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Um Menino No Espaço
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E-book296 páginas3 horas

Um Menino No Espaço

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Sobre este e-book

Após ter sido sequestrado na Terra e permanecido por quase um ano no distante planeta Suster, onde era amado por seus habitantes, humanos semelhantes aos terráqueos, não suportando a saudade, Regis um simples menino de nove anos de idade, foi devolvido à seus familiares e amigos. Aos poucos, ele vai se adaptando a sua rotineira vida terráquea, com amigos de brincadeiras e de escola, além de pessoas que investigam sua longa viagem interplanetária. Aqueles alienígenas, humanos imortais, não suportando viver assim, distante do filho que cativaram, resolvem buscá-lo novamente para que permaneça de maneira definitiva em seu mundo perfeito, onde não há dores, crimes, guerras ou tristezas. Mas como Regis, filho da Terra, poderia lhes dar amor e alegria se ele mesmo, não conseguia ter felicidade? Será que se pode haver felicidade em um mundo perfeito, sem que exista a simplicidade ou mesmo peraltice de uma criança? Por que a vida lhes privara deste pequeno privilégio, símbolo de amor e esperança entre as pessoas? Qual a troca que aqueles seres humanos imortais, darão ao menino para convencê-lo a viver e ser feliz por toda uma eternidade em seu avançado mundo distante da Terra? Acompanhe a continuação das aventuras deste simples menino terráqueo, em um mundo onde parecia impossível de se alcançar, devido às muitas complicações de se fazer uma viagem em distâncias incalculáveis. Mas e estes seres humanos? Como poderia ter felicidade em um lugar sem o sorriso ou peraltice de uma simples criança? Não suportando esta falta, eles voltaram à Terra, sequestrando novamente o menino, descartando todas as possibilidades, de algum dia, tornarem a devolvê-lo. Mas e a felicidade do menino? Como ele poderia transmitir amor e alegria, sem que ele mesmo conseguisse ser feliz? Quais as vantagens que o menino Regis poderia ter, vivendo para sempre em um mundo imortal, onde jamais envelheceria ou morreria; porem, ausente de sua querida, amada e muito distante Terra? Como esta história vem a ser o segundo volume da trilogia do mesmo autor, composta por: Regis um menino no espaço Um menino no espaço – 2ª parte O retorno do menino do espaço É recomendável que se tenha lido o primeiro volume antes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de mai. de 2012
Um Menino No Espaço

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    Um Menino No Espaço - Celso Innocente

    Prefácio

    A

    pós ter sido sequestrado na Terra e permanecido por quase um ano no distante planeta Suster, onde era amado por seus habitantes, humanos semelhantes aos terráqueos, não suportando a saudade, Regis um simples menino de nove anos de idade, foi devolvido à seus familiares e amigos.

    Aos poucos, ele vai se adaptando a sua rotineira vida terráquea, com amigos de brincadeiras e de escola, além de pessoas que investigam sua longa viagem interplanetária.

    Aqueles alienígenas, humanos imortais, não suportando viver assim, distante do filho que cativaram, resolvem buscá-lo novamente para que permaneça de maneira definitiva em seu mundo perfeito, onde não há dores, crimes, guerras ou tristezas. Mas como Regis, filho da Terra, poderia lhes dar amor e alegria se ele mesmo, não conseguia ter felicidade?

    Será que se pode haver felicidade em um mundo perfeito, sem que exista a simplicidade ou mesmo peraltice de uma criança? Por que a vida lhes privara deste pequeno privilégio, símbolo de amor e esperança entre as pessoas?

    Qual a troca que aqueles seres humanos imortais, darão ao menino para convencê-lo a viver e ser feliz por toda uma eternidade em seu avançado mundo distante da Terra?

    Acompanhe a continuação das aventuras deste simples menino terráqueo, em um mundo onde parecia impossível de se alcançar, devido às muitas complicações de se fazer uma viagem em distâncias incalculáveis.

    De volta ao lar

    E

    ram pouco mais das onze horas da noite, quando, com a bolsa de materiais e trajando uniforme escolar (short curto azul marinho e camisa branca, com emblema GEMT bordado na cor do short no único bolso), adentrei à varanda de minha casa, que até parecia morta, sem nenhuma luz acesa. Com certeza todos dormiam. Bati na porta e segundos depois ela se abriu, onde pensando ser um bonito sonho, mamãe me abraçou chorando:

    — Meu filhinho! Não é possível! Você aqui!

