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Kama Sutra Corporativo: Ferramentas e estratégias na gestão de pessoas para uma carreira de sucesso
Kama Sutra Corporativo: Ferramentas e estratégias na gestão de pessoas para uma carreira de sucesso
Kama Sutra Corporativo: Ferramentas e estratégias na gestão de pessoas para uma carreira de sucesso
E-book223 páginas6 horas

Kama Sutra Corporativo: Ferramentas e estratégias na gestão de pessoas para uma carreira de sucesso

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Sobre este e-book

Kama Sutra Corporativo: Ferramentas e estratégias na gestão de pessoas para uma carreira de sucesso, é uma obra direcionada aos profissionais que atuam no mundo corporativo, e os desafios que enfrentam. A obra apresenta uma narrativa ficcional, porém com abordagem realista a respeito das relações humanas, assim como a gestão de pessoas nesse ambiente.
Através da perspectiva de Joca e Picheco, é possível entender um pouco do mundo corporativo e suas implicações, assim como as estratégias adotadas pelos personagens para alcançar o sucesso em suas carreiras.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de ago. de 2022
ISBN9786558403807
Kama Sutra Corporativo: Ferramentas e estratégias na gestão de pessoas para uma carreira de sucesso

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    Kama Sutra Corporativo - Benedicto Victório

    Capítulo 1.

    PRIMEIRAS LIÇÕES

    Sete horas da manhã, o despertador disparou. Levantei apressado e fui tomar banho, sequer tinha dormido, tamanha ansiedade, afinal era o dia da primeira entrevista para a vaga de estágio.

    Durante o banho mil coisas passaram pela minha cabeça. Imaginei as muitas possibilidades de perguntas e comentários que poderiam ser feitos no momento da entrevista, também pensei nas hipóteses de situações como: a entrevista foi cancelada, pois já encontramos o candidato ideal e até um nós nem precisamos fazer a entrevista, seu currículo é perfeito para a vaga e o escolhido foi você. Seria mesmo uma maravilha!

    Saí do banho e fui ao quarto, vesti uma camisa azul e o melhor terno que tinha, ou seja, o único. Usado no casamento da minha irmã, lindo, muito bem cortado e alinhado com o qual me sentia um homem poderoso, sério e pronto para enfrentar qualquer desafio da vida corporativa.

    A inquietude dominava meus pensamentos e mentalmente já estava na entrevista, imaginava frases prontas para apresentar a minha melhor versão de estudante dedicado e muito bem preparado. - Bom dia, qual o seu nome? - João Carlos, mas pode me chamar de Joca, talvez ridículo e muito informal; - Eu sou o senhor João Carlos Feregutti, deste modo muito formal e possivelmente pretensioso. Senhor de quê? Quanto delírio! Tudo que imaginava era ambicioso, prepotente ou ousado.

    Entrei no carro e fui diretamente para o local da entrevista. A ansiedade só aumentava e lembrei da frase de Aristóteles¹ virtus in médium est, penso, que nesse exato momento entendi o real significado dessa afirmação; porém não é fácil encontrar o bom meio-termo nas coisas da vida, possivelmente por isso seja uma virtude, um grande desafio.

    Ao chegar à empresa me identifiquei na recepção e fui imediatamente conduzido a uma grande sala de espera na qual ofereceram um café. De imediato imaginei, essa vaga já é minha, pois estou sozinho aqui. Certamente avaliaram meu belo histórico escolar.

    A sensação do tempo lentamente passando, na enorme sala, me remetia à lembrança de outro momento tenso de espera. Lembrei-me de quando ficava aguardando ser chamado pelo dentista, era exatamente nesse tempo que refletia sobre o meu arrependimento pelo não cumprimento adequado de higiene com a escovação. Culparia a pressa do dia a dia para justificar ao dentista tal falha?

    E agora, nessa sala enorme, com milhares de pensamentos rodeando meu ser, mal conseguia supor quais dificuldades e desculpas seriam enfrentadas e justificadas nessa entrevista pelo que deixei de aprender de maneira adequada na universidade.

