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Liderança e Qualidade das Relações Sociais - Relevância para o Comprometimento em Missões de Paz
Liderança e Qualidade das Relações Sociais - Relevância para o Comprometimento em Missões de Paz
Liderança e Qualidade das Relações Sociais - Relevância para o Comprometimento em Missões de Paz
E-book640 páginas7 horas

Liderança e Qualidade das Relações Sociais - Relevância para o Comprometimento em Missões de Paz

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Sobre este e-book

Liderança e qualidade das relações sociais: relevância para o comprometimento em missões de paz reúne a experiência dos autores e ampla pesquisa de campo sob um olhar crítico a respeito de questões fundamentais da administração contemporânea: a liderança e o comprometimento de equipes de trabalho. Impulsionados pela obra de Weber, a construção e o exercício da liderança têm se disseminado nas abordagens comportamentais e na prática gerencial, basta ver a ampla literatura disponível hoje sobre o tema, mas este livro vai além ao relacionar os elementos da liderança à promoção da troca social e ao comprometimento dos indivíduos. Nesse sentido, escapa do frequente reducionismo que trata a liderança como variável finalística e desconsidera seus efeitos de longo prazo que podem transformar valores e práticas organizacionais. Ao tomar como objeto de análise uma missão singular das Forças Armadas, a Missão de Paz para Estabilização do Haiti (MINUSTAH) – onde o estresse cotidiano, a criticidade da ordem e da hierarquia e a convivência com o drama humano podem esgarçar as relações internas aos grupos e com as lideranças –, os autores trazem à tona a importância do componente afetivo na construção do comprometimento organizacional, mediando a qualidade das trocas sociais entre líderes e liderados e internamente às equipes. Desenvolvida na Escola de Administração da FGV-Rio (EBAPE-FGV), no âmbito do Programa de Apoio ao Ensino e à Pesquisa Científica e Tecnológica em Defesa Nacional (Pró-Defesa), promovido pela CAPES, esta obra oferece sólido referencial teórico e profundo trabalho de campo. Os resultados trazem uma contribuição significativa a todas aquelas organizações que precisam fortalecer os aspectos da liderança, troca social e comprometimento organizacional. Ou seja, a todas as organizações!

Joaquim Rubens Fontes Filho

Professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de mai. de 2018
ISBN9788547316891
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    Liderança e Qualidade das Relações Sociais - Relevância para o Comprometimento em Missões de Paz - Valderez Ferreira Fraga

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS - SEÇÃO ADMINISTRAÇÃO

    AGRADECIMENTOS

    À professora Fátima Bayma, pela autonomia e confiança estabelecidas no processo de orientação, permitindo-me o exercício da iniciativa e da busca pelo conhecimento. Particularmente, o apoio para a realização dos estudos realizados, destacando a interação, desde o início, com profissionais do mais alto nível de relacionamento pessoal e profissional ao longo do período de pesquisas.

    À professora Luciana Mourão, colega de profissão, pela inequívoca participação como coorientadora, especialmente em razão de sua presença constante e clareza metodológica, características que contribuíram para a maior objetividade, consistência teórica e clareza de propósitos dos estudos realizados.

    À professora Valderez, pela disponibilidade, humanidade e atenção dispensadas durante toda a pesquisa, fatores que julguei de fundamental importância para minha motivação pela busca da excelência na pesquisa ora concluída.

    Ao professor Paulo Roberto de Mendonça Motta, pelo constante incentivo ao estudo e à pesquisa.

    Ao professor Anderson Santa’Anna, da Fundação Dom Cabral, pela orientação voltada para o mundo do trabalho.

    Ao professor Marcos Emanoel Pereira, pelo apoio oferecido à elaboração, construção de instrumentos, coleta e tratamento estatístico dos dados coletados por intermédio da rede mundial de computadores.

    À professora Terri Scandura, por sua gentileza e grande disposição em colaborar com esta pesquisa, demonstrando o alto nível científico, mas, antes de tudo, a capacidade de colocar em prática a teoria que estudou e aperfeiçoou ao longo de sua vida de pesquisadora.

    Ao professor Gustavo Almeida, pelas orientações necessárias ao tratamento estatístico dos dados quantitativos coletados e pela constante demonstração de profissionalismo, lealdade e consideração demonstrados desde o ano de 2013.

    Ao professor Luís Antônio Monteiro Campos, pela confiança depositada ao convidar-me para a elaboração de capítulo do livro Psicologia nas Organizações, no ano de 2014.

    Ao Comando da Escola de Comando e Estado-Maior (ECEME), pelo convite que me fora feito no sentido de participar de processo seletivo para a realização de curso de doutorado junto à Fundação Getulio Vargas, bem como pelo apoio dispensado ao longo doa anos de 2012 a 2015, sem o qual não teria concluído o Programa de Pós-Graduação da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas/EBAPE.

    Ao General Francisco Mamede de Brito Filho, então Comandante da 4ª Brigada de Infantaria, agradeço o apoio à realização das pesquisas de campo conduzidas junto aos integrantes dessa Grande Unidade, os quais integraram o Batalhão Brasileiro no Haiti (BRABAT 2/17) e contribuíram com o levantamento de dados essenciais ao êxito do presente livro.

