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Ciclo Dos 400 Sonetos - Vol. Iii
Ciclo Dos 400 Sonetos - Vol. Iii
Ciclo Dos 400 Sonetos - Vol. Iii
E-book343 páginas3 horas

Ciclo Dos 400 Sonetos - Vol. Iii

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Sobre este e-book

Soneto 901: Zé da sanfona Espicha o fole da sanfona na fresca silhueta De um prédio novo e chique a festiva sombra... Gente desocupada quase perdida a esperança escombro; Já cansada de tanto bater as portas do emprego (a coisa está preta)! Então fica ali, a ouvir o Zé espichar o fole da sanfona eufônica... Que já esteve ferrado, que para vir ao centro da cidade, pedia carona. E para melhorar o seu nível aprendeu a cantar outros idiomas... Hoje, muito lhe põe dinheiro e aplausos! E leigos - o riso irônico! Na sombra do prédio chique o Zé derriça uns bons trocados Com a sua sanfona. E toda a tarde fica sorrindo à toa! Minha nossa!... Posso dizer que estou bem empregado! E assim ele faz todos os dias - que até já se acostumaram a ir Nesse seu teatro de rua para vê-lo cantando ao palco calçado; De alma feliz e cheia de canções bem afinadas. Soneto 902: O grito de anjo Um grito estridente e esticado arrombou a garganta E o bucal divino sem dente com seu eco estremecido!... E mergulhando nos vales dos montes anunciou o perigo... Que corria os ocupantes do jipe caído da ponte tonta... O grito tiniu sem demora nos ouvidos de um caminhante forte! Que ouvindo, veio logo correndo rápido feito um foguete... E pulando sobre as águas, logo os salvou daquele acaguete, Da maligna ponte que sempre entrega alguém a morte! Aquele caminhante forte que sozinho arrancou das águas Aquele jipe azul com um casal e duas filhas moças; Nada mais era de que, “Um anjo contra a tal saga! ”. “Um grito divino e um socorro forte! - Despistaram as mortes! ”. Eram dois anjos evitando que as mortes fizessem os abortos Numa família inteira, ante da sua hora: Oh, Deus que sorte!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de jul. de 2018
Ciclo Dos 400 Sonetos - Vol. Iii

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    Ciclo Dos 400 Sonetos - Vol. Iii - Cabral Veríssimo

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 1/215

    Soneto 901: Zé da sanfona

    Espicha o fole da sanfona na fresca silhueta

    De um prédio novo e chique a festiva sombra...

    Gente desocupada quase perdida a esperança escombro;

    Já cansada de tanto bater as portas do emprego (a coisa está preta)!

    Então fica ali, a ouvir o Zé espichar o fole da sanfona eufônica...

    Que já esteve ferrado, que para vir ao centro da cidade, pedia carona.

    E para melhorar o seu nível aprendeu a cantar outros idiomas...

    Hoje, muito lhe põe dinheiro e aplausos! E leigos - o riso irônico!

    Na sombra do prédio chique o Zé derriça uns bons trocados

    Com a sua sanfona. E toda a tarde fica sorrindo à toa!

    Minha nossa!... Posso dizer que estou bem empregado!

    E assim ele faz todos os dias - que até já se acostumaram a ir

    Nesse seu teatro de rua para vê-lo cantando ao palco calçado;

    De alma feliz e cheia de canções bem afinadas.

    Soneto 902: O grito de anjo

    Um grito estridente e esticado arrombou a garganta

    E o bucal divino sem dente com seu eco estremecido!...

    E mergulhando nos vales dos montes anunciou o perigo...

    Que corria os ocupantes do jipe caído da ponte tonta...

    O grito tiniu sem demora nos ouvidos de um caminhante forte!

    Que ouvindo, veio logo correndo rápido feito um foguete...

    E pulando sobre as águas, logo os salvou daquele acaguete,

    Da maligna ponte que sempre entrega alguém a morte!