    Envolto com esses pensamentos que perturbavam a minha concentração fui surpreendido com a entrada de uma moça linda, jovem e super bem vestida que caminha em minha direção e de imediato diz:

    - Bom dia, me chamo Kamily, também sou candidata a uma vaga neste prestigiado programa de estágio, qual é o seu nome?

    - João Carlos, mas pode me chamar de Joca. - não acredito que respondi assim! Estava mesmo confuso - Candidata? Para a entrevista?

    - Sim, na verdade para a dinâmica de grupo, não é isso? -Disse Kamily com certa segurança.

    - Dinâmica? Sim, claro… dinâmica, é logico. - do que essa moça está falando?

    Ela sentou ao meu lado e em poucos minutos mais três pessoas chegaram e se apresentaram num mesmo ritual, parecendo pertencerem a qualquer seita religiosa com vestimentas, gestos, vocabulário e tom de voz semelhantes.

    Nesta altura estava dominado pela angústia e o suor excessivo colaborou com o arrependimento na escolha da camisa azul que evidenciava as grandes rodelas de umidade abaixo das axilas. Verdadeiramente não poderia ser à toa que a maioria dos candidatos vestia roupas em tons claros. Eis aqui a primeira lição do dia!

    As pessoas não paravam de entrar, em quinze minutos éramos vinte candidatos e eu ainda não sabia nada sobre a tal dinâmica. O sentimento de arrependimento pelo único dia de aula perdido durante todo o curso, pelas oportunidades de aprendizado desperdiçadas, pelos livros a mais que poderia ter lido vieram à tona e me levaram a pensar que fariam falta em algum momento. Possivelmente neste.

    Estando em total desespero, lembrei-me de Jean Pierre, um vizinho francês e professor de filosofia aposentado, quando certa vez, ao abordar a origem das palavras explicou o prefixo des dizendo que descascar significava tirar a casca, descuidar era tirar o cuidado e desesperar tinha o sentido de tirar a capacidade de esperar, a esperança. Pensei nesse momento que o inventor da palavra desespero deveria estar numa dinâmica de grupo.

    No total foram eternos trinta minutos de espera até que dois funcionários da empresa entraram na sala e se apresentaram:

    - Bom dia, meu nome é Rogéria, sou psicóloga e estarei com vocês neste dia para a aplicação da dinâmica de grupo. - Rogéria? Dia inteiro? Grupo? O que é isso? Seção de tortura? Esses foram os questionamentos que não conseguia controlar pipocando dentro da minha cabeça. O desespero só aumentava.

    - Olá pessoal, me chamo Carlinhos e sou representante do departamento de Recursos Humanos, é um prazer enorme estar com vocês, espero que possamos trocar muitas experiências neste momento juntos e desejo uma manhã inesquecível. Mais uma vez o desespero torturando meus pensamentos - o que esse senhor estranho está querendo dizer? Como assim trocar, trocar o que? Manhã inesquecível?

    Rogéria continuou:

    - Para começar gostaria que se apresentassem, falassem sobre a experiência de vida pessoal, profissional e sobre o que os motivou a virem trabalhar nesta empresa.

    Cada pessoa ao se apresentar falava durante uns cinco minutos. Fiquei mais tranquilo quando vi entre os candidatos o Igor, apesar de sua simpatia, o Igão era o cara mais nulo da classe, faltava às aulas, não estudava, vivia no grêmio da universidade, sua única habilidade era convencer os outros a passarem cola, eu mesmo já tinha feito isso para ajudá-lo uma centena de vezes. Ver o Igor no grupo foi um tranquilizador enorme, se um cara com aquele nível de conhecimento estava lá, não havia razões para me preocupar: - E se os outros fossem como ele? E se realmente eu era o único preparado? Essa vaga seria minha!

    Chegou a vez do Igor de se apresentar:

    - Bom dia pessoal! - olhando para todos na sala com seu famoso sorriso de comercial de creme dental. - Eu sou o capitão do time de futebol da universidade e a coisa que mais gosto é esse trabalho em equipe.

