico do problema agência-estrutura na Ciência Política contemporânea, bem como apresenta possibilidades de diálogo entre esses dois níveis de análise. O capítulo 3 trata, especificamente, do institucionalismo histórico, tendo como pano de fundo a possibilidade de, a partir desse enfoque, estabelecer um diálogo entre aspectos do individualismo e elementos de abordagens históricas. O capítulo 4 apresenta meios para a operacionalização de pressupostos institucionalistas históricos a partir da teoria da mudança institucional gradual. Para isso, sugere a combinação das ferramentas de análise sequencial, análise processual e comparação de pares, a qual resulta no desenho metodológico denominado análise sequencial de pares. O capítulo 5, último dessa primeira parte, aborda limites e possibilidades de se aplicarem ferramentas próprias dos estudos de políticas públicas e de políticas de regulação à análise de políticas de comunicação.

    Na segunda parte do livro, os elementos teórico-conceituais destacados são aplicados à realidade em foco. O capítulo 6 situa o debate sobre pluralidade de mídia no contexto mais amplo de modelos de democracia, com o intuito de localizar a discussão sobre diversidade de mídia no cenário das teorias da democracia. Essa reflexão conceitual sustenta o exercício empírico realizado no capítulo 7, o qual procura testar a hipótese segundo a qual países mais democráticos seriam também aqueles com menor grau de influência econômica sobre a mídia e, portanto, mais plurais. O capítulo 8 apresenta uma reflexão sobre as dimensões referentes às concepções de concentração e diversidade de mídia no contexto de política de regulação, bem como seus reflexos em relação à qualidade da democracia. Esse debate teórico embasa a análise empírica desenvolvida nos capítulos 9 e 10, os quais se propõem a investigar formas de se medir concentração de mercado de radiodifusão, bem como a aplicá-las, especificamente, ao mercado de TV aberta no Brasil e na Argentina. Os capítulos 11 e 12, por sua vez, vão além dos números e oferecem uma narrativa sobre os condicionantes que acabaram por moldar, historicamente, o mercado em ambos os países. Por fim, o capítulo 13 apresenta as conclusões finais.

    Os resultados obtidos confirmaram a hipótese de trabalho segundo a qual democracias robustas estão intimamente associadas à baixa influência econômica sobre a mídia e, portanto, a mercados competitivos. Entretanto o mercado de redes nacionais de TV aberta no Brasil e na Argentina é exemplo de forte influência econômica sobre o setor de radiodifusão de sons e imagens, a qual se reflete em um quadro altamente concentrado em termos de diversidade na TV aberta. Essa estrutura molda a ação dos atores ao mesmo tempo que é por eles moldada, em um processo histórico de interação estratégica entre governos em busca de apoio e legitimação, sejam eles autoritários ou democráticos, e empresários autointeressados ávidos por regulação favorável. Essa lógica tem sido reforçada continuamente. O equilíbrio da barganha incentiva sua manutenção; o desequilíbrio, por outro lado, incentiva modificações.

    PARTE I

    TEORIA E MÉTODOS

    1

    Uma genealogia das abordagens para análise de políticas de comunicação

    A lógica do trabalho científico pressupõe escolhas de ordem ontológica, epistemológica e metodológica por parte do observador quando diante do objeto a ser observado. Elas, por sua vez, acabam por se refletir nas técnicas de análise de dados adotadas, bem como no resultado final da pesquisa.

    A investigação sobre processos de construção de ambiente regulatório em TV aberta aqui empreendida considera relevante determinados aspectos, os quais possuem implicações teórico-metodológicas, como a história, a sequência dos episódios, a visão e comportamento dos atores a respeito do cenário analisado. Esse recorte pressupõe opções em termos de desenho de pesquisa em meio a um amplo leque de alternativas de caráter teórico-conceitual. A coerência no que diz respeito a escolhas dessa natureza confere robustez à análise; a incoerência, por outro lado, pode fragilizá-la.

    A partir desse pressuposto, o presente capítulo apresenta um mapeamento de abordagens, cujo objetivo principal é situar a investigação aqui desenvolvida em termos ontológicos, epistemológicos e metodológicos, bem como em relação às técnicas de coleta e análise de dados das quais se utilizou. Diante disso, é possível afirmar que a investigação empreendida obedece a uma lógica antifundacionista, predominantemente interpretativa e internalista, por meio da qual se busca a compreensão do fenômeno em foco.