    Aquele caminhante forte que sozinho arrancou das águas

    Aquele jipe azul com um casal e duas filhas moças;

    Nada mais era de que, Um anjo contra a tal saga! .

    Um grito divino e um socorro forte! - Despistaram as mortes! .

    Eram dois anjos evitando que as mortes fizessem os abortos

    Numa família inteira, ante da sua hora: Oh, Deus que sorte!

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 2/215

    Soneto 903: A mulata da praia

    Na felodérmica pele se expõe (aos olhos curiosos)

    O corpo feminino em debruço junto à praia;

    E de vez em vez... O corpo dá uma volta e põe no ar aquele bah!...

    Minha nossa!... Que mulata linda! São dois lados gostosos!

    Não há nenhum olhar masculino, espada, que não goste dessa fruta,

    Por mais que ele se disfarce, por uma necessária educação!

    Pois o sensor dos sentidos sempre dá aquele trancão!...

    Onde o, cabra sempre acaba olhando emanado de teso pela fruta.

    Nesse, come-come platônico de fruta por olhares ocultos...

    As veias latejam inchadas de tesos aos tantos insultos...

    Que acaba transparecendo aquele arzinho de tara, mesmo em público.

    O cara que vê e não pode fazer nada! E exibe um olhar masturbado...

    Perturba a si e a mulher que caminha do lado, pelo o olhar em cio...

    E se a tal for destrambelhada... manda-o, ir à puta que o pariu!...

    Soneto 904: Atualização profissional

    Já faz tempo que os ossos se abalaram

    Dentro das carnes de muitos ofícios.

    Por isso, cambaleiam com tantos sacrifícios!

    Os corpos profissionais - de onde, muitos já se exoneraram.

    E foram procurar outros corpos profissionais

    Que tenham uma estrutura óssea mais adequada;

    A suportar o peso de seus corpos e impactos ao serem chocados

    Com as mudanças constantes nos sistemas sociais.

    É necessário reestruturar o sistema ósseo

    De cada oficio decadente, mediante as novas tecnologias;

    De outra forma, os profissionais se quebram em suas utopias...

    Neste caso, os sonhos são realizáveis a tais corpos profissionais,

    Mas as estruturas ósseas, capitalismo e tecnologias,

    Não podem falhar para a tal e qual, real utopia...

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 3/215

    Soneto 905: Cacos-de-lua

    Oh, cacos-de-lua! Das turbadas noites imensas...

    Onde os solitários não têm medo de acolher o clarão lunar,

    Para despintarem a dor do peito e a cratera do vago sonhar...

    Antes tão excitantes, e agora tão distantes... suspensos...

    Oh, Cacos-de-lua! Cresça logo para me acalmar

    Das turbadas noites imensas... com o teu completo lunar.

    Aqui em baixo... espera-te os amantes, maior luminosidade!

    Cresça logo oh... Cacos-de-lua! E traga-lhes a cheia felicidade.

    Os amantes esquecidos te amarão com mais garridas...

    Eles te contemplarão como se pudesses matar a solidão:

    São amantes desejosos desiludidos de suas paixões.

    Cacos de lua e cacos-de-paixão precisam crescer:

    Que a lua volte a ser inteira contra a gigantesca escuridão!

    E que os amantes solitários, encontrem no amor, novas ilusões.

    Soneto 906: Ideias raquíticas

    Oh! Que raquíticos são as vossas ideias - fico imaginando...

    Será que lá dentro, existe?... O encéfalo com o seu sistema:

    O cérebro, o cerebelo, a protuberância e o bulbo raquiano.

    Sei não... acho que falta algum componente do sistema...

    É quase inacreditável que ainda exista raciocínio com tanto clivo...

    Com pensamentos se escorregando em cambalhotas horríveis!

    (São campos psíquicos com abismos caóticos incorrigíveis).

    E os tais, ainda se acham experientes, destacáveis e ativos...