    A todos os participantes das pesquisas realizadas, meu agradecimento pela confiança em mim depositada e meu sincero reconhecimento pela coragem e entusiasmo profissionais demonstrados na resposta aos diferentes instrumentos de coleta de dados utilizados no campo.

    A Carla Beatriz, Alessandra Ramundo, Jucélia e Maria Rosa, professoras de idiomas da ECEME, e a Simone Tostes, professora do Centro de Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caxias, pelo auxílio na tradução e adaptação de escalas sociais do idioma inglês e do espanhol para o português.

    Aos professores e colegas da Fundação Getulio Vargas, pelo companheirismo e amizade.

    A Ana Carolina Pereira, bibliotecária do Centro de Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caxias, pelo excelente apoio, orientação e correções necessárias ao aperfeiçoamento do trabalho e adequação às normas técnicas

    Ao Coronel Ernesto de Lima Gil, Comandante do Centro de Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caxias, pela liderança, amizade e criação de um ambiente organizacional favorável aos estudos e às pesquisas no campo das Ciências Humanas.

    Aos meus pais, Paulo César d’Ávila e Maria Beatriz Rosi d’Ávila, pela base de uma educação sólida e moral que estruturaram meu crescimento psicossocial.

    À minha esposa, Carla, e meu filho, Davi, pela compreensão da ausência nos momentos de estudo dispensados em prol do curso de Doutorado e pelo amor que tiveram em todas as oportunidades.

    APRESENTAÇÃO

    A oportunidade de Oficiais das Forças Armadas Brasileiras realizarem cursos de pós-graduação no nível de Mestrado e Doutorado no contexto do Programa Pró-Defesa, convênio estabelecido entre o Ministério da Defesa e a Coordenadoria do Ensino Superior (CAPES), representa uma iniciativa que aproxima as Forças Armadas do meio acadêmico, contribui para o estabelecimento de sadias relações entre civis e militares em proveito do desenvolvimento da ciência e da tecnologia e estimula a formulação de políticas e ações que podem contribuir para desenvolvimento político, econômico e social da sociedade brasileira.

    A Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Exército Brasileiro (EB) investiram tempo, pessoal e muito empenho para que alguns oficiais, aprovados em processos seletivos, tivessem a oportunidade de contribuir para o aperfeiçoamento de suas organizações e a presente obra é fruto de um trabalho conjunto entre as mencionadas organizações.

    Após quatro anos de intensos estudos, pesquisas e aprendizados, defendeu-se uma tese acadêmica que se propõe, nesta oportunidade sob a forma de livro, comunicar os resultados de pesquisas que dedicaram a investigar a liderança, a qualidade de trocas sociais e o comprometimento organizacional em um cenário da Missão de Paz para a Estabilização do Haiti.

    Sobre a liderança, pode-se ressaltar que a sua manifestação se faz presente em cenários de missões de paz e é destacada por muitos participantes das pesquisas como essencial para o cumprimento das missões recebidas no Teatro de Operações. Pesquisar a liderança em participantes motivados, comprometidos e conscientes da relevância social de suas ações, além de gratificante, é ter a certeza de nossa capacidade de colaborar para a reconstrução de um país assolado por desastres naturais, marcado por desigualdades sociais e carente de lideranças que se engajem na melhoria das condições de vida da sociedade.

    Considerar a qualidade das relações sociais entre diferentes níveis hierárquicos consiste em uma evolução não só no trato social, mas também no tipo de troca social que se estabelece entre pessoas, seja em relações entre líderes e liderados, seja em equipes de trabalho constituídas em torno de tarefas específicas. É na distância física de seu país de origem e dos familiares que emergem, no Contingente Brasileiro e Militares Brasileiros no Haiti, relações sociais que se caracterizam pelo respeito mútuo, pela confiança e pela camaradagem.

    Analisar o comprometimento organizacional em contextos militares, sob a vertente de componentes afetivos, calculativos e normativos, foi considerado rico na medida em que se destacou a preponderância teórica e prática da vertente afetiva em relação aos componentes calculativos e normativos de um construto mais amplo que é o comprometimento organizacional.

    Portanto, o objetivo geral das pesquisas de campo realizadas foi compreender as interações entre a liderança, a qualidade de trocas sociais em equipe e o comprometimento organizacional. Foram adotadas estratégias metodológicas adequadas, com a finalidade de se buscar a compreensão de distintos fenômenos sociais com o máximo de riqueza de detalhes. Para tanto, buscou-se, no referencial teórico, a fundamentação necessária para a adoção de métodos de pesquisa pertinentes, o levantamento de proposições de estudo e a adoção de hipóteses que pudessem nortear a condução de estudos sociais em contextos militares.

    Nesse sentido e coerentemente com a estrutura da tese que lhe deu origem, foram realizadas adaptações necessárias, de tal sorte que o presente livro pudesse contemplar um capítulo introdutório, um segundo capítulo que abordasse o referencial, um terceiro capítulo que abordou os aspectos teórico-metodológicos e outros cinco capítulos individualizados que apresentam cada um dos cinco estudos realizados pelo pesquisador. Por fim, no capítulo conclusivo, a busca por contribuições e o esforço por integrar os resultados alcançados são marcas de um trabalho que instiga a curiosidade e se busca por sua aplicação no campo das relações humanas, seja em organizações civis ou militares.