    Era possível sim. Fazia quase um ano que me encontrava ausente, sem que eles tivessem quaisquer notícias. Agora ali, com o coração até descompassado, eu também chorava de alegria.

    Ouvindo o barulho e até imaginando de que se tratava, devido às palavras de mamãe, papai também se levantou e como ela, me abraçou emocionado.

    — Filho, onde você estava? Nós ficamos quase loucos, procurando por você em todos os lugares deste mundo!

    Seria muito difícil explicar a eles o que se passara. Eu retornava de uma longa viagem (longa mesmo).

    — Regis, faz um ano que você sumiu de casa — Alegou mamãe. — Um ano sem dar notícias, filho! O que houve com você? Você fugiu de casa?

    — A senhora não acreditará em mim. Por que eu fugiria de casa?

    — Foi por causa de eu ter lhe castigado naquele dia. Não foi? Onde você se escondeu por todo esse tempo?

    — Eu não fugi de casa, mamãe! Acredite em mim!

    — Claro que acreditaremos em você, filho! —exclamou papai. — Onde você esteve durante todo esse tempo?

    — Estive muito longe daqui.

    — Longe, onde? —perguntou-me papai.

    — Estive em outro planeta, que está a oitenta e sete anos-luz daqui.

    — Outro planeta?! — admirou-se papai. — Como assim?

    — Não importa filho — aceitou mamãe, talvez não acreditando muito. — O importante é que você voltou. Deve estar cansado. Vamos dormir um pouco.

    — Não estou cansado! Mas gostaria de um banho. Faz setenta dias que não tiro estas roupas.

    Guardei meu material escolar, que ainda estava em minhas mãos e em poucos minutos, ainda observado pelos quatro pares de olhos ainda incrédulos, desfrutava de um delicioso banho, no melhor chuveiro do mundo, da melhor casa do mundo, no melhor ambiente do mundo, na melhor família do mundo...

    Alguns minutos depois me deram privacidade e eu continuei sentindo aquela água morna escorrendo por todo meu corpo.

    Mais de trinta minutos de banho, papai tornou a abrir a porta destrancada do banheiro cobrando:

    — Já não basta?

    — Faz muito tempo que não tomo um banho gostoso assim, papai — aleguei rindo, demonstrando muita satisfação e desligando o registro da água.

    — Vai se gastar com tanta água!

    Embrulhei-me na toalha fofa e perfumada que mamãe providenciara e segui para meu antigo quarto, onde, observado por meus pais e agora também por Leandro e Leticia, que desrespeitavam a minha privacidade, me enxuguei e devido ao calor dessa região sudeste do Brasil, vesti um antigo pijama curto, que me fora entregue por mamãe.

    Logo depois, ainda cercado por todos, abobados e ainda não acreditando em meu retorno surpresa, fui dormir na mesma caminha de outrora.

    Como eu era apenas um menino e devido o prazer do aconchego de meu lar, acabei por adormecer rapidamente; porém, meus pais, devido o acontecido e com certeza, radiantes de felicidades depois de quase um ano de angústias, provavelmente passaram a noite toda sem conseguir fechar os olhos, levantando-se várias vezes e conferindo naquela caminha se realmente eu estava ali.

    ©©©

    Na manhã seguinte, levantei-me às nove horas, vesti uma de minhas antigas roupas, que sempre consistia em camiseta, desta feita sem cavas, já surrada pelo uso constante e short muito curto, o qual me fizera ganhar do amigo adulto Luciano, o apelido de francesinho. Na cozinha, encontrei meus cinco irmãos reunidos com mamãe, que naturalmente, tentavam juntos entender o que teria acontecido comigo e meu feliz retorno surpresa.

    — O fujão voltou pra casa — insinuou Carlos Henrique, meu irmão mais velho, com sorriso irônico.

    Depois de um breve oi e receber um abraço apertado e demorado, apenas de Paulinho, meu querido carrapatinho, fui direto ao banheiro, onde tomei um novo, porém rápido banho matinal, escovei muito bem meus dentes e em seguida, de volta à cozinha, observado por todos, tomei dois copos de café com leite e dois grandes pedaços de pão caseiro, dos que a própria mamãe fazia, recheado com manteiga original em lata e que estava a maior delícia do mundo, pois aquilo era algo que não fazia a um bom tempo.