    O que se dirá?... Que o maior raquitismo cerebral nesse caso,

    Seria o tal convencimento, de experiências e visões exemplares;

    Onde a idiotice se deifica a deuses, mas de fúteis altares...

    Se, os verdadeiros sábios não gostam de se mostrarem? Aí se nota:

    Que, quem, ainda se mostra... é porque ainda não chegou lá!...

    São esses: semissábios e aprendizes - idiotas e infra-idiotas.

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 4/215

    Soneto 907: Infensores da natureza

    Ó infensores da natureza, que enfoca o bom senso ambientalista,

    Com vossos infratos sensos - pondo em risco a nossa natureza.

    Ó que fosfeno ver... Tem a vossa brutal indelicadeza,

    Para destruir as árvores e rios - territórios e belezas.

    Que além de gerar prejuízos com os crimes ambientais,

    Arrebentam as paisagens com impiedosas ações ante cultural.

    Raciocínios assim estão vazios, sem qualquer poder altruísta....

    Porque só cuidam daquilo que lhes dão lucros ou prazer as vistas...

    São gananciosos e querem riquezas a qualquer preço!

    E maldosos para com os bens ambientais,

    Que são de todos os seus compatriotas num mesmo apreço!

    Mas não tendo, denota-se: que tudo pode vir de morro abaixo...

    Desde que consigam aquilo que tenha por conquista individual;

    E nada mais lhes importa: são feras humanas da liga do mal.

    Soneto 908: O filho da luz!

    Sou filho da luz em elevada amplidão!

    Ora estou na terra, ora me elevo aos céus!...

    O meu espírito místico passa pelo véu...

    Ora me elevo aos céus!... Ora me vejo ao chão...

    Um véu tão misterioso que não dá para explicar:

    Os homens comuns nunca iriam acreditar, que Deus!

    Sendo sábio e bom - reservou para os seus:

    A luz e a voz que fala a uma alma, no seu altar.

    Ser de Deus é usufruir o místico poder celestial!

    Ser de Deus é sentir no coração a presença divina!

    E sentir na pele todas as afrontas do mal.

    Ser de Deus não é só carregar as prosperidades

    Dos dons divinos e bens materiais:

    Ser de Deus é aceitar as distribuições de sua Majestade!

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 5/215

    Soneto 909: Ciranda de pedras (tristezas e alegrias)

    Quando o riso enforca a tristeza com gargantilhas de ouro!

    Fica-se dela somente a gargantilha com o seu nobre decoro...

    Em testemunha aos tempos de entorpecidas histórias,

    Em que, a vida escreve e punha na robusta memória...

    Alegrias e tristezas - risos E lágrimas nos compõem a vida.

    Ninguém será somente feliz e nem tampouco, só infeliz:

    Se puxarmos os rascunhos da vida de cada um ao diz...

    Ouviremos nas mesmas histórias: atos deslumbrantes e doloridos.

    Alegrias e tristezas - São pedras que se sobrepõe à peneira...

    Numa habitualidade de ciranda de pedras in trigueiras...

    Fazendo os vaivéns no espaço da vida inteira, numa satírica porfia...

    Onde o nosso coração precisa jogar a peneira do equilíbrio a cima...

    Para tirar as pedras negras de tristezas que escurece o nosso destino...

    E quanto, às pedras brancas de alegrias! Segurá-las como arrimo.

    Soneto 910: matrimônio sem cor

    Quando o teu olhar tinha as cores da ilusão...

    Para misturar com a negra cor da realidade!

    A gente imprimia, numa vida difícil, a felicidade!

    E isso, embelecia os projetos da nossa paixão.

    Incredulamente, de repente tudo veio a pique...

    Os teus olhos desconfiguraram as cores do olhar

    E perdeste todo aquele encanto que tinhas de me amar!

    - Os nossos momentos eram desejos e piqueniques...

    Agora só nos resta a tinta preta do negro olhar

    Imprimindo as chatices da rotina - na linha reta ou esquina...

    Sustentando-nos nas suas mesmices: Ful!... Que sina...

