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A Viúva e o Órfão
A Viúva e o Órfão
A Viúva e o Órfão
E-book434 páginas5 horas

A Viúva e o Órfão

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Sobre este e-book

Pepper Taylor apanhou muito da vida e do amor por mais vezes do que conseguia contar. Ela finalmente encontrou o homem dos seus sonhos em Gabriel Seigal, mas, quando ele é diagnosticado com uma doença devastadora, o futuro deles se desfaz em vários pedaços. Como se isso não bastasse, o surgimento inesperado de uma criança ao mundo deles causou outra reviravolta no universo cósmico. Pepper conseguirá percorrer os caminhos sufocantes da tristeza, da perda e da maternidade inesperada?

IdiomaPortuguês
EditoraJ.A.
Data de lançamento11 de jun. de 2018
ISBN9781547534876
A Viúva e o Órfão

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    Pré-visualização do livro

    A Viúva e o Órfão - J.A. Thomas

    A Viúva

    e o

    Órfão

    ––––––––

    J.A. THOMAS

    Outras obras de J.A. Thomas

    A Viúva e o Astro do Rock

    A Viúva e o Testamento

    You Know What? Let Me Tell You... (ainda não traduzido)

    Greetings from a Manic Mind (ainda não traduzido)

    ––––––––

    Título original: The Widow and the Orphan

    Tradução: Caroliny B. A. Dellaparte

    Copyright © 2016 J.A. Thomas

    Capa: James, GoOnWrite.com

    Foto da Autora: Chasing Light Photography

    Todos os direitos reservados.

    Primeira Edição do eBook: Junho de 2016

    Segunda Edição do eBook: Outubro de 2017

    A história desta obra é fictícia. Qualquer semelhança dos personagens com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. A autora assume total responsabilidade por quaisquer erros e detém o direito exclusivo sobre este trabalho. É proibido fazer a cópia deste livro sem autorização.

    Este eBook é autorizado somente para o uso pessoal. Se quiser compartilhar este livro com outra pessoa, por favor compre uma cópia para cada leitor. Obrigada por respeitar o trabalho duro desta autora.

    ISBN-13: 978-1534659636

    ISBN-10: 1534659633

    Mais informações:

    http://www.jenniferathomas.com

    Súmario

    Dedicatória

    Agradecimentos

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Capítulo 13

    Capítulo 14

    Capítulo 15

    Capítulo 16

    Capítulo 17

    Capítulo 18

    Capítulo 19

    Capítulo 20

    Capítulo 21

    Capítulo 22

    Capítulo 23

    Capítulo 24

    Capítulo 25

    Capítulo 26

    Capítulo 27

    Capítulo 28

    Capítulo 29

    Capítulo 30

    Capítulo 31

    Capítulo 32

    Capítulo 33

    Capítulo 34

    Capítulo 35

    Capítulo 36

    Capítulo 37

    Capítulo 38

    Capítulo 39

    Capítulo 40

    Capítulo 41

    Capítulo 42

    Capítulo 43

    Capítulo 44

    Capítulo 45

    Capítulo 46

    Capítulo 47

    Capítulo 48

    Capítulo 49

    Capítulo 50

    Capítulo 51

    Capítulo 52

    Capítulo 53

    Capítulo 54

    Capítulo 55

    Capítulo 56

    Capítulo 57

    Capítulo 58

    Capítulo 59

    Capítulo 60

    Epílogo

    Sobre a Autora

    Nota da Autora

    Dedicatória

    Para minha família,

    Três é o número da sorte.

    Agradecimentos

    Parece que sempre agradeço às mesmas pessoas pelos mesmos motivos. Isso serve para mostrar que tenho uma enorme rede solidária e amorosa de amigos, escritores e família que faz toda a diferença.

    Gale Deloney e Pam Campbell-Deloney: mais uma vez, vocês fizeram de tudo para me ajudar a tornar os detalhes médicos tão realistas e plausíveis quanto possível.

    Natalie Rhymer, Jason Dandy, Tuesday Twomey, Brian Grant e Matt Gross: o Clube de Escrita é uma parte integrante do meu processo de escrita. Sem isso, nenhum dos meus livros teria se concretizado. Eu devo MUITO a todos.

