Saúde da Mulher: O Olhar de um Grupo de Pesquisa
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Saúde da Mulher - Ana Caroline Machado Costa
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E HUMANIDADES
Dedicamos este trabalho à memória de Anna Paula Soares Carval., por seu compromisso, dedicação, competência e contribuição com a presente obra. Nossa gratidão pelo aprendizado compartilhado e nossa eterna recordação carinhosa do seu excelente exemplo profissional.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Sumário
Introdução 15
1
SAÚDE DA MULHER COM ENFOQUE NO CÂNCER DE MAMA E DO COLO DO ÚTERO: UM OLHAR SOBRE OS INDICADORES DO MUNICÍPIO DE PALMAS-TO 19
1.1 INTRODUÇÃO 19
1.2 OBJETIVOS 23
1.2.1 Objetivo Geral 23
1.2.2 Objetivos Específicos 23
1.3 MÉTODO 24
1.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 25
1.4.1 Indicadores Demográficos 25
1.4.2 Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero e Sistema de Informação do Câncer de Mama (Siscolo e Sismama) 26
1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 37
1.6 REFERÊNCIAS 38
2
ANÁLISE DO CONCEITO DE FADIGA PÓS-QUIMIOTERAPIA 43
2.1 INTRODUÇÃO 43
2.2 OBJETIVO 47
2.3 MÉTODO 47
2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 49
2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 55
2.6 REFERÊNCIAS 55
3
ADESÃO AO EXAME CITOPATOLÓGICO CÉRVICO UTERINO 61
3.1 INTRODUÇÃO 61
3.2 OBJETIVO 63
3.3 MÉTODO 63
3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 64
3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 72
3.6 REFERÊNCIAS 72
4
AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL NA ATENÇÃO BÁSICA NO INTERIOR DO TOCANTINS 75
4.2 OBJETIVO 77
4.3 MÉTODO 77
4.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 83
4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 95
4.6 REFERÊNCIAS 96
5
FATORES QUE INFLUENCIAM AS GESTANTES NA ESCOLHA DA VIA DE PARTO: REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA 101
5.1 INTRODUÇÃO 101
5.2 OBJETIVO 106
5.2.1 Objetivo Geral 106
5.2.2 Objetivos Específicos 106
5.3 MÉTODO 106
5.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 107
5.4.1 Apresentação dos trabalhos selecionados 108
5.4.2 Via preferida de parto 111
5.4.3 Motivos de escolha da via do parto 111
5.4.4 Motivos de escolha para o parto normal 112
5.4.5 Motivos de escolha para a cesariana 114
5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 118
5.6 REFERÊNCIAS 119
6
CONHECIMENTO DAS GESTANTES ACERCA DO INÍCIO DO TRABALHO DE PARTO 123
6.1 INTRODUÇÃO 123
6.2 OBJETIVOS 125
6.2.1 Objetivo Geral 125
6.2.2 Objetivos Específicos 126
6.3 MÉTODO 126
6.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 130
6.4.1 Perfil sociodemográfico das gestantes 130
6.4.2 Perfil obstétrico e conhecimento das gestantes sobre o trabalho de parto 132
6.4.3 Concepções sobre o parto 137
6.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 141
6.6 REFERÊNCIAS 142
7
CONHECIMENTO DAS PUÉRPERAS SOBRE OS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO PARA A MULHER E PARA A CRIANÇA 147
7.1 INTRODUÇÃO 147
7.2 OBJETIVO 150
7.3. MÉTODO 150
7.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 152
7.4.1 Caracterização da amostra do grupo pesquisado 152
7.4.2 Caracterização obstétrica das participantes 154
7.4.3 Conhecimento das puérperas sobre os benefícios do aleitamento materno para a mulher 155
7.4.4 Conhecimento das puérperas sobre os benefícios do aleitamento materno para a criança 157
7.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 159
7.6 REFERÊNCIAS 160
8
FATORES DE RISCO PARA TRABALHO DE PARTO PREMATURO EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE PALMAS-TO 163
8.1 INTRODUÇÃO 163
8.2 OBJETIVO 165
8.3 MÉTODO 165
8.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 167
8.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 176
8.6 REFERÊNCIAS 177
SOBRE OS AUTORES 181
ÍNDICE REMISSIVO 187
Introdução
