Ashram

De Ana Luiz

Na antiga Lusitânia habitava um velho eremita. A sua solidão era apenas interrompida por esporádicos viajantes, provenientes das tribos do território. Mas um dia, o respeitado ancião recebeu na sua cabana, um forasteiro perdido que se revelou muito especial.

• Idioma: Português
• Editora: Ana Luiz
• Data de lançamento: 20 de nov. de 2015
• ISBN: 9781311269935

Ana Luiz

Nasceu em Vendas Novas (Alentejo, Portugal) em 1974. Filha de emigrantes, passou grande parte da sua infância em Londres, onde recebeu uma educação católica. Esses anos na Christ The King School e a continuação no Colégio Laura Vicuña em Portugal, foram decisivos na sua formação, e no desenvolvimento do seu gosto pelas letras. Inquieta e curiosa, nunca foi capaz de se fixar apenas numa área de interesse. Aos 17 anos, ingressou na Força Aérea Portuguesa, naquela que foi a primeira incorporação com militares de ambos os sexos em Portugal. Após seis anos na FAP onde foi especialista de comunicações, ingressou na banca onde permanece até ao presente, desempenhando funções na área da informática. Em paralelo com a sua vida profissional, completou a licenciatura (pré-bolonha) em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, no ISPA (Instituto Superior de Psicologia Aplicada), e o mestrado em Informática Aplicada à Sociedade da Informação e do Conhecimento, no ISCTE-IUL (Instituto Universitário de Lisboa). A leitura e a escrita desde cedo ocuparam um lugar na sua vida, mas apenas enquanto passatempo. Foi em 2013, após ter fundado o blogue literário Linked Books, que se aproximou do mundo editorial e começou a partilhar publicamente o que escreve.

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Ashram

por Ana Luiz

Nos antigos territórios da Lusitânia, existiu em tempos um velho eremita. Habitava uma humilde e precária cabana no alto de uma montanha, numerosos quilómetros apartado de qualquer tribo do território. Junto à cabana, carvalhos, pinheiros e arbustos silvestres polvilhavam o local, irrigados por uma nascente que brotava entre duas negras e titânicas rochas. Na única divisão da indigente habitação, um enorme e rugoso tapete figurava ao centro, e o amontoado de folhas secas onde o eremita passava as noites, elevava-se junto a uma das barrosas paredes. Numa das extremidades, as cinzas revelavam o local onde o lume era aceso nas noites mais frias. Surpreendentemente, enormes volumes com capas em couro empilhavam-se numa das paredes, forrando-a como se de uma segunda parede se tratasse. Esta impressionante quantidade de livros formava um espetáculo fascinante naquele contexto. Mais admirável ainda era o facto de todos aqueles livros terem sido escritos pela mão do próprio eremita. Era assim, escrevendo em grossos volumes, que o velhinho eremita passava os dias e muitas das noites.

A sua solidão era por vezes interrompida. Espaçadamente recebia e oferecia hospedagem a um viajante designado por uma das várias