    Madeline Freeman, Parker Cole, Andy Lockwood, Bailey Soper e Sara Beth Cole: a Powerhouse nunca deixa de me surpreender com o tanto que seus membros tem a ensinar e dar. Que todos nós possamos alcançar o nível de sucesso que queremos e então passá-lo adiante para os próximos.

    Beth Dagitses, Lisa Hudson, Ruth Gross, Janine Cairo e Tina Wilson: minhas corajosas leitoras betas. Sem vocês, as pequenas coisas estariam perdidas. Obrigada por pularem nessa junto comigo.

    Capítulo 1

    ― Não posso acreditar que estou quase me acostumando com isso.

    Pepper Taylor piscou para sua melhor amiga, Vivienne Foster. Elas esperavam sua vez de entrar no tapete vermelho na estreia, em Los Angeles, do filme baseado no livro mais vendido de Viv, A Viúva de Militar.

    ― Eu disse que ficaria mais fácil. ― Ela deu um tapinha na barriga enorme de Viv e sorriu quando sentiu o chute do bebê. ― E ajuda a exibir isso. Quando você se sente feliz, sua aparência é ótima. E querida, você está em êxtase!

    Viv riu e acariciou sua barriga através do material sedoso de seu vestido da marca Valentino.

    ― Isso definitivamente me deixou mais calma. De certo modo, eu não me importo mais com toda essa atenção.

    Pepper resmungou.

    ― Ah, claro, você vai me empurrar para fora do caminho e vai fazer careta para todas as câmeras. Já estou prevendo isso. ― Ela fingiu virar a cabeça fungando de tristeza, mas não conseguiu manter uma cara séria. Ela gostava de provocar sua melhor amiga.

    ― A única coisa que vou empurrar é esse bebê, e será para fora de mim. Deus, eu estou feliz, mas já estou cansada dessa gravidez. ― Vivienne estremeceu quando pressionou as costas com as duas mãos. ― As minhas costas estão me matando o dia inteiro. Acho que dormi de mau jeito na noite passada.

    Pepper lhe deu um sorriso simpático, desejando que pudesse entender o que Viv estava passando. Claro, uma dor nas costas desagradável era uma coisa que todos experimentavam de vez em quando, mas uma gravidez não era para Pepper. Definitivamente não estava no meu destino, ela pensou. Mas isso não era um problema para ela. As crianças nunca estiveram em seu radar e, apesar de estar contente por Viv, não era algo que planejava para si mesma.

    Observando Viv esfregar as costas e mudar de um pé para o outro, Pepper olhou em volta procurando por uma cadeira ou alguma coisa para ela se apoiar.

    ― Não deve demorar muito mais. Você quer se sentar?

    ― Claro que não! Talvez eu não consiga me levantar!

    Elas se apoiaram uma na outra e riram no momento em que seus acompanhantes se juntaram a elas, carregando garrafas de água e guardanapos cheios de aperitivos. Will Foster usava o look casual de astro do rock em seu smoking simples preto e camisa social branca sem gravata. O cabelo castanho dele estava despenteado, mas do jeito elegante que era tão popular, e Pepper achou que ficava bem nele. Will se aproximou para beijar Vivienne, mas tudo o que conseguiu foi beijar a testa dela, pois ela estava concentrada na comida.

    ― Obrigada ― ela disse com a boca cheia de queijo. ― Sinto como se eu não tivesse comido o dia inteiro.

    ― Seu desejo é uma ordem, querida. ― Will estendeu pacientemente a mão e fez uma bandeja improvisada enquanto ela devorava cada aperitivo.

    Gabe também ofereceu alguns queijos e biscoitos a Pepper, mas ela recusou. Em vez disso, ela observou sua melhor amiga comer e suspirou, um pequeno sorriso levantando os cantos de sua boca. Em menos de dois anos, Viv resolveu sobre a propriedade de sua mãe no Michigan, mudou-se permanentemente para a Califórnia e se casou com o homem de seus sonhos enquanto o filme do seu livro estava sendo feito. A maior surpresa, é claro, foi a gravidez. Tinha sido inesperada e não planejada, mas foi a cereja em cima do bolo da vida de Viv.

