Parábolas

De Anderson Sathler Vieira

Neste livro, o autor expõe as parábolas de Jesus com cautela e perícia teológica, dando especial atenção à comparação entre as várias interpretações de origem judaica e greco-romana. Nos últimos cem anos, foram feitas mais averiguações sobre as parábolas, do que sobre qualquer outra seção de extensão comparável na Bíblia. Com isso em mente, o autor elaborou um compêndio parabólico, que assimila e compreende todas as críticas contemporâneas às parábolas, questionando o consenso predominante e fazendo uma edição memorável que se furta a falha das inúmeras possibilidades de definições e divisões. Este livro traz, portanto, um levantamento exclusivo e definitivo dos estudos e significados das parábolas, que serve como uma excelentíssima introdução ao assunto para leigos, estudantes e eclesiásticos, que estejam dispostos a se dedicarem, com profundidade a questões apuradas.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 10 de jan. de 2024

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Das Origens do Termo

Os Evangelhos veem Jesus como um homem que gostava de ensinar por parábolas. Ele gostava de ensinar contando histórias e fez cerca de um terço de seu ensino dessa maneira. Grande parte da matéria-prima dessas histórias vem da perspectiva sociocultural da época. Imagens do cotidiano colorem pequenas histórias cujo objetivo é conduzir o ouvinte a uma verdade específica. Essas parábolas eram pregadas em situações concretas da vida. Jesus queria esclarecer o verdadeiro significado da vida contando essas histórias. Ensinar através de parábolas tornou-se o único método de pregação de Cristo. Isso porque é simples, divertido e facilita o acompanhamento da narrativa pelos espectadores. As parábolas que Jesus contou não podem de forma alguma serem classificadas como fábulas ou lendas, mas também não podem ser consideradas histórias verdadeiras, embora assumam cores fortes tiradas da paisagem específica do público.

Ensinar por meio de parábolas não era algo novo entre os judeus. Mas em toda a literatura rabínica não há uma única parábola anterior à época de Jesus. No entanto, as raízes judaicas e os paralelos entre os rabinos e a parábola de Jesus foram gradualmente estabelecidos.

A partir de então, não se discute mais que as parábolas de Jesus devem (pelo menos formalmente) cair no âmbito do estilo narrativo judaico. Assim, textos do Antigo Testamento como Isaías 5.1-7; 2 Samuel 12:1-15; Juízes 9.7-15; 2 Reis 14:6 são considerados precursores das parábolas do Novo Testamento. Com isso, o termo hebraico מָשָׁל teria o sentido aproximado do termo grego usado na Septuaginta para parábola, a saber, παραβολή. A palavra é a junção de um verbo com uma preposição: Ballo (verbo) - jogar ou lançar; e Para (preposição): ao lado de.

Em linhas gerais uma parábola é uma história contada com efeito de comparação, cujo objetivo é apresentar uma verdade singular. Assim, a compreensão das parábolas pressupõe ouvintes que estão dispostos a seguir as ideias do falante e que são capazes de entender o ponto de semelhança entre a imagem e a coisa em si. Ou seja, perceber na história contada o seu significado espiritual.

A origem do termo grego parabole remete ao hebraico e ao aramaico. Em hebraico מָשָׁל mashal é o termo mais próximo da palavra grega παραβολή parabole.

O significado de mashal é determinado de acordo com o contexto, então em 1 Samuel 10:12; 24:14, significa provérbio; mas em Números 23:7, o significado é discurso figurativo profético; em Ezequiel 17:2, esse significado é um enigma; e no Salmo 49:4, esse significado é um poema.

A palavra fábula é traduzida da palavra aramaica Methal, que às vezes é traduzida como enigma.

A palavra mais comum para alegoria no Novo Testamento é parábola. Mas algumas traduções também citam a palavra grega paroimia porque seu significado é muito semelhante ao desta fábula. Paroimia em João 10:6 significa código ou parábola. Significa provérbio em 2 Pedro 2:22.

Introdução

Na ampla paisagem da literatura sagrada, a Bíblia permanece como um farol de sabedoria e inspiração divinas. Dentro de suas páginas estão inúmeras parábolas, narrativas queridas que cativaram corações e mentes por gerações. Essas parábolas, contadas pelo próprio Jesus Cristo, vão além dos limites do tempo e da cultura, oferecendo uma visão profunda dos mistérios do reino de Deus e das profundezas da condição humana. Elas são como joias cintilantes, esperando para serem descobertos e valorizados por seu poder transformador.

