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Educação a distância: desafios e oportunidades
Educação a distância: desafios e oportunidades
Educação a distância: desafios e oportunidades
E-book184 páginas2 horas

Educação a distância: desafios e oportunidades

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Sobre este e-book

Educação a Distância: desafios e oportunidades traz uma reflexão de um cenário pedagógico que nos convida a pensar sobre a aprendizagem de sujeitos num país que ainda não conseguiu alcançar, para a sua população, um direito social: uma educação para todos.

O estudo traz valiosa reflexão sobre a formação, provocando uma discussão dessa modalidade de educação que busca integrar as novas tecnologias de informação e comunicação dos processos educacionais, baseadas nas categorias de formação, semiformação e autonomia de Theodor Adorno, considerando os processos educativos muitas vezes como modeladores dos sujeitos e não como construtores de uma consciência crítica.

A modalidade não é nova no cenário educacional, mas cresceu vertiginosamente nos últimos anos, movida por políticas públicas de expansão e ampliação de espaços de formação, na ideia da universalização e democratização da educação. Em geral, sustenta sua proposta servindo-se da dimensão tempo, variável tão complexa e configurada por muitas razões, desde questões econômicas, profissionais e familiares, até sociais, levando os sujeitos a não realizarem sua formação de modo presencial.

Contudo, a modalidade a distância, ao mesmo tempo em que apresenta benefícios, também pode levar à falta da construção da capacidade crítica, efetivada pelas mediações entre o estudante e tutores/professores, destacando mais a técnica do que o conteúdo e seu aprender.

Diante desse contexto surgem questionamentos dos processos de ensinar e aprender, aspectos que caracterizam o ato educativo, independente da modalidade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547300579
Educação a distância: desafios e oportunidades

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    Pré-visualização do livro

    Educação a distância - Aléssio da Rosa

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    [...] Concebo como sendo educação [...] não a assim chamada moldagem de seres humanos, porque não temos direito algum de moldar pessoas a partir do exterior; mas também não a mera transmissão do saber, cuja característica de coisa morta, reificada, já foi suficientemente explicitada; e sim a produção de uma consciência verdadeira.

    (Theodor W. Adorno)

    Apresentação

    Refletir sobre a educação no Brasil é ter a humildade para trilhar um caminho já percorrido por muitos, compartilhando das experiências já vivenciadas e, ao mesmo tempo, ter a audácia para alçar novos voos. Dessa forma, fundamento minha pesquisa em Theodor Adorno (1903-1969), a partir do seu estudo sobre a sociedade de sua época e os reflexos para o campo educacional em nossos dias.

    Ainda que Adorno, ao longo da sua vida, não tenha se declarado como um teórico da educação, além de docente, músico, filósofo e sociólogo, traz importantes reflexões para o campo educacional.

    Ao examinar o conceito de formação em Adorno, este livro objetiva provocar uma discussão com a modalidade de Educação a Distância (EaD). Essa forma de educação busca integrar as novas tecnologias de informação e comunicação aos processos educacionais com o propósito de contemplar diferentes públicos.

    Se partirmos do pressuposto que a educação deve produzir uma consciência verdadeira nos indivíduos, citado na epígrafe, segundo Adorno, e acreditando que o Ensino Superior faz parte dessa educação e formação, estamos em grande débito, conforme revela uma pesquisa realizada pelo OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Os dados mostram que o Brasil está em último lugar em um grupo de 36 países ao avaliar o percentual de graduados na população de 25 a 64 anos, sendo que somente 11% tem diploma universitário. Entre os países do OCDE, a média é mais que o dobro da brasileira. ¹

    Diante desse triste cenário educacional, o Brasil está em grande defasagem em relação aos outros países, indicando que as políticas educacionais devem ser revistas e urgentemente ampliadas. Sabemos que, infelizmente, perdemos quase um século de investimentos em educação. A história nos mostra que a Europa e outras nações como os Estados Unidos e, mais recentemente, os países asiáticos, avançaram porque apostaram enfaticamente em educação. O Brasil decidiu isso nos últimos anos e deve correr muito atrás desse prejuízo.

    Nesse sentido, a EaD pode ser uma das estratégias para melhorar esses índices, possibilitando que a nação brasileira amplie o acesso ao Ensino Superior aos sujeitos que, por diversos fatores, como tempo, custos, deslocamentos, entre outros problemas da vida cotidiana, não puderam ter o acesso à formação presencial.

    Na sociedade capitalista atual, sem tempo, em que a pressa impera no dia a dia, a Educação a Distância poderá ser uma alternativa que virá a contribuir significativamente para a democratização do ensino, e de outra forma, para atender às demandas educacionais urgentes, tais como a formação de docentes para a educação básica, a formação continuada, em especial no interior do país, onde as dificuldades para o acesso ao ensino também crescem dia a dia. Além disso, quando não observadas as prerrogativas visando proporcionar uma educação de qualidade, a EaD poderá não passar de mera semiformação, que segundo Adorno é uma das possibilidades se concebida como educação modeladora dos seres humanos ou mesmo como uma educação de mera transmissão, e que já foi suficientemente explicitada, mas uma formação, uma educação para a produção de consciência crítica.

    Diante de questões tão difíceis de serem respondidas, desejo com esta obra apresentar algumas ponderações feitas a partir do conceito de formação em Adorno e sua possível interface com as questões que nos são apresentadas a partir do estudo da Educação a Distância.

    Sabemos que Adorno tece, ao longo dos seus escritos, uma análise profunda da sociedade de seu tempo que ressoa no campo da educação nos dias de hoje, o que motivou a apresentar este estudo.

