Práticas de educação ambiental: metodologia de projetos
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Sobre este e-book
Para a realização do ensino usando a Metodologia de Projetos, uma vez definidos a situação-problema e os objetivos, os participantes precisam ter envolvimento e participação direta com as práticas de aprendizagem, pois muitas são as possibilidades de uma aprendizagem significativa quando os conteúdos são interdisciplinares e os sujeitos são os protagonistas da situação. A aprendizagem significativa desafia o aluno a buscar soluções para as situações-problema quando lhe são apresentadas de forma a provocar conhecimento. Assim, a ação docente na qual professor e aluno participam de um processo conjunto para construir o "aprender a aprender" torna a aprendizagem colaborativa, significativa e transformadora.
Sendo assim, este livro tem como objetivo auxiliar o professor no uso da Metodologia de Projetos como prática pedagógica, promovendo, dessa forma, atividades educativas. Para verificar a eficácia da metodologia proposta, as autoras nos trazem uma pesquisa feita com alguns alunos de uma escola estadual, a qual tinha vários projetos sobre a conservação do Meio Ambiente, com maior ênfase na temática "água".
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Práticas de educação ambiental - Maria Helena Quaiati Rodrigues
Editora Appris Ltda.
1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO SUSTENTABILIDADE, IMPCTO, DIREITO GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
AGRADECIMENTOS
Foram muitas as pessoas que fizeram parte da realização deste sonho, portanto, se citá-las nominalmente, posso cometer o erro de esquecer alguém que o compartilhou comigo. A caminhada foi difícil, mas aqui cheguei. Cada dia um desafio, uma nova emoção. Decepções e tristezas fizeram parte da conquista, da alegria acompanhada de tanta aprendizagem.
Não poderia deixar de agradecer à escola, na qual foi realizada a pesquisa de campo, pela receptividade e colaboração. A minha querida orientadora, Profª Drª Janaína F. F. Cintrão, pela dedicação e paciência com que conduziu a pesquisa, ensinando-me e acreditando em meu trabalho. Agradeço também a Uniara (Centro Universitário de Araraquara/SP), por intermédio de seu programa de Pós-Graduação, por minha formação acadêmica.
Hoje e sempre vou agradecer ao Adriano, meu esposo e companheiro de todas as horas, por ter me encontrado entre todas as mulheres do mundo. Como é bom agradecer a quem nos faz o bem.
Apresentação
O objetivo deste livro é mostrar que existem métodos de ensinar Educação Ambiental sem que esta tenha que ser considerada uma disciplina obrigatória no currículo. Pretendemos demonstrar que a aprendizagem da Educação Ambiental, entendida como um Tema Transversal, têm funções e valores culturais diferenciados, conforme o que se ensina e como se ensina. Além dos métodos, dos manuais, dos recursos didáticos, existe um sujeito que busca a aquisição dos conhecimentos na escola, nesse caso, o aluno. As reflexões e as teses aqui expostas estão baseadas em um trabalho que realizamos em uma escola pública, durante a pesquisa de campo de nosso curso de mestrado, para conclusão da dissertação.
A escola onde desenvolvemos a pesquisa se propôs a desenvolver, a partir da Metodologia de Projetos, uma estratégia transformadora de hábitos e costumes tradicionais praticados naquele contexto escolar, bem como na comunidade familiar. A Metodologia de Projetos permite ao professor de Educação Básica provocar uma situação inovadora aos professores que, por insegurança, não propõem práticas educativas além daquelas previstas no programa tradicional de ensino.
Em nossa caminhada profissional, tínhamos como prática buscar motivação para inovar a didática em sala de aula. Esse foi o motivo que nos incentivou a procurar um curso de pós-graduação que oferecesse uma metodologia interdisciplinar. De fato a profissão docente é algo característico e indeterminado, nunca estamos prontos e acabados em nossa formação pessoal ou profissional. A formação profissional de professor não se faz apenas por meio de cursos, ela se dá a partir de uma reflexão crítica sobre sua identidade de professor no decorrer de seu trabalho pedagógico.