    Pepper se aconchegou em Gabe, feliz e grata por estar exatamente ali naquele momento. Se não fosse por Viv, Pepper nunca teria conhecido Gabriel Seigal, o amor absoluto de sua vida. Às vezes, era difícil para ela entender como eles haviam se encontrado, pois não era o tipo de pessoa que acreditava no destino, Deus ou qualquer coisa assim. Em vez disso, ela atribuía a maior parte de sua vida ao caos que era o universo, com as tragédias e os triunfos. Eles se apaixonaram e se tornaram dedicados um ao outro, e Pepper queria garantir que continuassem sempre assim.

    ― Você vai comer isso? ― Vivienne apontou para o guardanapo que Gabe segurava na mão.

    ― Não. Fique à vontade ― disse Pepper, seus olhos brilhando com humor, mas não querendo ferir os sentimentos de Viv. ― Mas coma logo. Você e Will são os próximos.

    ― E depois somos nós. ― Gabe acariciou sua orelha e deu um rápido beijo lá. Ele estava tão bonito e distinto em seu smoking azul-marinho, gravata preta e camisa branca. Pepper sentia seu coração palpitar toda vez que o olhava. Os fios brancos no cabelo dele estavam aparecendo mais do que quando se conheceram, mas seus olhos azuis ainda eram gentis e acolhedores. Ele estava com uma leve barba muito bem aparada, o que aumentou sua aparência elegante.

    ― Você está deslumbrante, querida.

    Aquele sotaque britânico sempre lhe dava arrepios. Ela sentiu suas bochechas ficarem vermelhas com o elogio e olhou para baixo, examinando o seu vestido da marca Donna Karan. A cor amarela complementava sua pele bronzeada com perfeição e todos os cristais brilhavam como estrelas individuais na bainha simples.

    ― Obrigada. ― Ela estendeu a mão para cobrir o rosto dele e encostou sua bochecha com a dele. Fechando os olhos, ela suspirou e gostou da sensação da leve barba dele. Logo, seus lábios se juntaram e o calor familiar da paixão se espalhou por seu corpo.

    Uma assistente de produção apareceu e interrompeu o momento íntimo limpando a garganta e começando a arrumá-los para a entrada no tapete vermelho. Ela pegou habilmente todas as garrafas de água e o lixo, equilibrando-os com a prancheta e o fone de ouvido, sem nunca perder o sorriso em seu rosto. Pepper optou por ficar com sua garrafa e a assistente lhe deu um olhar duvidoso. Pensando rapidamente, ela escondeu a garrafa entre as dobras de seu xale.

    ― Melhor?

    ― Perfeito. Esperem a Sra. Streep se mover para a próxima parada e sigam em frente. ― A assistente acenou com a cabeça e correu para instruir o próximo casal atrás deles.

    Segundos depois, Pepper observou Vivienne e Will se aproximarem da primeira parada ao longo do tapete vermelho. Havia quatro lugares diferentes em que eles precisavam parar e fazer poses para os fotógrafos. Pepper franziu a testa quando notou o ritmo lento de Vivienne.

    ― Tem alguma coisa errada ― sussurrou para Gabe. Ela apertou seu braço junto ao dele enquanto se esforçava para ver a expressão no rosto de Vivienne. O sorriso dela parecia natural e, quando Viv olhou para o rosto de Will, ela parecia sublime.

    Talvez eu esteja sendo paranoica.

    ― Vamos, amor. ― Gabe a puxou para eles irem em frente. Vivienne e Will estavam indo para o próximo espaço, deixando a primeira parada livre. ― Sorria.

    ― Essa é a primeira vez que alguém tem que me lembrar de fazer isso. ― Ela instantaneamente colocou um sorriso deslumbrante no rosto enquanto as câmeras trabalhavam para fotografar cada momento. Mas Pepper não conseguia tirar os olhos de Vivienne. Não só o ritmo de seus passos diminuiu, mas agora o balanço de seus quadris estava diferente, quase como se estivesse mancando.

