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O Grande Segredo
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E-book767 páginas10 horas

O Grande Segredo

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Sobre este e-book

A descoberta de um esqueleto em uma sala secreta no palácio do Catete, residência dos presidentes do Brasil até a inauguração de Brasília, lança uma sombra por sobre a República. A obra é uma ficção que tem como proposta contar uma história diferente da que se aprende nas escolas. Passeia-se por subterrâneos da política, onde da tentativa frustrada do assassinato do presidente Prudente de Moraes desenvolveu-se a técnica de camuflar a eliminação de pessoas ilustres, como Getúlio Vargas, JK e muitos outros. A governabilidade e luta pelo poder a todo custo perpassam as esferas educacional e de pesquisa, afetando a vida dos dois professores que são incumbidos de investigar a ossada encontrada no museu e que se vêem envolvidos em situações em que correm perigo diante de grupos sigilosos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de mar. de 2018
O Grande Segredo

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    O Grande Segredo - Silvério Da Costa Oliveira

    Silvério da Costa Oliveira

    O grande segredo:

    A história não contada do Brasil

    Rio de Janeiro

    2018

    CATALOGAÇÃO NA FONTE

    O 48

    Oliveira, Silvério da Costa.

    O grande segredo: A história não contada do Brasil. / Silvério da Costa Oliveira. 1. ed. – Rio de Janeiro: [s.n.], 2018.

    668 p.

    Bibliografia.

    ISBN 978-85-918203-2-0

    Disponível on-line: .

    1. Literatura brasileira. 2. História do Brasil. I. Título.

    CDD B869

    CDU 821.134.3(81)

    Arte da capa: Silvério da Costa Oliveira

    Imagem da capa: foto do Museu da Republica com pistola e carregador por cima.

    Editoração eletrônica: Silvério da Costa Oliveira

    Revisão: Márcia Cristina Gomes de Pinho e Silvério da Costa Oliveira.

    International Standard Book Number – ISBN

    ISBN 978-85-918203-2-0

    Direitos autorais

    OLIVEIRA, Silvério da Costa. O grande segredo: A história não contada do Brasil. Rio de Janeiro: [s.n.], 2018. 668 p.

    Primeira edição: 2018 - Editora Clube de Autores Formato: 14,8 x 21,0 cm

    Total de páginas: 652 (corpo) + 16 (iniciais) = 668

    Total de 12 capítulos

    Copyright © by Silvério da Costa Oliveira.

    Todos os direitos reservados.

    Este livro é protegido por Registro nos Direitos Autorais em nome no autor. É permitida a leitura, cópia e citações, desde que citada a autoria, título e fonte.

    O grande segredo: A história não contada do Brasil © dezembro/2017

    Livros de Silvério da Costa Oliveira

    (Nas versões impressa ou eletrônica pelo site www.doutorsilverio.com que encaminhará para a página de compra da editora)

    1- Catálogo bibliográfico sobre sexo

    2- Catálogo bibliográfico sobre drogas

    3- Catálogo bibliográfico sobre o sucesso

    4- Catálogo bibliográfico sobre criatividade

    1- Sexo, sexualidade e sociedade

    2- Conversando sobre as drogas

    3- Reflexões filosóficas: Uma pequena introdução à filosofia

    4- Estudos de psicologia e filosofia

    5- Pensamentos ardentes

    6- Kant e Piaget: Inter-relação entre duas teorias do conhecimento

    7- Vencer é ser feliz: A estrada do sucesso e da felicidade

    8- Falando sobre sexo

    9- Falando sobre drogas

    10- Primavera da prosperidade

    11- Criatividade, inovação e controle nas organizações de trabalho

    12- Sexualidade em foco: Correspondência com os leitores 1

    13- A cama compartilhada (Swing): Correspondência com os leitores 2

    14- Prisioneiro do próprio corpo (Transexualismo): Correspondência com os leitores 3

    15- Psicologia e outros temas: Correspondência com os leitores 4

    16- Prazer e dor nas drogas: Correspondência com os leitores 5

    17- Em busca do saber: Correspondência com os leitores 6

    18- A arte de viver escrevendo

    19- Reflexões de um lobo solitário

    20- O poder de convencer e motivar

    21- Profetas do sucesso

    22- Uma boa idéia!: Uma grande viagem!

    23- O grande segredo: A história não contada do Brasil

    HP e E-mail

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    Estou aguardando sua correspondência, não esqueça de entrar em contato. Espero que você goste da leitura de meus livros, todo o trabalho foi feito pensando em você, na sua leitura e prazer. Desde já lhe desejo muito sucesso, prazer, alegria e felicidade em sua vida.

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    http://www.doutorsilverio.com

    E-mail adress: doutorsilveriooliveira@gmail.com

    Sumário

    Dedicatória . IX

    Agradecimentos . XI

    Epígrafe . XIII

    Nota explicativa sobre as personagens . XV

    Prólogo . 1

    Capítulo 1

    A caverna dos mistérios . 7

    Capítulo 2

    Desenterrando o passado . 19

    Capítulo 3

    O circo montado . 33

    Capítulo 4

    Fortaleza . 47

    Capítulo 5

    Segurança . 75

    Capítulo 6

    O poço da verdade . 111

    Capítulo 7

    Wonderland: The place only for english to see . 163

    Capítulo 8

    Poderosa locomotiva . 263

    Capítulo 9

    Nossa Senhora, de Flores, recebestes a vergonha 357

    Capítulo 10

    Mãe dos deuses, permita-nos conhecer as pirâmides da floresta . 437

    Capítulo 11

    Cidade Maravilhosa . 501

    Capítulo 12

    Tempo contado, morte iminente . 563

    Epílogo

    Forças ocultas . 645

    Dedicatória

    À toda a minha família,

    E com um carinho todo especial

    Aos meus queridos avós maternos

    Silvério Rodrigues do Fundo (in memorian)

    E

    Elza da Costa Silvério (in memorian)

    Aos meus amados pais

    Eduardo de Oliveira Peixeiro (in memorian) E

    Elza da Costa Oliveira

    À

    Márcia Cristina Gomes de Pinho

    E

    Karen Alana Pinho Oliveira.

    Agradecimentos

    O livro O grande segredo: A história não contada do Brasil levou dois anos para ser escrito e mais um ano para rever e corrigir alguns detalhes, mas a idéia para escrevê-lo é bem mais antiga, como também algumas anotações que aos poucos fui tomando sobre idéias interessantes a serem aqui desenvolvidas. Enquanto eu escrevia, a única pessoa que lia e comentava era minha filha, Karen Alana Pinho Oliveira, a qual eu deixava ler sempre que terminava um capítulo e tivemos oportunidade de discutir partes da trama enquanto a elaborava mentalmente. Além de agradecer aqui ao apoio da família e amigos, quero expressar também meu mais sincero agradecimento aos leitores alfa, aqueles que leram e opinaram sobre a obra antes desta vir a ser publicada. Neste caso, sou grato a muitos, mas em particular gostaria de nomear a: Karen Alana Pinho Oliveira; Márcia Cristina Gomes de Pinho; Sérgio Azevedo; Josemir Leandro; Cleórbete Santos.