    Coincidentemente, a publicação da obra coincide com o término da Participação do Brasil no Haiti, momento que marca novo capítulo e se descortinam novos desafios para a Nação Brasileira no escopo das Missões Internacionais de Paz das Organizações das Nações Unidas.

    Paolo Rosi d’Ávila

    Fátima Bayma de Oliveira

    Valderez Ferreira Fraga

    PREFÁCIO

    A primorosa tese de Paolo Rosi D´Ávila sobre Liderança, qualidade de troca social em equipes de trabalho e o comprometimento organizacional: um estudo com peacekeepers brasileiros no Haiti, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Fundação Getulio Vargas como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Doutor em Gestão de Administração Pública, encontra consistência na bagagem dos cinco estudos teóricos e empíricos na qual foi embasada.

    A existência de estruturas sociais nas quais o poder e a autoridade se fazem presentes pode ser considerada como uma das características das organizações militares.

    Na literatura sobre comportamento organizacional, observa-se que o poder é um tema bastante discutido. A tipologia de French e Raven (1969), citado na tese de D’Ávila, tem sido uma das abordagens mais populares para a conceituação das bases de poder na influência interpessoal: As três bases do poder legítimo são os valores culturais, a aceitação da estrutura social e a designação por um agente legitimador caracterizado pela ocupação de uma posição por mérito, seja ela por seleção ou eleição.

    Formado em Matemática e Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde lecionei durante 37 anos, não posso deixar de estender as relações entre líderes e subordinados e a influência interpessoal ao campo do magistério - também uma relação de liderança, onde é preciso ter, acima de tudo, muita disciplina.

    O professor, muito além de letras e números, transmite valores, ensinando o aluno a pensar. Essa é a sua função essencial: desenvolver a inteligência reflexiva. É também função da escola expandir o potencial de liderança que existe em todo ser humano.

    A tradição educativa ocidental tem determinado uma educação voltada para o saber cumulativo de conteúdos, intimamente ligado ao comportamento verbal dos professores, onde a preocupação maior é a obtenção de grau quantitativo e não qualitativo. Esse modelo de escola já não nos leva a uma aprendizagem efetiva, pelo fato de estar em desarmonia não só com as mudanças de comportamento social, quanto aos avanços tecnológicos. O grande problema das organizações atuais é a relação fragmentada do poder. No caso da organização escolar, as lideranças dispersas em ilhas formam um arquipélago organizacional, onde cada um cumpre burocraticamente seu papel.

    O professor é o agente educacional básico. É ele quem interage com o aluno quase o tempo todo. Por paradoxo, o magistério, em geral, não recebe a consideração merecida e, por frustração, reage inconscientemente, adotando atitudes incompatíveis às suas funções. Entre essas é marcante o uso incorreto do poder, em que se posiciona como detentor absoluto do conhecimento, exercendo-o com autoritarismo. Nesse sentido, torna-se um disciplinador. Quer ser ouvido, não ouvir.

    As escolas não são máquinas de ensino. O papel de liderança do professor é fundamental para reverter a situação mecanicista que ainda predomina em nossas salas de aula. Mas para isso é necessário mudança na cultura organizacional, criando-se um clima motivador à participação e à criatividade.

    É oportuno observar as relações de liderança, particularmente dentro das organizações sociais. No campo pedagógico, todos têm condições de exercer influência na construção do bem coletivo - dirigentes, professores, orientadores, auxiliares, alunos e pais. A integração sistêmica desses personagens no contexto pedagógico-organizacional é relevante à sinergia e aos resultados.

    Transitando com amplo domínio na atenta pesquisa empreendida, o autor alinhavou suas proposições com a mais fina agulha de sua própria experiência. O resultado foi a elaboração de uma ampla análise que em muito contribui para o avanço de estudos sobre liderança e trocas sociais, subsidiando o aperfeiçoamento de programas de ensino, entre outros fomentos.

    Arnaldo Niskier

    da Academia Brasileira de Letras.

    SUMÁRIO

    CAPÍTULO 1

    INTRODUÇÃO

    Paolo Rosi d’Avila

    CAPÍTULO 2

    LIDERANÇA, COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL E TRABALHO EM EQUIPE:

    ABORDAGENS TEÓRICAS

    Paolo Rosi d’Ávila

    Paulo Roberto Mendonça Motta

    CAPÍTULO 3

    ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

    Paolo Rosi d’Ávila

    Fátima Bayma de Oliveira

    Marcos Emanoel Pereira

    CAPÍTULO 4

    ESTUDO 1 - Uma abordagem fenomenológica qualitativa articulada à quantitativa, visando a abordar a liderança, o trabalho em equipe e o comprometimento organizacional, nos diferentes níveis hierárquicos do BRABAT 2 sugere possibilidades futuras para uma, ainda que breve, reinserção fenomenológica

    Paolo Rosi d’Avila

    Valderez Ferreira Fraga

    CAPÍTULO 5

    Estudo 2 - A liderança, o trabalho em equipe e o comprometimento organizacional na perspectiva de líderes organizacionais militares no contexto de uma Missão de Paz da Organização das Nações Unidas

    Paolo Rosi d’Avila

    Luciana Mourão

    CAPÍTULO 6

    Estudo 3 - A liderança, o trabalho em equipe e o comprometimento organizacional no contexto das Operações de Paz desenvolvidas pelo BRABAT 2, uma análise comparativa em pequenos grupos