    ― Pepper! Pepper! ― Os fotógrafos gritaram, tentando fazê-la olhar para eles. A resposta natural ao ouvir o seu nome a fez virar o rosto para a frente por meio segundo, mas, em sua visão periférica, ela viu Vivienne tropeçar e se inclinar sobre Will.

    ― Viv! ― gritou Pepper, enquanto corria até sua melhor amiga, ignorando o resto da multidão, confiando que Gabe a seguiria. Quando chegou o lado de Vivienne, ela podia ver um olhar de dor e horror lá. Pepper sabia que uma confusão estava prestes a acontecer.

    ― Você precisa me tirar daqui! ― Viv gemeu, apertando sua barriga. O barulho da multidão aumentou, e o clique e o flash das câmeras se intensificaram. Pepper podia sentir a respiração dos fotógrafos à medida que eles avançavam, esforçando-se contra as barricadas para que pudessem obter a melhor foto.

    ― O que aconteceu? ― Pepper colocou seu braço no de Vivienne e, junto com Will, levantou-a. ― Gabe, vá buscar ajuda! ― Com um aceno rápido, ele saiu correndo.

    ― Acho que minha bolsa estorou. ― Viv falou entre os dentes cerrados e um sorriso de dor. ― E acredito que a sensação cortante na minha barriga é uma contração.

    ― Ah merda! ― Pepper se virou, procurando por Gabe e por ajuda.

    ― Eu vou matar o Dr. Perry ― murmurou Will. ― Ele disse que você estava bem, que devia demorar mais duas semanas.

    ― Sim, mas acho que esse bebê tinha outra opinião ― resmungou Vivienne, cavando suas unhas no braço dele, enquanto tentava se manter em pé.

    ― Precisamos chamar uma ambulância. Viv, não se mexa, fique parada! ― Pepper entrelaçou sua mão com a dela.

    ― Aqui? Com todas essas câmeras? Você está maluca? ― Vivienne gemeu. Ela deu um passo, depois congelou.

    ― O que foi agora? ― Pepper ficou paralisada devido ao olhar horrorizado no rosto de Vivienne.

    ― Hã... Agora minha bolsa estorou de verdade.

    Pepper olhou para baixo e viu um ponto molhado no vestido de Viv e uma pequena poça entre seus pés ligeiramente inchados nas sapatilhas de cetim preto.

    ― Ah meu Deus! ― Vivienne gritou. Ela estava paralisada na poça e começou a hiperventilar, então Pepper tirou sua garrafa de água do seu esconderijo, abriu a tampa e despejou no chão em um movimento suave.

    ― Ah, olhe o que eu fiz! Sou uma desastrada! ― Ela vociferou enquanto os funcionários do evento secavam a área com guardanapos. Pepper segurou Vivienne pelo cotovelo para continuar andando em frente. Tenho que tirá-la daqui.

    Outra assistente de produção surgiu por trás da parede temporária que era o cenário do evento e os conduziu para escapar dos olhos da mídia. Eles deram apenas dois passos e os paramédicos já estavam ao seu lado, colocando Vivienne na maca.

    Com Will segurando a mão esquerda e Pepper a direita, Vivienne tentava respirar profundamente, mas isso não parecia ajudar a parar as lágrimas. Ela olhou para cada um deles e franziu a testa.

    ― Sinto muito ― ela sussurrou. ― Sinto muito.

    ― Pelo o que você está se desculpando? ― Pepper exigiu saber. ― Você está tendo um bebê. Não se desculpe por nada. ― Ela acariciou a mão de Vivienne e assentiu para enfatizar o que disse.

    ― Eu estraguei tudo.

    ― Não, você não estragou. ― Will corria para se manter ao lado da maca, mas, mesmo assim, conseguiu se inclinar e beijar a bochecha dela enquanto falava.

    ― Claro que não! ― insistiu Pepper, desejando que pudesse tirar seu salto alto. Isso era tudo o que eles precisavam, ela tropeçando e caindo de cara no chão enquanto tentava acompanhar a maca.