    Na academia fomos ensinados a não confiar em ninguém, questionar todo e qualquer fato, verificar cada detalhe, duvidar de tudo. Se uma centena de agentes secretos relatava determinada ocorrência de um modo, e apenas um relatasse diferente, mesmo sem fazer sentido, deveríamos conversar com ele. Ninguém acreditaria nele nem em você; todos ririam e caçoariam. Mas é assim que grandes descobertas são feitas. É fácil repetir fatos conhecidos, mas é muito mais difícil descobrir algo que ninguém sabe. Se for você a descobrir, será mal interpretado e muito desmentido no princípio. Mas, quando você encontrar provas, convencerá os superiores. SUVOROV, Viktor. O grande culpado: O plano de Stálin para iniciar a segunda guerra mundial. Trad. Flora Salles. Barueri, SP: Amarilys, 2010. p. XVI.

    Nota explicativa sobre as personagens

    Esta é uma obra de ficção. Todos os nomes, personalidades, atitudes e comportamentos das personagens são fictícios, qualquer semelhança com pessoas ou fatos é mera coincidência. Os nomes escolhidos para as personagens não possuem qualquer relação com pessoas reais. As opiniões expressadas pelas personagens não são, necessariamente, as mesmas opiniões do autor. Quanto ao mais, muito se deve ao estilo e aos recursos literários empregados.

    Prólogo

    No ano de 1831, o então Imperador D. Pedro I abdica ao trono em favor de seu filho, Pedro de Alcântara. Na seqüência aos fatos, D. Pedro I sai do Brasil, levando consigo toda a família imperial, a exceção de Pedro de Alcântara.

    Pedro de Alcântara é filho de Pedro I e da Imperatriz D. Maria Leopoldina. A Imperatriz foi a primeira esposa de D. Pedro e teve sete filhos com o Imperador, sendo destes, três homens, além de Pedro de Alcântara, Miguel, que nasceu e morreu no ano de 1820, e João Carlos, nascido em 1821 e falecido em 1822. Outros quatro foram filhas: Maria da Glória (1819-1853), Januária Maria (1822-1901), Paula Mariana (1823-1833), Francisca Carolina (1824-1898).

    Apesar de D. Pedro I ter tido vários filhos bastardos e mais uma filha, Maria Amélia (1831-1853), com sua segunda esposa, D. Amélia, Pedro de Alcântara (1825-1891) era o filho varão mais novo de D. Pedro e por direito de nascença, em virtude do falecimento de seus irmãos, herdeiro do trono.

    Quando da abdicação, em 1831, Pedro de Alcântara contava então com cinco anos de idade e foi deixado aos cuidados de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), tutor do menino imperador. Assim permaneceu Bonifácio até 1833, quando foi retirado do cargo de tutor pelo governo da Regência.

    José Bonifácio também foi um destacado membro da Ordem Maçônica, sendo um de seus fundadores no Brasil e também primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil e Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho da Ordem.

    Enquanto Bonifácio e outros maçons brasileiros defendiam, à época, que o futuro do Brasil estava vinculado a uma monarquia constitucionalista semelhante a existente na Grã-Bretanha, outros maçons, à mesma época, defendiam uma orientação mais republicana, com inspiração na França.

    O futuro D. Pedro II era apenas uma criança de 5 anos de idade que tinha herdado um imenso e rico império, que, com certeza, não somente seria motivo de disputas entre aqueles que propunham uma monarquia constitucionalista e aqueles que propunham uma república, como também seria motivo de cobiça por muitos outros que gostariam de governar este enorme país.

    Não é preciso entrar em detalhes sobre o quanto seria fácil eliminar uma criança nesta faixa etária. Muitos acidentes ou doenças podem ocorrer, ou mesmo uma tomada de poder menos sutil e mais agressiva. Aqueles que queriam preservar o direito de nascença desta criança tinham que estar atentos.

    Mesmo dentro da Maçonaria havia aqueles a favor de um governo monarquista constitucionalista e aqueles que queriam uma República. Para melhor defender os interesses da monarquia, os maçons favoráveis à preservação do Império fundam uma nova Ordem dentro da Maçonaria, a Ordem Aurora, significando o novo despertar, a aurora de um novo tempo que estava por vir com o advento do Imperador D. Pedro II.

    Nesta época e mesmo anos depois, quando já sob a égide da República proclamada, era fácil contratar um exército de mercenários ou navios corsários para defender os interesses de um governo ou grupo, lutando sob a sombra de uma bandeira. Vimos os primeiros presidentes do Brasil contratarem os serviços de corsários quando da revolta da armada e, mundo afora, era, então, uma prática comum contratar um exército ou marinha. Bastava uma coisa para isto, ter dinheiro. Claro está que todo governo em exercício, seja legítimo ou não, possui o dinheiro dos cofres do tesouro.

    A segurança do futuro imperador e do império dependia das autoridades que comandavam o exército e a marinha, mas se houvesse um golpe de Estado, quem dominasse o governo teria poder sobre o exército, a marinha e os cofres do tesouro.

    Era preciso dispor de um exército emergencial para proteger o Império, caso fosse necessário, e não se podia contar com os cofres públicos do tesouro, pois se o governo caísse em outras mãos, estas também controlariam todo o tesouro do Império.

    Foi pensando nisto que os protetores do imperador menino sentiram a necessidade de ter um tesouro próprio, pois se possuíssem dinheiro, poderiam contratar um exército de mercenários ou de navios corsários e recuperar o reino de qualquer usurpador. Pensando deste modo, foi criado o primeiro caixa 2 da história do Brasil.

    Não seria difícil desviar dinheiro, valores, jóias, ouro, prata, pedras preciosas se aqueles que estão no governo estão de pleno acordo neste sentido. A capital, na época, era no Rio de Janeiro e o restante do Brasil ainda era uma grande imensidão a ser povoada. O lugar mais provável para se guardar algo de valor seria na capital.

    Não se trata, no entanto, de pessoas roubando o Estado para atender aos seus próprios interesses egoístas, não! Trata-se de desviar dinheiro para a proteção do próprio governo por pessoas que acreditavam serem patriotas e monarquistas. Uma fortuna foi desviada, basta pensarmos em quantos anos durou o segundo reinado.

    Pela lei, Pedro de Alcântara só assumiria o trono ao atingir a maioridade, aos 18 anos de idade, em 2 de dezembro de 1843, no entanto, a coroação foi antecipada visando pacificar o reino.

    Em 22 de julho uma delegação visita o imperador menino no Palácio em São Cristóvão e o indaga se este concordaria em antecipar sua maioridade e quando, ao que recebem a resposta que sim e . No dia seguinte, 23 de julho de 1840 o Parlamento Brasileiro, a época chamado de Assembléia Geral, declara Pedro II maior de idade aos 14 anos, tendo sido aclamado, coroado e consagrado na data de 18 de julho de 1841.

