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Histórias De Carreiros
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E-book320 páginas3 horas

Histórias De Carreiros

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Sobre este e-book

Com a evolução tecnológica, gradativamente os carros de boi foram substituídos por meios de transportes modernos. Hoje são raros os fazendeiros que os utilizam no dia a dia em suas fazendas e consequentemente as histórias e a rica tradição dos carreiros estão desaparecendo. No livro Histórias de carreiros, o filósofo Rogério Corrêa fez uma longa pesquisa junto aos carreiros, candeeiros e sertanejos para resgatar algumas das histórias, causos e crendices, no intuito de passá-las adiante para que futuras gerações tenham a oportunidade de conhecê-las também. Histórias de Carreiros tem a capacidade de povoar o imaginário do leitor com as diversas situações vivenciadas pelos contadores, e fazer pensar no quanto as vidas deles eram sofridas, simples, e, ao mesmo tempo, instigantes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de fev. de 2024
Histórias De Carreiros

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    Histórias De Carreiros - Rogério Corrêa

    Capa do livro Histórias de Carreiros

    Copyright © 2019 by Rogério da Silveira Corrêa

    Instituto Cultural de Escritores do Brasil — ICEIB

    Contato com o autor: rogerioscorrea@gmail.com

    Capa: ID Arte Digital — idartedigital@gmail.com

    Revisão: Maria DSA — maria.montillarez@gmail.com

    A reprodução parcial ou total desta obra, por qualquer meio, somente será permitida com a autorização por escrito do autor (Lei 9.610, de 19/03/1998).

    Catalogação na Fonte: Maria Isabel Schiavon Kinasz (CRB 9/626)

    C824

    ​Corrêa, Rogério

    Histórias de Carreiros,  Rogério Corrêa. / [recurso eletrônico]. / 1ª edição atualizada. Brasília, DF: ICEIB, 2019.

    14.278 Kb.

    ISBN 978-85-67550-18-3

    1. Carros de boi – História. 2. Folclore – Brasil.

    I. Título.

    CDD 320.01 (22.ed)

    CDU 398 (81)

    Rogério Corrêa

    HISTÓRIAS DE CARREIROS

    1ª edição atualizada

    Brasília, DF

    ICEIB

    2019

    Brasão do Instituto ICEIB

    Agradecimentos

    Agradeço a minha família e amigos pelo apoio e compreensão. Aos carreiros, candeeiros e entusiastas da cultura do sertanejo, especialmente dos carros de boi, que contribuíram no fornecimento de informações seguras, concedendo entrevistas, contando histórias, causos e piadas, dando sugestões e variadas formas de auxílios essenciais para que este trabalho fosse concluído.

    Rogério Corrêa

    Nota do autor

    Por ter morado parte da infância e juventude em uma propriedade rural no município da bela e próspera cidade  Vazante ― MG, tive oportunidade de ouvir o meu pai e pessoas mais velhas da região contar histórias (causos), piadas e crendices populares (reconheço que alguns daqueles causos me marcaram profundamente) e neste trabalho busquei resgatar alguns deles e continuar a pesquisa com o intuito de passá-los adiante para que outros tenham a oportunidade de conhecê-los também.

    Desde o ano 1994 tenho participado de festividades envolvendo carros de boi, e de alguns anos para cá passei a estudá-los (vide livro Festas de Carros de Boi)[1]. Em alguns anos acompanhei todo o percurso a cavalo; noutros, a pé, ou indo a pontos pré-definidos para colher boas imagens e entrevistar os carreiros e visitantes. Também, procurei pesquisar em outras cidades e estados para que ficasse uma obra mais abrangente.

    Apresentação

    Quando se fala em contadores de causos quase sempre vem à nossa mente um estereótipo. A imagem preconcebida é de um senhor de chapéu, camisa xadrez, sentado em um banco, que fuma cigarro de palha e que é um nato contador de causos.

    Contudo, as histórias, causos e contos narrados neste livro não foram contadas por pessoas com esse estereótipo. Dentre elas existem homens e mulheres do campo e da cidade, alguns de baixa escolaridade, mas outros, até doutores. No entanto, eles possuem algo em comum: a paixão pelos carros de boi e pela cultura do sertanejo.

    Imagem de um carro de boi com sua boiada subindo a Serra da Boa Vista que fica no município de Vazante/MG.

