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Do Fundo Da Quadra
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E-book169 páginas2 horas

Do Fundo Da Quadra

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Sobre este e-book

Basquetebol. Se alguém me perguntasse qual é a palavra que define a minha vida por um período de vinte anos com toda certeza do mundo seria esta. Basquetebol. Por quê? Bem, você deve estar pensando que eu fui apenas mais um jogador no meio de tantos outros escrevendo uma biografia furada pra tentar manter a renda depois de aposentado. Mas não. Jogar basquetebol foi o que eu menos fiz na minha vida. A minha história no basquetebol vai muito mais além. Nós, eu e a minha família, entramos para a história. E não existe ninguém que tenha trabalhado com basquete entre os anos de 1995 a 2015 que não nos conheça. Quem sou eu? Eu sou o Rafael Nunes, o filho mais novo do ex-presidente da CBB – a Confederação Brasileira de Basquetebol. E eu teria sido apenas mais um filho de algum ex-presidente caso meu pai não tivesse ficado no poder por vinte anos. E eu e meu irmão não tivéssemos seguido carreira dentro deste mundo. E eu não era apenas mais um filho de presidente. Eu era um playboy. Um playboy inconsequente. Um garoto mimado e protegido correndo pelo meio dos adultos no pátio da nossa casa, que eram as quadras de basquete do país. E foi de lá, do fundo da quadra, que eu acompanhei de forma direta os jogos, os jogadores, os clubes, a política, os bastidores, e toda maracutaia que rolava (e rola) nesse meio do esporte. E depois de tanto tempo e tantas estórias, não tinha como deixar passar em branco. Tomara que quando as pessoas começarem a ler este livro eu esteja bem longe, de preferência morando no Alaska. Porque certamente isso aqui vai dar processo. Boa leitura!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de mar. de 2024
Do Fundo Da Quadra

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    Do Fundo Da Quadra - Rafa Hughes

    Rafa Hughes

    DO FUNDO DA QUADRA

    As aventuras de um playboy inconsequente

    2a edição

    2020

    Copyright © 2017 by Rafa Hughes

    Página | 1

    Hélio Rubens,

    Hélio Rubens Filho, o Helinho;

    Cristiano Cedra;

    César Marramarco,

    Rodolfo Jabur,

    E por último, porém não menos importante, obviamente, Marcelo Nunes, meu irmão que eu tanto amo,

    e a todos os outros técnicos e treinadores que seguiram e aplicaram filosofias como as ensinadas por estes mestres, Mais do que simples treinadores, educadores.

    Os únicos que eu tive um imenso prazer em conhecer em toda minha trajetória no basquetebol nacional.

    Página | 2

    Sumário

    Como tudo começou 07

    A FGB 15

    Apendendo a surfar 21

    A CBB 25

    Playboy inconsequente 27

    Crescendo & aprendendo 38

    AGOB 47

    Carreira de filho de presidente 54

    Cada macaco no seu galho 92

    Quem fere com fogo, com fogo será ferido 97

    Assumindo a bagaça 100

    Vida de presidente 107

    2009 112

    2010 138

    Quando o sol se põe o melhor é sair do mar 183

    Desabafo de anos 200

    Por fim 208

    Página | 3

    Basquetebol. Se alguém me perguntasse qual é a palavra que define a minha vida por um período de vinte anos com toda certeza do mundo seria esta. Basquetebol.

    Por quê? Bem, você deve estar pensando que eu fui apenas mais um jogador no meio de tantos outros escrevendo uma biografia furada pra tentar manter a renda depois de aposentado. Mas não. Jogar basquetebol foi o que eu menos fiz na minha vida. A minha história no basquetebol vai muito mais além. Nós, eu e a minha família, entramos para a história. E não existe ninguém que tenha trabalhado com basquete de âmbito nacional entre os anos de 1995 a 2015 que não nos conheça.

    Quem sou eu? Eu sou o filho mais novo do ex-presidente da CBB – a Confederação Brasileira de Basquetebol. E eu teria sido apenas mais um filho de algum ex-presidente caso meu pai não tivesse ficado no poder por vinte anos. E eu e meu irmão não tivéssemos seguido carreira dentro deste mundo.

    Página | 4

    E eu não era apenas mais um filho de presidente. Eu era um playboy. Um playboy inconsequente. Um garoto mimado e protegido correndo pelo meio dos adultos no pátio da nossa casa, que eram as quadras de basquete do país. E

    foi de lá, do fundo da quadra, que eu acompanhei de forma direta os jogos, os jogadores, os clubes, a política, os bastidores, e toda maracutaia que rolava (e rola) nesse meio do esporte. E depois de tanto tempo e tantas estórias, não tinha como deixar passar em branco.

    Tomara que quando as pessoas começarem a ler este livro eu esteja bem longe, de preferência morando no Alaska. Porque certamente isso aqui vai dar processo.

    Página | 5

    - Pepsi Sogipa, Porto Alegre, season 1993-94.