No início do século XX, a Saúde da Mulher foi introduzida nas políticas nacionais, limitando-se às demandas relativas à gravidez e ao parto, ou seja, a mulher tinha sua saúde reconhecida apenas enquanto mãe. Nas primeiras décadas, os programas materno-infantis demonstravam uma visão restrita sobre a mulher, que enfatizava sua especificidade biológica de reprodução e seu papel social de mãe e do lar, responsável pela criação e educação dos filhos, além do cuidado com a saúde de sua família. Com o decorrer do tempo, os programas mencionados foram rigorosamente criticados por sua percepção reducionista em relação à mulher, a qual tinha assistência à saúde apenas durante o ciclo gravídico-puerperal, ficando desassistida na maior de sua vida. Dessa forma, o movimento feminista, com forte desempenho na saúde, contribuiu para a formulação de uma assistência integral à mulher, revelando as desigualdades nas condições entre os homens e a mulheres, problemas relacionados à sexualidade, contracepção e reprodução, bem como a sobrecarga enfrentada pela mulher perante seu papel social de mãe e cuidadora do lar, todas essas questões eram suprimidas e deixadas para segundo plano (BRASIL, 2004).
As mulheres organizadas no movimento reivindicaram sua condição de cidadãs detentoras de direito, com necessidades que excedem o momento da gestação e do parto, implicando uma assistência que lhes permitissem a melhoria das condições de saúde em todos os ciclos de vida (COSTA, 2009).
Diante disso, em 1984, antes mesmo da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), foi criado e implantado o Programa Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), pioneiro no uso do termo integralidade, o qual rompeu conceitualmente com os princípios norteadores e prioridades na área de saúde da mulher. O novo programa traduzia-se em equidade, contemplando ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, incorporando a assistência à mulher em todos os seus ciclos, garantindo cuidados em: ginecologia, pré-natal, parto e puerpério, climatério, planejamento familiar, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), cânceres do colo uterino e de mama, entre outras necessidades reconhecidas a partir do perfil populacional de mulheres (COSTA; BAHIA; CONTE, 2007)
A criação do SUS teve forte influência na implementação do PAISM, ao considerar sua base de criação, a qual engloba a Constituição Federal de 1988, Lei n° 8.080, Lei n° 8142, Normas Operacionais Básicas (NOB) e Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS), ganha destaque a NOB 96, a qual consolida o processo de municipalização da assistência à saúde em território nacional. A gestão municipal possibilita a adesão das ações e serviços de atenção à saúde da mulher, seguindo os princípios e diretrizes do SUS, assim sendo, na década de 90, com a reorganização da atenção básica (AB), principalmente através do Programa Saúde da Família (PSF) e edição das NOAS, fica o município responsável por garantir ações mínimas que contemplem o pré-natal e puerpério, planejamento familiar e prevenção do câncer de colo uterino (BRASIL, 1984; BRASIL, 2004).
Mesmo com essa mudança de gestão e garantia de ações mínimas, essa nova proposta não abrange todas as ações previstas que garantam a integralidade da assistência à saúde da mulher e norteiem a Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), que a partir de 2003, passa a incorporar segmentos da população feminina que eram invisibilisados e questões emergentes que tinham influência negativa sob a saúde da mulher. Assim sendo, em 2004, o Ministério da Saúde (MS), lançou a PNAISM, construída a partir da proposição do SUS e respeitando as características da nova política de saúde. A PNAISM traz em seu arcabouço os princípios da humanização e qualidade de atenção à saúde, uma vez que ambos permitem uma maior resolução dos problemas identificados, satisfação das usuárias, empoderamento feminino frente às suas condições de saúde, e autonomia no exercício do autocuidado (FREITAS et al. 2009).
