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Bernadete Soubirous e os milagres de Lourdes: uma visão crítica
Bernadete Soubirous e os milagres de Lourdes: uma visão crítica
Bernadete Soubirous e os milagres de Lourdes: uma visão crítica
E-book196 páginas3 horas

Bernadete Soubirous e os milagres de Lourdes: uma visão crítica

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Sobre este e-book

"Bernadete Soubirous e os milagres de Lourdes: uma visão crítica" não é um livro religioso, pelo menos no conceito clássico de livro religioso. Nem mesmo uma biografia para exaltar virtudes de uma jovem do século XIX, que afirmou ter tido contato com a Virgem Maria.
Assim, menos que uma biografia de Bernadete Soubirous, uma menina que a Igreja atestaria sua santidade - Santa Bernadete Soubirous - o livro procurou enfocar as polêmicas questões que envolvem as aparições, dentro do universo das crenças, e fora dele, trazendo à tona e procurando separar, sob uma perspectiva crítica, termos como aparições e visões, além de fazer uma incursão na já antiga problemática, nunca chegada a bom termo, que envolve fé e razão. Também visitou o conceito de Dogma, no sentido amplo, e do Dogma da Imaculada Conceição, sob a perspectiva da Igreja Católica Apostólica de Roma.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de mai. de 2019
ISBN9788594850843
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    Pré-visualização do livro

    Bernadete Soubirous e os milagres de Lourdes - J. R. BAPTISTA

    Sumário

    Capa

    Introdução

    I. Nascimento

    II. Antecedentes familiares

    III. Do moinho da felicidade a Lourdes

    IV. As aparições

    V. Uma jovem humilde, pobre e analfabeta, escolhida como portadora da mensagem da Virgem Imaculada. Por quê? – Esboçando uma resposta

    VI. Que soy era Immaculada Councepciou

    VII. Massabielle: o coração de Lourdes

    VIII. Aparições ou visões: uma tentiva de separar os termos

    IX. Aparições e visões: recorrendo à doutrina

    X. Aparições e visões: fenômenos espontâneos?

    XI. A água milagrosa da fonte

    XII. O Gabinete de Constatações Médicas

    XIII. Critérios para constatação médica

    XIV. O que diferencia uma cura milagrosa de outras curas

    XV. Alguns miraculados reconhecidos pela Igreja

    XVI. Mas, nem tudo o que reluz é ouro: haja fé

    XVII. Milagres, entre a fé e a razão: um salto parado no ar

    XVIII. Dogma: uma breve reflexão sobre o termo

    XIX. O dogma da Imaculada Conceição

    XX. A vida de Bernadete após as aparições

    XXI. Da morte da pastorinha à sua canonização

    Apêndice

    O Autor

    J. R. BAPTISTA

    Bernadete Soubirous e os milagres de Lourdes

    (uma visão crítica)

    São Paulo | Brasil | Abril 2019 – Ebook

    1ª Edição

    Big Time Editora Ltda.

    Rua Planta da Sorte, 68 – Itaquera

    São Paulo – SP – CEP 08235-010

    Fones: (11) 2286-0088 | (11) 2053-2578

    Email: editorial@bigtimeeditora.com.br

    Site: bigtimeeditora.com.br

    Blog: bigtimeeditora.blogspot.com

    Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos do Código Penal), com pena de prisão e multa, busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).

    Conselho Editorial:

    Ana Maria Haddad Baptista

    (Doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP)

    Catarina Justus Fischer

    (Doutora em História da Ciência/PUC-SP)

    Lucia Santaella

    (Doutora em Teoria Literária/PUC-SP)

    Marcela Millana

    (Doutora em Educação/Universidade de Roma III/Itália)

    Márcia Fusaro

    (Doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP)

    Vanessa Beatriz Bortulucce

    (Doutora em História Social/UNICAMP)

    Ubiratan D’Ambrosio

    (Doutor em Matemática/USP)

    Ficha Catalográfica

    BAPTISTA, J. R. Bernadete Soubirous e os milagres de Lourdes – uma visão crítica. 100 pp. – São Paulo: BT Acadêmica, 2019.