Este livro é o resultado de uma pesquisa realizada para a conclusão da dissertação do curso de Pós-Graduação lato sensu (mestrado) com o objetivo de analisar a eficácia da Metodologia de Projetos como prática pedagógica, bem como de verificar se as atividades educativas, quando significativas, podem auxiliar na formação do sujeito cidadão e em sua conscientização sobre práticas socioambientais. Para a realização deste trabalho, partiu-se do pressuposto de que a Metodologia de Projetos possibilita ações interdisciplinares e transversais, favorecendo o pensar e agir dos alunos. Trata-se de um estudo de caso realizado com alunos do 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública do interior do estado de São Paulo, a qual desenvolvia a Metodologia de Projetos há quatro anos.
Inicialmente, fizemos um levantamento bibliográfico que permitiu localizar autores defensores dessa metodologia. A partir desse levantamento, fizemos uma pesquisa de campo com um roteiro de entrevista semidiretiva aplicado aos estudantes.
Ao término desta pesquisa, percebeu-se que a referida escola atingiu os objetivos propostos ao elaborar o projeto para trabalhar a temática Água
. Os resultados demonstraram que houve conscientização e aprendizagem dos alunos que participaram da entrevista, uma vez que tinham segurança ao responder às perguntas. As entrevistas tiveram por objetivo identificar os projetos que a escola havia desenvolvido e o que os alunos haviam aprendido sobre o tema proposto, no caso, a Água
, motivo pelo qual não houve necessidade de fazer entrevistas com os professores. Na Metodologia de Projetos, o papel do professor é ser o de mediador do ensino/aprendizagem, contribuindo para a formação do conhecimento individual. Outro aspecto investigado foi o resgate da memória, pois alguns projetos haviam acontecido há mais tempo, havendo necessidade de o aluno ver a foto para voltar no tempo e espaço para lembrar.
Os resultados mostraram que a aplicação da Metodologia de Projetos favorece o exercício da Transversalidade e Interdisci-
plinaridade, propiciando práticas pedagógicas que atendem aos objetivos propostos no desenvolvimento dos projetos programados para cada disciplina.
PREFÁCIO
Quero iniciar este prefácio com uma indagação: qual é o passado que teremos daqui a 30 ou 40 anos? A resposta que dermos a ela na família, na escola e na sociedade, no tempo atual, vai direcionar nossas ideias e ações, atestando que o futuro sonhado interfere sobremaneira no presente realizado.
A escola, responsável pela produção da inteligência do amanhã, deve incentivar a inquietação frente ao quadro instalado de descaso, exploração e destruição em relação ao meio ambiente, o que conduz à importante consciência de que estamos todos no mesmo espaço, o qual se apresenta frágil e limitado em seu potencial de renovação. É necessário, hoje, que essa consciência ambiental global se apresente como fator essencial para mudanças de nossos paradigmas de ser e conceber o mundo e a vida.
Logo, é urgente a necessidade de cuidar de mentes e corações. É preciso que todos nós, educadores, escolas, entidades e ONGs, empresas, famílias, aprendamos a usufruir do planeta sem destruí-lo, pautados pelo atual paradigma HOMEM = NATUREZA, e não mais HOMEM X NATUREZA.
Nesse sentido, projetos que contemplem a sustentação do futuro são sempre bem-vindos. Projetos que valorizem a cooperação, o consumo responsável, a criatividade, a solidariedade, a responsabilidade com o outro e o meio ambiente devem ser o objetivo de todas as escolas.
Temos de gestar esse futuro AGORA!
A mudança de paradigma requer mudança de metodologias. Um olhar sistêmico da vida, diferentemente do cartesiano, possibilita uma abordagem sistêmica da Educação, e o ensino, por meio da Metodologia de Projetos, decorrente da concepção da Escola Nova, é um deles. Essa metodologia possibilita ações transversais e interdisciplinares, favorecendo saberes novos ao aluno em sua relação com o mundo natural.