    A Educação a Distância no cenário brasileiro requer ainda um olhar crítico, pautado nos conceitos de formação, no sentido de não ser uma modalidade de semiformação, ou seja, uma formação realizada às avessas, apenas para obtenção de um diploma; também deve ser ampliada, atendendo a uma demanda educacional cada vez maior, conforme apontado, para que mais jovens tenham acesso ao Ensino Superior.

    Por isso, caros leitores e leitoras, apresento esta obra sabendo que os desafios da educação e formação em nosso país ainda são de grandes proporções, não obstante há ainda muito por se fazer a respeito das políticas públicas para a educação. Por outro lado, em se tratando de educação, na modalidade a distância ou presencial, é salutar enfrentarmos com seriedade os dilemas, encarando-os como desafio e oportunidade.

    Mas, também, é preciso partilhar. Nesse sentido, e já finalizando, compartilho de um ditado chinês, citado por Cortella,² que diz que se dois homens se encontrarem numa estrada, cada um carregando um pão, e ao se encontrarem eles trocarem os pães, cada homem vai embora levando um; porém se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma ideia, e ao se encontrarem eles trocam as ideias, cada homem vai embora com duas.

    Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir ideias para que todos tenham pão.

    Prefácio

    Pra evitar de morrer, só pegando o tempo e amarrando no poste.

    (Manoel de Barros)

    Qual nossa força para evitar a morte de um projeto, de uma iniciativa, da formação de um indivíduo? Conforme diz o poeta, pra evitar de morrer, só tomando o tempo e amarrando no poste. A insinuação e ironia do poeta dá provas de nossa incompletude diante da morte e também diante da vida.

    Com essas palavras decido abrir as cortinas para apresentar o livro de Aléssio da Rosa sobre a formação em Filosofia por meio da modalidade a distância. Para muitos, seu destino provável é a morte, já que as dificuldades de manter o estudante no curso são inúmeras. Valeria indagar: não morreria se pudéssemos amarrar o estudante, forçá-lo a ocupar o ambiente virtual e todos os outros recursos previstos na modalidade? Mas, afinal, temos esse poder? Em ambientes presencias evitamos a morte, amarramos os alunos no poste para tomar o tempo deles na medida certa?

    O livro é resultado de uma pesquisa que objetivou investigar a formação realizada pela modalidade a distância do curso de licenciatura de Filosofia desenvolvido pela UFSC na cidade de Videira-SC. O caso analisado insere-se em um grande cenário nacional que, movido por políticas públicas dirigidas à expansão e à ampliação de espaços de formação, promoveu e destinou recursos para a consolidação dessa trajetória.

    A pesquisa procurou verificar as possíveis contribuições do pensamento de Adorno, tomando as categorias Formação, Autonomia e Semiformação para compreender os dados levantados empiricamente a fim de problematizá-los na perspectiva de efetivamente refletir sobre as possibilidades de educação indicadas na experiência concreta.

    O tema da pesquisa exigiu uma complexa coleta e análise de dados, a partir do referido curso, aplicando questionários junto aos alunos, tutores e professores, buscando aprofundar a ideia de formação por meio da perspectiva de cada um desses atores. Essa forma de educação busca integrar as novas tecnologias de informação e comunicação aos processos educacionais com o propósito de contemplar diferentes públicos. A EaD é considerada uma estratégia de grande valia para acessar os índices de formação previstos no Plano Nacional de Educação.

    A modalidade em geral sustenta sua proposta servindo-se da dimensão tempo, variável tão complexa e configurada por muitas razões, desde questões econômicas, profissionais e familiares até sociais. Supostamente, existiria nas pessoas o desejo de aprender, contudo não existiriam condições adequadas para garantir a consolidação desse desejo. A falta de tempo e a vida acelerada impediriam outros deslocamentos além daqueles já efetivados na vida cotidiana. Assim, acessar um curso por meio da modalidade a distância e realizá-lo em casa, em sua cidade, contemplaria uma vontade efetiva para aprender.

    Contudo, como acreditar que esse desejo possa durar no tempo? Durar sem que fosse necessário amarrar, como diz nosso poeta com ironia? Os dados levantados e cruzados com os conceitos já referidos mostram que fazer durar um desejo de aprender é tarefa complexa e nem sempre basta alcançar ao aluno o material didático, professor, planos de trabalho e um sofisticado ambiente virtual. Então, o que é que dura e o que permanece? Permanece aquilo que tem lugar em nosso tempo, aquilo que não deixamos escapar. O risco de perder, de não durar, é próprio da vida, afinal o que de nós, de nossa produção acadêmica, prática e docente tem força para durar e permanecer? Durar e permanecer são ingredientes da formação, mas eles estariam presentes na modalidade a distância?

    Os tempos ordenados e previsíveis que imaginam tudo controlar não garantem nossa presença. Todas as eventuais amarras não evitam os fracassos. Tanto a vida como a morte são movidas por muitas outras forças e sutilezas que precisamos aprender a escutar. Evitar a semiformação, nos termos de Adorno, implicaria garantir uma experiência capaz de fazer durar, capaz de produzir vibrações considerando o tempo e o significado dele para o sujeito. Durar significar suportar oscilações, admitir o descontínuo, o aparecimento da novidade que impacta, desconcerta. Nesses termos, o que a pesquisa mostrou é que a capacidade de fazer durar o desejo no tempo implica um indivíduo que já experimentou o exercício da disciplina consigo mesmo. Um aluno que suporta esperar, aguardar os comentários e avaliações, ler por prazer, sem pretensão de impressionar. Sem

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