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Práticas interdisciplinares
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E-book278 páginas4 horas

Práticas interdisciplinares

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Sobre este e-book

Esta obra foi composta na intenção de auxiliar os professores da Educação Básica interessados em conhecer a Prática Interdisciplinar voltada para as séries iniciais do Ensino Básico de modo geral ou, especificamente, para a Educação Ambiental do 1º ao 9º ano e no ensino médio, além de fornecer subsídios para a introdução dessa temática nos cursos de formação de professores ao nível de graduação.

O leitor encontrará nestas páginas a descrição, a análise e a classificação de 34 Práticas Interdisciplinares ou Pluridisciplinares, relatadas em teses e dissertações, experenciadas no nível da Educação Básica nacional.

Como suporte para a compreensão da interdisciplinaridade no campo da Educação, esta obra apresenta renomados autores nacionais e internacionais e suas concepções das gradações de inter-relação disciplinar, expostas de modo claro, objetivo e discutidas do ponto de vista epistemológico e pedagógico.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2017
ISBN9788547304621
Práticas interdisciplinares

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    Pré-visualização do livro

    Práticas interdisciplinares - Marilac Luzia de S. Leite S. Nogueira

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    Este livro, síntese de anos de árduo trabalho de pesquisa amealhado com longas horas de estudo, furtou-me de muitos momentos com meus familiares, a quem dedico esta obra:

    Ao meu marido, grande parceiro e incentivador, que sempre me apoiou por todos estes anos;

    Às minhas queridas filhas, Lilian e Taileah, pelo apoio, pelo incentivo e pela compreensão da ausência materna.

    À minha querida mãezinha, pessoa forte, alegre e determinada;

    À meu pai (in memoriam), sempre presente em meu dia a dia;

    um poeta de alma, que me ensinou desde pequenina a encantar-me com a leitura;

    À todos os educadores que se encantam com o ato de ensinar.

    Muitíssimo obrigada a todos que contribuíram para este momento

    tão especial na minha vida profissional e pessoal

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço ao professor Jorge Megid Neto por tantos anos de parceria, pela dedicação ao orientar meus trabalhos de mestrado e doutorado, investigações que possibilitaram publicizar nessa obra, os dados obtidos sobre as práticas interdisciplinares realizadas na Educação Básica, revelados pelas descrições encontradas nas pesquisas acadêmicas brasileiras por mim estudadas.

    Ao professor Ivan Amorosino do Amaral, pelas longas conversas sobre Ambiente e Educação Ambiental, pela preparação conjunta das aulas da pós-graduação e pela alegria, motivação e comprometimento expressos durante todos os momentos de trabalho.

    Ao coordenador do Projeto EArte, professor Luiz Marcelo de Carvalho, que contribuiu gentilmente cedendo para meus estudos, arquivos ainda em fase de inserção no banco de dados de teses e dissertações do EArte, para que este trabalho pudesse ser composto o mais fielmente possível.

    APRESENTAÇÃO

    O interesse pela interdisciplinaridade e sua prática no ambiente escolar deve-se ao fato de, como educadora, ter me incomodado com a forma como têm sido trabalhadas na escola as diferentes áreas curriculares. Sempre me deparei com aulas de matemática, língua portuguesa, ciências e outras que eram tratadas de forma isolada, cada uma em seu limite disciplinar, com tempo pré-determinado dedicados aos seus conteúdos e sem inter-relação umas com as outras. Logo que comecei a trabalhar como professora no Ensino Fundamental, no ano de 1985, eu encarava com estranheza esse jeito de lecionar. Ora, pensava eu, como posso ensinar desse jeito, se o mundo não é assim, todo fatiado? Que interesses têm meus alunos em saber gramática, tabuada, aprender o que é planalto, planície e outras coisas previstas pelos conteúdos curriculares? Que relação têm esses conhecimentos com a sua vida cotidiana?

    Comecei a conversar com meus alunos e com algumas colegas professoras e a experimentar outra forma de trabalhar esses conteúdos. Procurávamos fazer da aprendizagem algo agradável; levávamos para a sala de aula brincadeiras, jogos, cantigas, e buscávamos inter-relacionar os conteúdos disciplinares entre si e a vida. Esse esforço em buscar um outro modo de trabalhar acontecia de forma intuitiva, pois as discussões entre mim e as colegas que compartilhavam dessa ideia eram tateios por um novo caminho, baseadas somente em nossa formação inicial.