    Que sina ingrata é esta? Que nos impõe a um convívio anêmico

    Sem emoção... Que por necessidades de estarmos juntos:

    Imprimimos a vida preta - sem as cores sexuais dos atos cênicos.

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 6/215

    Soneto 911: O naufrágio da canoa branca

    Dança e dança... lá longe... enroscada a costa do rio,

    Uma canoa branca e furada (desejando as encostas).

    Ela se bate enroscada nos ganchos do rio. E indisposta.

    Dá mil cambalhotas... forçada ao asco calafrio...

    Ai, ai, ai... lá se foi à canoa branca afundada nas águas...

    Só porque no seu fundo se fez um buraco:

    Pobre canoa agora se vai com o seu destino ao naco...

    Sentindo a dor de sua pré-morte em Áscua frágua...

    Rompeu sua vida por um furo bucal de nada...

    E bebendo água, qual gente, morre afogada...

    Salvo, se alguém encontrá-la para salvá-la: Tomara...

    Do lado de cá... ouve uma grande glória com os canoeiros:

    Os três se salvaram a nado com suas braçadas boas!

    Enquanto se olhava preocupado com o estrago de uma canoa.

    Soneto 912: Garota especial

    Garota bonita da pele macia e olhar picante:

    Você parece uma abelhinha...

    Vem picar a minha língua com uma mordidinha:

    Dá-me um beijo quente dos mais excitantes...

    Você me enlouquece com este teu olhar de mel...

    Tudo em você parece docinho com cor de ouro!

    Garota bonita da pele macia... meu tesouro!

    Tudo em você me inspira desejos ao léu...

    Quero o assanhar dos teus beijos elucidados,

    Acerca de este querer que me põe nos olhos...

    Que lhe quero tanto... E tanto... que fico encantado!

    Tua pele macia tem a cor da magia, que parece mudar...

    Cada vez que te olho te vejo de uma cor...

    Parece ter os segredos de todas as mulheres, o teu amor.

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 7/215

    Soneto 913: O amor

    Quem sabe amar – acha jogo duro – o desamor:

    E quem tem o coração duro – ter que amar.

    Porém quem ama de verdade tem luz no fundo do olhar...

    E acha tenebroso perder a luz de tão precioso fulgor!

    O amor está acima da matéria da carne que morre:

    É uma luz eterna que percorre os circuitos do espírito...

    Triunfando sempre contra os estorvos e ruídos de apitos

    De guardiões – que embriagados do mal pelo mundo correm...

    Embriagados de trevas, pecados e desamores:

    Enfiam nos corações oscilantes, teias de imensos horrores!...

    (De que, amar é loucura de Deus e seus seguidores).

    Mas... Amar a Deus acima de todas as coisas;

    E o próximo como a si mesmo! É uma tarefa um tanto difícil!

    Mas não impossível: Deus sempre o ajudará nisso.

    Soneto 914: Tempestade na selva

    (...) em negro horizonte, mordaz e arrogante...

    Já troveja a tempestade – cruzando espadas de fogo em guerra...

    Num tamanho insulto que cuspe fogo sobre a terra:

    - Os raios são espadas impiedosas, mortíferas e possantes.

    A ventania e a chuva lambem o arvoredo e o chão:

    Quebrando as árvores numa proporção espaventosa...

    As feras da selva fogem da morte ao meio da ventania ociosa:

    Até elas sentem o visco... Isca da morte – dos raios e tufão.

    Por isso, fiz uma casa forte de estrutura e fundação:

    Paredes de primeira e telhado do bom!

    Para me aliviar do perigo da tempestade com o seu negro tom...

    Morar na selva, como eu moro – é afrontar a morte em poli ângulo.

    Para não dormir ao passante - A morte com a sua cova em retângulo.

    Porém a Deus, a morte só é... Um preâmbulo.

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 8/215

    Soneto 915: A garota do tope-léss

    Na costa feminina – tanga vermelha – pés descalços...