    — O maninho tá morrendo de fome — tornou ironizar Carlos Henrique. — Faz um ano que você não come?

    — Deste pão faz — dei de ombros.

    Após este café, mamãe me abraçou perguntando-me:

    — Como você foi parar neste tal planeta que você disse?

    — Fui raptado, mamãe. Pelo senhor Tony e senhor Rud, em uma gigantesca espaçonave preta e dourada. A Beth, que estava comigo, veio da escola por outro caminho e então eles me raptaram.

    — Não foi o que a Beth disse! — interferiu Carlos. — Ela disse que você veio por outro caminho, não ela!

    — Raptaram você por quê? — insistiu mamãe. — Eles te maltrataram?

    — Não, me batendo.

    — Te tratavam bem? Cuidavam de você?

    — Eu sofri muito, mas foi de saudade.

    — Por que te levaram?

    — Porque eles me amam muito, mamãe.

    — Te amam!?

    — É! O senhor Frene me ama como a um filho e todos os outros Susterianos também. O senhor Frene me vê na Terra a todo o momento. Agora por exemplo, com certeza ele está nos vendo. Ele só me devolveu pra demonstrar uma grande prova de amor.

    ©©©

    Naquela mesma manhã, devido à saudade, fui andar na antiga bicicleta marca Phillips de papai, seguindo pela rua da casa de Beth, onde acabei encontrando-a, que pensando ser um fantasma, assustou-se ao me ver.

    — Regis, onde você esteve?

    — É uma longa história, Beth.

    — Eu achava que você tivesse morrido naquele mato.

    — Não morri! Vê? — ironizei rindo. — Estou aqui em carne e osso.

    — As pessoas te procuraram muito por todo lado, mas nunca te encontraram. Achavam que algum maníaco tivesse te matado e escondido o corpo.

    — Credo! Maníaco? Eu hem!

    — Ninguém some assim! Como você fez?

    — Não sou tolo pra cair nas garras de um maníaco! — neguei com sorriso, tentando mostrar esperteza.

    — E foi tolo caindo nas garras de quem? — riu também ela, com sarcasmo.

    — Você cresceu, Beth! Era de meu tamanho, agora está maior.

    — Você é que não cresceu nada! Continua igual ao dia em que desapareceu.

    — É! Onde eu estava às pessoas não crescem assim tão rápido.

    — Eu já estou no quarto ano e você repetiu. É claro!

    — Eu sei. Você faltou à aula hoje?

    — Não! Estou estudando à tarde. Você não estudará mais comigo.

    — Eu sei! Você tem dez anos e eu também. Só que aparento ter nove.

    — Não temos dez anos! — Protestou ela. — Só faço dez anos em junho e você em março.

    — Tá perto. Ah! De onde eu venho, eu já teria quinze anos!

    — Deixe de ser mentiroso.

    — Não é mentira! Lá o ano é mais curto do que aqui e o engraçado é que o dia é bem mais longo e também não existem noites.

    — Então deve ser muito gostoso por lá.

    ©©©

    Não vou relatar muitos detalhes, mas naquela mesma tarde, papai me explicou que teria feito certa promessa maluca, para que eu voltasse para casa e com isto eu teria que ser submetido a uma pequena cirurgia.

    — Vê lá papai! — neguei. — Não tenho nenhuma doença!

    Ele explicou que seria uma cirurgia muito simples e que me ajudaria na higiene pessoal. Que os judeus circunci-dam seus bebês machos e em nosso caso, deixamos tal tarefa a cargo dos médicos especialistas, que chamam este sacrifício por cirurgia de fimose e eu estaria condenado a pagar sua maldita promessa.

    — Mas papai — reclamei com lágrimas. — se a promessa é do senhor por que sou eu que terei que pagar?

    E depois de alguma insistência, acabei concordando com tal cirurgia, embora, apesar dele dizer circuncisão e fimose, meus simples quase dez anos de idade, ainda não me deixava saber, em qual parte do corpo teria que sofrer nas lâminas de um afiado bisturi.

    Ao descobrir:

    — Nunca! — protestei convicto. — Não serei capado igual a um leitãozinho!

