O Pensamento Pacoviano De Atanásio Baptista
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O Pensamento Pacoviano De Atanásio Baptista - Rodrigues Da Silveira
RESIDENTE
PRUDÊNCIA:
O meio certo não fica entre o sim e o não.
FONTE DA JUVENTUDE:
Na maturidade, acidentes são incidentes da mocidade.
HIDROMASSAGEM:
A vida, rio ferino, nunca deixa de fazer onda.
VIVER PLENAMENTE:
Não preciso entender para sentir.
INFÂNCIA FELIZ:
Quando promessas não são para valer, chamamos História. Quando fazemos valer o que nos prometem, chamam Política. No entanto, quando somos chamados para depor, comprometemos em silêncio.
Posto isso no que ficou dito, vamos aos fatos que interessam sobre uns dias especiais para a menina que um dia foi a enfermeira Marineide:
1. Dona Flordismunda da Pinta Fuscus, conhecida de todos como Mundica, gostava de animais e tinha cães e gatos e passarinhos, além de um papagaio, o Aristarco;
2. Com a mesma graça e a mesma desenvoltura de um castrado, a emplumada voz não emitia palavras fortes a ouvidos sensíveis nem imitava ruídos urbanos ou silvícolas. Esse Aristarco especializara-se em proparoxítonas, proferindo-as ao acaso, jamais em ordem alfabética, ou repetindo uma durante o dia todo mas somente de quando em quando, ao longo das horas, para não se aborrecer com a vizinhança porventura contrariada;
3. E sobreveio o ocorrido para Dona Mundica, num dia desses que a gente nem lembra direito quando foi, já que era o presente dos outros, assim perdido na memória como se não nos dissesse respeito, e não dizia mesmo. Por isso, restringiu-se a lembrança como data fatídica aos interessados ou aos envolvidos com o acontecido;
4. O que devia ser lembrado daquele dia foi que ela entrou em casa, vinda do hospital onde estava internado o seu marido, o senhor Aristarco Monsenhor Fuscus, que, segundo ele, contraíra dengue e, teimosos, todos achavam que era malária;
5. A felizarda proprietária dos animais não contou com a ausência do matraqueador aureliano – que fugira ou fora roubado?
6. Ai meu Deus do céu! Minha Virgem Maria! Ai Nosso Senhor!
7. Depois do seu bocado de interjeições e de um tanto procurando aqui e de outro tanto vasculhando acolá, encontraram a ave fujona numa árvore diante do Hospital da Previdência Divina, antiga Santa Casa Rei Salomão;
8. Assim como é certo que a memória não reduz o futuro a um presente entediado, assim veio o alívio ao doente acamado – a febre passou, as dores sumiram e as manchas avermelhadas agora eram rosadas;
9. Mundica e Aristarco, o marido, retomaram a vida para cada dia, entre beijos e contas a pagar;
10. Aristarco, o célebre, e a dona da casa ficaram estremecidos, por isso a insistência para que do bico duro saísse Flor-dis-mun-da, pois era o momento de chegar com as papagaiadas como lâmpada como relâmpago como...
PRINCÍPIO DE ESCHER:
A verdade pode ser dita de diversas formas, menos a verdadeira.
SALIVA DE ESCOTEIRO:
Na verdade, ouvir dispersa.
PERCEPÇÃO:
A felicidade não preocupa quem é feliz.
SENTIDO:
Por razões inexistentes, procuramos a verdade. Com sofreguidão, por isso, e com os desatinos da racionalidade, corremos atrás do próprio rabo. Abanamos, e latimos, e circulamos convictos de que o caminho está definido. Pois nosso faro é infalível. Tão certos nessa intuição que nos perdemos por tantos rodopios... Quando o que deveríamos encontrar nem nos era opaco ou distante; de tamanha visibilidade, que não a enxergamos. Acreditamos na verdade como fonte dessa recompensa de fato indefectível, que nos abarca de modo completo, revelando-nos quando da captura da cauda. Mas a felicidade indefine-se como paixão individual e intransferível. E infelizes da vida, pensamos que a busca desesperada pela verdade é razão suficiente para acreditar-se que exista. Nietzschianos que somos, a princípio, creditamos nossa incredulidade à verdade, que, nua e crua, é uma ilusão. À vera, entretanto, engana-se quem diz que a verdade configura-se mentira desmascarada. E como somos amestrados nessa fidelidade à imagem que temos de nós, contudo, nem tanto aos dentes nem tanto aos pelos, quando nos abocanharmos.