    ISBN 978-85-9485-084-3 | 1. Ensaios 2. Filosofia 3. Religião I. Título

    Produção Editorial

    Editor Coordenador: Antonio Marcos Cavalheiro

    Capa: Big Time Editora

    Diagramação: Marcello Mendonça Cavalheiro

    As pessoas esperam que eu faça tudo

    por elas, mas não percebem que elas têm o poder.

    Você quer um milagre? Seja um milagre.

    (Fala de Deus, representado por Morgan Freeman,

    no filme Todo Poderoso, 2003, dir. de Tom Shadyac)

    À Bernadete Soubirous.

    (In memoriam)

    Introdução

    Podemos ler na Carta Encíclica Le Pèlerinage de Lourdes que Toda terra cristã é uma terra marial, e não há povo redimido pelo sangue de Cristo que não goste de proclamar Maria sua mãe e sua padroeira.¹

    Na França, dentre todos os lugares, um se particularizará graças ao ocorrido com uma jovem campesina, nascida nos arredores de Lourdes, no ano de 1844, no sétimo dia do mês de janeiro. Seu nome Bernarde-Marie Soubirous.

    Que soy era Immaculada Councepciou (Eu sou a Imaculada Conceição).

    Essa mensagem recebida numa das aparições de uma bela Senhora, na gruta de Massabielle, no dia 25 de março de 1858, é parte integrante da história de vida da menina Bernadete, como carinhosamente era tratada, e também da fé de milhões de católicos espalhados pelo mundo.

    A jovem humilde, mantida pela vida até os catorze anos analfabeta, foi canonizada no dia 8 de dezembro de 1933, pelo Papa Pio XI, desde então Santa Bernadete Soubirous, chamada pelo povo de A Santa Dormente, em virtude de seu corpo, que se manteve incorrupto após a sua morte, assemelhar-se a uma jovem dormindo serenamente.

    A história da pequena Bernarde-Marie Soubirous é forjada por antagonismos.

    De um lado os que veem nas aparições da Virgem nada mais que puras fabulações de uma jovem sofrida e enferma, alicerçadas por uma intensa religiosidade; fabulações estas acobertadas pela Igreja de Roma por interesses privados. De outro, o testemunho de milhões de fiéis que reafirmam ininterruptamente sua fé ao declararem incontáveis milagres ocorridos não só em Massabielle, onde a Imaculada apareceu à jovem lourdense, mas também em várias partes do mundo, sempre atribuídos à intercessão da Virgem de Lourdes.

    Essa história que transita entre a desconfiança e a admiração é que, a partir das próximas páginas, iremos conhecer.

    I. Nascimento

    Foi no moinho de Boly, uma aprazível construção nas cercanias de Lourdes, que nas primeiras horas do dia 7 de janeiro de 1844 nasceu Bernarde-Marie Soubirous, primeira filha do casal François Soubirous e Louise Castérot.

    O moinho, administrado há muito pelos Castérot, era, à época, uma antiga e já desgastada construção às margens do riacho Lapaca. Mais um, entre outros tantos moinhos de água, que competiam entre si na produção de farinha. Bernadete referia-se a ele como o moinho da felicidade, o que denota claramente o sentimento da jovem em relação ao lugar. Foi nesse local que a menina Bernadete viveria até os dez anos de idade.

    II. Antecedentes familiares

    Claire Castérot, avó materna de Bernadete, teve cinco filhos, dentre eles, Louise, a segunda filha do casal, que viria a ser a mãe de Bernadete.

    Claire era casada com Justin Castérot, também conhecido na região por Boly, nome do moinho que administrava².

    O Sr. Castérot, apesar das dificuldades enfrentadas, comuns a todos os moleiros da região, conseguia manter uma razoável produção de farinha. Contudo, por essas viradas que a vida dá, e nunca são devidamente compreendidas, envolveu-se num acidente de carro, que lhe ceifou a vida. Depois, e imediatamente após o ocorrido, um manto de incertezas abateu sobre a família Castérot. A produção do moinho foi interrompida, ou em grande parte interrompida, e anteciparam-se os ares de inverno.