    Desde 1831 até a Proclamação da República, Pedro de Alcântara ocupou a posição de Imperador por 58 anos seguidos e o segundo reinado durou 49 anos.

    Deste modo, de 1831 a 1889 ocorre o surgimento de uma organização secreta dentro de outra organização secreta. A Ordem Aurora surge de dentro da Maçonaria visando proteger o imperador menino, seu direito, e posteriormente o próprio Império. Maçons construíram uma base secreta e a denominaram por Aurora Prima. Vamos lembrar que a palavra maçom, em sua origem, nos remete aos construtores. Esta base fez uso de uma enorme caverna encontrada em parte não totalmente explorada da cidade e teve, à época, sua entrada bem camuflada. Posteriormente, o segredo passou a ser guardado somente por quatro irmãos maçons, sendo que destes, um foi o traidor da Ordem Aurora.

    Com a proclamação da República em 1889, dos quatro que sabiam o segredo, um fugiu para a Europa, onde mais tarde veio a falecer, já os outros, também já bem idosos, não agüentaram ver a proclamação da República e saber da traição do quarto e acabaram vindo a falecer, um repentinamente e o outro logo após, ambos de causas naturais. O quarto, traidor, nunca teve a coragem necessária para sequer tocar no tesouro acumulado. O segredo, portanto, se perdeu. Em algum lugar da cidade ficou adormecido um enorme tesouro.

    Posteriormente, outros membros da Ordem Aurora deram continuidade a sua manutenção até os dias atuais, mas, com o tempo, mesmo para os mais fervorosos, a história de um grande tesouro mantido em uma base secreta pela Ordem passou a não significar mais do que uma história bonita, uma lenda sobre a formação da Ordem, nada mais, nada menos. Algo para unir e encantar maçons que até hoje acreditam que o futuro do Brasil se encontra, não em uma República corrupta, e sim em uma monarquia constitucionalista, parlamentarista.

    Em 1942 a caverna, por um ato fortuito da sorte, foi redescoberta por oficiais do exército de Getúlio Dornelles Vargas. Vargas poderia ter feito alarde da descoberta, o que com certeza interessaria a historiadores e outros pesquisadores, mas percebeu o seu grande potencial para esconder documentos e segredos do Estado Novo, preferindo, portanto, manter tudo em segredo. A caverna passou a ser usada como base secreta do governo Vargas, mas este nada sabia sobre a Ordem Aurora ou sobre um tesouro imperial e nunca encontrou o tesouro que ali estava guardado. Mais tarde, em virtude de mudanças na conjuntura da política internacional e a fatos fora do controle do governo, a localização da caverna foi novamente perdida. Havia alguém que a conhecia e Getúlio sabia onde o encontrar, mas preferiu deixá-lo isolado e simplesmente tudo esquecer, pois era isto que o momento político pedia.

    Em 1831 esta história começa, em 1889 os fatos históricos fazem com que o segredo seja perdido. Em 1942 a localização da base é redescoberta, mas tão somente para receber novos e assustadores segredos de Estado, sendo o segredo inicial novamente esquecido e perdido nas brumas da grande história. Agora, no momento presente, que, somente para título de exposição, foi adotado ser o ano de 2015, o segredo está prestes a ser novamente redescoberto, mas nem todos querem isto, pelas mais distintas razões e irão trabalhar para que coisa alguma do que aqui está escrito venha um dia a público.

    Capítulo 1

    A caverna dos mistérios

    A caverna dos mistérios

    Domingo, 4 de janeiro de 1942

    O Estado, por vezes, se comporta como um pai cruel, cujos deveres, obrigações e exigências ocupam toda a vida de seus filhos mais devotados, e às vezes preenchem não só a sua vida, mas até mesmo a sua morte.

    O cômodo podia até não ser muito grande, mas com certeza mantinha uma decoração condizente com seu gosto. Claro, sempre teve dúvidas quanto ao retrato na parede, mas, afinal de contas, o Presidente do Brasil merecia um lugar de destaque em qualquer repartição ou setor público e ali não deveria ser uma exceção.

    Brincando com uma moeda entre os dedos pensava que nunca fora de se envolver com a política. Até mesmo admirava a Getúlio Dornelles Vargas, o pai dos pobres, ou simplesmente o Getúlio, como muitos o chamam, mas mantinha-se restrito aos seus deveres militares, de uma carreira a qual tinha dedicado boa parte de sua vida.

    Sim, galgara postos por meio de disciplina e trabalho duro, pondo sempre o dever em primeiro lugar, mesmo na frente de sua querida esposa, com quem casara quando ela completara seus 16 anos, sendo ele na época 10 anos mais velho. Amava muito sua esposa, Isabel, e seus filhos. Talvez devesse dedicar mais tempo aos mesmos, mas sempre o dever a chamar e, ele como bom soldado, a responder prontamente. Tenente Coronel Roberto Medeiros, uma patente de respeito e um nome pomposo, mas fruto de uma vida de disciplina, luta e dedicação ao dever e a pátria amada.

    Passou a mão alisando sua escrivaninha estilo imperial, gostava desta mesa e também da cadeira que agora ocupava. Muito bonitas mesmo. Apesar das décadas que se passaram desde que foram construídas, mantinham a jovialidade e beleza de um móvel de fino trato.

    Levantou-se, caminhou até a parede e olhou seu rosto no grande espelho. Uma ruga, alguns cabelos brancos contrastando com seus cabelos castanho claro e olhos azuis claro. Uniforme impecavelmente arrumado, como manda a etiqueta de um bom oficial militar. Em verdade, mesmo ali, nos subterrâneos do mundo, nas entranhas da terra, não somente mantinha a aparência condizente com seu status, como também exigia de todo o pelotão o mesmo esmero com suas roupas.

    Inicialmente estranhou ganhar o comando de um pelotão com pouco mais de 40 homens, afinal, tal incumbência tradicionalmente cabia a oficiais subalternos. Aliás, mesmo uma companhia, esta já formada por dois a cinco pelotões, normalmente é comandada por um segundo ou primeiro tenente e não por alguém de sua patente. Em verdade, melhor caberia o comando de um batalhão composto por algumas companhias divididas em pelotões. Mas, posteriormente passou a entender o porque de receber o comando de um pequeno destacamento de soldados e com ordens expressas do próprio gabinete presidencial.

    — Entre!

    Falou em tom alto e demonstrando autoridade em resposta as duas batidas na pesada e maciça porta de madeira toda ornamentada. Em seqüência, um homem jovem, alto, magro e negro adentrou no recinto.

    Sgt. Júlio: Senhor!

    Ten. Cel. Roberto Medeiros: Pode falar sargento.

    — Os homens já estão prontos para partir e os carros já foram carregados com nosso equipamento. O major Carlos e o tenente Rubens perguntam se deseja fazer alguma reunião antes da partida.

    — Tudo bem sargento. Eu vou terminar de arrumar as minhas coisas, separar mais alguns papéis. Falo com você, o Major Carlos e o Ten. Rubens antes da partida.

