Contextos e condutas em atenção primária à saúde – Volume 1

De Angélica de Oliveira Cardoso, Débora Chedid Eizerik e Débora Dettmer

Com muita satisfação, percorro os olhos sobre os capítulos deste volume da Acta Medica. Penso que eles trazem aspectos da prática diagnóstica e terapêutica para problemas de saúde prevalentes no âmbito da APS e também retratam uma preocupação de abordar temas relevantes e importantes associados aos adoecimentos na atualidade, como os que abordam a Violência, o Suicídio, a Obesidade, os Transtornos do Déficit de Atenção, a Desmedicalização, entre outros. Avalio que a leitura destes capítulos é de grande utilidade para todos que querem desenvolver uma prática médica mais adequada, não só para os que atuam na APS, mas para todos e todas que desejam ampliar seu conhecimento e sua compreensão para problemas de saúde da atualidade."

• Idioma: Português
• Editora: Editora da PUCRS
• Data de lançamento: 22 de ago. de 2022
• ISBN: 9788539713295

Pré-visualização do livro

capa do livro

Chanceler

Dom Jaime Spengler

Reitor

Evilázio Teixeira

Vice-Reitor

Jaderson Costa da Costa

CONSELHO EDITORIAL

Presidente

Carla Denise Bonan

Editor-Chefe

Luciano Aronne de Abreu

Antonio Carlos Hohlfeldt

Augusto Mussi Alvim

Cláudia Musa Fay

Gleny T. Duro Guimarães

Helder Gordim da Silveira

Lívia Haygert Pithan

Lucia Maria Martins Giraffa

Maria Eunice Moreira

Maria Martha Campos

Nythamar de Oliveira

Walter F. de Azevedo Jr.

CONSELHO EDITORIAL DA ACTA MEDICA

(Editor) André Luiz da Silva

Bruno Hochhegger

Carlos Marcelo D Severo

Christina Campana Duarte

Cristian Tedesco Tonial

Daniele Cristovao Escouto

Douglas Kazutoshi Sato

Giovani Gadonski

Jorge Noronha

Leonardo Viliano Kroth

Lisiane Marcai Perez

Lucas Schreiner

Lucas Spanemberg

Magda Lahorgue Nunes

Manoel Antonio da Silva Ribeiro

Marco Antonio Pacheco

Pedro Luis Avila Zanella

ANGÉLICA DE OLIVEIRA CARDOSO

DÉBORA DETTMER

DÉBORA CHEDID EIZERIK

ORGANIZADORAS

CONTEXTOS E CONDUTAS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE – VOLUME 1

Série Acta Medica | 1

logoEdipucrs

Porto Alegre, 2019

© EDIPUCRS 2019

CAPA Thiara Speth

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Maria Fernanda Fuscaldo

REVISÃO DE TEXTO André Luiz da Silva, Carmen Vera Giacobbo Daudt, Cristina Furlan Zabka, Eder de Mattos Berg

Edição revisada segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Este livro conta com um ambiente virtual, em que você terá acesso gratuito a conteúdos exclusivos. Acesse o site e confira!

Logo-EDIPUCRS

Editora Universitária da PUCRS

Av. Ipiranga, 6681 - Prédio 33

Caixa Postal 1429 - CEP 90619-900

Porto Alegre - RS - Brasil

Fone/fax: [phone]

E-mail: [e-mail]

Site: www.pucrs.br/edipucrs

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

---

C761  Contextos e condutas em atenção primária à saúde      

[recurso eletrônico] / organizadores Angélica de Oliveira

Cardoso, Débora Dettmer, Débora Chedid Eizerik. – Dados

eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2019.

Recurso on-line (190 p.) – (Série Acta Médica ; 1)

Modo de Acesso:  

ISBN 978-85-397-1329-5      

1. Cuidados primários de saúde. 2. Medicina. I. Cardoso, Angélica de Oliveira. II. Dettmer, Débora. III. Eizerik, Débora Chedid. IV. Série. 

CDD 23. ed. 613

---

Loiva Duarte Novak CRB 10/2079

Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).