    Costa nua (sem as tiras dos sutiens) – e cabelos em crinas...

    Na cor: o tom de mel – e, em cada meia volta a doce rima...

    De frente - os seios com duas cerejas pontiagudas em taças...

    A cada meia volta que ela dá fico impressionado:

    Tanto de frente com de costa me dá arrepios às sensações...

    Quando ela vem à praia despertam muitas paixões!

    Qualquer dia desses eu vou lhe dizer que estou apaixonado!

    Todo fim de semana ela vem à praia – e sempre ao mesmo lugar.

    Parece gostar muito da praia e se mostrar...

    Mas quando eu for embora – logo ela se recua também.

    Já estou desconfiado que ela estivesse de olho em mim também...

    Só que tem algo nela e algo em mim que não entendemos bem...

    Que a nossa paixão tem receios... que vaga num entremeio, sem fim.

    Soneto 916: Os dois lados dos bares

    Sem bar não há cidade, amiga! Quem sobreviveria tão infeliz?

    - Os bares são postos de abastecimento de álcool aos humanos;

    E recarga de energia alimentícia: Vai sacando...

    - Comer e beber são necessidades que o estômago sempre prediz...

    Esse ambiente não agrada os olhos de todo mundo, no saque...

    Mas os homens, mormente mergulham de olhos profundos...

    Porque ali, afogam as suas mágoas – e secam lágrimas iracundas...

    Aquelas que tiveram vergonha de chorar – e guardaram a lacres...

    Misteriosamente, abortam do coração o pranto,

    Que haveria de nascer aos olhos num parto plangente...

    (...) se, o álcool aborta a dor da solidão – no entanto,

    Ele é um agente de mortes e contendas... uma diabólica munição:

    - Destrói lares e vidas – saúde física e psicológica (é imoral).

    - E bom nunca apoiar bebidas alcoólicas (é um líquido de maldição).

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 9/215

    Soneto 917: Audição de orquestra

    Os solfejos anarquistas do maestro mal, desconcentrado...

    Apedrejavam os tímpanos de todos os convidados,

    Daquela audição. E foi um deus nos acuda! Formigante irrisão,

    Bagunçando o decoro da plateia que estava em concentração.

    Não era possível que aquilo estivesse acontecendo de verdade,

    Com o grande Maestro Garibaldi.

    Já que era idôneo e respeitadíssimo na sua autoridade!

    O que o faria, de repente, pôr o seu prestigio em debalde?

    (...) E, foi sorte dele, quando um desmaio o pôs ao chão:

    - Foi o mesmo que, um juiz absorvendo um réu de sua acusação.

    - Garibaldi fora levado em coma para uma U. T. I.

    E, um substituto tomou posse do seu lugar,

    Para mostrar os valores musicais daquela grande orquestra;

    Que mal havia se formada e queriam aplausos – foi uma festa.

    Soneto 918: A desfiguração de uma mulher

    Rosa ruidosa é uma boa rosa – sendo flor ou mulher!

    Para ser ruidosa, tem que ser bela e boa e mansa...

    Senão o amante de tal mulher flor dança...

    E acaba não sendo como ele quer...

    Se, a rosa for flor – desfolha facilmente.

    Se, a Rosa for uma mulher – é comovente!

    Mas precisa ser bela, boa e mansa...

    Senão o peão morre espetado em sua ferina lança...

    Um homem apaixonado nem sempre vê esse lado...

    Só vê que ela é bela e boa! E fica que nem criança,

    Que lambendo o doce com uma enorme ganância!...

    E, quando acorda da sua ambição fica todo atrofiado...

    Pois a bela ficou feia e a parte boa toda desfigurada...

    E aquela mansidão fora tudo de água abaixo...

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 10/215

    Soneto 919: Paralelo do bem e do mal

    Vós sois filhos do sol e da lua – do dia e das trevas...

    Vós sois anjos a e demônios – sobre árvores e relvas:

    Tendes a terra (céus e inferno) ...