    Paolo Rosi d’Avila

    Luciana Mourão

    CAPÍTULO 7

    Estudo 4 - A liderança, o trabalho em equipe e o comprometimento organizacional em equipes de trabalho no nível operacional

    Paolo Rosi d’Avila

    Fátima Bayma de Oliveira

    CAPÍTULO 8

    Estudo 5 - A liderança, a qualidade de trocas sociais em equipes de trabalho e o comprometimento organizacional: um estudo comparativo envolvendo líderes e liderados em diferentes níveis hierárquicos e contextos de atuação profissional

    Paolo Rosi d’Ávila

    Gustavo de Oliveira Almeida

    Marcos Emanoel Pereira

    CAPÍTULO 9

    CONCLUSÕES

    Paolo Rosi d’Ávila

    Fátima Bayma de Oliveira

    REFERÊNCIAS

    APÊNDICES

    APÊNDICE A - CONVITE PARA PESQUISA PELA INTERNET

    APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

    APÊNDICE C - DADOS DEMOGRÁFICOS PARA A PESQUISA

    APÊNDICE D - LMX PARA SUPERVISORES

    APÊNDICE E - LMX PARA SUBORDINADOS

    APÊNDICE F - TMX

    APÊNDICE G - COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL

    APÊNDICE H - PESQUISA RELAÇÕES DE TRABALHO NAS ORGANIZAÇÕES

    APÊNDICE I - QUESTIONÁRIO

    APÊNDICE J - PROTOCOLO PADRÃO DE ÉTICA

    APÊNDICE K - ROTEIRO DE PERGUNTAS PARA ENTREVISTA

    APÊNDICE L - PESQUISA LIDERANÇA, TRABALHO EM EQUIPE E COMPROMETIMENTO NO BRABAT 2

    APÊNDICE M - Tabela de estudos sobre trocas sociais, liderança, trabalho em equipe e comprometimento organizacional.

    SOBRE OS AUTORES

    CAPÍTULO 1

    INTRODUÇÃO

    Paolo Rosi d’Avila

    A influência social entre grupos humanos pode ser circunscrita à busca de objetivos individuais, grupais e organizacionais. Rodrigues (1999) aborda a influência social como um dos fenômenos ligado ao relacionamento interpessoal, segundo o qual existe a possibilidade de o comportamento humano, seja no nível individual ou grupal, ser influenciado por um indivíduo ou um grupo de pessoas.

    Gouveia (2011) realizou um ensaio segundo o qual os estudos sobre influência social seriam reflexos dos contextos sociais de sua contemporaneidade, destacando que a influência social veio a ser caracterizada, no início do século XX, como:

    [...] um fenômeno que leva as massas a desenvolverem uma dependência diante de indivíduos dotados de poder da liderança, praticando atos e assumindo posicionamentos que, acreditava-se, fugiam ao próprio controle. Deste modo, a influência social, é entendida como um fenômeno através do qual as massas desenvolvem uma dependência diante de indivíduos dotados de poder de liderança, levando-os a anular suas próprias vontades individuais (GOUVEIA, 2011, p. 245).

    Segundo as observações de Smith e Peterson (1994), Max Weber, em sua obra Economia e Sociedade, pôde evidenciar três bases sobre as quais a autoridade do líder poderia recair:

    [...]1) fundamentos racionais, apoiando-se na crença da legalidade dos padrões de regras normativas e no direito daqueles a quem é dado essa autoridade. De emitir ordens sobre tais regras (autoridade legal);

    2) bases tradicionais, apoiando-se na crença estabelecida na devoção às tradições imemoriais e na legitimidade do status daqueles que exercem a autoridade sobre eles (autoridade tradicional);

    3) bases carismáticas, apoiando-se na devoção à específica e excepcional santidade, heroísmo ou caráter exemplar de uma única pessoa e em padrões normativos de ordem elevada ou ordenada por ele (autoridade carismática) [...] (SMITH; PETERSON, 1994, p.5).

    Observamos que o fenômeno da liderança foi e ainda é influenciado pelas contingências políticas, históricas e econômicas correspondentes ao período de análise sobre esse fenômeno. Tal constatação permitiu que Smith e Peterson (1994, p. 17) observassem sobre o posicionamento de Max Weber nos seguintes termos: [...] Sua mais importante descoberta foi não residirem essas três bases de autoridade simplesmente no líder, mas na estrutura social da qual ambos – líder e liderados – fazem parte. Pode-se depreender dessa assertiva a relevância que a estrutura social adquire no exercício da liderança.

    Com o avanço de teorias científicas, diversas pesquisas vieram a ser desenvolvidas em torno da influência social e da liderança. Spector (2010) destaca as Bases de Poder de French e Raven (1959) e as Fontes do Poder Político de Yukl (1989) como temas de relevância para o entendimento do fenômeno da liderança. Esses estudos apontam a importância que deve ser dada ao assunto por aqueles interessados em compreender como pode ser fundamentada ou mesmo influenciada a liderança em grupos humanos. No contexto da liderança, podem-se concluir, como relevantes, as bases de poder as quais fundamentam o estabelecimento de influências e vínculos, podendo favorecer a ocorrência de mudanças comportamentais

    desejáveis aos propósitos pessoais e organizacionais colimados pelos líderes, sejam eles atuando em grupos informais, sejam em organizações formalmente constituídas.

