Na Mais Sublime Altura Do Secreto Coração
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Na Mais Sublime Altura Do Secreto Coração - Cristiano Balla
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Ficha catalográfica elaborada na Biblioteca Municipal de Bandeirantes/PR – Jamil Fares Midauar.
_____________________________________
869.91 Balla, Cristiano Júnior.
B188n Na mais sublime altura do secreto coração – Poesia completa. Bandeirantes/PR, Edição do autor,
2013
266 páginas
1. Poesia brasileira. I. Título
_______________________________________
ISBN: 978-85-910512-5-0
Iconografia: Capa: José Renato de Souza Lazari Ilustrações internas: Mário Fernando Zanchin, Beatriz Ap. Balla e Thiago G. Campanha FRUIR Editoração e Artes Gráficas.
Todos os direitos reservados aos autor.
~ 2 ~
SUMÁRIO
Parte I – Metro
Refúgio/7
Escuridão e brilho/49
Soneto À Musa
Relações e unidade/50
Quando Jovem/8
O mergulho/51
Alma Gêmea/9
Bipolaridade/52
Ao amor tudo é
Águas profundas/53
pouco/10
Solidão/54
Meu quarto/11
Suicídio/55
Chuva de finados/12
Surto maníaco/56
Amor de doação/14
Estupor/57
Trovas/15
O espinho na carne de
O jardim de dentro/17
São Paulo/58
O poeta/19
Vício vão/59
Tirania/21
Pessimismo/60
Himeneu/22
Auto desprezo/61
Flores pra vocês/23
A depressão do Rei
Nagai Aida/ 24
Saul/62
Lucy- in your eyes/25
Obsessão/63
Velhas desculpas/26
O que é a loucura?/64
Permita-me/27
Compulsão/65
Soneto do amor
Prostração/66
completo/28
Paranoia/67
Ciclos da vida /29
Insônia/68
Ideais da vida/30
Opressão/69
Interpoladíssimo/31
Judas/70
Flores póstumas/32
O fantasma no.../71
Teu beijo/33
Isolamento/72
Morena/34
Uma teoria.../73
Feliz vida inteira/35
Judas/74
Tanto quanto/36
A sangue frio/75
No meio do caminho
Ansiedade/76
de nossas vidas/37
O grande combate/77
Pedidos ao mar/38
Desinteressada
Vênus/39
pessoa/78
Vamos catar
Cérbero.../81
conchinhas?/40
O ermo.../82
Fogo e suor/46
Pássaro na.../83
Haicais/47
Verbotomia/48
~ 3 ~
Prece d’esperança/186
Simplicidade/84
Cuida de ti/188
Alteridade/85
Profecia final/189
Mulher triste/86
Elegia a Émerson Luiz
A marca da aliança/87
Santiago/190
Estado de ação/88
Vento forte/191
Medo de amar/89
Valsa
Vinhos espumosos/90
organoléptica/192
In extremis/91
Arte dum mundo.../194
A vida continua/92
Arte poética/195
Beija-flor/93
Paisagem interior/196
Ocaso/197
Parte II – EPOS
A criação do
O Chão e o Céu/95
mundo/198
Terramada/120
O Fim do mundo/199
O Homem
Auto visita/200
Cinzento/124
Por toda uma vida /201
Greya/157
Plano secreto/202
Vade Mecum/167
Incoercível,
Plástica/203
A arte de esperar/204
Parte III –
Crônica triste de cidade
Mínimas/174
pequena/205
Parte IV – Livres/178
Sozinho/206
Ponto limite/179
Os dias sem ti/207
Compensação/180
À pianista/208
Adeus a uma pétala de
Entenda, amor/209
rosa, Brigas/181
A briga, Tudo diet/210
Canção para a
Baba de quiabo,
companheira/182
quartetos/211
Do belo que /183
Aos novos/212
A uma rosa colhida/184
Eras tu/213
Amor precoce/185
Minhas Marias/214
Ciúmes, A cor do
tempo/215
Sementes na
calçada/216
O nefelibata/217
O poeta/218
~ 4 ~
Multiversos/219
Encontro/220
Peticice/259
Uma canção de
Disparadamente/260
amor/221
Possessão/261
Quintessência/222
Corruíra, Presente/262
O dom do poeta/223
Concepção/263
Flores em
Caridade/264
liberdade/224
Torres de babel/265
Minha essência
Faz silêncio/266
barroca/225
Epílogo/267
A terra do jardim/226
Buracos no asfalto/228
Sandália de flores/229
Sexo/230
Últimas flores/232
Até à outra margem/
233
Vestido de chita/ 234
Minha divina
inspiração/235
Ao farmacêutico/236
Gula/237
Segundas/238
O torno/240
Epitalâmio/241
Conselho torto/243
Acróstico/244
Naturalmente/245
Último acróstico/246
Verbinho felicidade,
geométricos/247
Tic-tac/248
Céu, Ossos do
ofício/249
Madrepérola/250
Quando eu vivi/251
Ciclo vital/255
Felisaudades/256
Página em branco,
Velhos erros/257
O verme/258
~ 5 ~
Prefácio do autor
O escritor Oscar Wilde disse no prefácio de sua obra mais famosa, O Retrato de Dorian Gray, que toda arte é inútil. Discordo em termos, mas concordo em parte.
Quando a arte é intransferível e se presta à jactância do autor, ela é inútil, pois não há receptor; já, quando ela é um refúgio e se vale para universalizar o que para o poeta é pessoal, ela pode ser muito valiosa e possui o ensejo de ser lida e compreendida por todos. Assim é minha obra de poesia completa.