Assim, experiências como a da Escola Estadual João Gomieri Sobrinho em Palmares Paulista, cidade do interior de São Paulo, que serviu de campo para a coleta de dados para a autora, Maria Helena Quaiati Rodrigues, reforçam a ideia de que esse é o caminho. A partir da temática Água
, Maria Helena, na avaliação do projeto executado, comprovou a conscientização dos alunos quanto ao assunto proposto e trabalhado de modo sistêmico e global, tanto no comportamento na escola, como na família, conforme dados e questionários utilizados.
A Metodologia de Projetos configura-se em uma visão de abordagem educativa que vai além do antigo modo de transmissão simples e reprodutiva de saberes. Ela desenvolve, no aluno, a habilidade de se posicionar em seu processo de construção do saber como indivíduo que compreende as mudanças e as novas situações e a elas se adapta, repensando sua ação criativa na concretude de suas experiências.
Mais do que a comprovação de que a Transversalidade e a Interdisciplinaridade dão resultados efetivos no processo ensino/aprendizagem, como conclui a autora neste trabalho, é a reflexão que ela nos apresenta: nossa decência ética deve conduzir nossas ações, na docência responsável, para sustentar a teia da vida e as futuras gerações.
Que todos nós acostumemos nossos olhos a olhar o futuro para fazer o presente.
Maria Izabel de Oliveira Massoni
Drª em Teoria Linguística pela Unicamp
Professora aposentada da Unesp (São José do Rio Preto/SP)
Abril de 2016
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Inserir a Educação Ambiental (EA) nas práticas educacionais
diárias é imprescindível na Educação Infantil e anos iniciais
do Ensino Fundamental, além de ser nossa responsabilidade,
como educadores, pois precisamos, com urgência, colaborar para a
mudança de postura de hábitos na sociedade.
Neste sentido, a EA é crucial.
(Berenice Gehlen Adams)
Sumário
INTRODUÇÃO
1. Caracterização do universo da pesquisa
2. Sujeitos da Pesquisa
3. Procedimentos
a) Levantamento e revisão bibliográfica
b) Entrevistas com alunos
c) Análise documental
d) Análise dos dados obtidos
4. Estrutura do trabalho
CAPÍTULO 1
EDUCAÇÃO BÁSICA E OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
1.1. Educação básica
1.2. Parâmetros curriculares nacionais
1.2.1. Temas transversais e tema transversal meio ambiente
1.3 Transversalidade e Interdisciplinaridade
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA DE PROJETOS COMO POSSIBILITADORA DE PRÁTICA EDUCATIVA NA EDUCAÇÃO BÁSICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
2.1. Metodologia de projetos 59
2.1.1. Histórico da metodologia de projetos
2.1.2. Ideário da metodologia de projetos
2.1.3. Conceito de metodologia de projetos
2.1.4. O papel do professor na metodologia de projetos
2.1.5. As vantagens do uso da metodologia de projetos
2.1.6. O aluno no mundo contemporâneo
CAPÍTULO 3
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
3.1. Educação ambiental
3.1.1 Educação ambiental transformadora
3.1.2. Educação Ambiental e a construção da cidadania
3.1.3 Os projetos desenvolvidos na escola pesquisada
CAPÍTULO 4
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. Análise das entrevistas realizadas com os alunos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
A Educação é a base fundamental para que os indivíduos tenham acesso ao conjunto de bens culturais da sociedade como condição necessária para usufruírem de outros direitos constituídos em uma sociedade democrática. Por isso, o direito à Educação é reconhecido e consagrado na legislação brasileira. O artigo 22. da lei 9.394/96 diz A Educação Básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores
¹.
Penteado diz:
A escola é sem sombra de dúvida o local ideal para se promover este processo. As disciplinas escolares são os recursos didáticos através dos quais os conhecimentos científicos de que a sociedade já dispõe são colocados ao alcance dos alunos. As aulas são o espaço ideal de trabalho com os conhecimentos e onde se desencadeiam experiências e vivencias formadoras de consciência mais vigorosas porque