SUMÁRIO

Capa

Conselho Editorial

Folha de Rosto

Créditos

CARTA DO EDITOR

APRESENTAÇÃO

CENÁRIOS E GRUPOS POPULACIONAIS ESPECÍFICOS

1 DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA

BIANCA BASSANI FEDERIZZI

LEONARDO ZANETTI FLORIAN

ANDRÉ LUIZ DA SILVA

2 DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE NA COINFECÇÃO TB-HIV

ISADORA FERREIRA TEIXEIRA

DÉBORA DETTMER

FABIANA COLOMBO

MARIA HELENA RIGATTO

LISIANE MARÇAL PEREZ

3 SITUAÇÕES ESPECIAIS DE VACINAÇÃO NA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA: COMO MANEJAR NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

FERNANDA THAYS KONAT BRUZZO

MARGARETH RODRIGUES SALERNO

FERRAMENTAS DA PRÁTICA DO MÉDICO DE FAMÍLIA E COMUNIDADE

4 IMPACTO DA TRIAGEM NEONATAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

RAFAELA MULLER FRANCESCHI

CARLOS AUGUSTO COSTA BORBA

LUÍSA DOS SANTOS MASCOLO

MARIA TERESA SANSEVERINO

5 INTRODUÇÃO DO TESTE RÁPIDO DE SÍFILIS NA GESTAÇÃO: O IMPACTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

DÉBORA CHEDID EIZERIK

PEDRO CAVALCANTI MORETTO

VICTÓRIA CAMPOS DORNELLES

CAMILA HENZ

PREVENÇÃO E PROMOÇÃO EM SAÚDE

6 USO DA ASPIRINA PARA PREVENÇÃO PRIMÁRIA DE DOENÇA CARDIOVASCULAR

ADIR SCHREIBER JÚNIOR

JAQUELINE MALLMANN MICHEL

KELVIN BÚRIGO

LUIZ CARLOS BODANESE

7 PrEP NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA O SUCESSO DA IMPLEMENTAÇÃO

GABRIELA JACQUES

ALINE PARISOTTO

NILA CAROLINA ARNÉZ CAMACHO

MARIA LETÍCIA RODRIGUES IKEDA

MARIA HELENA DA SILVA PITOMBEIRA RIGATTO

8 DIAGNÓSTICO PRECOCE DE GLAUCOMA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

VICTÓRIA D’AZEVEDO SILVEIRA

ALESSANDRA CORTE REAL LANÇA

GUSTAVO MICHEL

JOSÉ AMADEU DE ALMEIDA VARGAS

CRISTINA FURLAN ZABKA

9 O IMPACTO DE AÇÕES DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA DO CÂNCER DE PELE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

ANGÉLICA DE OLIVEIRA CARDOSO

LAURA VARGAS FLEITH

LETÍCIA ZIMERMAN BIZZI

THAIS CORSETTI GRAZZIOTIN

10 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DE DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

THALES ACKER HERRMANN

FÁBIO PESENATTO

GUSTAVO GUTHMANN PESENATTO

MÁRIO WIEHE

11 MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS PARA O CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL

JAQUELINE MALLMANN MICHEL

ADIR SCHREIBER JÚNIOR

MARIA ELISA PEINADO MILLER

MARIO WIEHE

12 RINOSSINUSITES E SOBRETRATAMENTO: PRESCRIÇÃO ADEQUADA DE ANTIBIOTICOTERAPIA

VICTÓRIA DE BITTENCOURT ANTUNES

CAMILA VALVASSORI NOVAK

MARINA FARIA FIGUEIREDO

ALINE SILVEIRA MARTHA

VIVIANE FELLER MARTHA

13 USO EXCESSIVO DE OMEPRAZOL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

JOÃO CAURIO DA SILVA

WILLIAM DOERING PINTO

CHRISTIAN KLIEMANN

RODOLFO WERMANN

EDER DE MATTOS BERG

14 DESPRESCRIÇÃO DE BENZODIAZEPÍNICOS

LISS JANUÁRIO DE OLIVEIRA

VANESSA MACHADO RIOS

RICARDO TAVARES MONTEIRO

ANDRÉ LUIZ DA SILVA

GERAL E INESPECÍFICO

15 GESTÃO E MONITORAMENTO DE INDICADORES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

JONNY ANDERSON KIELBOVICZ BEHLING

RAYSSA RUSZKOWSKI DO AMARAL

SALVADOR GULLO NETO

16 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL E DO RECONHECIMENTO CORPORAL NO DESENVOLVIMENTO DE UMA VIDA SEXUAL SAUDÁVEL EM MULHERES - DA INFÂNCIA À VIDA ADULTA - DESENVOLVENDO FERRAMENTAS DE ABORDAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

GEOVANA RIBAS VIRTUOSO

GABRIELLE SOARES BEHENCK

GIBSI ROCHA

FERNANDO ANSCHAU

17 SINTOMAS SEM EXPLICAÇÃO MÉDICA: RECONHECIMENTO E MANEJO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

JOSÉ DIAS LINHARES JUNIOR

JULIA ZUBARAN DE OLIVEIRA

RAYSSA RUSZKOWSKI DO AMARAL

ANDRÉ LUIZ DA SILVA

18 ACUPUNTURA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: METODOLOGIAS DE INTEGRAÇÃO E PRINCIPAIS INDICAÇÕES

JULIA ZUBARAN DE OLIVEIRA

JOSÉ DIAS LINHARES JÚNIOR

ANDRÉ LUIZ DA SILVA

EDIPUCRS

CARTA DO EDITOR

Estimados leitores,

É com uma alegria imensa que agora entregamos a Acta Medica 2019, tendo como tema central a Atenção Primária à Saúde. Quando falamos de saúde para todas as pessoas, levando em conta toda a diversidade humana, é com satisfação que aqui apresentamos a produção científica desses brilhantes médicos e médicas da ATM 2019 no cenário entendido como norteador da formação médica nas melhores escolas médicas, e porta de entrada do sistema em saúde nas localidades com os melhores indicadores em saúde para as pessoas.

Levando em consideração as diversas reflexões desses jovens profissionais, foram produzidas ricas revisões tanto no aspecto clínico-assistencial como no aspecto conceitual, já que a Atenção Primária à Saúde tem seus atributos bem definidos.

É extremamente recompensador atestar as contribuições e reflexões no cenário de excelência da formação médica desde a graduação até a residência, ou seja, no sistema que atende, pelo menos, 75% da população brasileira - o Sistema Único de Saúde, com alguns desafios, mas com inúmeras potencialidades e exemplos de referência, como o Programa Nacional de Imunizações, o tratamento de pessoas vivendo com HIV/AIDS e o maior sistema público de transplante de órgãos do mundo.

Foram meses de trabalho árduo, muitas conversas, reuniões, trocas de mensagens, rodadas de revisões, até esse resultado primoroso.

Aproveitem desta excelente produção científica feita pelos mais jovens médicos e médicas da PUCRS, sobre aspectos clínicos e conceituais da porta de entrada de um sistema de saúde que busque excelentes indicadores, como Canadá, Austrália, Israel e Reino Unido.

Afetuosos AbraSUS,

André L. Silva

Editor-chefe da Acta Médica 2019

APRESENTAÇÃO

Em mais uma edição desta tradicional publicação dos formandos das Associações de Turmas Médicas da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a Série Acta Médica – agora apresentada como uma Série Editorial, por meio da obra Contextos e condutas em atenção primária à saúde – Volume 1 e Volume 2, aborda, pioneiramente, a temática da Atenção Primária à Saúde (APS), que compõe a porta de entrada dos sistemas de saúde.

A APS está apta para prover atendimento a todas as pessoas, independentemente de queixas de saúde, idade, gênero ou condição social, e resolver até 90% de suas demandas em saúde sem a necessidade de encaminhamento a outros níveis de atenção. Possui como particularidade o fato de estar presente no território onde vivem os usuários do sistema de saúde e suas famílias.

