Ciclo Dos 400 Sonetos - Vol. Iv
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Ciclo Dos 400 Sonetos - Vol. Iv - Cabral Veríssimo
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CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 0/215
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CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 1/215
Soneto 1.301: Conselho de um psicólogo
Nos olhos desesperados não a tempo de reflexão consciente,
Pois a reflexão pende ao próprio abismo da incoerência...
E para que beber conselhos lá no fundo da inconsciência?
É melhor pedir socorro ao equilíbrio – Urgente!
E, se o equilíbrio não está em si, vale apenas ser humilde:
Vá ao psicólogo que tenha reputação nos conselhos!
E clama a Deus, dono do Universo, prostrado de joelhos:
Quem saiba acharás as asas do pássaro americano, Bilde
.
Mas, o conselho vale apenas para os psicólogos conceituados,
Porque tem muitos que estão perdidos num labirinto despedaçado...
Que além de não achar a porta de saída...
Empacam nas brechas das rotulas, nos rodoanéis encurvados...
Não podem ajudar outrem, e nem tampouco ser ajudados.
Pelos os próprios conselhos, em telhas de aranhas, embaralhados...
Soneto 1.302: A desconsideração da juventude
Para ser gentil não custa nada, quando há uma gentileza plantada,
No seio da alma daquele que aprendeu a ser delicado!
Tendo em si uma delicadeza sem contestação da sociedade,
Porque falo de uma delicadeza de afetos divino em caridade.
Antigamente, os nossos pais nos ensinavam a respeitar os mais velhos!
Isso fazia parte do nosso dia-a-dia, sem pesar nos ombros o esforço!
Mas ultimamente, parece ser uma coisa que punha na garganta um caroço.
Por incômodo, que os jovens chacoalham o diálogo como um relho...
Trazem na ponta da língua a resposta na controvérsia,
Sempre querendo provar conhecimentos maiores e perversos...
Parecem serem donos da verdade naquilo que respondem aos velhos.
Porém, ainda engatinham na experiência da vida em esparrela...
Quebrarão ainda a cara em tumultuadas contestações imposta,
Pela a própria repele controvertida, em choque da vida nas encostas...
JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA
CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 2/215
Soneto 1.303: Travessia da vida humana
(...) Ambição e mais ambições peneiram ilusões nos distúrbios ignotos...
Pois que, por mais que pensam conhecer, não conhecem nada!
Os humanos nascem em berços de ilusões, iluminados...
Iluminados de ambições desconhecidas, que os levam a um esgoto,
Horrendo e tão fedegoso... que o mau-cheiro parece gostoso:
Gostam tanto de suas ambições em esgotos afunilados...
Que passam a vida inteira viajando no engatinho apertado...
Que, quando dizem: é agora a vitória! Morrem no beco engenhoso...
A morte é um beco tão criativo que, encerra os engatinhas da vida.
Mas, o ato de morrer é uns decretos tão subjuntivos, inescapáveis!
Que o povo luta para esquecer que ela lhe virá no permeável...
A vida é uma existência permeável a ela sem qualquer contestação:
Morrer é um mal e um bem numa inevitável baldeação...
O feitor do bem achará o bem! E o feitor do mal, achará o mal.
Soneto 1.304: Justiça ilegal
Quem corre de uma pena judicial precisa apagar os seus rastros...
Ou recuar eternamente o seu vulto - e ser até mais de que, escasso...
Os escassos (volta e meia são achados), mas o eterno fujão não se acha!
Vivem em terras alheias, escondidos em rachas... ou em outros encaixes...·.
Esses conselhos não podem ficar de porta entreaberta, publicamente!
Cada um deverá saber o que vale mais apenas: A fuga! Ou o sistema...
O sistema é tão precário, que os devedores pagam pelo o veneno.
Que está infiltrado na cabeça da justiça dos justiceiros, delinquentes!
O problema maior não é as leis da Justiça, mas os justiceiros...
Que punha o Uniforme representativo da Justiça para serem maus obreiros:
Fazem obras de justiça – sem beira e nem eira...
Hoje em dia, a população não acredita mais em polícia...
Pois as sentenças das condenações viraram muambas de primeira:
Quem pode pagar e sai das grades! E quem não pode vai para o chiqueiro.
JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA
CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 3/215
Soneto 1.305: A fidelidade de um viajante
Riram-se dos hóspedes e eu era um deles, que estava aos ares...
Inóspito eram as condições de hospedagem daquela pensão!
Queriam obrigar os hóspedes a fazer uma forçada demolição
Na conduta da seriedade de não dormir com aquelas, donas vulgares.
Eu me calei até que pudesse, mas depois então lhe respondi:
- Só quero dormir minha senhora... meu intuito é descansar!
- Descanse depois ora... Primeiro vamos namorar!