CANTA HIENA:
Intempestivas, assim as tempestades em copo d’água.
QUESTÃO DE LÓGICA:
Conheci a senhora Maria Eugênia Paschoal de Oliveira na casa de dona Margarida Antônia Paschoal de Oliveira, que todos conhecemos como Docinho Margô por causa de suas compotas e, principalmente, pelo doce de leite.
A pedido de minha esposa, compulsiva amadora das delícias da Dona Docinho, e porque a doceira era minha paciente, minha ida ao subúrbio dava-se regularmente às sextas-feiras. O dia da semana foi por escolha estratégica, pois eu ia lá não como quem vai ao Paraíso para inteirar-se das maravilhas, mas para trazer aos homens de boa-vontade muito mais que algumas notícias desse mundo melhor, conforme a colher de cada um. Então, eu voltava devidamente abastecido para a semana, uma vez que no banco de trás do meu Opala vinha uma caixa de muito valor, com seu tesouro bem temperado de laranja, banana, mamão, pera e com o inigualável manjar de leite acondicionado no pote de vidro de um quilo. Para regozijo conjugal, diga-se.
Precisei baixar a lei severa de restrição ao consumo de um quilo de doce de leite por semana, para salvaguardar as nossas coronárias: as de nossos serviçais, as de minha parceira e as minhas, claro.
Divago, bem sei. Nem precisa me lembrar, meu caro.
Retomo.
Dona Docinho tinha essa irmã, em tudo oposta.
A tal senhora veio para morar com o doce mais precioso do pomar, essa bela flor de laranjeira, nosso raro exemplar de açúcar em forma de gente que atraía abelhas de todas as redondezas... Mas ficar em nossa cidade acabou se revelando um desperdício de humores, em forma de azedume na boca do estômago e nos perdigotos ácidos que ela espargia sem maiores cerimônias. E isso começou a contaminar mais que o ar da casa de Dona Docinho. E o que seria assunto de família acabou ganhando o além-porta, e chegou ao nosso paladar pela língua de todos nós que nos deliciávamos com a antiga fama das joias saídas da Rua Projetada Número Quatro, sem número. Afinal, essa água agourenta desandou nossos quitutes ao murchar as mãos daquela a quem tínhamos o mais devotado amor.
A crise mobilizou a comunidade dos aficionados, não podíamos manter nossa boca fechada enquanto essa amargurada madama influía decididamente na qualidade da produção da Docinho, mas haveríamos de recuperar essa mão ofendida para termos de volta suas gostosuras.
Houve quem apelasse à religião, diziam que eram fiéis à dona Docinho ─ como quem não trai as pessoas que nos toleram por isso passamos anos a fio a cortar os cabelos, regularmente a cada quinze dias, com o mesmo barbeiro ranzinza de sempre, dono de um humor dos infernos, que, sendo incapaz de descer a lenha apenas em deus e o diabo, espinafra o universo todo ─ porque a irmã era o demônio que nos veio negar o direito ao pecado da gula, coisa de quem não era corintiano, como ele.
De acordo.
Admitimos que pecássemos por comer com os olhos, concordamos que o pecado maior estaria em perder nosso privilégio, o de desfrutarmos os prazeres que as mãos hábeis da Dona Margô produziam. Convínhamos, os concidadãos e eu, que preferíamos o gosto impecável ao azedo da desfeita. Tomamos nossa decisão e, solidários em nossa desgraça, demos o ultimato à inquilina: se o casamento dela acabou lá de onde veio, que mudasse de jeito ou que fosse embora dali, mas não destruísse nosso patrimônio!
Como bem sabe todo mundo – acima das nuvens, sem alvorada e sem crepúsculo, o sol brilha todo o tempo. A alegria e a tristeza não são o sol, ainda bem. E a dona Docinho, por isso, voltou aos dias de glória assim que a sua irmã aziaga foi-se mundo afora, aonde só os de casa sabiam dizer onde ficava.
Moral da história: como ninguém pode chamar-se prudente