    — Irei já providenciar tudo, senhor.

    E saiu fechando a porta atrás de si com suavidade.

    ***

    — Julinho, falou com o homem?

    Falou um homem branco de meia idade, trajando um impecável uniforme militar.

    Sgt. Júlio: Major Carlos, o senhor sabe que não me incomodo e que meu apelido é este mesmo, mas se o Ten. Cel. Medeiros escutar ele não vai gostar.

    Mj. Carlos: Ora vamos sargento, você não é tão formal assim durante as nossas partidas de futebol ou nossas saídas com a turma para beber e curtir umas mulheres da vida.

    — Verdade! Mas nestas situações não estamos uniformizados, na base e com outros oficiais por perto.

    O Mj. Carlos se aproximou mais da grade de proteção existente no estreito corredor. Pouco mais de meio metro separava o paredão da caverna do abismo em direção a água lá embaixo. Com ambas as mãos segurando no corrimão das grades e olhando para baixo, falou.

    — O que você acha destes dois navios corsários aqui embaixo? Como foi possível que estes dois veleiros enormes entrassem aqui?

    — Senhor, tudo aqui nesta base é um mistério sem fim. Corre o boato entre os homens que existe uma sala cheia de moedas de ouro, dobrões espanhóis, que estavam a bordo destes navios e que agora encontram-se no interior desta caverna, em um dos intermináveis túneis da mesma. Mas o que me incomoda mesmo são aqueles aviões.

    — Os aviões são coisa do Getúlio, acho que isto não convém falar para ninguém. Eu mesmo finjo que não os vejo. Bem como aquele submarino alemão. Dizem que a tripulação do mesmo encontra-se hoje em algum lugar na Amazônia, mas é tudo cercado de mistério. A única coisa que podemos ter certeza é que estes aviões vieram junto com o submarino. Com certeza deve haver uma entrada submersa para esta caverna, por onde teria entrado o submarino.

    — Eu posso perguntar uma coisa que me incomoda?

    — Fale logo Julinho, homem de Deus. Fale sargento.

    — São poucos homens em uma base remota, se bem que secreta, por que o Ten. Cel. foi escolhido para o comando?

    — Cuidado que foi a curiosidade que matou o gato, meu bom amigo de peladas e noitadas. Pelo que sei, o Ten. Cel Medeiros tem o hábito de fazer caminhadas pela mata e escalar montanhas e numa destas aventuras ele e o Ten. Rubens deram de cara com a entrada para este negócio todo. Parece que foi pura sorte, se eles quisessem fazê-lo de propósito não iriam conseguir. Foi no meio de uma brincadeira que, de modo completamente acidental, eles abriram a entrada principal e entraram aqui para explorar, depois tiveram o bom senso de não contar para ninguém e levar direto a informação para o comando. Isto já tem cerca de dois anos e logo em seguida o governo ocupou tudo isto e descobriram como chegar aqui por debaixo d’água, trazendo estes U-Boots(1), pois, afinal, parece que este não foi o único. O que explicaria não somente o número de aviões trazidos, bem como, a suposta quantidade de nazistas que foram para a região amazônica com o aval do governo. Mas você não deve comentar nada disto, são coisas que circulam por entre pouquíssimos oficiais de alta patente e bem relacionados politicamente, afinados com o atual governo.

    — Sabe, fico impressionado com Deus e com a natureza por fazer algo tão maravilhoso quanto esta caverna, tão grande que parece até que toda a montanha é oca e pelo lado de fora não há quem perceba tal. E como se isto tudo já não bastasse, temos ainda este lago enorme com toda esta água. Deus existe, não é mesmo major?

    — Acredito que sim, Julinho, mas não esqueça de todos estes símbolos estranhos por toda a parte, desta mobília da época do Império, de toda esta construção nesta madeira nobre. Com certeza, a mão do homem esteve presente aqui há não mais de cem anos.

    Os dois homens ficaram parados no corredor, debruçados na murada, pensativos, olhando para algum lugar em direção aos dois enormes veleiros, com suas velas enroladas e canhões ameaçadores guardados por trás de suas portinholas, aguardando um tempo que já se foi e que não mais voltará. O relógio, uma das poucas coisas modernas que adornavam aquelas paredes, mostrava atrás deles que já passava da meia noite. Era o sábado, 3, indo embora e dando espaço para o início de um novo dia, domingo, 4 de janeiro de 1942.

    ***

    Tendo lacrado a base e deixado a entrada com a mesma invisibilidade com a qual fora um dia encontrada, os soldados marcharam pelo tempo necessário até o lugar onde seus veículos estavam estacionados.

    Após todos embarcarem, ocupando seus devidos lugares, os dois caminhões repletos de soldados, tendo a frente um jeep com os oficiais comandantes, seguem seu percurso noturno com a lua por testemunha e o canto das corujas e morcegos como coro e fundo musical.

    Rua após rua, noite adentro o comboio segue, cortando a solidão escura da noite. Em seus pensamentos, o Ten. Cel. Roberto Medeiros comparava a paisagem noturna com suas dunas de areia com o que ouvira falar sobre o deserto do Saara, de fato, esta parte da cidade do Rio de Janeiro bem lembrava um deserto e não fosse o barulho noturno das ondas do mar, passaria despercebido o fato de não estarmos em um grande deserto de areia. Ficou imaginando se um dia a cidade cresceria a ponto de ocupar esta região tão linda.

    Seus olhos pararam por uns instantes no retrovisor do carona e reparou em uma luz distante que começava a surgir em algum lugar bem lá atrás. Distraído com seus pensamentos, quando voltou a olhar pelo retrovisor, notou que não era uma única luz e que estas estavam mais próximas do comboio. Por um momento olhou para o cabo que dirigia o veículo e novamente para o retrovisor. Afinal, quem mais poderia estar guiando por estas paragens nesta hora da madrugada?

    Conforme as luzes se aproximavam do comboio cada vez ficava mais evidente que tratava-se de um conjunto de luzes únicas, com certeza não eram automóveis, o que ficou nítido quando a proximidade permitiu que a noite fosse invadida pelo som dos motores. Sem dúvida, motos! Não motos pequenas, mas motos maiores, provavelmente norte-americanas. Uma, duas, não! Quatro motos cujos motores em seu ritmo constante invadiam a noite e se aproximavam velozes dos veículos do comboio, tendo a todos como testemunha uma bela, enorme e reluzente lua em uma noite quente de verão.

    A primeira moto deu seta para a esquerda e começou a ultrapassar o comboio, sendo seguida pelas demais. Ao emparelharem com o comboio, os motociclistas acenaram amigavelmente e se mantiveram em velocidade constante por algum tempo, mantendo-se lado a lado com os veículos maiores.

    A noite tranqüila, o luar amigável, as ondas do calor e o som dos veículos acompanhados pelas luzes que estes projetavam para iluminar a imensidão da noite na estrada faziam com que o tempo passasse devagar, mas de um modo diferente, cuja lentidão pré-anunciava seu próprio fim, mas claro, nem todos teriam a sensibilidade e intuição para percebê-lo.