    Porém, não adiantava reclamar muito. Dez dias depois, devido insistentes apelos de papai, apesar de não ser judeu, não ter prometido nada a nenhum santo sanguinário e que meu pequeno probleminha seria facilmente resolvido com a ajuda de mamãe, ou por mim mesmo, com uso de sabonete, em simples massagem local, acabei mesmo, com muito medo, vergonha e algumas lágrimas, submetido a tal sacrifício, enfrentando injeção anestésica e bisturi afiado, de um tal doutor Rogério Bastos.

    Neste período também, com a ajuda de mamãe e carinho de dona Regina, a mesma professora do ano anterior, consegui retornar à escola; pois o ano letivo mal se iniciara. Estávamos no final do mês de fevereiro do ano oitenta e um. Beth, ainda era minha parceira de caminhada para a escola, porém, não colega de sala de aulas. Eu voltara a frequentar a mesma terceira série, com praticamente todos, novos colegas de sala, salvo Ricardo e Marcelo, que assim como eu, teria reprovado no ano anterior. Desta feita, estudava no período da tarde, pois a escola resolveu separar as crianças por faixa etária: de primeira à quarta série, entre sete a dez anos de idade, no período da tarde e de quinta à oitava série, entre onze a quatorze anos em média, no período da manhã.

    ©©©

    Devido contar passagens sobre meu sequestro a quase todos os meus amigos, a conversa aos poucos acabou indo parar nos ouvidos de repórteres de televisão, que abelhudos, ou simplesmente cumprindo seu dever, vieram investigar o ocorrido, acabando sendo mostrado não só para o Brasil, mas também no exterior, onde, os governadores se interessaram e também vieram investigar. Com isto, minha história acabou parando nos ouvidos de quem mais se interessava por etês e ovinis¹: os engenheiros da NASA (americana). E foi por isto que representantes do governo brasileiro nos visitaram e disseram ao papai:

    — O governo americano convidou Regis e o senhor, pra fazer uma visita à NASA, com tudo pago.

    Antes que papai dissesse alguma coisa, decidi imediatamente:

    — Não quero ir, papai.

    — Como não, garoto?! — estranhou o homem. — Todos os garotos sonham em conhecer à NASA.

    — Eu não sonho! — neguei prontamente.

    — Será importante pra humanidade, menino.

    — Eu não quero ir — neguei saindo da sala.

    — Espere! — insistiu o homem. — A NASA fica na Flórida... Orlando!

    — E daí? — balancei os ombros.

    — Disneylândia!

    — E daí?

    Papai continuou conversando com aquele engravata-do e eu sabendo que poderia confiar nele, fui brincar com outros amiguinhos.

    Duas horas mais tarde, retornando para casa, papai veio ao meu encontro dizendo:

    — Regis, nós viajaremos aos Estados Unidos dentro de uma semana, mais ou menos.

    — Nós, quem!?

    — Eu, você e o doutor Marcelo.

    — Quem é doutor Marcelo?

    — Aquele homem que esteve aqui.

    — Eu não irei!

    — Será importante, filho! Ao mundo e a você.

    — Importante pra mim?! Me investigarem? Já passei por isto, papai! Me deixaram sem roupa. Não quero!

    — Eles só querem te ouvir...

    — Já perdi um pedacinho do meu corpo por isto. Lembra? Não gostei nada!

    — Eles irão apenas estudar alguma coisa que você viveu e aprendeu. Saber onde você realmente esteve... como foi abduzido...

    — Abi... Abid... O quê?

    — Abduzido, filho. É a mesma coisa que arrebatar, roubar, levar... Coisas assim.

    — E por que então o senhor não diz, como foi levado?

    — Porque quando se refere a seres extraterrestres os cientistas usam este termo.

    — Não quero ir, papai.

    — Nós também queremos saber onde você realmente esteve.

    — Não acredita em mim?

    — Eu acredito em você — abraçou-me. — Mas precisamos saber mais.

    — Já contei ao senhor tudo o que passei. Se precisar saber mais é só me perguntar. Não aprendi nada que interessa a eles.

    — Aprendeu sim, filho. Não vai te acontecer nada! Eles só irão conversar com você.

    — Não quero ir! — neguei fazendo careta.

    — Você não estará sozinho — insistiu papai. — Eu também estarei com você.

    — Já disse que não quero ir!