    (Eu sou a criança sentada abraçado no meu irmão)

    Página | 6

    Como tudo começou

    Eu era uma criança quando tudo começou. Era o ano de 1988 e eu tinha apenas sete anos. O meu pai era o vice-diretor de basquete da SOGIPA. Um clube de Porto Alegre detentor do título de ser um dos clubes mais antigos da América Latina, fundado em 1867.

    O meu irmão tinha dezoito anos e era jogador da equipe juvenil. E que equipe. Uma equipe que entrou para a história do basquetebol gaúcho como a primeira a ganhar um título nacional. Na liderança da equipe estava Rogério Klafke, considerado o segundo melhor jogador do Brasil de todos os tempos, ficando atrás apenas de Oscar Schmidt.

    Eu era a mascote da equipe. O meu pai me levava em quase todas as viagens dos campeonatos estaduais e nacionais. Inclusive nas viagens dos amistosos internacionais na Argentina e no Uruguai. A nossa posição geográfica privilegiada nos permitia jogar em outros países sem ter que bancar custos absurdos. E eu cresci ali. No meio do meu pai, do meu irmão, e dos outros jogadores.

    Página | 7

    Antes dos inícios das partidas enquanto a equipe aquecia e alongava e também durante o intervalo eu batia bola na quadra. Ás vezes eu até fazia os alongamentos. A torcida adorava ver uma criança junto ao time imitando seus movimentos. Durante o jogo eu alcançava a toalha e servia água para os jogadores no pedido de tempo. O meu irmão era o meu herói. Toda vez que ele fazia uma cesta eu vibrava e gritava seu nome. Foi por causa dele que eu também comecei a jogar basquete. E eu adorava quando a gente ficava em hotel ao invés dos tradicionais alojamentos, porque a gente sempre ficava no mesmo quarto.

    A minha mãe tinha uma loja de artigos esportivos dentro do clube, e acompanhava os jogos do meu irmão. Ela sempre dizia pra galera que se eles ganhassem ela faria mousse de chocolate. E é verdade. Sempre que eles ganhavam uma partida ela fazia dois pratos gigantes da melhor mousse de chocolate do mundo. Quando ela entrava no ginásio com a sacola cheia com os potes de mousse todos começavam a gritar: Da-lhe tia Marluce.

    Em 1989 o atual diretor pediu demissão do cargo e meu pai assumiu. Tudo parecia estar ao nosso favor porque tínhamos uma equipe mais forte e mais experiente que a do ano anterior. Mas não teve como ganhar. E a SOGIPA fechou aquele ano com o vice-campeonato.

    Página | 8

    Em 1990 os membros daquela equipe deixaram de ser juvenil para se tornarem profissionais. E infelizmente nós perdemos nosso melhor jogador, porque todos sabiam que não tinha como segurar o Rogério por muito tempo. Mas mesmo assim de 1990 a 1994 nós tivemos a época de ouro do basquete sogipano. A frente no comando estava o meu pai, que conseguiu a façanha de realizar o milagre de fechar um patrocínio com a Pepsi, garantindo um contrato de quatro anos.

    Nestes quatro anos que se sucederam a SOGIPA conseguiu sempre se manter entre a 7a e 8a colocação de 12

    equipes que disputavam a Liga Nacional (nome dado ao campeonato oficial da CBB na época). A estratégia do meu pai era sempre trazer dois jogadores estrangeiros experientes e dois jogadores jovens da seleção brasileira de base. O

    resto ele completava com os que sobraram da equipe juvenil.

    A intenção não era ser campeão, porque era impossível concorrer com equipes cujo patrocínio girava em torno de dez vezes mais do que o injetado pela Pepsi. A intenção era garantir o show e a presença do clube na mídia, que se gabava de ser o único clube brasileiro a disputar todas as Ligas desde quando fora criado o campeonato.

    Página | 9

    Bah, e o meu pai se puxava. Você não tem ideia como. Ele fazia galetos, rifas, banca do sorvete na Oktoberfest do clube. E o dinheiro arrecadado ele injetava no basquete. Não eram só os adultos que iam jogar no exterior.

    Eu lembro que fui jogar duas vezes no Uruguai, uma na Argentina e uma no Chile quando era das categorias mini e mirim. Porque ele sempre mandava uma equipe de base e uma juvenil juntas. Isso incentivava a molecada e aprimorava a experiência.

    Em 1992 o meu pai se desdobrou e conseguiu fazer o milagre de trazer além de dois dominicanos experientes, mais dois jogadores da famosa seleção de 1987 – a seleção que derrotou os Estados Unidos pela primeira vez na história em um campeonato Pan-Americano. O Pipoca e o Guerrinha.

    Dessa vez parecia que íamos para as finais. Mas a sorte não estava do nosso lado. Em um último momento antes do início da Liga o Guerrinha fraturou o tornozelo e ficou de fora das quadras aquele ano. E como o meu pai já tinha gasto uma nota, teve que economizar na área técnica. E o treinador que nos dirigiu nesta temporada era muito fraco e inexperiente, assim como o preparador físico.

    Nestes quatro anos devido ás muitas viagens o meu pai começou a conhecer os dirigentes dos clubes, tanto no âmbito estadual quanto nacional. A conversar. Ganhar sua confiança. Compreender o esquema. E acabou descobrindo Página | 10

    duas coisas: primeiro, que quase todos os clubes estavam muito insatisfeitos com a situação do basquetebol nacional.