- Desculpa-me, mas eu estou precisando mesmo é dormir!
(...) riu-se ela com uma tremenda e estropiada gargalhada!...
Confesso que eu me pus dali para rua e parti pela estrada afora,
E só me lembrei de dormir na noite seguinte – embora,
Viajando eu sentia o peso da falta de dormir da noite de outrora.
A vulgaridade dessas mulheres das noites de safadagem,
Nunca me coloriram os desejos e nem fizera melhores a viagens.
Soneto 1.306: A controvérsia dos pensamentos
Sósia dos meus pensamentos era eu,
E eu vivia o que eu pensava, e não o que eu era:
- Os pensamentos que me vinham eram fúteis na espera,
De que eu amarrasse a continuidade de uma construção, plebeu...
Eu já tinha construído uma obra tosca, fora dos meus alicerces!
Pois os meus pais souberam me ensinar e me fazer idôneo!
E agora me fazia sósia daqueles pensamentos errôneos...
Não, não era possível – aquela pessoa não era eu no exerces...·.
Sósia dos meus pensamentos era eu - por causa dos dengos...
E eu vivia o que eu pensava e não o que eu era:
- Quem pusera em mim aqueles pensamentos de mulherengo?
(...) acabei por descobrir com o tempo – que tudo havia começado,
Com os amigos, tragos e petiscos no vibrátil futebol do Flamengo!
E fora as Flamenguistas que me arrastaram para a cama com chamegos!
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CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 4/215
Soneto 1.307: O amor da Senhorita Avril
Hoje a minha terapia é beijar os teus lábios acesos!...
Hoje a minha terapia é te emagrecer, ó meu obeso...
Avril era uma moça cheia de palavras adocicadas de amor
E ao mesmo tempo, acedas de tanto exigir o horror,
Horror do seu elevado grau de perfeccionismo feminista!
Avril tinha um beijo condensado de leite branco...
E uma alma às vezes safada e ao mesmo tempo santa!
Por isso, não dava para deixá-la: Sou ser realista!
Mulher e menina tinham comportamentos: santo e obsceno!
Às vezes exigentes ao extremo no seu perfeccionismo
E às vezes largada aos deboches do seu feminismo...
Acho incompreensível a compreensibilidade inacessível
De uma mulher assim!... Mas ela me deixa acessar o seu corpo
E de amor: a gente se deleita tanto que chega a ficar torto!...
Soneto 1.308: Dormindo na rede
Quem dorme com os pés balançando na rede:
- Dorme com a boca balançando a ter sede...
- Não sei se sede de beber água doce
Ou de beber os sonhos que balançam, ao alçar frouxo...
Quem dorme na rede sonha balançando... E balança
A boca aberta para as moscas e pernilongos expostos:
- Um dia sonhei tantas bobagens de amor (encostos),
Que comi pernilongo e ronquei tanto, de doer à pança.
E quando acordei, um mal-estar desgraçado me pegou,
E a boca estava amarga do pernilongo acidentado:
- Pobrezinho dele, pois levara de mim uma dentada.
Nunca mais quis dormir numa rede daquelas!
Pois isso me dá uma dor conexa no corpo - e descansar que é bom,
Não se descansa – é um martírio dormir sem o meu colchão.
JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA
CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 5/215
Soneto 1.309: Alma Pesada
Minha alma está pesada de tanto querer ser sua mulher!
E o peso está na dureza do meu coração e sua colher...
Que fica teimando em tomar sopa de canjinha temperada,
Mas o casamento é uma carne bem dura – só na espetada...
Carne dura e fogo sempre bem quente,
Mata a fome de mulher carente...
E, eu não me careço desse teu espeto de carne, ó Cabral:
- Por isso, o nosso casamento vai indo de mal a mal.
Dá-me um tempo, preciso refletir sobre nós dois:
- Sei que vivemos feitos dois irmãos por causa da minha frieza,
Mas no fundo tenho a alma pesada por causa desse mal ensejo.
Sinto-me de alma pesada por causa dessa frieza...
Dá-me um tempinho, por favor! Vou aquecer os meus desejos:
- Vai ser fogo com fogo, carne com carne posto a bandeja.
Soneto 1.310: Agito de amor
Sem sombra de dúvidas, eu me atiro em teus braços.
Para ser o teu moreno abismado de amor inacabado...
Porque uma loira assim a gente nunca termina o babado...
Quanto mais faz, mais quer fazer... é um eterno laço!
De tanto me atirar em teus braços, virei um atirador:
De corpo e de espírito num só percurso alucinador...
Ainda bem, que quando eu me atiro você também se atira:
- E no meio do baque a gente estoura toda a embira...
E nisso, a gente se amarra e desamarra no aperta e tira...