    Vivienne resmungou, mas Pepper não encerrou o assunto.

    ― Estou falando sério! Quando foi a última vez que você viu uma mulher linda usando Valentino entrar em trabalho no tapete vermelho? O filme não poderia ter uma publicidade melhor.

    ― Você parece o Jake. ― Vivienne apertou os dentes e fez uma careta.

    Pepper sorriu ao pensar no agente egoísta de Viv.

    ― Bem, se a carapuça serviu.

    Quando os paramédicos colocaram Vivienne na parte de trás da ambulância, lágrimas escorreram por suas bochechas.

    ― Estou com medo ― ela sussurrou quando Will subiu ao seu lado e Pepper foi forçada a soltar a mão de sua melhor amiga. Um nó se formou em sua garganta, mas ela se obrigou a engolir e sorriu para Viv.

    Pepper piscou e levantou o queixo.

    ― Viu? Eu sabia que você iria roubar a cena!

    Capítulo 2

    ––––––––

    ― Que droga de trânsito! ― Pepper esbravejou do assento traseiro do táxi que eles tinham sido forçados a pegar, já que o carro deles estava bloqueado pelas outras limusines e veículos. Ela apertou a mão de Gabe e se inclinou para frente para espiar por cima do ombro do motorista.

    ― Você não pode ir mais rápido? ― A barriga dela se revirou e fraquejou com os nervos. Suas axilas estavam pinicando de suor e ela esfregou o xale bordado que carregava nelas. Isso não era uma agitação normal, o nível de ansiedade de Pepper estava nas alturas e ela não conseguia entender o porquê. Milhões de bebês nasciam todos os dias. Por que me sinto tão apavorada?

    ― Estou fazendo o melhor que posso, senhora. ― O motorista costurava os carros no trânsito, alternando freiadas e acelerações. Pepper habilmente se inclinava de acordo com cada movimento, o que a lembrou dos dias em que ela fazia corrida pela vizinhança com seu triciclo e Vivienne a perseguia. Agora, a situação era o contrário, Pepper estava desesperada para alcançar sua melhor amiga cuja amizade durava mais de trinta anos.

    ― Droga! ― Pepper resmungou quando eles tiveram que parar no semáforo e desejou que pudesse estar dirigindo. Eu teria passado direto na luz vermelha!

    ― Querida, nós vamos chegar lá a tempo. Ela não vai ter o bebê na ambulância. ― Gabe apertou sua mão e Pepper tentou se recostar no assento. Ela não conseguia ficar parada e ficou balançando os joelhos para cima e para baixo.

    ― Você não sabe disso! E se ela der à luz na ambulância? Eu disse a ela que estaria lá!

    Gabe a envolveu em um braço reconfortante, que ela tentou se livrar.

    ― Will está com ela.

    Pepper nunca admitiria isso, mas as palavras de Gabe a machucaram. Ele expressou o seu pior pesadelo. Agora que Viv tinha um marido e um bebê, em que lugar ela ficaria? Ela não sabia se poderia aguentar ser substituída. Ela resmungou e bateu nas coxas com os punhos.

    ― Os deuses do trânsito me odeiam!

    Gabe começou a riu e o olhar que ela lhe deu só fez aumentar sua diversão.

    Quando o táxi finalmente chegou ao hospital, Pepper mal esperou o carro parar para abrir a porta e, sem esperar por Gabe, começou a correr porta a dentro, deixando-o para pagar o motorista. As portas do elevador estavam prestes a se fechar quando a mão de Gabe surgiu entre elas. Ao se abrirem novamente, ele entrou e lhe deu um olhar irritado.

    ― Obrigado por me esperar.

    ― Desculpa. Eu sinto muito. Eu só...

    ― Tudo bem, querida. Eu entendo. ― Ele uniu seus dedos aos dela e apertou.

    Pepper sorriu como quem pede desculpas e se aproximou para lhe dar um beijo na bochecha.

    ― Estou com muito medo.

    ― Tente não ficar, amor. ― Gabe apoiou sua mão nas costas dela enquanto o elevador subia para a maternidade no terceiro andar.