    Nesse sentido, a liderança poderia ser descrita como um processo de influência social e objeto de estudo e interesse por estudiosos das Ciências Sociais, da Psicologia Social, bem como da Administração.

    Krumm (2005) apresenta o uso da influência de acordo com estudos mais recentes realizados por Yukl e Tracey (1992), nos quais foram identificadas nove diferentes táticas de influência a partir de questionários preenchidos por subordinados, colegas e chefes de um grupo de administradores.

    A eficácia em influenciar os demais foi atribuída a traços de personalidade que reforçavam a ideia do líder nato. Tal tendência foi fortemente aceita particularmente no primeiro quartel do século XX, quando a Psicometria adquiriu forte preponderância sobre os estudos desenvolvidos no campo da Psicologia. Posteriormente, verificamos que simplesmente apresentar determinados traços de personalidade relacionados ao exercício da liderança não seria suficiente para garantir sua manifestação em determinado contexto social, uma vez que variáveis situacionais poderiam exercer interferências no processo da liderança.

    Mais uma vez, a interação com grupos humanos, como variável situacional, deve ser considerada no contexto do tema da liderança. Portanto, a liderança pode ser melhor bem compreendida quando de sua inserção no contexto da influência social nos grupos humanos, considerando tanto as características individuais e objetivos organizacionais quanto a existência de diferenças culturais do grupo em questão.

    Cabe frisar, por oportuno, a relevância organizacional da aplicação de teorias científicas na área da liderança no contexto das organizações. No caso específico do presente livro, verifica-se a necessidade de serem consideradas as características singulares das organizações militares. Para que essas características sejam acessadas, torna-se necessário a escolha, o desenvolvimento e o emprego de instrumentos de coleta de dados adequados à investigação, tanto de construtos teóricos quanto da cultura organizacional militar, cultura legalmente influenciada pela hierarquia e disciplina. Dessa forma, um dos objetivos deste estudo foi investigar as características singulares do ambiente militar, particularmente durante Operações de Manutenção da Paz sob a égide da ONU.

    A liderança pode ser caracterizada como um processo de influência social na medida em que estabelece o relacionamento entre grupos de pessoas em torno de objetivos individuais, grupais ou institucionais, observação corroborada por Spector quando afirma que:

    [...] a ideia comum que faz parte de várias definições diz que a liderança envolve influenciar as atitudes, crenças, comportamentos e sentimentos de outras pessoas, mas os líderes exercem uma influência desproporcional; ou seja, o líder tem mais influência do que aquele que não é líder (SPECTOR, 2010, p.494).

    Stoner e Freeman (1999) procura definir a liderança dentro de uma abordagem administrativa, como processo que favorece a direção e a influência sobre as atividades relacionadas às tarefas atinentes aos grupos de trabalho. Da sua definição, decorrem três importantes implicações: a primeira, refere-se à necessidade de se considerar as pessoas; a segunda, diz respeito à existência de uma desigual distribuição de poder entre o líder e os liderados; e, em terceiro lugar, o autor destaca a importância da capacidade de usar diferentes formas de poder para influenciar seus seguidores.

    Estudos indicam que alguns papéis de liderança podem criar uma dependência pouco saudável com relação ao líder, restringindo o crescimento e a autonomia dos subordinados, sendo consideradas como emergentes abordagens atuais que valorizam o desempenho dos papéis de coaching por parte de um líder, os conceitos de Autoliderança, Superliderança, Substitutos e Fortalecedores da liderança (NEWNSTROM, 2008, p.171).

    Daft (2006, p.309) destaca que Os valores organizacionais são desenvolvidos e consolidados principalmente por meio da liderança baseada em valores, uma relação entre líderes e seguidores baseados em valores compartilhados e solidamente internalizados, que sejam defendidos e corporificados pelo líder.

    É possível verificar, nas tendências mais modernas em gestão de pessoas, a busca por modelos de liderança que considerem a confiança, a cooperação e a participação dos subordinados nas decisões.

    Dessa forma, este livro se justifica pela possibilidade de levantar informações que possam subsidiar a ação de gestores interessados em dispor de conhecimento científico que lhes permita compreender, de forma mais consciente, a relevância da qualidade das trocas sociais entre os líderes e liderados, bem como entre os membros de equipes de trabalho das trocas sociais entre os líderes e liderados para o comprometimento organizacional. Portanto, o propósito é levantar o referencial teórico que pode oferecer subsídios para a investigação sobre a liderança, o trabalho em equipe e o comprometimento organizacional. Cabe lembrar que o comprometimento organizacional poderá ser considerado como uma variável dependente no presente estudo, entretanto sua análise suscita estudos posteriores que possam relacionar essa variável com outros resultados organizacionais, tais como a satisfação no trabalho e o desempenho organizacional.

    Nesse cenário de relações, verifica-se que a confiança pode ser considerada como uma dimensão importante na influência sobre indivíduos e grupos humanos, sendo, consequentemente, relevante para a liderança organizacional. Drummond (2004) realizou estudos sobre as relações entre a confiança e a liderança nas organizações cujos resultados podem contribuir para a orientação de uma estratégia metodológica mais sistemática com vistas ao estudo da liderança no Brasil, área que demanda a realização de pesquisas empíricas como as que são desenvolvidas em outros países.