    Trabalhei em várias escolas da rede municipal de ensino de Campinas. Encontrei muitos professores, alguns mudavam de escola logo no ano seguinte, outros permaneciam por alguns anos, fato que contribuía para que uma equipe permanente de trabalho não se constituísse, de modo a dificultar a cumplicidade entre professores que pretendiam realizar práticas educativas diferenciadas. Atualmente esse quadro não mudou muito: ainda observo um ensino isolado das disciplinas curriculares, apesar de grande parte dos professores concordar com a não compartimentação do conhecimento e esforçarem-se para sua superação no contexto do ensino regular da Educação Básica.

    Embora hoje tenhamos algumas poucas publicações a respeito das Práticas Interdisciplinares nas escolas, interessou-me conhecer o relato de práticas interdisciplinares nas séries iniciais da Escola Básica descritas por teses e dissertações brasileiras num primeiro momento, e em estudo posterior expandi meu trabalho para todos os níveis do Ensino Básico nacional com foco de estudo nas Práticas Interdisciplinares em Educação Ambiental.

    O meu primeiro estudo, que aqui será referido como Estudo 1, se desenvolveu em nível de mestrado em Educação, junto ao grupo de pesquisas Formar-Ciências da Faculdade de Educação da Unicamp e as pesquisas analisadas tiveram como fonte de dados o Banco de Teses e Dissertações da Capes, no qual foram identificados os documentos compreendidos entre os anos de 1987 a 2005, relativos a esse estudo, cujos resumos foram lidos e classificados quanto a dedicarem-se à educação escolar e às séries iniciais do Ensino Fundamental. Foram identificadas todas as investigações que trataram da Prática Interdisciplinar nas séries iniciais do Ensino Fundamental, cujos trabalhos foram lidos na íntegra, e tiveram suas práticas descritas, analisadas e classificadas segundo categorias de análise que buscavam compreender como essas práticas se manifestaram no ambiente escolar, as suas características, os seus sucessos e suas dificuldades, cujas descrições e classificações encontram-se neste livro.

    Concluído esse trabalho, dei sequência à análise de dissertações e teses que desenvolviam trabalhos voltados às Práticas Interdisciplinares em Educação Ambiental na Educação Básica, na busca por conhecer, analisar e fornecer dados sobre tais práticas: como elas se comportam na atual conformação escolar, quais concepções de Ambiente revelam, que tipo de Educação Ambiental exercem, verificar se realmente implementam um trabalho de natureza interdisciplinar, além de identificar aspectos gerais e pedagógicos descritos nas práticas desses documentos, denominado nesta obra de Estudo 2.

    Após um extenso levantamento na literatura acadêmica em quatro periódicos nacionais – na Revista Eletrônica Revipea¹, nos anais dos últimos cinco Epea² e Endipe³, bem como no website Scielo – não encontrei nenhum trabalho que tenha realizado revisões bibliográficas como a proposta. Os esforços dispensados em um tema ainda não sistematizado nos últimos 31 anos de pesquisas na área, trouxeram informações significativas sobre a implementação dessas práticas em nosso país, de modo a contribuir tanto para pesquisas sobre Práticas educativas Interdisciplinares, de modo geral, quanto para professores pesquisadores interessados na intervenção interdisciplinar em práticas de Educação Ambiental.

    O Estudo 2 está inserido no conjunto de ações de um Projeto de Pesquisa interinstitucional com apoio do CNPq⁴, que vem se desenvolvendo desde 2009 e aglutina pesquisadores de três universidades públicas do Estado de São Paulo (Unesp, Unicamp e USP)⁵. Tanto o Estudo 2 quanto o Estudo 1 configuram-se em investigação do tipo estado da arte da produção acadêmica brasileira.

    Os caminhos que me conduziram ao Estudo 2 estão matizados pela minha trajetória de vida pessoal, pelo meu percurso como estudante, como profissional em constante formação e como pesquisadora. Três momentos foram cruciais para a tomada de decisão quanto ao tema investigado: primeiro houve o estranhamento dos resultados obtidos em minha pesquisa de mestrado, com o resultado de apenas 14 trabalhos identificados enquanto Práticas pluri ou Interdisciplinares nas séries iniciais do Ensino Fundamental em um período de 18 anos. Um segundo motivo inclui minha percepção do quanto eu desconhecia a temática da Educação Ambiental; havia uma distância muito grande entre meus conhecimentos e as preocupações dos acadêmicos, o que pude vivenciar nos encontros do grupo de pesquisa Formar-Ciências da faculdade de educação da Unicamp. Por fim, as observações decorrentes dos muitos anos vividos no ambiente escolar denunciavam a existência de um descompasso entre a Prática educativa Interdisciplinar em EA e seu conhecimento teórico-prático-metodológico.