    Pepper correu até a recepção perguntando por Vivienne, ansiosa para chegar à sua amiga e poder segurar sua mão, encorajando-a. Certamente haveria espaço para ela também, não é? Claro que Viv iria querê-la no quarto. Antes que a mulher atrás do balcão pudesse responder, Will veio correndo do corredor à direita.

    ― Pepper!

    ― O que está acontecendo?

    O rosto de Will estava pálido e suas mãos tremiam. O medo em seus olhos enviou um raio de terror na direção de Pepper e ela congelou.

    ― Eles a estão levando para cirurgia.

    ― Cirurgia? Como assim? O que houve? ― Pepper exigiu saber.

    Will passou os dedos trêmulos pelos cabelos e respirou fundo.

    ― O bebê está em posição pélvica. Eles precisam fazer uma cesariana. ― Ele parecia prestes a chorar, e Pepper o puxou e o abraçou com força.

    ― Está tudo bem, Will. É só uma cesariana. Pensei que você ia me dizer que ela estava morrendo ou algo assim. ― As pernas de Pepper enfraqueceram de alívio. Ela e Viv conversaram sobre a cesariana e a possibilidade de ter que fazer uma. Viv não estava preocupada com isso, então Pepper sentiu que tinha o dever de não se preocupar também. Hora de fazer uma cara alegre de novo.

    ― Ela está em boas mãos. Eles são ótimos médicos.

    As costas de Will estremeceram contra as pontas dos dedos dela quando ele inspirou de novo mais profundamente.

    ― É muito assustador ― ele sussurrou. Endireitando-se, ele deu um passo para trás. ― Tenho que ir. Eu só saí para avisar você.

    ― Vamos esperar aqui. Não vamos mexer um músculo.

    ― Obrigado, Pep.

    Ela o observou desaparecer pelo corredor e depois se virou para Gabe.

    ― Bem, agora acho que já posso tirar meus sapatos.

    Apesar do humor em suas palavras e do alívio que a inundou quando soube que Viv não estava morrendo, Pepper não conseguia se livrar da sensação incômoda de que algo não estava certo. Ela olhou para o corredor branco e vazio por onde Will tinha desaparecido e esperou que fosse apenas seu nervosismo hiperativo.

    * * * * *

    Algumas horas depois, Pepper ficou impressionada ao se encostar na lateral da cama do hospital de Vivienne. Gabe estava no pé da cama com um grande sorriso no rosto. O bebê estava nos braços da mãe e enrolado como um burrito. Will estava aconchegado ao lado deles e seus olhos grandes e cheios de amor, que poderiam pertencer a um cachorrinho, estavam fixados em sua filha. Uma enfermeira circulava pelo quarto, alternando entre verificar o soro e espiar o bebê.

    ― Ela é linda, Viv ― Pepper disse suavemente, estendendo a mão para acariciar a bochecha da bebê com o dedo.

    ― Sim, ela é.

    Pepper riu e imaginou quanto tempo demoraria até que um deles a olhasse nos olhos.

    ― Então, qual é o nome dela?

    ― Olivia Jane, em homenagem a minha mãe.

    E pronto. Pepper sentiu seu coração apertar e provavelmente teria chorado, mas conseguiu se segurar. Por muito pouco.

    ― Isso é maravilhoso, Viv. Sua mãe ficaria muito honrada e feliz.

    ― É, acho que sim. Mas vamos chamá-la de Jane. ― Ela finalmente desviou os olhos da bebê e deu a Pepper um sorriso bobo. Ela está muito dopada.

    ― Muito obrigada por estar aqui, Pep. Eu não poderia ter feito isso sem você.

    ― Sei. Eu não fiz nada. Só acampei na sala de espera. ― Ela apontou com o polegar para trás.

    Ainda segurando o bebê com força, Vivienne estendeu a mão e Pepper se aproximou para evitar que ela se movesse muito.

    ― Não, sua boba. Você acabou de fazer uma cirurgia complicada. ― O sorriso bobo de Vivienne ficou maior.