    Como afirma Lanner, especial destaque deve ser conferido à relevância da confiança nas organizações na medida em que:

    [...] As organizações serão capazes, além disso, de desfrutar os benefícios de estruturas mais estáveis e em forma de rede, nas quais a autoridade vem distribuída ao pessoal de front-line, promovendo uma cultura fundamentada em altos índices de confiança. Instrumentos clássicos de gestão, com controle e verificação, revelam-se inadequados ou muito caros. Torna-se, então, necessário recorrer a mecanismos de regulamentação de processos (comunicativos, produtivos, de troca, etc.) que deixem às unidades periféricas maior poder e maior espaço de autogestão e de escolha em função das relações específicas que realizam (LANNER et al., 2004, p.95).

    No campo da administração, a aplicação de pesquisas sobre liderança pode encontrar terreno fértil na área de gestão de pessoas e favorecer a influência social entre supervisores e subordinados. No caso de sua aplicação em organizações, verifica-se, no universo pesquisado, que os militares empregados em diferentes países com o objetivo de promover a estabilidade e manutenção da paz em áreas conflituosas, como é o caso da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), são profissionais altamente comprometidos, preparados e competentes, por isso torna-se necessária a condução de uma seleção, preparação, acompanhamento e desmobilização que permitam o cumprimento de missões militares com pleno êxito em cenário diverso das condições de trabalho vivenciadas durante as atividades diárias e administrativas desenvolvidas no Brasil em situações de normalidade em tempo de paz.

    Nesse sentido, a condução de pesquisas nos campos da Psicologia Social e da Administração sobre as bases do poder social, sobre teorias motivacionais, comunicacionais e cognitivas podem se constituir em base consistente para a melhor compreensão dos processos de influência social. No campo da administração, a aplicação do presente trabalho pode ser verificada na área de gestão de pessoas, mais especificamente no gerenciamento de clima organizacional, da qualidade de vida no trabalho, bem como no desenvolvimento de recursos humanos.

    Algumas definições e abordagens sobre a influência social e a liderança poderão articular, de forma lógica, as relações entre esses temas. Torna-se presente na análise da liderança a figura de um agente influenciador e pessoas a serem influenciadas, cabendo destacar, por oportuno, que, apesar de todo processo de liderança ser marcado pela influência social, nem todo o processo de influência social pode ser caracterizado como um processo de liderança. Nesse sentido, a influência social pode ser considerada um processo mais abrangente, mas que, de certa forma, poderia subsidiar a interação social verificada em uma situação em que se constate o concurso da liderança.

    A relação estabelecida entre liderança e influência social pode ser analisada à luz de diferentes disciplinas, tais como a Sociologia, a Administração, a Antropologia Social e a Psicologia Social, denotando sua esfera multidisciplinar. No campo da Psicologia Social, a influência social é tema de interesse teórico no qual pode ser inserida uma compreensão mais científica do processo de liderança. Com essa finalidade, serão apresentadas algumas definições sobre a Psicologia Social, entre as quais pode ser destacada a apresentada por Zajonc (1968 apud RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 1999, p.179), segundo a qual esse campo de conhecimento é definido como o estudo da dependência e interdependência entre as pessoas. Já o próprio Rodrigues (1999, p.179) define a Psicologia Social como o estudo científico da influência entre as pessoas (interação social) e do processo cognitivo gerado por esta interação (pensamento social).

    O estudo da influência social tem sido um objeto de pesquisa na Psicologia Social desde a fundação da disciplina (JONES, 1985, apud RODRIGUES et al.,1999), sendo consideradas de significativa relevância social questões éticas quando do exercício da influência social sobre grupos humanos. Dentre esses questionamentos éticos, pode-se destacar o respeito à dignidade da pessoa humana, às suas diferenças e às singularidades. Considerações no campo da aplicação prática dos conhecimentos científicos disponíveis acerca da liderança e de outros temas da Psicologia Social poderiam ser de grande valia para grupos que carecem do concurso de um elevado nível de influência social, o que é o caso de organizações militares que gerenciam pessoas em proveito do cumprimento de prescrições constitucionais e regulamentares em situações de emprego operacional em situações que demandam a manutenção da ordem, dos poderes constituídos, bem como em situações de crise, calamidade pública ou de pacificação em áreas conflitadas.

    Pode-se concluir parcialmente que tanto a influência social quanto a liderança configuram-se como temas interesse da Psicologia Social e da Administração pelo fato de dependerem de estruturas e processos cognitivos e afetivos (como percepção, pensamento, memória, motivação, e linguagem) e lidarem com a gestão de pessoas.

    Tannenbaum, Weschler e Massarik (1961, p.42) apontam a relevância de se considerar, na análise do processo de liderança, [...] encontrar um meio de lidar com as três facetas delineáveis do fenômeno da liderança: 1) o líder e seus atributos psicológicos; 2) o seguidor, com seus problemas, atitudes e necessidades; e 3) a situação de grupo em que os seguidores e líderes relacionam-se entre si.

    Verifica-se, em uma breve análise da terceira faceta apresentada, a importância de se considerar o relacionamento entre o líder e seus seguidores. A presença da influência social pode ser caracterizada de forma bastante evidente na assertiva de Tannenbaum et al. (1961, p.42) quando definem a liderança como influência interpessoal exercida numa situação, por intermédio do processo de comunicação, para que seja atingida uma meta ou metas especificadas.