Embora não seja idoso, estou na casa dos 40, já me encontro na fase de exaustão de criatividade poética. Desta forma, pensei ser válido reunir meus três livros de poemas: O Cão e o Céu, O Jardim de Dentro e Verbotomia mais alguns poucos poemas inéditos que por motivos de autocrítica não puderam ou não tiveram tempo de serem inclusos nas três obras citadas, são como frutos temporãos, mas ainda adoçados pelo outono da vida de um poeta.
Esta obra de Poesia Completa não se trata de uma simples colagem dos outros títulos, mas passou por uma revisão e também foi organizada em 4 partes distintas e didáticas para melhor leitura e arranjo dos temas. Estas partes são: Metro, Epos, Mínimas e Livres, podendo-se,
assim,
organizar
os
diversos
poemas
em
classificações pertinentes e inteligíveis; embora os temas sejam diferentes, a roupagem da obra é nova e bem feita.
O poema de abertura do título é o soneto Refúgio
, mote que a poesia sempre me proporcionou nos reveses da vida e das solidões, amores, em tudo que vivi e autobiografei em versos, como uma âncora no espaço-tempo. Na Mais Sublime Altura do Secreto Coração é revelador e pode ser aberto com as chaves da leitura pelo receptor, pois é uma parte deste poema.
Espero que tenham uma boa leitura e que esta obra seja um refúgio nos tempos difíceis por que todos passam alguma vez na vida.
Cristiano Júnior Balla / 2013.
~ 6 ~
PARTE 1 – METRO
~ 7 ~
Refúgio
Refúgio que me livra da loucura,
Memórias puras, ideais da vida,
Minha proteção e minha guarida,
Guardada na mais sublime altura
Do secreto coração. Entre juras,
Portas, chaves e senhas esquecida,
Num caminho de difícil subida,
Que sigo sozinho à minha procura.
Eflúvio de benignidades raras;
É o lar das saudades do que foi bom, E dos amores que testemunhara.
Templo particular feito do tom,
Sem marmóreas colunas de Carrara,
Mas de tijolos de imagem e som.
~ 8 ~
Soneto À Musa Quando Jovem
Não canto mais a mulher madura.
Tenho aversão a carnes tortas,
Casos mal resolvidos e vidas mortas.
Meu canto agora é pra moça pura,
Que, com seu olhar ingênuo de cura,
O nó górdio em mim docemente corta
E à luz do mundo me transporta
No frescor de suas carnes prematuras.
Loucura! Pudesse eu, na menina,
Com voz de poeta e dedos de pianista, Desabrochar a vermelha rosa feminina, Tirar seus espinhos, fala de analista, Fecundar seus lábios, pétalas quentes e finas...
Morrermos em paz. Feliz, verde sina.
~ 9 ~
Alma Gêmea
Alma gêmea, foi na beira do mar
Que selamos, com beijos, nosso amor
E juramos, felizes, sem pudor,
Eternamente, sempre nos amar.
Mas a distância veio nos separar,
Embora permaneça o mesmo amor,
Agora com um pouco mais de dor
E de saudade a me torturar.
E trago na alma muito sofrida,
Como se me faltasse uma metade,
Um coração que, a cada batida,
Perde um pouco de sua felicidade.
Mas, por todo o resto de minha vida, Trarei comigo a essência da eternidade.
~ 10 ~
Ao Amor Tudo É Pouco
Amar muito nunca é o bastante.
Se o solteiro tem mais liberdade
De gozar a vida e a mocidade,
Logo encontra um par elegante
E sua vida muda num só instante:
Casa-se e dedica sua lealdade
No melhor tempo de sua boa idade
E acha a própria prisão fascinante.
Fechado no claustro que a alma escraviza, A servir mui contente a quem o prende, Idolatrando quem o martiriza.
Mas aquele que ama não entende
Que tudo ao amor não é mais que brisa: Voraz, consome e não se arrepende.
~ 11 ~
Meu Quarto
Vou passo a passo rumo ao paraíso
E sinto os perfumes angelicais
De incensos e dos vapores brumais
Por entre rosas, lírios e narcisos
Abrindo suas pétalas em sorrisos.
Anjos radiantes entre castiçais
De fogo e ouro e mais luz, mais e mais...
Cantando após o último juízo.
É uma paz... Ah, que infinita paz
Que se estende pela verde grama
Onde o descanso eterno me apraz!
Rios d’águas cristalinas, a fluida chama, Vivificam o espírito fugaz
E brotam no coração de quem ama.
~ 12 ~
Chuva de Finados
A chuva cai
Do céu carregado, triste e cinzento, Sobre quem vai
Ao cemitério no seu desalento
Ver os que foram
Desta vida lhes deixando seu luto,
E eles choram
Pelos saudosos entes impolutos.
Lágrima tanta
Que se soma à chuva de finados,
E um som canta
A viúva pela alma do amado.
O pai ao filho
Lamenta a perda na sua juventude,
E vê-se o brilho
De velas acesas na quietude.
À mãe a filha
Faz uma comovida oração,
Sua alma brilha
Como vela acesa no coração.
~ 13 ~
Vão ao Cruzeiro
Orar pelos muitos amigos,
E os sem-dinheiro,
Em memória dos santos e mendigos.
Muitos parentes
Jazem acompanhados nas capelas;
Vivos doentes
Terão na morte o fim de suas mazelas.
Vasos de flores,
Crisântemos, cravos e belas coroas
Enchem de cores,
Sob a chuva, os túmulos das pessoas.
Mês de novembro,
No máximo apogeu da primavera,
É que me lembro
Que a morte não é o fim de uma era,
Mas sim que a vida
Há de ressurgir esplendidamente,
Tão renascida,
E após a chuva vem o sol ardente.
~ 14 ~
Amor de Doação
É pelos gestos de humanidade
Que se mede o valor de uma pessoa;
Mônica, na vida nada é