    A compreensão da Educação Ambiental em toda sua dinâmica, e as preocupações que ocupam os educadores e pesquisadores ligados a essa temática na linha crítica e emancipatória, me levaram a refletir sobre a Educação Básica, suas práticas educativas, suas dificuldades e as possíveis contribuições para o campo da Educação Ambiental e da Interdisciplinaridade que esse trabalho possa oferecer.

    LISTA DE SIGLAS

    SUMÁRIO

    CAPÍTULO 1

    INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE INTERDISCIPLINARIDADE

    1.1 Algumas modalidades de interdisciplinaridade

    1.1.1 As gradações das relações disciplinares e suas terminologias

    1.1.1.1 Heinz Heckhausen

    1.1.1.2 Jean Piaget

    1.1.1.3 Erich Jantsch

    1.1.1.4 Marcel Boisot

    1.1.1.5 Hilton Ferreira Japiassu

    1.1.1.6 Ivan Amorosino do Amaral

    1.1.1.7 Ivani Catarina Arantes Fazenda

    1.1.1.8 Olga Maria Pombo Martins

    1.1.2 A Transdisciplinaridade no século XXI

    CAPÍTULO 2

    EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERDISCIPLINARIDADE

    2.1 Concepções de ambiente e de educação ambiental

    CAPÍTULO 3

    IDENTIFICAÇÃO E SELEÇÃO DOS DOCUMENTOS

    3.1 A descrição, a análise e a classificação das práticas interdisciplinares nas séries iniciais do ensino fundamental descritas em teses e dissertações brasileiras

    3.1.1 Descrição das práticas pluridisciplinares ou interdisciplinares identificadas nas teses e dissertações

    3.1.1.1 Práticas pedagógicas pluridisciplinares

    3.1.1.2 Práticas pedagógicas interdisciplinares

    3.2 Síntese, análise e classificação das práticas pedagógicas pluridisciplinares e interdisciplinares

    CAPÍTULO 4

    PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO BÁSICO

    4.1 Identificação e seleção dos documentos

    4.2 A descrição, a análise e a classificação das práticas interdisciplinares em educação ambiental descritas em teses e dissertações brasileiras

    4.2.1 Descrição das práticas pluridisciplinares ou interdisciplinares em educação ambiental na educação básica identificadas nas teses e dissertações

    4.2.1.1 Práticas pedagógicas pluridisciplinares em educação ambiental na educação básica

    4.2.1.2 Práticas pedagógicas interdisciplinares em educação ambiental na educação básica:

    4.3 Síntese da análise e classificação dos documentos: dados de base institucional

    4.4 Síntese da análise e classificação dos documentos: dados específicos da prática pluridisciplinar ou interdisciplinar

    CONCLUSÃO

    Considerações Possibilitadas pela Descrição dos Documentos

    Referências

    CAPÍTULO 1

    INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE INTERDISCIPLINARIDADE

    A excessiva especialização decorrente do desenvolvimento da ciência no século passado, reforçado pelas ideias positivistas, trouxe incontestavelmente um grande avanço científico para a humanidade por se debruçar em estudos pormenorizados que vão cada vez mais se especificando. Esse momento de evolução da ciência compartimentada, Japiassu (1976) denomina de patologia do saber. Para ele e outros defensores da interdisciplinaridade, a base em que se assenta a defesa da interdisciplinaridade é que se sabe cada vez menos do todo quando se dedica apenas às partes, o que limita a amplitude das ações, sejam elas no campo científico, no educacional ou no social.

    Essa característica da ciência moderna impulsiona discussões acerca da interdisciplinaridade. Esta, por sua vez, revela-se na contemporaneidade das discussões sobre a necessidade de analisar fatos ou objetos de estudo.