    (Reprodução – foto: Rogério Corrêa)

    Para conseguir juntar esses causos em um só trabalho, foram necessários vários anos de pesquisa e muita insistência junto aos carreiros, candeeiros e participantes de festividades de carros de boi. Muitas das vezes fiquei exausto de tanto andar a pé seguindo os carreiros para entrevistá-los e colher imagens.  Subindo e descendo serras, passei por veredas, córregos e riachos, engoli muita poeira, suei, passei frio, dormi debaixo de carros de boi e acampei onde eles estavam para experienciar melhor o que cada um deles experimentava nessas festividades.  Se me perguntarem se valeu à pena passar por tudo aquilo, responderei que sim e que pretendo continuar fazendo isso por muitos anos! Talvez eu seja, exatamente como eles, só ainda não tenho certeza.

    Vale lembrar que a maioria dessas festas acontece nos meses de junho e julho, época em que o sol queima nossa pele, caso não estejamos devidamente protegidos; o tempo é bem seco, com muita poeira e frio.

    Foi justamente nessa época que consegui a maioria dos causos, por gostar de tirar férias nessa ocasião, para participar de algumas festas de carros de boi.  

    Imagem de um carro de boi com sua boiada percorrendo a Serra da Boa Vista que fica no município de Vazante/MG.

    (Reprodução – foto: Rogério Corrêa)

    Alguns causos do livro Festas de Carros de Boi serão repetidos aqui, a fim de que, o leitor que não teve acesso àquele livro, encontre neste, direcionado somente aos causos, um conteúdo mais amplo deles.

    Ressalto que, principalmente devido aos diferentes graus de formação acadêmico-escolar, conforme já mencionei, notar-se-ão diferentes modos de os carreiros, candeeiros, moradores do meio rural e participantes daquelas festividades, contarem seus causos e piadas.

    As formas como muitos dos causos foram concebidos, dão um tom todo especial à narrativa. Isto porque vários aconteceram aos próprios contadores, familiares, amigos ou conhecidos, além de eles se encontrarem em ambiente propício à narração desses fatos, ou seja, debaixo dos toldos ou barracas montadas após um dia de muito trabalho e vários quilômetros percorridos a pé ou no lombo de cavalos ou muares.

    Ao entardecer esses carreiros chegam ao destino, tiram as arreatas dos animais e tralhas dos carros de boi e montam seus toldos e barracas, depois, tomam banho em riachos ou em chuveiros improvisados por preferirem seguir os costumes dos antigos. Há os que preferem banho de chuveiro elétrico, esses seguem para fazendas próximas ou na própria infraestrutura do local.

    Posteriormente se reúnem para colocarem as prosas em dia e para prepararem o jantar. Aqueles momentos de descontração são os melhores para ouvir boas histórias, piadas e cantoria ao redor do fogão à lenha.

    Visto que o anoitecer deixa tudo mais rústico e fascinante, muitos aproveitam para petiscar e tomar suas bebidas preferidas. Isso não falta! Mesmo em dia de noites muito frias, esses participantes não desanimam. Eles estão ali com intuito maior, que é carrear e vencer os contratempos, independendo de quais sejam. Há um sentimento de amizade e de cooperação entre eles. 

    Um dos pontos mais positivos dessas festividades é a amizade crescente que eles possuem uns pelos outros e seus familiares. Isso faz com que várias gerações se confraternizem, se respeitem e troquem experiências naquele ambiente harmônico. Contudo, se você não gosta de poeira e de passar frio, você não pode seguir a marcha da boiada. Deverá ir somente a alguns lugares predefinidos ou nos pousos para ouvir músicas, dançar ou aproveitar a programação do festejo.

    Com o objetivo de conseguir boas histórias busquei conversar primeiramente com pessoas mais experientes e depois com os mais novos de ambos os sexos e idades variadas. Apesar disso, a maioria dos relatos como já era esperado por mim, foram contados pelos mais velhos, que ainda mantém o hábito de ouvir e de contar causos.

    Enfatizo também que mesmo diante do aumento crescente da tecnologia e da propagação das informações pelo globo terrestre algumas daquelas pessoas acompanham os acontecimentos pelo rádio e pela televisão, e lá na roça mantém o hábito de ouvir e de contar causos como antigamente. Isso, notamos nas festas de carros de boi e ao visitá-los em suas fazendas.

    Ao chegar às suas residências, somos prontamente bem atendidos. Oferecem cafezinho, biscoitos, rapadura, doces, queijo ou outra iguaria apetitosa que só de lembrar dá água na boca. Não demora muito para a conversa seguir em direção aos causos que nos encantam e nos prende a atenção por muito tempo. Os assuntos são variados e podem passar pelo cotidiano deles, carreadas, caçadas, assombrações, anedotas, tudo depende das suas inspirações e lembranças naquele instante.

