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Letramentos no Trabalho e na Formação Docente: Trajetórias e Ações
Letramentos no Trabalho e na Formação Docente: Trajetórias e Ações
Letramentos no Trabalho e na Formação Docente: Trajetórias e Ações
E-book309 páginas4 horas

Letramentos no Trabalho e na Formação Docente: Trajetórias e Ações

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Sobre este e-book

Letramentos no trabalho e na formação docente: trajetórias e ações traz um conjunto de pesquisas que relacionam as temáticas letramento e docência. Ambas as temáticas são abordadas sob diferentes ângulos: letramento literário, letramento digital, a relação entre letramento e alfabetização, formação docente inicial e continuada, ações de letramentos em contexto escolar e familiar. Variados também são os dados, o que confere à obra um caráter mais dinâmico e aplicado. A leitura da obra poderá tornar-se uma interessante fonte para novas reflexões, especialmente considerando a importância que o letramento vem assumindo nas discussões no campo da Educação no Brasil.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de jul. de 2019
ISBN9788547312039
Letramentos no Trabalho e na Formação Docente: Trajetórias e Ações

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    Letramentos no Trabalho e na Formação Docente - Rosana Mara Koerner

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 do autor

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    AGRADECIMENTOS

    Agradecemos ao mestrado em Educação da Universidade da Região de Joinville (Univille), que provocou/promoveu em nós o desejo pela pesquisa.

    Ao Letrafor (Letramentos no Trabalho e na Formação Docente), grupo de pesquisa vinculado à Univille, em cujas reuniões muitos dos dados foram discutidos e analisados.

    Às várias agências financiadoras das pesquisas aqui relatadas: CNPq, Capes, Fumdes (Fundo de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior) e Fundo de Apoio à Pesquisa da Univille.

    A todos os participantes das pesquisas aqui relatadas.

    À Sara Isabel Kunz, por colaborar no desenvolvimento das pesquisas e na elaboração deste material.

    PREFÁCIO

    Prefaciar um livro organizado por Rosana Mara Koerner é, a princípio, uma honra, mas acima de tudo, uma grande responsabilidade.

    Ao adentrar nesta produção, encontramos o resultado de 10 pesquisas – todas orientadas por Rosana – articuladas ao grupo Letramentos no Trabalho e na Formação Docente do mestrado em Educação da Universidade da Região de Joinville (Univille), Santa Catarina. Por sorte, pude conhecer algumas dessas investigações ainda em seus processos, participando de bancas, tanto de qualificação quanto de defesa de dissertação.

    A seriedade do trabalho desenvolvido pela professora e seus já orientandos no período de 2012-2016 expressa o comprometimento com a Educação, que se traduz nas reflexões profícuas encontradas ao longo das produções que versam sobre discussões pertinentes e atualizadas sobre o ensino da Língua Portuguesa, seja na vertente alfabetização em suas especificidades, seja no processo do ensino da língua ao longo dos anos de escolaridade, e que sugerem desdobramentos sobre vários aspectos constitutivos dos meandros que permeiam a escola e seus sujeitos.

    As temáticas abordadas (letramento acadêmico; formação inicial; letramento digital; concepções do professor dos anos iniciais sobre letramento e alfabetização; identidade do professor; percepções do professor sobre o ensino da leitura e escrita; e contribuições dos Programas de Formação Continuada Gestão da Aprendizagem-Gestar e Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – no que concerne ao ensino do sistema de escrita alfabética e aos gêneros textuais) entrelaçam-se com a necessidade premente de se discutir aspectos relacionados aos usos sociais da leitura e escrita, ao papel da escola na sua contribuição para a formação humana e, não menos importante, aguça-nos para o debate sobre a formação inicial e continuada e sobre as reais condições de trabalho do professor.

    O rigor inerente às produções de cada autor em termos metodológicos e teóricos contribui enormemente para se compreender o papel da pesquisa como promotora de problematizações que desestabilizam concepções, que provocam reflexões sobre os desafios encontrados no cotidiano de nossas escolas (sejam elas a escola das crianças, sejam elas a escola dos adultos em formação nos cursos de graduação ou na formação em serviço).