    A liderança veio sendo estudada de tal forma que as variáveis situacionais adquiriram significativa expressão em suas definições constitutivas, mas essa dependência também pode representar a dificuldade de se apresentar uma definição única, universal e integradora desse fenômeno de influência social, sugerindo tratar-se do que a fenomenologia chamaria de polissemia, termo caro a Merleau-Ponty (1996) e Riccoeur (1988), bem como a Muniz de Rezende (1990). Sendo assim, parece interessante sublinhar a assertiva de Katz e Kahn, segundo a qual:

    [...] a liderança aparece na literatura de ciências sociais como atributo de uma posição, como características de uma pessoa e como uma categoria de uma conduta [...] e que sua concepção como uma capacidade torna-se escorregadia devido à excessiva dependência da liderança com as propriedades da situação e das pessoas que deverão ser lideradas (KATZ; KAHN, 1976, p.342).

    Rodrigues et al. também destacam a relevância da interação entre líderes e liderados quando afirmam que:

    Existe uma tendência geral em se rejeitar as teorias baseadas em traços e aceitar uma posição segundo a qual a liderança seria um fenômeno emergente, fruto da interação entre os membros do grupo – embora isso não signifique deixar inteiramente de lado a influência de algumas características de personalidade presentes naqueles que exercem papéis de liderança (RODRIGUES et al, 1999, p.380).

    Convém, ainda, destacar outras definições sobre a liderança no sentido de procurar confirmar a relevância da interação social no contexto desse processo de influência social. George R. Terry (apud BLANCHARD, 1986, p.103), por sua vez, define a liderança como [...] a atividade de influenciar pessoas fazendo-as empenhar-se voluntariamente em objetivos de grupo. Nessa definição, verificamos a influência em se empenhar em proveito de objetivos de grupo, o que chama a atenção tanto para o trabalho em grupo quanto para o envolvimento dos seguidores em proveito de objetivos comuns do grupo ao qual pertence.

    Ainda, procurando abordar definições sobre liderança, cabe distinguir o autor na área de administração que enfoca o contexto da aplicação prática da liderança nas empresas, como é o caso de Hampton (1992), segundo o qual a liderança em administração é concebida como um processo interpessoal por meio do qual o gerente tenta influenciar seus empregados a realizar objetivos de trabalho previstos.

    A persuasão e a busca de uma identidade grupal podem encontrar suporte na liderança de acordo com os estudos conduzidos por Hogan, Curphy e Hogan (1994, p.493) na medida em que abordam a liderança como uma forma de persuadir outras pessoas em proveito de um objetivo comum, quando interesses pessoais podem ser relegados a um segundo plano, mesmo que por um determinado espaço de tempo, e as responsabilidades e o bem-estar do grupo adquirem valor social nas relações estabelecidas.

    Hersey e Blanchard (1986, p.105) definem a liderança como um processo de influenciar as atividades de indivíduos ou grupos para a consecução de um objetivo numa dada situação. Ainda segundo Hersey e Blanchard (1986, p.103), uma liderança dinâmica e eficaz é uma característica que distingue uma organização bem-sucedida de outra malsucedida, e a maior parte dos malogros de empresas que encerram suas atividades pode ser atribuída a uma liderança ineficaz. Na medida em que a liderança é definida por esses autores como o processo de influenciar as atividades de indivíduos ou grupos para a consecução de um objetivo numa dada situação, verificamos a ênfase na realização de objetivos com a atuação conjunta de pessoas.

    É oportuno observar a inserção do estudo do poder e da autoridade na investigação da liderança, particularmente no que diz respeito a sua aplicação dentro das organizações.

    Tannenbaum (1961) destacou que os principais componentes da liderança são a influência interpessoal; a liderança exercida em uma situação, o processo de comunicação; e a consecução de metas. Essas metas seriam: organizacionais; de grupo; do seguidor; e do líder. Tannenbaum (1961) conclui que:

    [...]a essência da liderança é a influência interpessoal, que envolve o influenciador numa tentativa para afetar o comportamento do influenciado, através da comunicação. A própria palavra tentativa evidencia uma distinção entre esforços e efeitos de influência, o que abriria a discussão para a compreensão da liderança e um estudo, à parte, sobre a eficácia da liderança. Desta forma, a pessoa que tenta influenciar outras, mas falha, ainda é líder, embora o seja de maneira altamente ineficaz [...] (TANNENBAUM et al., 1961, p. 44).

    Kurt Lewin (1890-1947) destacou a liderança como processo psicossocial e contribuiu, teoricamente, para a pesquisa de White e Lippitt (1969, apud KRÜGER, 1986, p.75). Essa pesquisa teve o mérito de alterar o rumo dos estudos da liderança para a análise da interação entre líderes, seguidores, situação e tarefa, visto que os estudos realizados até então focalizavam o tema sob a perspectiva da personalidade dos líderes.

    A liderança também é encarada por alguns autores como uma forma de manifestação do poder social. O poder seria o recurso que permite a um líder influenciar os outros indivíduos, provocando mudanças psicológicas num nível de generalidade que inclui mudanças em comportamentos, opiniões, atitudes, objetivos, necessidades, valores e todos os outros aspectos do campo psicológico do indivíduo (FRENCH; RAVEN, 1969, p.759).