A APS se baseia em atributos essenciais e derivados, dentre os quais se destacam a longitudinalidade e a integralidade no atendimento. O profissional especialista em APS é o médico de família e comunidade, e esta obra aborda alguns aspectos de sua prática.

Os formandos da Associação da Turma Médica 2019 escolheram essa temática por acreditarem em sua relevância biomédica e social.

Apresentamos, nesse sentido, dois volumes: o primeiro, de eixo conceitual, traz seções sobre ferramentas da prática do médico de família e comunidade, prevenção e promoção em saúde, entre outros; o segundo, de eixo clínico, traz seções sobre saúde da criança, gravidez, parto e planejamento familiar, saúde mental e afecções de sistemas específicos.

A publicação tem por objetivo auxiliar o leitor na obtenção de condutas médicas, abordando temas de prevalência clínica relevante e de contextualização epidemiológica destacada.

Os autores esperam que essa seja uma ferramenta de construção coletiva de conhecimento e desejam boa leitura.

CENÁRIOS E GRUPOS POPULACIONAIS ESPECÍFICOS

1

DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA

BIANCA BASSANI FEDERIZZI

LEONARDO ZANETTI FLORIAN

ANDRÉ LUIZ DA SILVA

INTRODUÇÃO

Um dos grandes objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil, é promover assistência a toda a população de forma igualitária, considerando também o conceito de equidade. Entretanto, o país ainda ocupa o nono lugar entre os índices de desigualdade, um dos maiores do mundo [1]. Nesse sentido, a população parda e negra, por compreender mais da metade do povo brasileiro [2], acaba denunciando, através de seus indicadores sociais, uma série de problemas que justificam, em parte, o porquê deste lamentável ranking. Porém, mesmo que a equidade pareça uma realidade ainda distante em nosso país, já existem uma série de medidas para acelerar esse processo. O presente artigo tem como objetivos apontar os principais determinantes de saúde da população negra e demonstrar de que maneira o Ministério da Saúde, através de ações como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e outras, vem assumindo um papel não só de compreender as suas vulnerabilidades, mas também de reconhecer os principais entraves ao seu crescimento e desenvolvimento, como a má distribuição de renda, os baixos índices de escolaridade e de acesso à saúde de qualidade e o racismo institucional.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma pesquisa compreendendo os principais dados estatísticos sobre a população negra do Brasil, durante os últimos sete anos, através de referências como o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Cartilha do Ministério da Saúde sobre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e revistas de grande impacto em saúde, como o The New England Journal of Medicine através da plataforma PubMed. Após a busca de dados, foram discorridos questionamentos com base em alguns determinantes em saúde, como nível de escolaridade, renda per capita, índice de homicídios, índice de doenças sexualmente transmissíveis, dentre outros.

DISCUSSÃO

Em 2008, os dados estatísticos revelaram que os negros receberam a maior parte dos atendimentos do SUS, com cerca de 67% [3]. Esse dado é importante pois, através destas consultas, é possível traçar um panorama das suas principais demandas. Porém, esse percentual revela também que existe uma diminuição da concentração de renda nesta população, visto que a grande maioria dos indivíduos dependentes do SUS são pessoas de baixa-renda [3]. Nesse sentido, uma pesquisa revelou que os negros ganhavam em 2015, em média, um pouco mais do que a metade (59,2%) do salário da população branca. Isso demonstra uma distribuição racial da riqueza e como ela pode impactar diretamente no nível de saúde geral [3]. Pessoas com baixa renda são mais suscetíveis a piores condições de habitação e saneamento, fato que, por si só, já leva a um risco maior de exposição a uma infinidade de doenças infectocontagiosas, como a tuberculose, a hanseníase, a doença de chagas e a dengue, todas estas acometendo, predominantemente, a população negra [4].

Além disso, os estudos revelam que a população negra também está aquém do restante quando o assunto é educação. Como prova disso, em 2015, mais da metade dos estudantes negros jovens cursavam níveis de ensino anteriores ao ensino superior, enquanto apenas 29,1% dos estudantes brancos estavam nessa mesma situação [3]. Somado a isso, foi