    Águas soltas em chuvas ou nascentes (ou presas às cisternas).

    Vós sois os alvoroços dos loucos irracionais,

    E os conhecimentos refinados dos sábios liberais!

    Vós sois... sois vós: os engates atrevidos das fivelas,

    Metidos em restritos orifícios ajustados às sentinelas...

    Vós sois pichadores de paredes e muros da moralidade;

    E observadores dos códigos que impõe autoridades!

    (...) coletivamente, não há isso ou aquilo... é isso e aquilo!

    Porque os dois opostos fazem parte dessa proposta divina,

    Em disponibilidade ao livre arbítrio para o bem e o mal:

    - Caminhos paralelos opostos numa controvérsia colossal.

    Soneto 920: Luz e trevas

    A dimensão do abismo é negra – nunca iluminada!

    Por isso, quem deseja luz logo muda de lado...

    Pois do lado da luz sempre haverá claridade

    E a autoestimas mantendo os circuitos da felicidade!

    As trevas são exaustivas, deprimentes e ingratas!

    - Um buraco sem fim... Solo e calçados...

    Ai daquele que estiver descendo de pés pelados,

    E não conseguir pegar a tempo as suas alparcatas...

    Se achar as alparcatas do evangelho – certamente,

    Livrar-se-á do fundo do abismo da segunda morte,

    Referida à morte do espírito em pecado cadente...

    Aquele que achar a tempo o tal calçado do evangelho:

    Mudar-se-á de lado para a luz que o livrará do cutelo,

    Dessa segunda morte do seu espírito ao corpo paralelo.

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 11/215

    Soneto 921: Paixão cruzada

    Suyane tinha dois olhos negros – lindos e espertos!

    E eu, dois olhos indiscretos, quais janelas entreabertas...

    Por isso, pôde ela me discernir, Tim-Tim por Tim-Tim...

    E terá a posse de uma certeza, de que, eu estava afim.

    Ousadamente, ela riu... quando viu os meus os olhos acesos!...

    Porque sabia ler entre as faíscas a linguagem do teso.

    Na verdade, eu estava obcecado de paixão por ela

    E era difícil disfarçar os desejos postos aos Olhos janelas.

    Mas foi por isso, que acabamos embolados num romance;

    Cheio de ânimos com os desejos cruzados

    De amor e folias (ainda em dinheiro de moeda cruzado).

    Riu-se ela de mim... quando viu os meus olhos acesos!...

    Porque os seus olhos também se acendiam em janelas fechadas

    Por mistérios, mas naquela hora ficou escancarada... em teso.

    Soneto 922: Santos que não fazem milagres

    Nesse sobe e sobe... de degraus e patamares;

    Um dia ainda porei os meus pés no piso superior...

    Deixarei de vez a inclinação à meio da escada em semiamador...

    Para ser Santo só lá em cima... E não em vossos altares...

    Que se torna Santo em altares de pecadores,

    Está é descendo a escada para o piso inferior...

    (...) Não será bem visto de Deus! E jamais um intercessor!

    - Será até mais frágil que os seus devotos pecadores.

    Nesse sobe e sobe... quem sobe Santo: dorme para o Juízo final:

    E que fica aqui em baixo é melhor dá uma revisão geral...

    Porque Deus não que idolatre – matéria morta e Santa mortais.

    Cristo é digno de adoração porque ressuscitou triunfante!

    Mas quem morreu e não ressuscitou ainda - é apenas uma mente

    Entremeio os céus e terra numa espera prestante.

    JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA

    CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. III 12/215

    Soneto 923: A queimada

    Sobe cartucho e mais cartuchos... imensos... lá para cima...

    Feito de fumaças cinzentas e negras - bamboleando...

    O céu está escuro pela a queimada que vai levando

    Horror atmosférico na mais caótica rima...

    Já não bastava estrangular o espaço azul celeste?

    Precisava ainda estragar as plantas e o capim

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