    Por um instante o tempo parou ou pelo menos pareceu parar. No instante seguinte o segundo caminhão repleto de soldados que fechava o comboio voava pelo alto, se estilhaçando em meio à dor e gritos. Onde antes havia vida, sonhos e esperança de um futuro melhor, agora somente morte e pedaços de corpos banhados em sangue, pedaços de veículo e armas quebradas.

    Outras explosões se seguiam, conforme mais granadas eram jogadas pelos motociclistas. Os soldados não tiveram a menor chance. O outro caminhão tombou provocando muita confusão e ferimentos diversos. O jeep saiu da estrada e só não saiu capotando infinitamente pelo fato da frente ter batido em uma enorme pedra que fez com que o mesmo parasse tombado com as rodas em movimento apontando para a estrada.

    Os motociclistas pararam as motos logo à frente e tomaram lugares junto à estrada, começando a atirar nos sobreviventes, estes, ainda zonzos, quando não eram de imediato atingidos e caiam mortos ou gravemente feridos, conseguiam pegar suas armas e revidar aos disparos. No momento seguinte começou uma ensurdecedora troca de tiros, havendo balas voando por todos os lados.

    O sargento Júlio sentia seu braço esquerdo doer, mas sabia que a dor era um bom sinal, afinal, se doía ele estava vivo e o mesmo não podia ser dito do motorista do caminhão que ia à frente e que agora se encontrava caído, todo ensangüentado e pelo movimento da cabeça, provavelmente com o pescoço quebrado. Sargento Júlio afastou o corpo do motorista, cabo João, tentando soltar seu próprio corpo do caminhão que tombara para o lado do carona, estando o volante acima. Segurou no volante e saiu pela porta, a qual já estava aberta e retorcida. Ao sair viu no chão um dos rifles, pegou-o e se posicionou de forma defensiva respondendo ao fogo inimigo.

    Pensava quantos mais teriam sobrevivido e foi neste momento que olhou para o jeep a sua frente, também tombado e viu o Ten Cel. Roberto Medeiros ensangüentado deitado no chão, talvez morto, e viu também seu amigo, o Major Carlos, segurando uma pistola e revidando o fogo. Olhou a volta à procura de algo que pudesse lhe dar alguma vantagem tática e foi aí que viu uma pedra do lado direito da via. Em verdade, tratava-se de um conjunto de pedras sólidas, tendo a maior provavelmente uns três metros de altura.

    Pensou e teve uma idéia. Acenou para o amigo Carlos e o fez compreender que precisaria de cobertura. Respirou fundo, pensou em Deus e na Virgem Maria. Começou a rezar uma Ave Maria e enquanto rezava deu de correr para o lado direito da via, se jogando ao chão no meio da vegetação e em meio aos tiros que enchiam a noite.

    Sabia que não tinha muito tempo. Começou rapidamente a subir as pedras menores até conseguir se posicionar deitado no alto da maior, a pedra de três metros de altura. Podia ver tudo. Preparou sua arma, apontou cuidadosamente para o primeiro alvo. Devagar... Devagarinho... Puxou o gatilho! Viu quando parte da cabeça do sujeito foi rapidamente balançada para trás e para frente em um violento coice. Voltou a respirar e aguardar o momento oportuno, quando uma parte do corpo de seus inimigos, por menor que fosse, se tornasse aparente.  Um a um foram sendo eliminados. Julinho agradecia a Virgem Maria e também aos seus treinamentos em tiro. Já havia ganhado várias medalhas em campeonato de tiro, mas esta era a melhor premiação de todas, sua própria vida fora salva.

    ***

    Doía muito, na verdade, doía tudo. Aos poucos o Ten. Cel. Roberto Medeiros foi abrindo os olhos. No início havia somente um borrão, nada distinto, nada nítido. Depois começou a enxergar um certo movimento ao seu redor. Abriu mais os olhos, tentou focar em algo, sim, havia alguém, alguém conhecido.

    Ten. Cel. Roberto Medeiros: Júlio, é você?

    Sgt. Júlio: Calma coronel, o senhor foi ferido no peito. Fiz o meu melhor para consertar isto, mas temos de levá-lo urgentemente para um hospital. Não vou brincar, o ferimento é muito feio.

    — Sargento, qual a situação?

    — Fomos atacados de surpresa por quatro motociclistas. Usaram bombas, granadas, e estavam fortemente armados. Nossos homens não tiveram a menor chance. O Ten. Rubens foi seriamente ferido e não resistiu. O Mj. Carlos morreu todo ensangüentado em meus braços falando do que gostaria que falasse para sua esposa. Senhor, temo informá-lo que todos os inimigos foram eliminados, mas, do nosso lado só restaram vivos nós dois e o senhor não está nada, nada, bem.

    — Por favor sargento, ajude-me a levantar. Você consegue por este jeep tombado no chão novamente? Eu gostaria de ajudá-lo, mas tenho consciência de que não consigo.

    Com esforço e engenhosidade, bem como com a ajuda de uma alavanca feita com pedras achadas na estrada e um tronco de madeira, o sargento Júlio conseguiu desvirar o jeep. Aproveitou também e verificou as motos. Duas haviam sido atingidas na troca de tiros. Uma estava com o pneu estourado, uma com o tanque vazando combustível por um buraco de bala e ele ficava imaginando porque não havia explodido. Uma moto estava sem as chaves, provavelmente haviam caído em algum lugar e dificilmente seriam achadas naquela noite. Restava somente uma moto, esta estava com a chave na ignição e aparentemente em bom estado para uso. O sargento Júlio também testou o Jeep, dando partida no mesmo e em seguida reportou tudo ao Ten. Cel. Roberto Medeiros que ouviu com atenção e pensativo, quando este terminou seu relato, o Ten. Cel. falou:

    — Sargento, vou lhe dar uma ordem. Sei que você veio do norte do país e tem família em Macapá. Tenho amigos no Amapá que estão à frente da Fortaleza de São José de Macapá. O lugar é pouco mais que algumas ruínas abandonadas, mas mantemos um contingente na cidade. Quero que você pegue a moto e vá até a rodoviária e dali siga para lá. Você não chegará ao local somente por terra, já que não há estradas, mas vou lhe dar dinheiro para percorrer todo o trajeto, mesmo de barco ou de avião. Quero que você leve também três coisas muito importantes e as guarde consigo ou as esconda onde ninguém as encontre. Quando chegar a Macapá, fale diretamente com o coronel no comando, ele é muito meu amigo. Diga-lhe que lhe mandei e que é para você ficar por lá até as coisas se acalmarem ou eu lhe mandar buscar. Não conte para ninguém onde você estará. Você entendeu? –

    O sargento assentiu com a cabeça.