    Principalmente com o estadual. Porque a CBB somente dava chances, subsídios e oportunidades para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, assim como a Federação Gaúcha de Basquetebol – a FGB – também somente abraçava os clubes da capital.

    A segunda coisa que meu pai descobriu é que o basquete era um mercado muito amador na época. Algo recente no país. E com um forte potencial a ser explorado.

    Era necessário oficializar e organizar aquela bagunça. E isso significava uma carreira e geração de renda.

    E foi assim que em agosto, ao final da Liga Nacional de 1994, eu, o meu pai e o meu irmão nos despedimos da SOGIPA. O meu pai foi acusado injustamente de desvio de dinheiro pelo diretor de esportes da época, Celso Chamum.

    Como o basquete era o único departamento do clube a ter patrocínio oficial, o Chamum queria que o dinheiro da Pepsi também fosse aplicado nos outros esportes. Meu pai como sempre apenas riu, e pediu as contas. Ele já tinha planos bem mais importantes e ambiciosos traçados dentro de sua mente. E não podia mais perder tempo com um clube de segunda, administrado por dirigentes de quinta categoria.

    Página | 11

    O meu irmão parou de jogar. Ele podia ter sido seleção brasileira junto com seu irmão de quadra Rogério Klafke. E isso não é papo de irmão coruja. Não mesmo. O

    Celo marcava muito e mandava bala de três pontos. Puxava contra-ataque. Era rápido. Na infiltração e no 1x1 ele era fraco. Mas na defesa e nos três pontos. Caramba. Tanto que quando jogávamos com o eterno rival Corinthians de Santa Cruz era o Celo o encarregado de marcar o Marcel de Souza, braço direito do Oscar Schmidt na seleção de 1987. E não dava outra. Os jogos da Liga que o Marcel marcava menos pontos era quando o meu irmão estava na sua cola.

    Se fosse mais jovem quando nosso pai ascendeu certamente ele teria ido jogar em alguma faculdade dos Estados Unidos. O Celo sempre sonhou em se mudar pra lá.

    Mas infelizmente um acidente lhe tirou das quadras. Em 1989

    depois de ganharem o campeonato estadual ele correu para abraçar a mãe, e o chão estava molhado com champanhe. O

    Celo escorregou e bateu com as costas no chão tão forte que fraturou algumas vértebras. Não foi necessário cirurgia, mas teve que usar um colete especial desenvolvido sob medida pra ele durante seis meses. Depois disso ele não jogou mais duro como jogava antes porque tinha medo de romper e nunca mais poder andar.

    Página | 12

    Com a saída do pai da SOGIPA, o Celo aproveitou o embalo e passou no vestibular para educação física. Ele não iria mais jogar, MAS iria ser treinador. Jesus, como ele amava (e ama) esse esporte. O meu irmão vivia basquete e respirava esporte. Não tinha como estudar outra coisa. Ele sempre levou o basquete muito a sério. E durante a conclusão dos seus estudos ele acabou indo trabalhar no Grêmio Náutico União, clube rival da SOGIPA.

    Eu como todo menor de idade acabei indo no embalo. Eu jogava na base, mas não era bom jogador. Ao contrário do meu irmão, o basquete pra mim era uma diversão. Um hobby. Algo que eu fazia pra passar o tempo e estar dentro de um convívio social. Eu era um playboy. Um playboy inconsequente. Eu era o último jogador do banco, mas tirava onda como se fosse o melhor da equipe. Enquanto todos estavam aquecendo, eu alongava. Daí quando todos iam alongar, eu aquecia. Dizia pra todo mundo que era da seleção gaúcha. E faltava aos treinos toda vez que tivesse uma garota envolvida no meu dia.

    Página | 13

    Em setembro de 1994 o meu pai se candidatou a presidência da FGB. Ele havia se tornado um político tão ameaçador para os que estavam no poder que no dia das eleições o presidente da CBB na época, o Brito Cunha, ligou para os clubes do estado para dizer que: se o Carlinhos ganhasse as eleições nunca mais haveria basquete de âmbito nacional no Rio Grande do Sul.

    Mas como a maioria sabia que nunca teve mesmo, a maioria não se deixou intimidar. Apenas um ou dois clubes recuaram e mudaram de voto no momento. E o Corinthians de Santa Cruz ainda tentou pressionar pedindo para meu pai que retirasse sua candidatura minutos antes da votação começar. O diretor de árbitros do atual presidente veio e ameaçou dar um soco no meu coroa. A estratégia dele era criar uma confusão pra cancelarem a votação. Meu pai como sempre apenas sorriu. E naquela noite fria de outubro ele ganhou a presidência da FGB por apenas quatro votos de diferença.

    Foi a partir daí que tudo começou. O basquete deixou de ser o nosso dia-a-dia para se tornar a nossa casa.

    Página | 14

    A FGB

    Quando o ano de 1995 começou o meu pai já chegou chegando. Pra mostrar que

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