    Pesquisadores de várias partes do mundo, ao se reunirem na França, produziram um documento no ano de 1973⁶ (Organisation de Coopération et de Développement Économique, 1973) decorrente das discussões ocorridas por ocasião do tema conduzido pela OCDE⁷ em 1970. Vários experts que dela participaram apontaram categoricamente a necessidade da retomada dos caminhos da ciência para que sua atenção se voltasse para um todo complexo, interligado e indissociável, considerando o produto científico como partes que se inserem, na intenção de conceber os objetos de estudo em sua dinâmica totalizante.

    Desse documento participaram pesquisadores, representantes de diferentes universidades de vários países. Dentre eles, citamos Jean Piaget, Heinz Heckhausen, Erich Jantsch e Marcel Boisoit, os quais se posicionaram a favor da necessidade de a interdisciplinaridade emergir no campo das ciências e do ensino, para que o avanço científico fosse impulsionado.

    Para melhor compreender as razões pelas quais o imperativo da interdisciplinaridade se sustenta, Gusdorf (2006) tece reflexões acerca do conhecimento acumulado pela humanidade. Também discorre sobre o modo como esta se comporta na lida com a expansão de seus avanços produzidos e divulgados através dos tempos.

    O referido autor chama atenção para a impossibilidade humana de acumular ou deter para si todo o conhecimento produzido pela humanidade. Também se reporta às diversas fases da história do conhecimento como épocas marcadas por seus estudiosos e por seus escritores por meio de documentos por eles registrados, o que inevitavelmente remete a um universo particular elencado por esses homens para compor a grande biblioteca do conhecimento humano (GUSDORF, 2006). O referido autor evoca a reflexão de que, mesmo não detendo todo o conhecimento acumulado pela humanidade, o homem, ao agir, realiza a síntese e a articulação dos conhecimentos que possui para responder às situações nas quais ele é compelido a utilizar seus conhecimentos.

    Apesar da síntese e da articulação dos conhecimentos realizados pelo homem na resolução de problemas, Gusdorf (2006) discute sobre a excessiva especialização e sobre a vaidade cega (expressão do autor) do domínio de conhecimento especializado em que o cientista se conforma em acreditar que sabe muito a respeito de sua área de conhecimento, sem se preocupar com o mundo complexo que contém esse mesmo objeto de estudo. O cientista analisa e compreende sua área de modo altamente refinado. Todavia, esse contexto de desenvolvimento científico gera o afastamento da complexidade, cristaliza e reforça a persistência das especialidades em um isolacionismo não aceitável pelos problemas da atualidade.

    Diante desse contexto, Gusdorf (2006) assume a interdisciplinaridade enquanto esforço de superação do isolamento e da fragmentação do conhecimento gerado pelo desenvolvimento disciplinar da ciência, associado à limitação humana em dominar a totalidade desses conhecimentos produzidos hermeticamente. Tal limitação conduz à proposição de que as especialidades estabeleçam uma colaboração umas com as outras, pois, desse modo, os fenômenos a serem estudados serão mais bem explorados nas múltiplas possibilidades de sua compreensão, derivando em uma síntese mais complexa do objeto observado.

    As declarações de Gusdorf (2006) se apoiam no fato de que, ao longo dos séculos, embasado nas crenças científicas da época, o homem veio a traçar a história do conhecimento humano. Quando chega ao século XIX, divide seu objeto de estudo em partes cada vez mais específicas, na intenção de dominar com profundidade e alta especificidade cada item a ser analisado, o que deu o tom do desenvolvimento científico nessa época.

    Esse princípio contribuiu e contribui significativamente para o avanço da Ciência Moderna e promoveu um terreno fértil para sua produção em um panorama analítico, distinto e muito claro por meio de um processo de decomposição lógica do objeto a ser estudado. Assim, cada vez mais foram especificados os vários campos de conhecimento, o que gerou um grande número de especializações, com metodologias específicas, teorias e sistemas pertinentes a cada disciplina, o que promoveu certo distanciamento entre as áreas de conhecimento. A interdisciplinaridade é então chamada no contexto contemporâneo a assumir a recomposição desse todo, do ponto de vista tanto epistemológico quanto pedagógico.

    Ao mencionar o espaço escolar, Gusdorf (2006) faz uma incursão pela história da educação ocidental. Aponta para as contradições que ao longo do tempo foram se solidificando, com as quais convivemos na atualidade. Seu percurso se inicia no helenismo, com o surgimento da noção de paidéia, evocando a ideia grega de enkuklios paidéia,

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