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A aprendizagem histórica e os professores de história
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A aprendizagem histórica e os professores de história
E-book214 páginas5 horas

A aprendizagem histórica e os professores de história

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Sobre este e-book

Este livro analisa e discute questões que dizem respeito à aprendizagem histórica e apresenta perspectivas metodológicas de professores de História, que estão no início da carreira docente e que atuam numa conjuntura de mudanças no que tange às funções e às finalidades do ensino de História em nossa sociedade. De formador de uma identidade que visava promover o sentimento nacional nos cidadãos, o ensino de História tem se preocupado com a formação de uma identidade fragmentada em subgrupos, que procura reforçar a autonomia pessoal e a individualidade. Essas mudanças pedem outros métodos e encaminhamentos que possam viabilizar uma aprendizagem histórica significativa no contexto escolar. Nesse sentido, as discussões mais atentas têm refletido a respeito da necessidade de formação do pensamento histórico dos estudantes e o conceito de consciência histórica tem procurado atender a essa demanda por formação do pensamento histórico, pois possibilita a criação de identidades por meio do exercício narrativo de identificar a vida no fluxo do tempo. Os capítulos deste livro procuram situar essas questões tendo como referência as prescrições curriculares, focalizando como estes documentos entendem a aprendizagem histórica e o que sugerem no que diz respeito aos encaminhamentos metodológicos para o trabalho pedagógico dos professores com os conteúdos no contexto da sala de aula. Esta obra procura demonstrar como professores iniciantes de História se organizam em termos metodológicos neste desafio de promover uma aprendizagem histórica significativa e que dê conta de atender as atuais demandas para o ensino de História.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2017
ISBN9788547317898
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    A aprendizagem histórica e os professores de história - Marcos Roberto Barbosa

    UNICENTRO.

    SUMÁRIO

    LISTA DE SIGLAS 

    INTRODUÇÃO 

    CAPÍTULO 1

    A APRENDIZAGEM HISTÓRICA E A EDUCAÇÃO HISTÓRICA

    1.1 O Ensino de História como objeto de pesquisa no Brasil 

    1.2 A Educação Histórica como campo de pesquisa 

    1.2.1 A Educação Histórica como campo de pesquisa no Brasil 

    CAPÍTULO 2

    A APRENDIZAGEM HISTÓRICA E AS PRESCRIÇÕES CURRICULARES 

    2.1 A Aprendizagem Histórica presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais 

    2.2 A Aprendizagem Histórica presente nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná 

    2.2.1 Perspectivas antagônicas: a transposição didática e a cognição histórica situada 

    CAPÍTULO 3

    A APRENDIZAGEM HISTÓRICA E OS PROFESSORES 

    3.1 Considerações sobre métodos de ensino e aprendizagem 

    3.2 Considerações a respeito de alguns estudos sobre professores 

    3.2.1 A Aprendizagem Histórica e os professores sujeitos da investigação 

    CONSIDERAÇÕES FINAIS 

    REFERÊNCIAS 

    LISTA DE SIGLAS

    INTRODUÇÃO

    Este livro é resultante de um estudo que se insere no contexto das pesquisas em práticas de ensino, todavia, seu objeto principal de análise está no ensino de História com preocupação específica para as práticas e concepções metodológicas de professores da disciplina na educação básica. Procura verificar como os professores articulam o saber escolar, o saber acadêmico, as perspectivas curriculares para o ensino e aprendizagem de História, na composição de seus procedimentos metodológicos para o ensino e aprendizagem de História.

    Segundo o historiador Marc Ferro (1983), a História construída por uma dada sociedade acerca dela mesma e de seus pares guarda forte relação com a história ensinada em sala de aula, momento inicial da formação social-histórica dos indivíduos. À vista disso, essa História ensinada muda consoante as transformações do saber e das ideologias dominantes. Mais de perto, tais mudanças são pautadas por alterações da função da História na sociedade.

    A trajetória histórica do ensino de História surgiu em meio ao contexto da construção de identidade nacional, de queda da soberania real em meio ao processo de construção de soberania popular (CERRI, 2010). Nessa perspectiva, a função da disciplina História relaciona-se ao contexto social com a qual interage. Desse modo, as mutações de uma disciplina têm lugar quando sua finalidade passa por alterações, que, por sua vez, variam de acordo com as demandas e caminhos da sociedade.

    Segundo Circe Bittencourt (2004, p. 17), a disciplina de História existiria em função de seu papel formador de identidade nacional. Com as transformações sociais e políticas, a História enquanto disciplina escolar passa a priorizar em várias regiões do mundo a formação da consciência histórica nos homens, viabilizando, assim, a construção das identidades no tempo.

    No estado do Paraná esta última prioridade corrobora o que defendem as prescrições curriculares para o ensino de História: a finalidade do ensino de História é a formação do pensamento histórico por meio da consciência histórica (PARANÁ, 2008, p. 63). No que tange aos procedimentos de ensino e aprendizagem de História o documento curricular afirma que o trabalho pedagógico com os conteúdos tem como finalidade a formação do pensamento histórico dos estudantes (PARANÁ, 2008, p. 68).