    Por último, Histórias de carreiros[2]têm por finalidade relembrar à sociedade o valor que os carros de boi e as tradições que os cercam teve e ainda têm para muitos milhares de pessoas espalhadas pelo país afora, inclusive, em dezenas de municípios essas festividades fazem parte do calendário cívico.  Constata-se que tem aumentado gradualmente as festividades com esse meio de transporte singular, apaixonante e que nos faz lembrar um passado tão distante e memorável.

    Os carros deboi

    Para se ter noção da origem dos carros de boi, vestígios muito claros dão conta de que a existência deles gira em torno de 7.500 anos. Há documentos datados de 6.000 anos, os quais tratam sobre o uso do carro de boi em toda a Ásia, das ourelas do mar Mediterrâneo às praias do oceano Pacífico, do Egito à China, com aplicações nas artes da paz e da guerra[3].

    Por conseguinte, são muitas as representações encontradas sobre o carro de boi, desde monumentos em várias localidades e em várias épocas, esculturas, pinturas, gravuras etc. Na Roma antiga o carro de boi foi utilizado em larga escala como veículo de transporte e arma de guerra. 

    No Brasil, o carro de boi foi o primeiro veículo que rodou nessas terras e foi trazido pelos Portugueses para ajudá-los na colonização. Naquela época os carros de boi eram usados para o transporte de materiais de construção, de produtos extraídos da terra, na construção dos primeiros engenhos de cana de açúcar, dentre muitas outras utilidades.

    Durante vários séculos os carreiros estiveram entre os principais responsáveis pelo transporte de produtos variados pelas estradas de nosso país. Só não levavam onde os terrenos não eram apropriados para tal.

    No auge do comércio de sal existia aproximadamente 2.500 carros de boi fazendo transporte de sal, somente nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Era um longo percurso e demoravam-se semanas para serem percorridos.

    Esse cenário mudou há pouco tempo, pois de acordo com Souza, foi realizado um recenseamento para verificar quantos carros de boi em uso existiam em 1939. Foram encontrados 4.142 no estado de São Paulo; no Território do Acre 58; no Amazonas 465; no Pará 261; no Rio Grande do Norte 654; na Paraíba 2.146; em Pernambuco 4.891; em Alagoas 4.148; em Sergipe 4.154; no Espírito Santo 644; no Rio de Janeiro 3.206; no Paraná 118; Rio Grande do Sul 46.950; Mato Grosso 1.372; Goiás 10.575. Em 1940, no estado do Maranhão havia 3.351 carros de boi; na Bahia 23.975; em Santa Catarina 14.144 (censo incompleto); em Minas Gerais, contavam-se com 53.073 dada a importância dos carros de boi para os mineiros. Contudo, o pesquisador achava que havia muito mais que os números divulgados[4].

    Desde a sua chegada ao Brasil os carros de boi desempenharam um papel de grande importância no desenvolvimento da nação e apenas depois da metade do século passado foram aos poucos sendo substituídos por tratores, caminhões, picapes ou outros meios de transportes mais modernos.

    Logo, se no passado os carros de boi eram um dos principais meios de transporte terrestre de carga, atualmente são poucos os que os utilizam para esse fim. A maioria os têm aproveitado para o festar. Vou explicar melhor: em muitos municípios, fazendeiros estão recuperando carros velhos, adquirindo ou encomendando carros novos para utilizá-los em encontros, mutirões, desfiles, festas de carros de boi, romarias ou exposições. Desse modo, eles continuam mantendo as tradições e identidade de seu povo vivas e influenciado os jovens a conservá-las.

    A maioria desses carreiros são tão apaixonados pela cultura dos carros de boi e labuta diária, nos dias de festividades, ou fora delas, que nos deixa fascinados, por ser algo tão rústico e ao mesmo tempo tão excêntrico em pleno século XXI, e ainda continuar sendo e fazendo história. 

    1º Capítulo

    CAUSOS DE CARREIROS

    Imagem de vários carreiros conversando durante a subida da famosa Serra da Boa Vista no município de Vazante/MG.

    Carreiro espertalhão

    Jovino Gonçalves Filho, 80 anos, descreveu que desde cedo o seu pai o obrigava a lidar com os bois. Só que não gostava do cantar do carro e sim do canto dos pássaros. Mesmo assim tinha de ajudar seu pai. Algumas das vezes, como candeeiro, ele deixava a boiada se adiantar, e, depois, tinha de sair correndo atrás para alcançá-los.

    Em alguns desses carretos, ele estava com muita fome e queria chegar logo em casa para almoçar ou jantar. Então, o jeito era apertar o passo para chegar rápido. Enquanto isso, pai dele pedia para andar mais devagar, principalmente nas descidas. Mas, a fome era tanta, que ele passara a pensar só com a barriga, e, evitava diminuir o passo. Algumas vezes, sua atitude fazia com que o carro tombasse.