    Dei uma bela risada interior e pensei: - quem está interessado em futebol aqui? Será que ele não percebeu que estamos numa empresa e não no grêmio da universidade? - O discurso não parou por aí, o Igor com toda motivação e força de vontade continuou:

    - A melhor experiência que tive foi na final da copa universitária. A partida era difícil, o time estava sendo massacrado, não havia mais clima para jogo, o moral da equipe estava baixa, mas a vontade de ganhar era grande, só a vitória nos interessava. Foi nesse momento que reuni a equipe e após algumas palavras de motivação vi novamente a esperança nos olhos dos jogadores. - a vontade de rir, dessa vez, foi tanta que até escapou pelo canto da minha boca - E Igor todo entusiasmado continuou. Aproveitamos aquele momento para rever nossa estratégia, o resultado deveria ser obtido. Todos foram ouvidos e um plano para surpreender o adversário foi proposto pela equipe. Foi nesse momento que gritei: Vocês acreditam? Todos eles responderam: Sim Igão!!! Voltamos ao campo e nossa atitude foi bem diferente.

    Nesse exato momento Carlinhos, do RH, perguntou:

    - E aí Igor, você conseguiu atingir o seu objetivo?

    Sem pensar muito ele respondeu:

    - Depende, o que você chama de objetivo?

    Carlinhos insistiu:

    - Nesse caso é ganhar o jogo, não é?

    - Sim, ganhamos, mas meu objetivo não era esse e sim motivar a equipe para atingir um resultado em comum e, mesmo que não tivéssemos vencido o jogo, teria assim mesmo atingido o objetivo, pois todos estavam alinhados e correram como nunca, estavam comprometidos acreditando que seríamos campeões e isso foi o mais importante.

    Após o último discurso do Igão, o RH não fez mais nenhuma pergunta. Enquanto o burrão ficou contando suas aventuras esportivas fui ficando mais confiante, ganhei força já que tinha muito mais a contar. Eu sabia que não havia mais o que temer, deveria ter segurança e postura. Então chegou minha vez.

    - Eu me chamo João Carlos, sou estudante de uma das melhores escolas do país e monitor em algumas disciplinas. Sempre fui um bom aluno, resultados obtidos através de esforço pessoal. Obtive notas acima da média e no ano passado me alegrei em receber do reitor um diploma de honra ao mérito por ter finalizado o ano letivo como o melhor aluno da universidade.

    Nesse momento, Rogéria e Carlinhos olharam um para o outro, aparentemente surpresos com minha introdução. Rogéria disse:

    - Impressionante, João. Continue. Pensei imediatamente - Nossa, que bacana. Nenhum candidato havia até o momento recebido um elogio durante a apresentação. Fiquei muito contente e autoconfiante. Ganhei forças e lembrei-me de uma frase dita por um jogador de futebol, após um dos jogos da seleção brasileira, em que atuou de forma espetacular: Humildade é para aquele que não tem do que se orgulhar, sábio jogador! Fui em frente porque era o melhor ali, ninguém falava da escola, acho que eles eram iguais ao Igão, um bando de burrões, então estufei o peito e continuei:

    - Fiz uma iniciação científica que foi apresentada em um congresso nos Estados Unidos e publicada na maior revista especializada do setor. Graças a essa publicação, propus ao orientador fazer o trabalho de conclusão de curso sobre o mesmo tema.

    Nesse instante Rogéria me interrompeu:

    - João, o trabalho de graduação nas universidades não é normalmente em grupo? Seus companheiros estavam de acordo com o tema proposto por você?

    Rapidamente respondi com olhar de superioridade:

    - Sim Rogéria, teoricamente você está correta, o problema é que todo trabalho em equipe normalmente é feito por mim, carrego o grupo nas costas. Quando propus o tema meus colegas não tinham uma contra proposta, aliás, sabiam que podiam confiar em mim e que não teriam problemas, o resultado estaria garantido.

    Neste momento Carlinhos fechou um pouco a cara, não entendi o motivo por esse comportamento, já Rogéria balançava a cabeça positivamente, me parecia super interessada.