    Para a realização desta finalidade, o documento sugere que os professores e alunos utilizem, em sala de aula e nas pesquisas escolares, os métodos da investigação histórica articulados pelas narrativas dos mesmos. Desta forma os alunos perceberão que a História está narrada em diferentes fontes (livros, canções, palestras, relatos de memória, etc.), sendo que os historiadores se utilizam destas fontes para construírem suas narrativas históricas.

    Nesta perspectiva, o papel que a aprendizagem da História assume responde à orientação em relação ao sentido do tempo e de identidade, uma vez que a consciência histórica, conforme afirma o historiador e filósofo alemão Jörn Rüsen (2001, p. 58 apud PARANÁ, 2008, p. 57), é o conjunto das operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência da mudança temporal de seu mundo e de si mesmo, de forma tal que possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo, expressa pela narrativa histórica.

    Nesse sentido a narrativa histórica é que torna presente o passado, numa consciência de tempo na qual o passado, presente e futuro formam uma unidade integrada, constituindo-se uma consciência histórica. Através da narrativa histórica são formuladas representações de continuidade da evolução temporal dos homens e de seu mundo, instituidoras de identidade por meio da memória, que procuram determinar o sentido no quadro de orientação da vida prática humana.

    Assim, o aprendizado histórico está relacionado diretamente à capacidade inerente aos seres humanos de orientar-se no tempo, ou seja, à consciência histórica. Desta forma, a aprendizagem volta-se ao processo que ocorre no pensamento dos sujeitos que, na vida prática, efetivam uma movimentação das três expressões temporais, (passado, presente e futuro), com o intuito de interpretar o presente a partir da experiência no tempo e projetar ações referentes ao futuro.

    Para Jörn Rüsen (2006, p. 16), a aprendizagem histórica é uma das dimensões e manifestações da consciência histórica e está articulada ao modo como a experiência do passado é vivenciada e interpretada de maneira a fornecer uma compressão do presente e a construir projetos de futuro. É na narrativa histórica que o pensamento histórico se expressa, sendo uma práxis cultural elementar e universal da constituição de sentido expressa na linguagem. Para o historiador alemão os princípios e as formas do pensamento histórico que legitimam a história como ciência, são os mesmos que direcionam o saber histórico à formação, que lhe conferiram um valor formativo (RÜSEN, 2010b, p. 101). A formação, que é um modo de recepcionar esse saber, de lidar com ele, de tomar posição quanto a ele e de utilizá-lo, não é privilégio dos profissionais da História, isto é, dos historiadores; é característica de todos os que desejam ou precisam efetivar sua compreensão do mundo e de si, da orientação da vida prática, em um determinado nível cognitivo.

    A formação não pode dispor de saberes aos problemas de orientação, sendo uma questão de competência cognitiva na perspectiva temporal da vida prática, da relação de cada sujeito consigo mesmo e do contexto comunicativo com os demais.

    Essas competências dependem do conteúdo do saber, e estão carregadas de experiência do tempo passado, elaborada e interpretada cognitivamente. Tais competências se adquirem na interpretação das experiências do tempo e são utilizadas quando se necessita argumentar historicamente para manejar os problemas da vida prática. Nesta perspectiva, a formação histórica torna-se um modo desta argumentação, que é caracterizado por fazer valer os potenciais racionais do pensamento histórico, consolidado na História como ciência, como modos argumentativos na vida prática.

    A professora portuguesa Isabel Barca (2000 apud PARANÁ, p. 57) defende que a aprendizagem histórica ocorre quando os professores e alunos investigam as idéias históricas e a partir delas a aprendizagem histórica configura a capacidade dos jovens se orientarem na vida e constituírem uma identidade a partir da alteridade.

    A perspectiva de aprendizagem histórica presente nas prescrições curriculares paranaenses tem identificação com as perspectivas da área de pesquisa sobre ensino de História denominada Educação Histórica que tem investigado as ideias dos docentes e discentes de História, sob uma perspectiva denominada como cognição histórica situada. Para os professores de História e historiadores que investigam a Educação Histórica, a cognição histórica situada é expressa no narrar dos sujeitos envolvidos em contexto de escolarização, isto é docentes e discentes.

    As análises da cognição histórica situada no viés da Educação Histórica tomam como referência a própria epistemologia da História. Tal perspectiva contraria a pesquisa sobre desenvolvimento cognitivo da aprendizagem referenciada fundamentalmente na Psicologia da Educação.

    No que tange aos processos de ensino e aprendizagem em História a área da Educação Histórica têm engrossado os debates sobre a Didática da História, discutindo suas referências epistemológicas fundamentadas na racionalidade histórica.

    Todavia a defesa desta definição significa confrontar a existente separação entre Ciência Histórica e a Didática da História. Por um lado, existe a defesa de uma Didática da História relacionada com questões de ensino e aprendizagem que são exteriores aos estudos históricos, em termos gerais sintetizados numa perspectiva relacionada à transposição didática (CHEVALLARD, 1997); do outro, a defesa de uma Didática da História como parte inerente da Ciência Histórica, fundamentada na filosofia e teoria da História (BERGMAN, 1990; SADDI, 2010; RÜSEN, 2006; SCHMIDT, 2004; 2006).