Tira do saco e põe no saco e costura com nova embira...
O nosso amor é um arrasta saco que todo mundo se admira.
A gente dorme e acorda só pensando naquilo!...
E quanto mais, pensamos... mais reanima o estilo...
O nosso amor é um agito de loucuras tranquilas.
JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA
CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 6/215
Soneto 1.311: O velho do suspensório
Quem suspira profundamente, estica os suspensórios,
Ou derruba as calças largas numa queda provisória:
E daí se perde a estribilha aos olhares curiosos,
E no lagar da ostentação chique se fica a gosma...
Nesse caso, acho melhor apertar o cinto – e esconder.
A inconveniência no labirinto da cueca e das calças,
Pois homem pelado é mesmo uma mala sem alça:
- Os olhares vergonhosos irão se escafeder.
Havia, pois um velhinho que todo dia ia à estação.
Para tomar o trem. E antes de mergulhar na lotação,
O mísero derrubava as calças numa longa suspiração...
A loira falou para ele, deixar de ser ridículo na vacalhação:
Que velho de cueca vermelha é uma grande aberração!...
Que era melhor botar um cinto e apertar o barrigão.
Soneto 1. 312: Negra. Bombom
Mil beijos se entrelaçam na doçura dos nossos desejos:
Se, são de amor não sei... mas tem gosto de paixão!
E talvez, pelo o gosto da paixão nasça o amor: Então,
Haverá duas medidas para cada coração no realejo...·.
Os beijos virarão a manivela e esticarão os fores dos sentimentos
E as nossas almas farão os cânticos a cada momento...
Teremos as doçuras dos beijos com o resto do tudo no bem bom!
Seremos amores apaixonados de chocolate branco e marrom.·.
Venha cá minha nega gostosa! Com este teu remelexo na viscosa...
Pano fino acetinado em rosa - choque arretado!
Nem sabe, quanto orgulho tenho de ser o teu namorado!
Não te despreze, ó minha negra, pela a tua cor- marrom:
Somos chocolate branco e marrom, confeccionando amor de bombom!
Mil beijos se entrelaçam na doçura dos nossos desejos de paixão.
JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA
CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 7/215
Soneto 1. 313: Cenas de amor do passado
Hoje o meu passado dorme dentro de mim por um sonífero
Que somente secará com o meu passamento...
Que Deus me ouça e me faça assim, dando o tal livramento,
De que eu, nunca venha provar a amnésia – até o esquife.
Morrer é um decreto inevitável na aceitação da boca para fora!
Mas, de qualquer forma todos irão morrer num desquerer.
Quanto ao passamento somente da memória é um triste fenecer,
Que leva o nome de amnésia pela lembrança que se estoura...
Hoje o meu passado dorme dentro de mim por um sonífero
Chamado tempo passado, mas, ainda tenho a tristeza e às vezes.
A alegria de despertá-lo pelas as lembranças que às vezes...
Às vezes me encanta a alma com inesquecíveis cenas...
Cenas de amor e desejos peraltas em que vivemos juntos:
- Enquanto eu viver reviverei os nossos momentos e assuntos.
Soneto 1. 314: Carnaval de antigamente
Caíram na euforia da batucada de rua:
- O sol estava quente, quase delinquente...
- E mais delinquente era toda aquela gente,
Que sambava eufórica e quase nua...
Entre cores e batucadas sambavam com demência,
Aquela turba festiva e destrambelhada
Com as suas sensações soltas e avolumadas
- Sem pensar em qualquer frívola consequência...
Somente muitos anos depois da era tranquila,
Que vieram os escândalos nos carnavais de rua:
Mas eu já tinha comprometido o meu arco de pua!...
Então passei a ver as folias carnavalescas pela televisão,
E imaginar eu lá no meio daquela alucinação pujante...
Balançando-me todo aos pulos com as gatas errantes.
JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA
CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 8/215
Soneto 1.315: Ares trovejantes
Oh! Deus dos ares trovejantes...
Das faíscas elucidadas de corusca relampejantes...
Oh! Deus dos ares trovejantes...
Das nuvens pesadas de águas, em fios de barbantes...
Quanta água hein? Quanta mágoa – nódoa de praga...
Que os próprios humanos jogam ao desdenho
De tantas e tantas palavras murmurantes – pesadas!
As línguas dos reclamadores são pragas de engenhos...
Engenhos ferinos que de tudo reclamam, sem saber!
Que tu sabes o que fazes, Oh! Deus dos ares trovejantes...
Perdoa-me, pois agora tenho que me ir, por esse instante:
- Preciso de um bom esconderijo, pois não quero morrer!
- Raios e ventos... Chuva e coriscos eletrizantes...
-Tenho medo de tempestade nos ares trovejantes.