    A base teórica em que se ancora cada uma das pesquisas referencia-se em autores também comprometidos com as discussões críticas que dão suporte às reflexões atuais sobre educação de modo geral – sobre a formação de professores em seus avanços, recuos, possibilidades e fragilidades, sobre o ensino da língua portuguesa especificamente. Por meio da leitura desta obra, temos a possibilidade de dialogar com Arroio (2007), Freitas (2010), Gatti (2014), Imbernón (2010), Kleiman (2005), Fischer (2008), Guedes-Pinto (2010), Soares (2002), Vázquez (2011), Rojo (2007), André (2010), Marcelo (2009), Nóvoa (2007), Schneuwly e Dolz (2004), dentre outros.

    Os autores da obra aqui prefaciada (Débora Duarte Monney, Rita Pabst Martins, Thiago Alonso Hinkel, Denise Pollnow Heinz, Teresinha da Silva Sezerino, Marcos Anderson Tedesco, Jussara Cascaes Longarzo, Marly Kruger de Pesce, Eliane Korn, Délcia Cristina dos Santos de Souza e Leila Mattos Sombrio Knabben) assumem inegavelmente seu compromisso com a pesquisa e com o fazer docente, comungam com a organizadora, Rosana Mara Koerner, uma aproximação com a prática pedagógica, lendo-a à luz do aprofundamento teórico próprio dos que estão imersos na vida acadêmica e que, por escolha e orientação, mergulham no universo do cotidiano escolar, buscando dar sentidos e contribuindo com reflexões que desmobilizam concepções muitas vezes já cristalizadas, em um movimento que se configura como práxis.

    Os trabalhos convergem em muitas de suas indagações sobre o ensino da língua portuguesa e seu papel nos processos educativos; a identidade e o trabalho do professor; a formação inicial e continuada; e sobre o impacto de tudo o que constitui o ser professor no espaço/tempo de nossas escolas e na vida de outros seres – as crianças e os adultos em formação.

    Assim, ao leitor fica o convite de conhecer o conjunto desta obra cujo título Letramento no trabalho e na formação docente: trajetórias e ações informa com clareza o seu teor e merece chegar ao seu destino: ao professor, ao interessado pela educação de modo geral e a todos aqueles que não precisam apenas de respostas dadas, mas que têm desejo de conhecer e querem nutrir-se de perguntas para continuar na busca por melhorias nos espaços educativos, entendendo-os como primordiais para a complexa formação humana em todas as suas possíveis dimensões.

    Desejo que façamos uma boa leitura que possa nos remeter a tantas outras!

    Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Lapa de Aguiar

    Departamento de Estudos Especializados em Educação (EED)

    Centro de Ciências da Educação (CED)

    Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

    APRESENTAÇÃO

    Letramento é tema encantador para qualquer apaixonado pela escrita, pelas possibilidades que nela temos de nos dizer, de nos relacionar, de nos manifestar, de nos posicionar, de nos encantar. A palavra nos encanta, e escrita ela ganha ares de certa perenidade, de certa transcendência, de certo comprometimento. Daí talvez a razão de adotar o letramento e a palavra como eixos norteadores de pesquisas.

    Mais do que a alfabetização, geralmente associada a aspectos cognitivos, individuais, o letramento é conceito essencialmente social e, por isso mesmo, de interesse crucial para todos envolvidos com a Educação no País. Especialmente aqueles que trabalham com a língua materna.

    Estamos todos, uns mais, outros menos, envolvidos em práticas de escrita. A questão é: como essas práticas são consideradas no espaço escolar? Ainda que as discussões sobre letramento tenham avançado no Brasil, já há alguns anos, e ainda que muitos tenham delas participado, parece que perduram algumas lacunas no fazer docente, talvez decorrentes da formação inicial ou da distância dessa mesma formação.

    A ideia de uma coletânea que reunisse as pesquisas feitas no contexto do mestrado em Educação da Univille envolvendo a temática do letramento e do ensino da língua materna surgiu quando se percebeu que esse conjunto poderia, de alguma forma, contribuir para o preenchimento de algumas dessas lacunas. O desejo é que nossas pesquisas provoquem questionamentos, profícuas reflexões e contribuam para ressignificar a relação do trabalho e da formação docente e o letramento.