    A Educação Histórica identifica-se com esta última definição uma vez que em seus princípios constitutivos, enquanto campo de ação e investigação, é de ordem teórica e diz respeito à relação intrínseca do ensinar História com o método e a Filosofia da Ciência da História.

    A concepção de ensino e aprendizagem presente nas diretrizes curriculares paranaenses também corrobora uma perspectiva de Didática da História fundamentada na Ciência Histórica, pois sugere a utilização de métodos da investigação histórica articulada através das narrativas de docentes e discentes, o que caracteriza uma cognição histórica situada.

    Assim tomando como pressuposto as perspectivas teóricas da Educação Histórica bem como as orientações para o trabalho pedagógico com os conteúdos presentes no documento curricular paranaense (PARANÁ, 2008, p. 68) e tendo como alvo investigativo um grupo de professores de História dos anos finais do Ensino Fundamental, que atuam em escolas públicas na região metropolitana de Curitiba, formulou-se a questão norteadora desta pesquisa que teve como resultado este livro com o seguinte questionamento: Os encaminhamentos metodológicos utilizados pelos professores de História contemplam os métodos da investigação histórica conforme sugerem as prescrições curriculares do Paraná?

    O objetivo principal é compreender como este grupo de professores concebe suas metodologias de ensino à luz das exigências das prescrições curriculares (PARANÁ, 2008); especificamente, buscou-se investigar em que medida as sugestões de utilização dos métodos da investigação histórica arrolados nas prescrições estão presentes nas metodologias de ensino dos professores pesquisados.

    Os objetivos específicos buscam verificar e tipificar as ações dos professores em torno da organização de seu trabalho pedagógico; identificar os aspectos que fornecem indícios da constituição das suas identidades enquanto docentes e sujeitos históricos envolvidos no contexto de escolarização; compreender através da análise de suas narrativas aspectos metodológicos situados dentro de uma perspectiva de aprendizagem vinculada a uma transposição didática ou de uma cognição histórica situada; como referenciais para descobrir qual o tipo de Didática da História desenvolvida pelos docentes sujeitos desta investigação.

    Os aspectos teórico-epistemológicos que fundamentaram a investigação arrolada neste livro tiveram como referência a perspectiva do estruturismo metodológico delineado pelo historiador australiano Christopher Lloyd (1995) que visa oferecer uma alternativa à dicotomia existente na teoria social entre os níveis macro (estrutura) e micro (ação).

    Tal perspectiva enquanto método compactua com as orientações da pesquisa qualitativa quando no campo epistemológico afirma que o objeto de análise é formulado em termo da ação em sua totalidade, uma ação que abrange o comportamento físico e ainda os significados que lhe atribuem os sujeitos e aqueles que interagem com ele. Nesta perspectiva o principal objeto da investigação passa a ser a ação e seu significado contextualizado – e não o comportamento ou o dado; os contextos (sejam do presente ou do passado) servem para ajudar a explicar e interpretar a ação, recuperando a sua historicidade.

    Dentro desta perspectiva epistemológica definiram-se os rumos desta investigação através da abordagem qualitativa, indicados por Brandão (2010), Duarte (2002), Flick (2009) e Stake (2011), sendo estabelecidos critérios para escolha dos sujeitos investigados e para as técnicas (questionários e entrevistas) utilizadas na coleta de dados.

    É importante ressaltar que a questão norteadora procura viabilizar duas perspectivas de investigação e num primeiro momento procurou mapear as ações dos docentes em torno do desenvolvimento de suas organizações no que tange aos encaminhamentos metodológicos, para em seguida situar estas concepções dentro dos debates relativos à Didática da História referenciada numa perspectiva da transposição didática ou de uma perspectiva fundamentada em uma cognição histórica situada.

    A investigação de como se desenvolveram estas ações no interior do contexto de suas experiências de ensino e aprendizagem procura esclarecer como e de que forma os professores procuram atender a esta demanda suscitada pelo documento curricular – que diz respeito à formação do pensamento histórico através da consciência histórica –, bem como fornecer indícios das fundamentações epistemológicas que sustentam suas concepções metodológicas para o ensino e aprendizagem de História. Desta forma, os textos que compõem este livro dividem-se em três capítulos.

    O primeiro capítulo procura situar o ensino de História enquanto objeto de pesquisa resgatando sua historicidade no Brasil. Nesse sentido, são arroladas especificidades vinculadas à área denominada como Educação Histórica, sua presença nas pesquisas sobre ensino de História no mundo e no Brasil, bem como aspectos relacionados à cognição histórica situada como referência para a aprendizagem histórica no ensino fundamental e do ensino médio.

    O segundo capítulo deste livro procurou analisar os textos visíveis (CUÉSTA FERNANDEZ, 2007), que dizem respeito à aprendizagem histórica presentes nas principais prescrições curriculares (BRASIL, 1998; PARANÁ,

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