    Inúmeras vezes a roda subiu no barranco ou em pedras grandes e tombou. Só que em vez de chegar cedo, tinha que desvirar o carro, arrumar a esteira e colocar o milho bem arrumado novamente. Sua vontade de chegar quase sempre os fazia demorar e passar mais fome.

    — Etâ tempo custoso e trabalheira! — suspira seu Jovino.

    Ele diz que gosta de ver os carros, só que carrear, de jeito nenhum! Se recorda de os seus tios mais velhos contarem das longas viagens que eles faziam para buscar sal, querosene ou outro produto industrializado. Às vezes, eles demoravam meses para ir e voltar de cidades longe, principalmente, em época de chuva, que fazia com que quebrassem mais as tralhas da boiada, e as arreatas arrebentavam muito.

    Mesmo levando bastante tralha de reserva, tinham que improvisar com o facão e machado, porque quebravam demais.

    Algumas vezes tinham de esperar dias até a chuva diminuir um pouco para seguirem viagem ou passar em riachos cheios.

    Outro grande sofrimento para eles com o excesso de chuva, dizia respeito à tampa da carga do carro, pois ela era de toldos de couro, e a chuva fazia com que eles pegassem bichos até furar.

    — Difícil! — Ele novamente suspira, como a voltar no tempo, e concluiu: — Hoje tudo é muito fácil.

    O Homem do toicinho

    Jovino Gonçalves Filho, 80 anos, contou que o avô de sua mãe carreava para outras bandas, um trajeto difícil e complicado.

    Ele tinha um conhecido que era metido a esperto e muito mau. Levava rolo de toicinho para trocar por querosene, só que para pesar mais, começou a colocar pedra dentro.

    Em pouco tempo, os comerciantes descobriram, e passaram a enfiar objetos pontiagudos para evitar a farsa.

    O sujeito, então, mudou a tática, mas não desistiu da trama, e começou a colocar excesso de sal nos rolos de toicinho, por ser um produto mais barato.

    Não demorou muito tempo, e os comerciantes descobriram que aquele homem prosseguia trapaceando. Para acabar de vez com o problema e servir de exemplo aos demais, resolveram eliminar o trapaceiro.

    Poucos dias depois o Carreiro espertalhão entregou uma nova carga de toicinho batizado com excesso de sal, mas, desconfiou do olhar de algumas pessoas. Mais ainda, duas delas o seguiram de longe, até onde ele passaria a noite à larga.

    Durante o trajeto, escutou um dos sujeitos que o seguiam a cavalo, falar para o outro que daquela noite o Homem do toicinho não passaria, e que iria servir de exemplo.

    Quando o sol estava quase se pondo, tirou seu carro e boiada do lugar no qual estacionara, colocando-o em outro local, só que não tinha como seguir viagem durante a noite.  Chegariam a Paracatu de tarde e não dava para voltar até o próximo pouso, pois era muito longe. Tinham de vender a mercadoria ou trocá-la por outras, principalmente por querosene, que era o produto mais fácil de vender, uma vez que naquela época não existia energia elétrica na sua região. Posteriormente, com os carros de boi carregados seguiam para uma larga onde os carreiros pernoitavam, só no outro dia de madrugada seguiam viagem.

    Naquela noite de lua cheia, avistou alguns cavaleiros procurando alguém, então decidiu que se ficasse ali seria o fim dele.

    Assim, largou tudo no local e fugiu para não ser morto. Depois de muito trabalho conseguiu encontrar e pegar a sua mula. Ficou com tanto medo que prometeu a ela que se conseguisse levá-lo até o porto das emas, lhe daria alforria. Para que ninguém o visse, ele andou bastante tempo fora da estrada e somente depois seguiu nela.

    Pela manhã, a mula já estava cansada de andar, e, chegando ao porto, avistou uma senhora fiando. Aproximou-se dela e pediu que o atravessasse de balsa urgentemente, ou seria o fim dele. Só que para isso ela receberia uma boa quantia em dinheiro. Também, se alguém o procurasse, ela deveria falar, que, bem mais cedo, tinha passado um sujeito ali com aquelas características. A mulher o atravessou, só que a mula tinha que descansar um pouco, e só depois, conseguiriam seguir viagem. Então, ele resolveu se esconder um pouco perto de um bambuzal e aguardar por lá para ver ser alguém o seguia.

    Quase uma hora depois avistou os tais homens que o seguiam, todos armados com carabinas

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