    A escolha da orientação seguida em torno da articulação entre a liderança, crenças e poder social está apoiada no estudo que permite concluir ser possível e teoricamente promissora a utilização do conceito de crença na pesquisa das relações entre líderes e subordinados (KRÜGER, 1996).

    Krüger (1996) identifica três características específicas da liderança como forma de expressão do poder social: a intencionalidade da influenciação social; a ocorrência em grupos mais estruturados e orientados para metas mais claras; e a presença de maior preocupação com o desempenho do grupo. Cabe ressaltar que o desempenho do grupo abordado por Krüger (1996) pode ser influenciado tanto pela liderança, tanto pela qualidade das relações estabelecidas entre líder e liderados como entre os membros de uma equipe de trabalho.

    Para investigar o desempenho e sua relação como comprometimento organizacional, como uma possibilidade de indicador de desempenho será preciso compreender aspectos ligados à cultura organizacional existente no contexto de organizações militares do Exército Brasileiro.

    A existência de estruturas sociais nas quais o poder e a autoridade se fazem presentes pode ser considerada como uma das características das organizações militares. Nesse contexto, parece promissor considerar estudos que reconhecem as diferentes bases de poder e seus reflexos na influência interpessoal. Estudiosos como French e Raven (1969, p.758-779) apresentaram cinco bases de poder social: poder de coerção, poder de recompensa, poder de legitimidade, poder especializado e poder referente.

    A influência estabelecida com base no poder social pode ser desempenhada por uma pessoa, um papel, uma norma ou um grupo e provocar mudanças psicológicas expressas em termos de mudanças no comportamento, nas opiniões, nas atitudes, nos objetivos, nas necessidades e nos valores. O poder de recompensa caracteriza-se pela capacidade de serem estabelecidas valências positivas entre a pessoa e o agente social, enquanto o poder de coerção provocará um efeito contrário. Tanto um quanto outro tende a provocar mudanças mais superficiais e menos duradouras se comparados às outras bases do poder social, além de produzirem seus efeitos, em maior intensidade, quando da presença do agente social influenciador, e, por conseguinte, suas forças diminuem com o afastamento deste último. O poder legítimo do agente social sobre a pessoa seria definido como o poder decorrente de valores interiorizados pela pessoa, que indicariam que o agente social teria o direito de influenciar e que a pessoa teria a obrigação de aceitar essa influência. As três bases do poder legítimo são os valores culturais, a aceitação da estrutura social e a designação por um agente legitimador, caracterizado pela ocupação de uma posição por mérito, seja ela por seleção ou eleição, por exemplo. A força do poder especializado do agente social sobre a pessoa varia com a extensão de conhecimento ou percepção que o influenciado atribui ao agente influenciador, em determinada área. O poder especializado estaria baseado na credibilidade do agente social, o que o distinguiria da influência de informação com base nas características do estímulo, tais como a lógica do argumento ou a evidência dos fatos. O poder referente do agente social sobre a pessoa influenciada tem sua base na identificação da pessoa com o agente social. Além disso, o poder referente desempenha um potencial de mudança atitudinal que não depende da presença física do agente social para que as mudanças continuem a se verificar (FRENCH; RAVEN, 1969).

    A conjugação das diferentes bases de poder social pode representar a possibilidade de se potencializar os efeitos desejados para determinada influência social, sendo digno de nota para os estudos deste livro, abordar, de forma empírica, a relevância do poder de referência para o contexto da interação líder-liderado e nas equipes de trabalho. Nesse sentido, a qualidade de trocas entre os líderes e liderados poderá afetar, de diferentes formas, os subordinados, sendo, portanto, importante considerar a influência social decorrente da base de poder de referência exercido pelo líder.

    Considerando que a persuasão e o convencimento envolvem a tentativa de influenciar alguém em suas crenças, atitudes e comportamentos, o estudo da mudança de atitude pode ser bastante útil àqueles que, em posição formal de liderança, sejam exigidos a exercer a condução de atividades que envolvam a direção de grupos humanos. Muito antes de a Cognição Social abordar o tema, a persuasão já era considerada como mediada cognitivamente pela teoria de mudança de atitude (MCGUIRE, 1969, apud DEVINE et al., 1999).

    Segundo Hovland,

    [...] a comunicação persuasiva deverá revestir-se de incentivos capazes de gratificar o recebedor da comunicação, facilitando sua adoção. Credibilidade e competência do comunicador são duas características importantes para a obtenção de uma comunicação persuasiva eficaz (HOVLAND, 1953, apud RODRIGUES et al.,1999, p.130-131).

    Embora essas conclusões sejam questionadas por pesquisadores posteriores (RODRIGUES et al., 1999, p.131), sua utilização sobre a credibilidade e a competência do comunicador tem influenciado iniciativas de comunicação de massa com propósitos comerciais, de forma a associar um determinado produto ou serviço à credibilidade ou à competência profissional de determinada pessoa.

    As influências da forma de apresentação dos argumentos e as influências do tipo de audiência podem ser consideradas como importantes na comunicação, na persuasão e nos processos de mudança de atitude e, por extensão, na condução de atividades de liderança. Yukl (1989 apud SPECTOR, 2010, p.497) destaca as Fontes do Poder Político, as quais se referem,

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