A nova política incorporava o cuidado às mulheres em todos os ciclos de vida, resguardada as especificidades das diferentes faixas etárias e grupos populacionais: mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais, residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidiárias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras. Além de nortear-se por meio da perspectiva de gênero, raça e etnia, e ampliação do seu panorama, rompendo-se os limites da saúde sexual e da saúde reprodutiva, para atingir todos os aspectos da saúde da mulher, garantindo-lhes atenção integral, perpassando por ações de prevenção, promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde, todas essas executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde, da básica à alta complexidade. Assim, o atendimento à mulher deveria contar com uma percepção ampliada de seu contexto de vida, do momento em que apresenta determinada demanda, assim como de sua singularidade e de suas condições enquanto sujeito capaz e responsável por suas escolhas (BRASIL, 2004).
Portanto, ao analisar o contexto da saúde da mulher, é possível compreender que muitas mudanças acontecerem, a assistência reducionista deu lugar a uma assistência ampliada, que engloba todas as fases e ciclos que a mulher passa no decorrer de sua vida, além de considerar suas especificidades e preferências. Logo, é importante reconhecer as peculiaridades de cada mulher, a fim de prestar-lhe uma assistência humanizada, de qualidade e baseada na ciência.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência Integral à Saúde da Mulher: bases de ação programática. Brasília: Ministério da Saúde/Centro de Documentação; 1984. p. 15.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 82 p.: il. – (C. Projetos, Programas e Relatórios).
COSTA, A. M. Participação social na conquista das políticas de saúde para mulheres no Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, p. 1073-1083, Ago. 2009.
COSTA, A.M.; BAHIA, L.; CONTE, D. A Saúde da Mulher e o SUS: laços e diversidades no processo de formulação, implantação e avaliação das políticas de saúde para as mulheres no Brasil. Revista Saúde em Debate, v. 31, n. 75, p. 13-24, 2007.
FREITAS, G.L. et al. Discutindo a política de atenção à saúde da mulher no contexto da promoção da saúde. Rev. Eletr. Enf., v. 11, n. 2, p. 424-8, 2009.
1
SAÚDE DA MULHER COM ENFOQUE NO CÂNCER DE MAMA E DO COLO DO ÚTERO: UM OLHAR SOBRE OS INDICADORES DO MUNICÍPIO DE PALMAS-TO
Izaura Caroline Freitas Sousa de Oliveira
Mirelly Vieira Godoy
Caroline Pittelkou Schimidt
Eliane Cristina dos Santos Souza
Emmanuel Calisto da Costa Brito
Daniella Pires Nunes
Danielle Rosa Evangelista
1.1 INTRODUÇÃO
Tocantins é o estado mais novo criado no Brasil, em 1988, quando foi desmembrado do estado de Goiás, com uma população de aproximadamente 1,3 milhões de habitantes, sendo distribuídos por 139 municípios. Localiza-se na região norte do país, fazendo divisa com os estados de Goiás, Pará, Maranhão, Piauí, Bahia e Mato Grosso. Palmas é a capital, sendo instalada na margem direita do Rio Tocantins, criada em 20 de maio de 1990, e segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), no ano de 2016, contava com uma população estimada de aproximadamente 270 mil habitantes (TOCANTINS, 2018).
Palmas foi a última cidade brasileira planejada no século XX, possuindo uma arquitetura, paisagismo e divisão urbanística arrojada. As taxas de crescimento demográfico de Palmas são altas e com seu caráter progressista atraiu pessoas de diversos estados na busca por trabalho e estudo, entre as faixas etárias de 20 a 49 anos, o que caracteriza hoje a população em sua maior parte jovem adulta (TOCANTINS, 2018).
No artigo 196 da Constituição Federal (CF) de 1988 diz que:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e