Soneto 1. 316: Luzia e o piegas
Foi o ato mais piegas dos sentimentos ridículos que vi...
Quando você me debruçou sobre o ombro pranteando
Enxurradas de lágrimas ensinadas e se achando,
As mais comoventes das lágrimas... eu só poderia rir...
Não tive outra coisa a fazer a não ser: rir e rir...
Pensou que eu fosse trouxa de cair naquelas lágrimas:
Eram lágrimas de crocodilo com suas lástimas
Mal ensaiada. Foi aí que eu nunca mais quis te ouvir.
Foi o ato mais piegas dos sentimentos ridículos que vi...
Porque era meloso, mas com melado falsificado.
E ainda junto à porta de uma Igreja superlotada!
Querias me comover, mas eu já sabia que nada respeitas...
Você é o tipo de sujeito que porta todas as suspeitas:
- Piegas, mentiroso, preguiçoso, namorador e metido a cristão.
JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA
CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 9/215
Soneto: 1.317: Eh, Rosa Bela!
Eh, Rosa bela, eu não gosto nem de pensar!...
Às vezes você me fala, e eu me calo, sabe por quê?
Porque você é uma jovem bonita e rara!
E o meu amor pode não ser como espera...
Dá ou não dá, para entender o que eu falo?
- Dá não! O meu amor é maior que o lado prático da vida:
Se a filosofia de vida fosse tão certa assim não vivia distraída,
Pondo um mundaréu gente a beber veneno no gargalo,
Para depois se desabarem num funesto fim!
Trágico fim, de uma vida oca e sem sentido algum...
Ficam fazendo combinações De julgo certo!
.
Mas são mais incertos de que eu vi:
O amor não olha diferenças de idades e poder aquisitivo!
- O amor é mais puro de que toda a ignóbil aquisitiva.
Soneto 1.318: Amanhã será um novo dia, Luzia.
Hoje não foi o meu dia... E eu estraguei o seu,
Descarregando toda a minha desilusão pressentida:
Mas fica fria... pois o que é de hoje dormirá despercebido...
E amanhã me levantarei de fininho, para nem ver o meu adeus.
Terá, pois de ter que se virar sozinho esses problemas,
Que terão que deixarem de serem meus:
A eles e aos pressentimentos, logo direi adeus...
Já são 23 h, Ó meu amor! (Véspera do meu sono no sistema):
- Amanhã será um novo dia... Queira Deus que tenha sol!
- Queira Deus eu cante feito um Rouxinol,
O encanto da vida, tão bela e estendida em meu prol...
Em prol da gente, que precisa se amar e viver contente!
Esquecendo-se das bobagens que põe stress incoerente
Para perturbar a gente: Amanhã será um novo dia... Sentes?
JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA
CICLO DOS 400 SONETOS - VOL. IV 10/215
Soneto 1.319: Palavras da loira burra
Fui batizada nas águas de um rio sujão
E, acho que é por isso, que eu nunca senti a virtude do perdão:
- Os meus pecados não quiseram ficar nas águas sujas
Quando viram que nem peixes sobreviviam na Gusa!...
Não gusa de ferro e aço! Mas Gusa de sujeiras do mundo:
Sujeiras materiais todos os membros da Igreja viram,
Mas as sujeiras espirituais se foram a graneis daquilo,
Que se a gente falar nos estrangularia como peste, Oriundo.
Sou filha de Pais Cristãos! E loira burra assanhada...
Joguei tudo fora (os exemplos de Deus, que recebi de meus pais):
Hoje estou solta na vida... E na vida mundana só tem ais e mais ais...
E sei que ainda vou sair fora dessas águas que só tem pecados...
Aquele rio sujo tem a virtude Santa e eu não estava com nada!
E agora que entendi, preciso sair dessa mundana roubada!
Soneto 1320: Velhice e morte
Dia e dias se vão jogados pelas costas do tempo,
Qual a minha existência em mortais fragmentos...
Que levam aos poucos a juventude ao passamento,
Pois morremos, um pouco por dia, até o envelhecimento.
Aquele que morre pelo o baque da idade,
Vê no espelho as marcas deixadas pelo tempo absoluto!
Não dá para refrear a sua determinante atitude enxuta...
O tempo anda e anda - para o estouro dos brotos da continuidade.
A morte é um bem de Deus posto na natureza das trocas
De coisas velhas ou marcadas para deixar o espaço que ocupa,
A outros ocupantes que virão com certeza, em tropas...
As coisas se vão e eu também estou indo...
Há coisas que ficam para serem de outras pessoas e coisas
Ou apenas emprestara a sua gentileza infinda... Que coisa!
JOSÉ VIEIRA CABRAL > CABRAL VERÍSSIMO, AUTORIA
CICLO DOS 400 SONETOS - VOL.