    — Sargento, eu irei até o Palácio do Catete falar com o presidente. Irei no jeep, siga você na moto que está boa. Tome! Aqui tem dinheiro suficiente para você não somente chegar a Macapá, como também para viver bem por algum tempo. Segure isto, isto e mais isto. Guarde com sua própria vida e assim que possível as separe, mantendo guardado no lugar mais confiável que você encontrar. Você tem nas suas mãos uma chave, um mapa e meu diário pessoal. Com estas três coisas qualquer pessoa inteligente poderá ter acesso aos segredos de nossa base. Leve também este meu anel – Falou enquanto retirava um belo anel de um dos dedos – Ele lhe abrirá as portas ao chegar – Prosseguiu falando – Se perguntarem por comprovação da história de que fui eu quem o mandou para lá, diga apenas: Minha palavra tem valor nos três cantos do triângulo e nas cinco pontas da estrela e mostre este anel que agora lhe dou.

    O sargento nada falou, somente guardou nos bolsos o que recebia. Ainda estava muito perplexo com todos os acontecimentos recentes e em estado de completo choque, ajudou o Ten Cel. Roberto Medeiros a entrar no jeep e o viu partir noite adentro. Pensou no ferimento do coronel e teve receio por ele, na verdade, sabia que o ferimento era de fato muito grave e aquele aparente rompante de melhora não mudava os fatos. Vendo que o carro já estava tão longe que somente os faróis ainda eram visíveis como um ponto ínfimo e distante, ficou de joelhos na estrada e por alguns momentos, rezou por todos, seus amigos que ali ficariam e o coronel que se fora. Montou na moto, ligou o motor. Acelerou algumas vezes o motor, ali, sozinho na noite escura.

    ***

    (FIM DO CAPÍTULO)

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    Nota de rodapé:

    (1) U-Boot: Termo utilizado na Marinha da Alemanha para designar seus submarinos. Em alemão Unterseeboot, que significa barco submarino. Na marinha alemã era costume batizar seus submarinos com a letra U seguida de um número. Portanto, o termo U-Boot na Alemanha é usado para designar todo e qualquer submarino, já na língua inglesa, o mesmo fica restrito para nomear qualquer submarino alemão, seja este da primeira ou da segunda guerra mundial.

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    Capítulo 2

    Desenterrando o passado

    Desenterrando o passado

    Dias atuais

    Marcelo Oliveira gostava da vida noturna, mas também gostava de acordar cedo e começar bem o dia com uma refeição a base de frutas, leite e mel batida no liquidificador e depois uma seqüência forte de exercícios para suar bem a camisa. Hoje já havia corrido pelo quarteirão e agora, tendo retornado a sua casa, em verdade uma ampla casa estilo antigo no bairro do Méier, subúrbio do Rio de Janeiro, preparava os mínimos detalhes para começar seu estudo de violino. Colocara o telefone fixo fora do gancho, desligara seu mais novo celular, um moderno aparelho, presente dos amigos com os quais trabalhava na faculdade, fechara as cortinas de casa e neste momento abria seu estojo de violino e separava as partituras. Um belo dia de folga de seus afazeres como professor pesquisador na faculdade. Tinha certeza absoluta que este dia seria bem curto, afinal, o tempo passa rapidamente quando estamos nos divertindo e quando não há coisa alguma acontecendo e podemos relaxar. Marcelo Oliveira não sabia o quanto estava enganado.

    ***

    Caminhando entre as imponentes colunas do hall de entrada, parou diante da escada principal feita em ferro fundido. Olhou novamente para a impressionante decoração que já conhecia tão bem e pensou que estava ali para começar mais um dia de trabalho, rotina diária que se seguia a uma cansativa viagem de ônibus lotado da longínqua região oeste da cidade até a área sul da mesma, onde se localizava o Palácio do Catete, Museu da República.

    Apesar de ter feito cursos na área de elétrica, sua experiência, desde criança, como ajudante em diversas obras pela cidade, o fez tornar-se um ótimo eletricista, mas também, um bom pedreiro e bombeiro hidráulico. Em verdade, verdade, trabalhava mais como uma espécie de faz tudo já há alguns anos e apesar de ainda manter alguns bicos que o ajudavam a sobreviver, gostava de sua atual condição, com carteira assinada e com jornada diária de trabalho para resolver pequenos problemas de manutenção que o museu pudesse enfrentar.

    Tinha perdido o horário ao levantar hoje pela manha, o relógio não despertou e mesmo tendo acordado sozinho 15 minutos depois, estes fizeram uma grande diferença e não pudera tomar sua refeição matinal. Após enfrentar cerca de duas horas em um ônibus lotado, seu organismo começava a reclamar cada vez de modo mais dramático pela ausência de algo sólido em seu estômago. Se saísse no horário de serviço para buscar algo para comer poderia ser chamado à atenção, mas também não dava para continuar com fome e o estômago fazendo barulhos estranhos e rabugentos.

    Imerso em seus pensamentos, parou um instante a observar o movimento de pessoas trazendo caixas e viu sua boa amiga Maria toda atarefada atravessando o corredor em direção a uma porta, na qual entrou. Francisco, vulgo Chico, seguiu os passos de Maria, também adentrando no recinto.

    Francisco: Bom dia minha paixão. Já vi que vai ter festa hoje. Mais uma recepção com comes e bebes.

    Maria: Oi Chico! Ainda não tinha te visto hoje. Tudo bem amorzão?

    — Hoje levantei um pouco mais tarde e ainda não consegui comer coisa alguma, você pode me conseguir um destes sanduíches que vocês estão preparando para este coquetel?

    — Você sabe que isto já deu confusão uma vez, não sabe Chico? Lembra daquele coffee break de duas semanas atrás a bronca que o chefe deu por encontrar um dos funcionários comendo do lanche que seria servido? Mas tudo bem, vou preparar um sanduíche bem caprichado para tu, homem de deus, pois você também não pode ficar para lá e para cá trabalhando sem comer e com este monstro no estômago fazendo estes barulhos horríveis – Falou isto rindo logo após escutar um barulho proveniente do estômago de Francisco, como se algo lá dentro quisesse reclamar para que todos o escutassem.

    — O que eu faria sem você, pedaço de mau caminho do meu coração.

    — Olha, Chico, que sua esposa não iria gostar de ouvir você falando assim e pior, eu posso acreditar e não desgrudar mais de você.

    Enquanto falava, embrulhou em um papel alumínio duas fatias de pão de forma recheadas com peito de peru, maionese e outras coisas mais. Finalizado, dobrou com cuidado os cantos do papel alumínio e entregou a Francisco.

    — Agora xispa daqui que tenho de trabalhar e vê lá se vai ser visto comendo isto.

    — Obrigado meu docinho apimentado, pode deixar que ninguém vai ver não.

    Francisco saiu, caminhou alguns passos até um canto e enquanto olhava a paisagem e os jardins começou a desembrulhar o que já considerava seu saboroso lanche matinal. Já com água na boca foi encaminhando ambas as mãos segurando sua preciosidade em direção a aplacação de sua fome quando escutou atrás de si alguém chamar por seu nome e quase instintivamente, tão rápido quanto podia, parou seu movimento em meio ao caminho de sua boca, fechou com uma das mãos o pequeno embrulho e o guardou em um amplo bolso interno de sua jaqueta de trabalho. Costumava usar este bolso maior para guardar ferramentas que precisava no seu ofício, bem como os dois bolsos externos na jaqueta.