    Disse que não iria, mas fui. Nunca vi um passaporte e um visto de entrada para os Estados Unidos da América (país rigoroso com a entrada de estrangeiros, diferente do Brasil, que fica de braços abertos para o mundo) ficar pronto em tão curto espaço de tempo.

    Era terça-feira de manhã, quando um carro do governo do estado de São Paulo estivera em casa com duas pessoas; uma delas apanhou um aparelho esquisito e dentro de casa, pediu licença e foi esfregando aquilo em mim.

    — Sai pra lá com isso, meu! — protestei.

    — Calma — pediu tal homem. — Não vou lhe machucar.

    — O que é isso? — perguntei-lhe.

    — Testa pra ver se você está com radioatividade.

    — Sai de mim sô! Não tenho nada disso não!

    — Precisamos examinar. Em Angra faremos um teste em seu sangue.

    Olhei triste para papai e reclamei indisposto:

    — Já disse que não queria ir.

    — Nada de mal vai lhe acontecer, garoto — prometeu o homem. — Pode acreditar.

    — Já está acontecendo! Primeiro eu perdi um pedacinho do meu pinto, agora vem essa porcaria, depois enfiarão agulhas em meu braço... depois, com certeza me mandarão ficar pelado... — Não que seja mariquinha, mas já estava com lágrimas.

    — Você perdeu um pedacinho do quê? — Riu o homem.

    — Papai!

    Se existisse algum tipo de radiação em meu corpo ou organismo, já teria matado dezenas de pessoas. Já que alguém queria proteger o mundo, deveria ter feito tal exame em mim, no dia em que cheguei dos céus.

    NASA

    N

    aquela mesma tarde, já em Angra dos Reis, no hospital da usina nuclear, foram feitos alguns testes em meu corpo, inclusive, como eu temia, tirando meu sangue e me fazendo fazer xixi, mesmo sem querer; depois, como eu já reclamara antes, não me fizeram ficar pelado, podendo permanecer apenas de cueca, para um pequeno exame ultrassonográfico. Mas felizmente, ou sei lá, nada de muito importante foi encontrado em meu corpo, apenas vestígios de uma radiação inofensiva, presente em meu organismo.

    Na manhã de quarta-feira, já com os testes em mãos, seguimos para os Estados Unidos da América, rumo à NASA, onde chegamos naquela mesma tarde.

    Ao contrário de que eu e papai esperávamos, ele com o doutor Marcelo ficaram hospedados em um hotel muito chique, no mesmo complexo do centro espacial Kennedy, no Cabo Canaveral, em Orlando na Flórida e eu no próprio edifício da NASA, no mesmo complexo, a apenas cem metros de distância.

    Foi Charles, de aproximadamente trinta anos de idade, moreno, que falava um português muito arrastado, quem me levou aos meus aposentos.

    A porta se abriu automaticamente e nós entramos. Era um quarto aconchegante, com televisão, telefone, banheiro, bonita cama de casal, frigobar de hotel cheinho de guloseimas, entre doces, salgados e refrigerantes, além de uma estante cheia de livros, todos escritos em Inglês. Acho que queriam me tapear, ou conquistar...

    — É aqui que você ficará — disse-me Charles.

    — Até quando?

    — No máximo uma semana.

    — Por que papai não está comigo?

    — Ele não ajudaria em nada. Talvez até atrapalharia.

    — Por que então ele precisou vir?

    — Quando terminarmos os estudos, você poderá ficar mais uma semana e então poderá passear com ele.

    — Não, obrigado!

    — Estamos na Disneylândia, o mundo mais cobiçado por todas as crianças do planeta.

    — Quero ir embora logo.

    — Por que tanta pressa?

    — Quando vai começar os tais estudos?

    — Amanhã cedinho.

    — Não poderia ter ficado com meu pai no mesmo hotel? É tão próximo.

    — É melhor você ficar aqui. Não tenha medo.

    — É verdade que aqui o horário é diferente do Brasil?

    — Sim, é verdade. Agora são oito e quinze da noite aqui; no Brasil são dez e quinze.

    ©©©

    Na manhã seguinte, um robô que mais parecia uma grande caixa de metal inoxidável com rodinha, abriu a porta e entrou. Era mais ou menos sete horas da manhã. Eu acabara de me levantar; ainda estava de pijamas. O robô me trazia uma farta refeição matinal, com frutos, suco de laranja, iogurte, pão, bolacha, café,

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