    Rosana Mara Koerner

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO

    Rosana Mara Koerner

    1

    ASPECTOS DE LETRAMENTO ACADÊMICO DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA

    Débora Duarte Monney

    1. Algumas reflexões iniciais 

    2. Aspectos da formação docente/continuada e do letramento para a formação de professores 

    3. Características e dados da pesquisa 

    4. Sobre as práticas de leitura e escrita dos estudantes no ambiente acadêmico 

    5. As influências da leitura e escrita nos estudantes de Pedagogia 

    REFERÊNCIAS 

    2

    ERA UMA VEZ, PROFESSOR DE PORTUGUÊS...

    Rita Pabst Martins

    1. Língua Portuguesa: uma disciplina em conflito 

    2. Da disciplina ao professor: a constituição da identidade docente 

    3. Nem tão de repente, professor! 

    REFERÊNCIAS 

    3

    LETRAMENTO DIGITAL E FORMAÇÃO INICIAL

    Thiago Alonso Hinkel

    1. Algumas considerações iniciais 

    2. Letramento digital e formação de professores: algumas considerações 

    3. Percurso metodológico 

    4. Práticas de letramento digital na licenciatura 

    5. Aprendizados e questões a desenvolver 

    REFERÊNCIAS 

    4

    ALFABETIZAR COM LETRAMENTO

    Denise Pollnow Heinz

    1. O letramento escolar e a alfabetização 

    2. Alfabetizadores e sua formação 

    3. Conversas com quem gosta de alfabetizar 

    4. Concepções de letramento das professoras alfabetizadoras 

    5. O letramento na prática das alfabetizadoras 

    6. Algumas considerações 

    REFERÊNCIAS 

    5

    A CONSTITUIÇÃO DE PROFESSORAS DE LÍNGUA PORTUGUESA:

    uma voz a ser ouvida

    Teresinha da Silva Sezerino

    1. O início 90

    2. Professores e suas identidades: um campo para pesquisa 

    3. Por que você não vai fazer Direito, que dá mais dinheiro?

    4. Finalizando 

    REFERÊNCIAS 

    6

    LETRAMENTO TAMBÉM VEM DE CASA

    Marcos Anderson Tedesco

    1. Algumas ponderações 

    2. Os caminhos da pesquisa 

    3. As práticas de letramento no ambiente familiar dos alunos na voz dos seus familiares 

    4. As práticas de letramento no ambiente familiar dos alunos na voz dos professores atuantes

    na educação básica 

    5. Considerações finais 

    REFERÊNCIAS 

    7

    LETRAMENTO DIGITAL SOB A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA 

    Jussara Cascaes Longarzo

    Marly Kruger de Pesce

    1. Reflexões acerca do trabalho docente na era digital 

    2. O delinear do percurso metodológico 

    3. O que revelam os dados 

    4. Algumas considerações 

    REFERÊNCIAS 

    8

    O IMPACTO DO PNAIC NA PRÁTICA De alfabetização

    Eliane Korn

    1. Itinerário percorrido nas ações de pesquisa 

    2. Um olhar para os participantes da pesquisa: caracterização dos professores alfabetizadores

    3. O que dizem os professores alfabetizadores sobre a contribuição do PNAIC para a prática pedagógica 

    3.1 Reflexões sobre a prática pedagógica 

    3.2 Conhecimento 

    3.3 Reflexões sobre o aprendizado da criança 

    3.4 Trocas de experiências 

    4. Considerações finais 

    REFERÊNCIAS 

    9

    DA alfabetização aos caminhos do letramento e DOS

    gêneros textuais

    Délcia Cristina dos Santos de Souza

    1. Formação continuada: pacto nacional para alfabetização na idade certa (PNAIC) 

    2. PNAIC – alfabetização na perspectiva do letramento 

    3. Os gêneros textuais e a prática pedagógica de alfabetização na perspectiva do letramento 

    4. Os caminhos da pesquisa 

    4.1 Algumas percepções da formação continuada do PNAIC em Língua Portuguesa 

    4.2 Os cadernos da formação e o aprendizado sobre os Gêneros Textuais 

    4.3 As contribuições do PNAIC no trabalho com os Gêneros Textuais 

    5. Considerações finais

    REFERÊNCIAS 

    10

    GÊNEROS TEXTUAIS NA VOZ DOS PROFESSORES EGRESSOS DO PROGRAMA GESTAR II

    Leila Mattos Sombrio

    1. Para início de conversa... 

    2. Algumas considerações iniciais sobre o gestar e o trabalho com os gêneros

    textuais/discursivos 

    3. O percurso metodológico 

    4. Perfil dos professores pesquisados 

    5. O programa Gestar ii na voz dos professores 

    6. O que pensam os professores sobre o Gestar ii? 

    7. Balanço do saber – as concepções sobre gênero 

    8. Sobre as contribuições para o trabalho com o gênero 

    9. Modos de trabalhar com o gênero 

    10. Algumas considerações 

    REFERÊNCIAS 

    SOBRE OS AUTORES 

    INTRODUÇÃO

    Rosana Mara Koerner

    Esta obra reúne relatos de 10 pesquisas de mestrado realizadas entre os anos de 2012 a 2016. São estudos desenvolvidos no âmbito do grupo de pesquisa Letramento e Formação Docente (Letrafor), ligado ao mestrado em Educação da Universidade da Região de Joinville (Univille), Santa Catarina. O foco central das pesquisas desenvolvidas no grupo está na relação entre letramento, trabalho e formação docente, especialmente de professores que lidam com a língua materna, seja em sua fase de aquisição – a alfabetização – seja em seu ensino para séries mais avançadas.

    É inegável que a temática do letramento tem sido contemplada em um número cada vez maior de pesquisas. Trata-se de assunto sério, quase urgente, dados os péssimos resultados que o país reiteradamente vem demonstrando em diferentes instrumentos que medem o envolvimento e o desempenho de sua população com a leitura e a escrita. Ainda ocupamos posições nada honrosas, o que deixa a todos nós que lidamos com a educação neste país em estado de apreensão e de perplexidade quanto ao quê fazer. A despeito de todas as críticas que podem ser feitas à questão do ranqueamento e das avaliações e suas formas e conteúdos, não há como negar que seus resultados causam desconforto e não nos permitem permanecer apáticos ou indiferentes.

    A profusão de pesquisas envolvendo o letramento tem indicado, com muita veemência, que estamos incomodados com a situação e que estamos à busca de respostas. E, muito provavelmente, também de caminhos. Talvez por isso mesmo o letramento se mostre sempre como um desafio ao pesquisador, por se tratar de um tema que exige um movimento para além das respostas às questões de investigação propostas. Não há como permanecer no conforto da conclusão das pesquisas; o letramento é desconfortável, desestabiliza, provoca reações. As respostas precisam chegar ao professor, à sala de aula, ao espaço escolar como um todo. Não revestidas com a roupagem das receitas e das fórmulas prontas, mas também não sufocadas por uma linguagem muitas vezes hermeticamente fechada que caracteriza o dizer da academia, das pesquisas. Vivemos tempos de urgência nas escolas! Talvez haja atrasos irreversíveis para algumas gerações no que se refere ao envolvimento em práticas sociais com a escrita. São mecanismos explícitos de marginalização em seu sentido mais literal: ficar à margem de uma sociedade grafocêntrica que tem a escola como sua principal agência de inserção no universo da escrita.

    Nessa linha de pensamento, os professores que lidam mais diretamente com a língua materna desempenham um papel de significativa relevância. São eles que têm a língua, especialmente em sua modalidade escrita, como a principal matéria-prima do fazer docente. Todos os demais professores lidam com o seu objeto fazendo uso da língua materna e de sua escrita, sem terem que se preocupar com o processo de aquisição vivenciado pelos estudantes. Isso é tarefa para o alfabetizador e, mais tarde, para o professor de Língua Portuguesa (embora devesse ser assumida por todo o corpo docente!). Sem lhe arrogarmos uma importância desmedida, é preciso reconhecer que são esses professores que têm uma tarefa imensa, tão grande quanto é a responsabilidade que têm junto à escola e à sociedade como um todo. Ainda que soe repetitivo e sem efeito, vale insistir no discurso da necessária valorização dos alfabetizadores e professores que introduzem as crianças no universo da escrita.

    Por reconhecermos a importância desse profissional é que nosso olhar, neste livro, volta-se para o seu trabalho, para a sua formação (inicial e continuada), para os seus saberes e sua identidade. Assim, todos os relatos que aqui se apresentam abordarão os professores que lidam com a língua materna, alfabetizadores ou professores de Língua Portuguesa. A apresentação das pesquisas não seguirá a ordem cronológica de sua realização, mas, de certa forma, a lógica da trajetória da formação profissional do professor. Ou seja, iniciamos com textos que abordam a formação inicial de pedagogos e professores de Língua Portuguesa, considerando aspectos de sua trajetória pessoal com a escrita, e aspectos ligados ao curso.