PARÁBOLAS - Uma Caminhada de Iluminação convida você a uma jornada sagrada de exploração e revelação. Como um teólogo profundamente imerso no estudo das escrituras, é meu profundo privilégio guiá-lo através do labirinto dessas narrativas extraordinárias. Dentro de suas narrativas aparentemente simples e familiares, descobriremos camadas de significado, alegoria e sabedoria espiritual que aprofundarão sua compreensão da palavra divina e iluminarão o caminho para o entendimento espiritual.

Este livro serve como um roteiro espiritual, conduzindo você pelo mundo encantador das parábolas da Bíblia. Juntos, embarcaremos em uma exploração das parábolas conhecidas, como a do Filho Pródigo, do Bom Samaritano e da Parábola do Semeador, bem como de tesouros menos conhecidos escondidos nos relatos do Evangelho. Com reverência e rigor acadêmico, esquadrinharemos os enquadramentos culturais, históricos e teológicos em que essas parábolas foram contadas, buscando desvendar as verdades atemporais que elas transmitem.

Por meio de uma exegese cuidadosa, vamos nos aprofundar no simbolismo subjacente e nas alegorias empregadas por Jesus em suas instruções. Exploraremos os o reino de Deus, a natureza humana, a moralidade e o poder transformador da fé que essas parábolas oferecem. Com base na rica erudição bíblica, esquadrinharemos diferentes interpretações, perspectivas teológicas e aplicações práticas dessas narrativas, permitindo que você se envolva com elas em um nível pessoal e profundo.

PARÁBOLAS - Uma Caminhada de Iluminação visa promover uma compreensão holística das parábolas, reconhecendo sua natureza diversificada e sua capacidade de ressoar com indivíduos de diversas origens e tradições religiosas.

Independentemente de sua afiliação religiosa ou jornada espiritual, essas parábolas possuem uma qualidade universal que fala à alma humana, convidando à reflexão, introspecção e transformação.

A ovelha — 2Samuel 12.1-4

A parábola da ovelha é encontrada no Livro de 2 Samuel, capítulo 12, versículos de 1 a 4. Essa parábola foi contada pelo profeta Natã ao rei Davi, como uma forma de confrontá-lo sobre seu pecado. O enquadramento dessa narrativa remonta ao adultério de Davi com Bate-Seba, esposa de Urias, um dos seus soldados.

No início do capítulo 12, o Senhor envia o profeta Natã para confrontar Davi com sua transgressão. Natã chega até Davi e conta-lhe uma narrativa sobre um homem rico e um homem pobre. Ele diz a Davi que o homem rico possuía um grande número de ovelhas e gado, enquanto o homem pobre tinha apenas uma ovelha pequena, que era como uma filha para ele e sua família.

Na parábola, a ovelha do homem pobre é descrita como sendo muito amada e especial para a família. Ela cresceu com eles, comia de sua comida, bebia de seu copo e dormia em seus braços. A ovelha era uma companheira fiel e valiosa para o homem pobre.

No entanto, o homem rico tinha uma visita inesperada e, em vez de sacrificar uma de suas muitas ovelhas e gado para alimentar o viajante, ele decide tomar a única ovelha do homem pobre para servi-la ao hóspede.

O homem rico ignora completamente o apego emocional e a importância da ovelha para o homem pobre e, egoisticamente, toma o que não lhe pertence.

Ao ouvir a narrativa, Davi fica indignado com a atitude do homem rico e diz a Natã: Tão certo como vive o Senhor, o homem que fez isso merece morrer! Por causa do cordeiro ele terá que pagar quatro vezes o valor, por ter feito uma coisa dessas e por não ter tido pena. (2 Samuel 12:5-6).

Natã, então, olha diretamente nos olhos de Davi e diz-lhe que ele é o homem rico na narrativa. Ele revela que a ovelha representa Bate-Seba, a esposa de Urias, e o homem pobre é Urias. Natã acusa Davi de ter tomado a única esposa de Urias e cometido adultério com ela, além de ter ordenado a morte de Urias no campo de batalha para encobrir seu pecado.

Essa parábola serve como uma estratégia inteligente de Natã para confrontar Davi sobre seu pecado de forma indireta. Ao contar uma narrativa fictícia, ele permite que Davi se identifique com o personagem indignado e faça um julgamento justo sobre a injustiça cometida pelo homem rico. Somente quando Davi expressa sua indignação e desejo de justiça, Natã revela que ele é o homem rico na narrativa, levando-o a