    Pepper afastou alguns fios de cabelo ruivo da bochecha de sua amiga que haviam se soltado do penteado.

    ― Você foi ótima, Viv. Estou orgulhosa de você.

    A pequena Jane bocejou e soltou um pequeno grito. O olhar de puro terror no rosto de Viv quase fez Pepper dar uma gargalhada. Nada como quebrar aquela bolha de felicidade com uma boa dose de realidade. Viv iria perceber em breve, assim que fosse expulsa do hospital em poucos dias com a bebê, que ela não sabia o que fazer. Não a culpe, eu também não teria nenhuma noção. Pepper não achou que levaria muito tempo para Viv pegar o jeito, por causa da mãe que ela teve. Cerca de cinco minutos, eu aposto.

    ― Talvez ela esteja com fome? ― Will perguntou, hesitante. Ele parecia tão assustado quanto Viv.

    ― Como eu vou saber ― Vivienne sussurrou.

    A enfermeira se aproximou e se ofereceu para levar Jane. Pepper podia ver a relutância nos olhos de sua melhor amiga e o instinto protetor no rosto de Will. Como de costume, ela se intrometeu na situação.

    ― Por que você não deixa a enfermeira a levar por um tempo, Viv? Você precisa descansar um pouco e você também, Will. Os dois parecem estar muito cansados.

    ― Mas li algo que dizia que eu precisava começar a amamentar imediatamente ― protestou Vivienne.

    ― Na verdade, você não pode começar por cerca de vinte e quatro horas. ― O tom da enfermeira era de desculpa e gentil. ― Você recebeu magnésio antes da cirurgia e precisa esperar ele estar fora do seu organismo antes de amamentar.

    Vivienne olhou para Will, depois para Pepper e de volta para a enfermeira. Então, ela começou a chorar.

    ― Eu não sei o que fazer!

    ― Calma, Vivvy. ― Pepper, assustada pelo descontrole, mas determinada a mantê-la tranquila, aproximou-se e acariciou o braço dela. ― Tudo bem, não se estresse.

    A enfermeira sentiu a urgência do momento e tirou Jane dos braços da mãe.

    ― Você vai descansar por um tempo e não precisa se preocupar com nada agora.

    Naquele momento, Jane já estava de volta para dormir e não estava em qualquer tipo de perigo. Pepper sabia que o conforto de Viv era mais importante. Ela bateu no braço de Will e ele finalmente a olhou.

    ― Diga a Viv que está tudo bem.

    ― Ah, certo ― gaguejou Will. ― Querida, está tudo bem. As enfermeiras sabem o que estão fazendo e você precisa descansar.

    Vivienne continuou fungando e esticando a cabeça de um lado para o outro, tentando dar uma olhada em Jane no berço. Pepper foi até o berço e o empurrou para o lado da cama, com a permissão da enfermeira. Assim que o bebê chegou perto, Vivienne se acalmou imediatamente.

    ― Pronto. Está melhor assim? ― Pepper pegou a mão de Vivienne e a levou até a cabeça da bebê.

    ― Muito. ― Vivienne suspirou de prazer e olhou para a filha até adormecer. Will se esticou, colocando o braço atrás dela, e logo estava roncando suavemente também.

    Ao observar os três dormindo, Pepper esqueceu seu medo de ser deixada de fora. Em vez disso, tudo o que ela pensou foi em quanto seria divertido ajudar sua melhor amiga a criar a filha e ser a louca, divertida e muito condescendente tia Pepper.

    Capítulo 3

    ––––––––

    ― Cadê o meu café?

    Pepper entrou no escritório na manhã seguinte, carregando não só a sua bolsa, mas também a bolsa de Vivienne cheia de arquivos e papéis que ela estava trabalhando antes de a bebê decidir fazer sua aparição prematura no tapete vermelho.

    A assistente delas, Lisa, estava sentada atrás de sua mesa, digitando fervorosamente e dançando em sua cadeira com a música que saía de seu iPod. Ela arqueou uma sobrancelha.

    ― No mesmo lugar de sempre. Na cozinha.