    Uma jovem de cerca de vinte anos caminhava em sua direção.

    — Chico! Algumas pessoas passaram pela secretaria da entrada reclamando que está havendo um vazamento d’água perto do parque infantil, na entrada pelo portão da Praia do Flamengo. Você pode verificar isto agora?

    — Pode deixar. Já estou indo lá.

    Francisco caminhou pelas instalações do museu em direção ao suposto vazamento que estava ocasionando tanto alarme, não sem antes pegar sua caixa de ferramentas, toda de metal, contendo tudo que normalmente poderia precisar usar durante sua jornada de trabalho. Ainda antes de chegar pôde constatar o chafariz que provinha do chão e que com certeza molharia quem passasse por ali. Parou, olhou, coçou um pouco a cabeça, pegou algumas ferramentas e começou a trabalhar no problema. Breve já sabia o que estava ocorrendo. Nada de muito complicado ou que merecesse sequer uma troca de peças. Era somente um cano d’água que passava pelo local e justamente na emenda com um joelho estava jogando água para todos os lados com forte pressão, nada que um bom aperto não resolvesse. Pronto! Não havia mais água, mas a fome persistia. Olhou para todos os lados. Beleza! Não havia por perto qualquer um que pudesse lhe atrapalhar, o cano no qual antes havia o vazamento estava agora consertado e mesmo os visitantes estavam evitando o lugar. Perfeito!

    Francisco levou a mão direita ao bolso esquerdo interno de sua jaqueta, pegou seu sanduíche, desembrulhou com carinho e precisão cirúrgica, fechou os olhos, abriu a boca e...

    Chico! – Entoou alto uma voz provinda de baixo.

    O sanduíche chegou a escapar de suas mãos e só não foi ao chão na terceira tentativa de segurá-lo com uma, com a outra e com ambas as mãos. O coração até batia mais forte. Olhou para seus pés, não estava pisando em ninguém.

    Quem estava falando debaixo dele?

    Chico! – Novamente a voz chamava.

    Já mais calmo e de volta a realidade, Francisco percebeu que a voz provinha do rádio na sua cintura. Guardou novamente o sanduíche no mesmo lugar, desta vez de qualquer maneira e quase não fechando direito a embalagem. Pegou o rádio e falou.

    — Estou aqui. Acabei de consertar o vazamento no parque infantil, se é para isto que estão me chamando.

    — Aqui é o Beto! O chefe de segurança está te procurando. Um dos visitantes tropeçou numa tábua do assoalho solta e isto causou um pequeno alvoroço, nada que você não resolva, não é mesmo Chico?

    — Pode deixar, vou até a sala dele e vejo o que é para fazer.

    Cinco minutos depois já estava de joelhos analisando o problema da tábua solta no assoalho. Na verdade, somente a ponta havia se levantado. Um prego havia se soltado e fora este o responsável por tudo. Resolveu dar uma solução definitiva ao problema. Vasculhou suas coisas e encontrou bem o que queria. Um prego no exato tamanho e devidas proporções, como se tivesse saído para comprar sob medida para o local. Ajustou da melhor forma possível e com duas marteladas muito bem calculadas já havia retornado o pedaço de madeira para o seu devido lugar. O chefe de segurança, em pé ao seu lado até aquele momento, fez um sinal de positivo com o dedão da mão direita, esboçou um sorriso e saiu caminhando, provavelmente para buscar outros assuntos para resolver.

    Chico estava novamente sozinho. Caminhou até um dos salões do museu, buscou um canto, de certa forma protegido por uma estátua, pegou seu sanduíche, desembrulhou um dos cantos e sentiu o seu estômago roncar novamente. Ele adorava peito de peru, ainda mais quando a Maria caprichava em tudo para ele. Foi neste momento que sentiu algo cutucar uma de suas pernas, parou, olhou e viu uma criança pequena próxima de si.

    — Senhor! Não sei para onde minha turma foi. A professora estava falando algo sobre o presidente Getúlio, quando me distraí olhando aquele quadro e acho que depois fui até a outra sala, quando voltei, não os achei mais. To perdido! Pode me ajudar?

    Provavelmente o garoto já estava por lá antes em algum cantinho e por ser pequeno ele não o havia observado até ter sua perna cutucada pelo moleque. Suspirou fundo, guardou novamente seu sanduíche no bolso esquerdo interno de sua jaqueta. Não chegou de fato a ficar aborrecido, afinal, criança é criança e uma vez quando criança ele também se perdera, ao se afastar de seus pais em uma rodoviária, quando foram em outra cidade visitar parentes e ainda se lembrava vividamente de todos os sentimentos angustiantes que tinha vivido naquele lapso de tempo no qual ficara afastado de seus pais e que pareceu-lhe, na época, toda uma eternidade.

    Francisco: Como é mesmo o seu nome garotão?

    — Me chamo Breno e estou no terceiro ano na escola.

    — Menino valente! Vamos lá Breno, encontraremos juntos o seu grupo de escola, rapidinho, rapidinho.

    Quando Francisco chegou com a criança, a professora tinha acabado de perceber que havia perdido um dos seus e já estava toda apavorada. Mais um assunto resolvido. Decidiu então seguir para o terceiro andar, onde se encontravam os aposentos do presidente Getúlio Vargas. Sempre ficava impressionado com aquela cama na qual o pai dos pobres dormia quando ainda em vida e mais impressionado ainda ficava ao imaginá-lo a cometer suicídio, em 24 de agosto de 1954. Lembrava bem que sua mãe não acreditava nisto e sempre lhe dizia que o homem havia sido suicidado, que na verdade houvera um assassinato encoberto como suicídio. Sua mãe lhe dizia que pouco antes de sua morte ela havia escutado ele fazer um eloqüente discurso, como só ele mesmo sabia fazer, na rádio e que quem acabara de falar o que ele falou não estava em momento algum pensando em tirar a própria vida.

    Chegando ao terceiro andar em um momento em que não havia visitantes, parou imóvel olhando a bela clarabóia composta por 266 peças e decorada por um vitral que tendia a lhe conferir um colorido de iluminação todo especial, proporcionando luz natural ao palácio. Praticamente sem pensar, observando apenas, com a cabeça levantada em direção ao teto, sua mão direita seguiu o caminho que já conhecia tão bem em direção ao bolso esquerdo interno de sua jaqueta, pegando novamente seu sanduíche. Agora nada podia impedir o encontro daquela peça maravilhosa que portava em suas mãos com seu faminto e urrante estômago. Nada, exceto... Uma voz... Não, não, não... Tinha de ser uma voz.

    — Chico! – Falou um pouco mais alto um segurança uniformizado que estava no final do corredor. – Você sabe bem que não pode comer coisa alguma aqui nesta sala de exposição.

    Francisco olhou apressadamente para o lugar de onde veio à voz. Guardou novamente seu sanduíche e começou a caminhar para fora dali.