    Nesse sentido, baseada em uma perspectiva realista crítica e em pressupostos neoinstitucionalistas, a pesquisa recorre tanto a métodos e técnicas de coleta e análise de dados quantitativos quanto qualitativos.

    1.1 Ontologia e epistemologia como pontos de partida

    O trabalho científico subentende a disputa entre paradigmas. Em poucas palavras, ciência é competição (KUHN, 2007). Se para boa parte dos pesquisadores das chamadas Ciências Naturais tal afirmação não suscita maiores debates filosóficos, o mesmo não se pode afirmar em relação àqueles das Ciências Sociais. E isso se deve, fundamentalmente, à existência de um cardápio considerável de abordagens explicativas disponíveis aos investigadores da área.

    Nesse sentido, o pesquisador social vê-se diante de um amplo universo de pressupostos teóricos, enfoques, abordagens. Não por acaso, desde a década de 1960 até hoje, a existência de um paradigma nas Ciências Sociais ainda é considerada uma questão em aberto (Della Porta; Keating, 2008). Não se deve perder de vista, porém, que nesse cenário de pluralidade as diversas abordagens em Ciências Sociais possuem raízes ontológicas e epistemológicas mais ou menos conflitantes entre si.

    Ressalte-se, ainda, que tais raízes sugerem direcionamentos metodológicos com elas condizentes, uma vez que a ontologia e a epistemologia acabam por moldar a teoria e a metodologia a ser usada pelo pesquisador. A posição ontológica reflete o entendimento do pesquisador sobre a natureza do mundo; a epistemológica, por sua vez, diz respeito à sua visão sobre o que é possível saber sobre o mundo e como chegar a esse conhecimento. Nesses dois elementos residem questões fundamentais que remetem à visão de mundo do observador, ao que ele entende por ser.

    A epistemologia deve ser identificada com a escolha de métodos. Ela se encontra intimamente relacionada às decisões acerca da maneira de como manusear enunciados científicos a partir de regras metodológicas convencionadas. Com base nisso, torna-se possível observar, analisar e relacionar fatos para, em seguida, chegar-se a conclusões sobre determinado evento. É nesse contexto que as teorias são entendidas como redes, lançadas para capturar aquilo que denominamos ‘o mundo’: para racionalizá-lo, explicá-lo, dominá-lo (POPPER, 2007, p. 61).

    A reflexão epistemológica, por sua vez, tem como fim o debate sobre como amarrar esse emaranhado de fios e nós, isto é, sobre as diversas alternativas por meio das quais métodos científicos são aplicados à observação da realidade. Nesse sentido, pode-se afirmar: posições ontológicas e epistemológicas moldam abordagem, teoria e método que o cientista social utiliza dali em diante (Marsh; Furlong, 2002). Escolhas dessa natureza não podem ser feitas instrumentalmente quando do debate filosófico sobre construção do conhecimento científico e, em seguida, abandonadas no momento da pesquisa empírica. Pelo contrário. Assumir determinada opção ontológica pressupõe escolhas epistemológicas e metodológicas – que, por sua vez, também se refletem nas técnicas das quais o pesquisador lança mão para observar o objeto em análise.

    Fundacionistas e antifundacionistas

    Emerge daí a diferenciação ontológica, defendida por Marsh e Furlong (2002), entre fundacionistas e antifundacionistas, cada qual possuidor de determinadas características inconciliáveis, porque ontologicamente distintas. Tal distinção é aqui adotada como ponto de partida para se traçar aquilo a que este capítulo se propõe: uma genealogia das abordagens. Nesse sentido, duas perguntas-chave balizam a diferenciação ontológica básica. A primeira delas: seria possível observar objetivamente relações causais entre fenômenos sociais? E a segunda: como observá-las?

    Fundacionistas responderiam sim à primeira pergunta. A partir da observação da realidade, seria possível não só estabelecer relações causais entre variáveis na busca por explicações de fenômenos sociais, como também elaborar modelos explicativos formais dotados de previsibilidade. Para os antifundacionistas, por outro lado, não existiria um mundo real, passível de uma investigação independente do significado a ele atribuído pelos atores inseridos no contexto observado. O mesmo se pode dizer sobre a possibilidade de uma observação objetiva acerca dessa realidade, uma vez que o entendimento sobre ela seria resultado da influência de construções sociais a respeito da

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