    Seguindo essa lógica, os textos que seguem abordarão os saberes e os fazeres dos professores atuantes. Isso inclui o que dizem sobre as práticas de letramento das famílias de seus alunos e como se percebem como professores de Língua Portuguesa. Também o aparelhamento tecnológico dos espaços escolares, com a distribuição de tablets para os estudantes e notebooks para os professores será abordado, na tentativa de indicar as percepções de docentes sobre tal política. Em seguida, o foco será a formação continuada, especialmente aquela promovida pelo poder público, como é o caso do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e do Programa de Gestão da Aprendizagem (GESTAR).

    Iniciaremos com o trabalho de Débora Duarte Monney que fez um estudo acerca do letramento acadêmico de estudantes do curso de Pedagogia. O destaque dado a tais estudantes se deve ao reconhecimento de que esse futuro professor será aquele que trabalhará com processos de inserção das crianças no universo da escrita. Trata-se de um dos principais agentes de letramento na sociedade grafocêntrica na qual nos encontramos inseridos. Dificuldades com termos técnicos, com textos mais complexos da esfera acadêmica, são apontadas pelos estudantes participantes da pesquisa. Nesse sentido, restam alguns questionamentos acerca das contribuições trazidas pela formação inicial para o letramento acadêmico dos estudantes de Pedagogia: por que a dificuldade com textos dessa esfera persiste apesar dos 4 anos já vivenciados na universidade? Qual a influência do curso para a formação de um professor que encontra prazer na leitura?

    Rita Pabst Martins também se debruça sobre a formação inicial, mas com o olhar voltado para estudantes do curso de Letras, futuros professores de Língua Portuguesa e de Língua Inglesa. A questão inicial da autora está relacionada à identidade docente: quem é esse professor de línguas? Por meio de entrevistas com estudantes e com egressos do curso, Rita aborda especialmente a questão do letramento literário, tentando demonstrar as contribuições trazidas pelo curso na formação de profissionais que têm na literatura seu material de trabalho. Professores marcantes viram referência para futuras práticas pedagógicas, o que permite reforçar a importância que deve ser dada ao fazer docente; não se trata de um mero executar um planejamento, mas um fazer que é observado por muitos olhares atentos aos mais pequenos movimentos. O professor é referência e isso não pode ser ignorado.

    Thiago Alonso Hinkel traz uma discussão que se tem tornado cada vez mais pertinente, relacionada ao letramento digital. Nossos jovens escrevem de forma intensa nas redes sociais e não há como desprezar a intensificação e diversificação de formas de escrita. Assim, os cursos de formação inicial já devem levar em conta que o futuro professor irá trabalhar com estudantes cada vez mais envolvidos nessas formas de escrita. Nesse capítulo, Thiago abordará a questão do letramento digital na formação inicial de professores de Língua Portuguesa, pontuando acerca do quanto o curso tem contribuído (ou não) para a inserção desse futuro profissional num contexto de intenso uso do digital. A contribuição pode se dar sem a inserção de disciplina específica sobre o uso das tecnologias, mas por meio do seu uso como ferramenta pedagógica, exatamente como se pretende que depois aconteça quando o agora estudante se assuma como professor.

    Já adentrando para os textos que abordam o fazer pedagógico, o texto de Denise Pollnow Heinz traz a voz de professoras alfabetizadoras sobre os conceitos de alfabetização e letramento. Por meio de entrevista com cinco docentes, a autora pretendeu depreender como esses conceitos se fazem presentes no cotidiano das atividades didático-pedagógicas promovidas em turmas de alfabetização. Por se tratarem de professores com relativo tempo de formação e de serviço, afirmam ter tido contato com as questões do letramento em formações continuadas. Algumas de suas práticas apontam para uma concepção de letramento que compreende o envolvimento das crianças com artefatos escritos em diferentes situações sociais, para além daquilo que acontece no espaço escolar.

    Teresinha da Silva Sezerino nos brinda com uma interessante reflexão sobre a identidade do professor, partindo da ideia de que Professor e pessoa são um só. Tal perspectiva não pode ser perdida de vista, sob pena da desumanização do professor e não percepção do quanto esse profissional influencia na educação das crianças e adolescentes. Nesse sentido,

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