    — Tudo bem Jorge! Foi só um momento de distração. Na verdade, eu só estava vendo o que eu tinha para o lanche logo mais, não ia de fato comer aqui. Um bom trabalho para você. Eu vou descer para verificar se estão precisando de mim no térreo.

    De fato, parece que aquele dia não era mesmo um de seus melhores dias, pensou Francisco. Já estava começando a pensar que era mais fácil roubar um banco e fugir com o dinheiro do que conseguir uns poucos minutos para matar a fome. Isto já estava beirando ao ridículo. Se continuasse assim, seu estômago iria acabar largando-o e indo embora sozinho que nem mulher traída. Verdade seja dita, os barulhos que seu estômago vinha fazendo eram de fato de assustar, nem sua mulher quando estava realmente irritada fazia sons tão assustadores, parecia realmente que havia algum tipo de monstro sinistro em seu interior, grunhindo para sair e fazendo-o sentir uma dor e desconforto nada, nada agradável.

    Novamente no hall de entrada, esbarrou com Salete, a recepcionista, que foi logo lhe dizendo em seu tom de voz sempre ligeiro, como se fosse morrer no instante seguinte e não tivesse nunca tempo suficiente para dizer seja lá o que fosse:

    Salete: Chico, vê se consegue uma serra de ferro e ajuda lá no bicicletário. O cara prendeu a bicicleta e agora na saída não sabe onde colocou as chaves do cadeado. Já juntou gente e nada de solução. Agora o rapaz está pedindo se a gente tem como serrar a corrente para liberar sua bicicleta e ele poder ir embora. Faz isto por mim, tá Chico? Você é realmente um amor.

    Quando a bela morena falou estas palavras, Chico, que em momento algum conseguira tirar os olhos de sua minissaia e das pernas bem torneadas e bronzeadas da recepcionista, sentiu algo maior subir dentro de si e com um sorriso cheio de amores assentiu que sim e meio que sentindo-se voando entre nuvens, encaminhou-se ao bicicletário.

    Olhou a situação. Perguntou ao rapaz dono da bicicleta se desejava mesmo que cortasse a corrente. Olhou para o chefe de segurança ao lado, que respondendo a uma pergunta não feita, foi logo falando que já havia verificado e que a bicicleta era mesmo do rapaz, que este havia perdido as chaves, já havia desistido de achá-las e que tinha outros compromissos que o faziam preferir resolver logo a situação cortando a corrente e liberando a bicicleta. Deste modo, com a anuência de todos, Francisco montou sua serra e se pôs calmamente a serrar com precisão de quem sabe o que faz. Em poucos instantes a bicicleta estava livre e o pequeno grupo de pessoas que se juntara para observar se dissipou, cada um seguindo o seu caminho.

    Francisco pensou que este podia ser finalmente um bom momento para matar a fome, pegou novamente seu sanduíche, desembrulhou uma parte, abriu a boca convictamente enquanto o levava decididamente nesta direção, mas foi somente isto, pois, reparou com o canto do olho esquerdo a aproximação do diretor geral e mais do que rapidamente guardou novamente sua preciosidade no bolso interno esquerdo de sua jaqueta de trabalho. Por sorte, pensou, o diretor estava acompanhado e conversando enquanto caminhava em sua direção, de modo que não vira a cena. Afinal, ele não queria que Maria fosse chamada à atenção por ter lhe dado aquele sanduíche.

    O diretor geral, que vinha caminhando e conversando com sua companhia, uma bela mulher, por um instante cruzou seu olhar com Francisco ali parado em pé e aproveitou para chamá-lo, interrompendo sua conversa, como se tivesse lembrado de algo mais importante.

    — Chico! – Disse.

    — Eu estava mesmo querendo já há algum tempo falar contigo. O outro dia percebi que temos algumas lâmpadas queimadas nos lustres de um dos salões no segundo andar e eu gostaria que você as trocasse agora. Estamos preparando um coquetel para receber algumas autoridades realmente importantes e não seria conveniente pecarmos por tão pouco, você não acha? Vamos deixar aquele lustre tão reluzente e iluminado como nos seus melhores dias. Já falei no almoxarifado e o Rui, responsável pelo setor, já deixou separadas algumas lâmpadas para você substituir as queimadas.

    Francisco: Estou indo já para lá. Tenha um bom dia, senhor.

    Francisco caminhou em passos rápidos até o almoxarifado. Quando já ia chegando, notou que o Rui o viu e já pegara uma caixa debaixo do balcão, provavelmente contendo as lâmpadas.

    Rui: Bom dia Chico!

    — Bom dia! Estas são as lâmpadas?

    Rui respondeu afirmativamente.

    Francisco: Vou precisar também de uma escada.

    Rui: Pode levar a grande ali no canto, mas cuidado com ela que o Alfredo reclamou que ela parece que está meio bamba e tendente a fechar sozinha. Ele disse que quase caiu dela quando estava ajeitando uns galhos em uma das árvores no jardim.

    — Pode deixar comigo. – Falou quase que mecanicamente enquanto saía do setor com as lâmpadas, a escada e suas ferramentas. Na verdade, naquele momento já não ouvia mais nada ao seu redor, somente as reclamações de seu faminto estômago a gritar cada vez mais alto.

    O segundo andar, pensava Francisco, era com certeza a área mais impressionante do Museu. Ele sempre tinha um sentimento muito bom quando adentrava na capela ou nos seis salões que compunham o segundo andar do Palácio. Sempre que tinha tempo e podia dar uma escapulida ali, ficava observando com atenção cada um dos magníficos salões em seus mínimos detalhes, sim, de fato, conhecia muito bem o local e às vezes ficava se imaginando em épocas passadas, circulando pelos salões quando estes tinham vida, quando a elite não somente carioca, mas de todo o Brasil, passava por aí. Amava aqueles salões em toda a sua beleza e exuberância. O salão Francês ou Azul, o salão Nobre ou de Baile, o salão Pompeano, o salão Veneziano ou Amarelo, o salão Mourisco e finalmente o salão de Banquetes.

    Não foi difícil encontrar o lustre citado pelo diretor geral. Parou um instante olhando a situação e pensando sobre o melhor procedimento, em seguida, montou sua escada, abrindo-a em forma de um V invertido. Subiu até o topo da escada, colocou a caixa com lâmpadas pousada no último degrau e começou a operação de troca, uma a uma, até todas estarem corretamente acesas.

    Lá do alto da escada notou que o salão estava completamente vazio e neste momento, como se seu estômago também tivesse notado a momentânea solidão que os envolvia, fez um ruído tão forte que Francisco chegou a ficar assustado. Não agüentava mais. Quando percebeu, sua mão já portava o sanduíche que havia retirado de seu bolso e o desembrulhava. Sentia a saliva encher sua boca. De fato, não trocaria seu sanduíche neste momento por nada no mundo inteiro. Levou até a boca e mordeu... Ah! Que delícia! Mastigava gentilmente sentindo cada músculo de sua boca

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