    Quando Viv se mudou para a Califórnia e começou de novo a Fundação Viúva de Militar, ela implorou a Pepper que subisse a bordo para ajudar. Sabendo que sua carreira de modelo não duraria para sempre e que não poderia simplesmente viver às custas de Gabe, Pepper concordou. Juntas, ela e Viv trabalharam duro para reconstruir a reputação da Fundação e voltar a ajudar as famílias de soldados que deram suas vidas por seu país. Pepper não conseguia acreditar em como o trabalho era gratificante. Ela se perguntava frequentemente se não deveria ter abandonado o sonho de Hollywood anos atrás e ido para a faculdade ou conseguido um emprego fixo. Seu charme natural e carisma foram uma grande vantagem para o departamento de relações públicas, e ela compareceu a todos os eventos que a Fundação organizou. Pepper experimentou uma sensação de ser útil e de ter um propósito que ela nunca sentiu antes.

    Pepper riu e largou as coisas no sofá de seu escritório, depois abriu caminho até a cozinha com seus saltos Jimmy Choo. Ela e Lisa tiveram uma falsa relação conturbada que foi só diversão, mas ainda fazia o cabelo de Viv ficar em pé.

    ― Você quer um pouco? ― gritou Pepper, enquanto colocava creme em sua xícara.

    ― Não, estou bem!

    Enquanto andava pelo corredor de volta ao escritório, Pepper manteve os olhos longe da xícara. Lisa ensinou esse truque a ela. Se você não olhar para o líquido na xícara enquanto caminha, ele não entorna. No minuto em que você der uma olhada, cai tudo.

    ― O que tem na agenda, garota?

    Lisa parou de digitar e pegou seu caderno.

    ― A lista revisada de contatos já está na sua mesa, com todos os números para que você não me incomode pedindo por eles. Eu incluí todas as ligações que Vivienne deveria fazer. Representantes de três lojas locais devem vir depois do almoço para discutir sobre descontos e publicidade. E você precisa ligar para agendar a narração da propaganda.

    Pepper franziu a testa e balançou a cabeça enquanto bebia um gole de café.

    ― Não, você precisa cancelar minha tarde. Eu posso fazer as ligações de manhã, mas vou sair a uma hora para ver Viv e a bebê.

    O olhar furioso de Lisa não era totalmente falso.

    ― Não posso cancelar com essas pessoas de novo. Eu os remarquei três vezes por causa das consultas médicas de Viv.

    Pepper tamborilou os dedos no seu queixo.

    ― Tudo bem. Você pode pedir para virem mais cedo?

    ― Posso tentar.

    ― Ótimo.

    Pepper ficou irritada por seus planos terem sido frustrados. Em geral, ela não se importava em fazer o que fosse necessário, até que isso interferisse em sua vontade de fazer o que quisesse.

    Tudo bem, vou ser uma adulta hoje.

    Sentada em sua mesa, Pepper ligou para toda a lista de contatos, que não era tão longa quanto poderia ter sido. Na maioria das vezes, eram ligações impessoais para doadores individuais ou empresas que haviam apoiado a Fundação no passado. Como Viv realmente detestava pedir dinheiro, a habilidade de Pepper de fazer com que as pessoas desembolsassem dinheiro era outra grande vantagem para a Fundação. É claro que ajudava o fato de a causa da Fundação ser muito digna. Não era como se Pepper tivesse que se esforçar muito para deixar isso claro para as pessoas. Mas, ainda assim, ela era uma voz suave e sedosa nos ouvidos das pessoas e isso ajudou a reforçar os cofres da Fundação. Quanto mais dinheiro conseguissem, melhor as famílias ficariam.

    Entre as ligações, ela mandou mensagens para Vivienne.

    Consegui que a família Burkhardts doasse U$100000

    Cafeteria Beans tá dando café grátis para piquenique em julho

    Como faço para o Snax Lunchbox deixar a gente fazer propaganda no site.

    Depois da décima mensagem, Will ligou.

    ― Oi, Pep.

    ― Ei! ― Ela imediantamente ficou cheia de perguntas sobre Viv e Jane, mas ele a deteve.

    ― Olha, preciso que você pare com

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