    - João Carlos, fale um pouco sobre você - disse Rogéria.

    Eu já havia dito que fui monitor, o melhor aluno da universidade, tinha trabalho publicado em revista especializada nos Estados Unidos e ela ainda não estava satisfeita com tantas informações, não tinha mais nada de interessante para dizer. Pensei por mais alguns segundos e disse:

    - Falar mais… Aff! No colégio eu fui campeão das olimpíadas de matemática.

    - Isso é interessantíssimo João, mas o que você faz nos fins de semana? Tem muitos amigos? Você vai para baladas? Continuou a indagar-me a psicóloga.

    Que situaçãozinha surreal, quanta insatisfação dessa mulher! Falo sobre todas as minhas qualidades acadêmicas e ela pergunta sobre baladas?! E nessa pressão respondi:

    - Não gosto muito de baladas, nos fins de semana prefiro ler um bom livro e tenho um grande amigo, o Pudim.

    Gentilmente Rogéria disse:

    - Muito obrigado João, sua apresentação foi clara e esclarecedora, você pode se sentar. - E nos meus pensamentos: como assim? Que reação estranha. Por que havia mudado o foco da entrevista?

    Ao acabar minha vez, sentei.

    Suava, tremia, o estômago embrulhado, não conseguia mais escutar os outros, além da vaga disputávamos o mesmo ar para respirar e a atenção dos dois, com isso o clima ficou muito pesado naquele ambiente. As duas enormes rodelas de suor embaixo das minhas axilas haviam dominado todo o restante das partes secas da camisa. Depois que acabou toda aquela tortura lembrei-me da música do Cazuza²: Tô cansado de tanta babaquice, tanta caretice, dessa eterna falta do que falar. Fomos almoçar juntos.

    Durante o almoço fiquei quase todo o tempo isolado, quieto, observando e ouvindo aquela conversa vazia e sem conteúdo. Ninguém falava sobre assuntos técnicos e isso, na verdade, não me possibilitava falar.

    - Sobre o que gostava de conversar? - pensei. Dei-me conta que se não falasse sobre as disciplinas da universidade, não era capaz de manter uma boa conversa. Durante o almoço ninguém falava sobre esses assuntos, evidentemente não abri a boca.

    À tarde fizemos a dinâmica de grupo e mais uma vez ninguém estava interessado nas disciplinas da universidade, sentia-me um peixe fora d’água. Questionei-me sobre a utilidade da universidade, uma vez que ninguém parecia estar interessado no que lá ocorria.

    Ao final da tarde Carlinhos chamou três candidatos presentes na sala, entre eles Igor, os outros dezessete ficaram com Rogéria que anunciou o fim do processo seletivo, dizendo que ainda não era o nosso momento.

    O dia fechou com chave de ouro, o Igor burrão foi selecionado!

    Pois é, talvez ele não fosse tão burro como eu o imaginava. O meu conceito de burro estava equivocado e desatualizado.

    No dia seguinte, acordei bem cedinho, desta vez a noite mal dormida não era por causa da ansiedade, mas sim pela frustração. Obviamente me sentia um lixo, inconformado e completamente revoltado.

    Como já estava previsto deveria levar minha mãe ao oculista, consulta que estava marcada há muito tempo e como havia necessidade de dilatar as vistas a presença do acompanhante era obrigatória. No carro, a caminho da clínica médica, não disse uma palavra, ela tentou puxar conversa, porém estava totalmente monossilábico respondendo à tentativa de diálogo com é, ok, tá, sim ou não; realmente impossível estabelecer qualquer comunicação com alguém nesse estado.

    Meus pensamentos repletos de raiva, ódio e rancor estavam todos voltados para aquela psicóloga. Tinha até medo da minha reação se a visse novamente.

    Chegando à clínica médica minha mãe desceu do carro e entrou, enquanto fui estacionar. Quando entrei na sala de espera do consultório ela já tinha sido chamada para fazer as medições oculares antes de passar diretamente com

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