    Diante do ocorrido, cercada de inseguranças e dúvidas, coube à viúva, Sr.ª Castérot, o desafio de manter as condições mínimas necessárias para a manutenção da família.

    Mas, como honrar todos os compromissos relativos ao moinho e ainda alimentar os cinco filhos?

    Diante de tal desafio a melhor alternativa seria casar a filha mais velha, Bernarde, de dezessete anos. Tal opção apresentava-se como uma espécie de pote de ouro no fim do arco-íris. Mas não era tão simples colocar tal intento em prática. As opções locais não ajudavam. A maioria dos homens eram casados. O restante, ou eram velhos demais, ou excessivamente jovens.

    Foi aí que surgiu a figura salvadora de François Soubirous, homem maduro, de trinta e quatro anos, de um dos moinhos concorrentes da vizinhança, o Latour.

    Contudo, o plano da Sr.ª Castérot experimentava o primeiro embate. François, irredutível, não aceitava casar-se com a filha mais velha, Bernarde. Seus olhos (e coração) tinham endereço certo. Louise, a segunda filha do casal Castérot. Dispensável dizer que tal comportamento trouxe um declarado desconforto à família. Como casar a segunda filha antes da primeira? Mas, nada. Os olhos claros e brilhantes de Louise não davam espaço para discussões familiarmente convenientes. Era ela a escolhida por François para ser sua esposa. Ou ela, ou ninguém. Estava decidido.

    Foi assim que no dia 7 de janeiro de 1844³, um ano após o casamento, nasceu, no Moinho de Boly, Bernarde-Marie Soubirous, filha de François Soubirous e Louise Castérot.

    A menina, que viria a ser tratada por Bernadete, a primeira de nove filhos⁴, recebeu as águas batismais no dia 9 de janeiro de 1844, na Igreja de São Pedro de Lourdes⁵, na região de Bigorre, onde foi batizada pelo deão, padre Dominique Forgue⁶.

    III. Do moinho da felicidade a Lourdes

    Bernadete viveu feliz boa parte da infância em Boly. Essa felicidade, todavia, tem fronteiras, nem sempre muito claras, que se avizinham ao seu nascimento.

    Uma noite, sua mãe extenuada por mais um dia repleto de intermináveis afazeres, tudo somado a uma nova gravidez, acidentou-se ao adormecer sob uma candeia que, para sua infelicidade, desprendeu-se acidentalmente da parede e atingiu em cheio o seu peito causando-lhe sérios e dolorosos ferimentos, que viriam, desgraçadamente, impedi-la de amamentar a pequena Bernadete.

    Diante disso, é fácil imaginar, a pequena Bernadete precisava, urgentemente, de uma ama de leite. Mas, onde encontrá-la? Como pagá-la? Boly, o velho moinho, já não rendia o suficiente nem mesmo para a manutenção da família. O problema estava colocado.

    Uma coincidência, ainda que motivada por uma tragédia, veio trazer um certo alívio à Louise.

    Em um vilarejo, chamado Bartrès, não muito distante de Boly, cerca de três quilômetros, o casal Basile Lagües e Marie Lagües, tinha acabado de perder seu primogênito, ainda com poucas semanas de vida. Diante desse infortúnio, ainda com o peito cheio de leite, tudo associado a um misto de tristeza e desconforto, Marie Lagües aceitou amamentar a pequerrucha mediante um pagamento de cinco francos por mês, podendo ser pagos em dinheiro, ou em quantidade equivalente de farinha. Foi assim que a menina Bernadete residiria por vários meses em Bartrès, afastada da família.

    Esse afastamento forçado, contudo, provocou um choque nos Soubirous, alargado sobremaneira pelo fato de Jean, o filho que Louise esperava à época do acidente com a candeia, ter partido deste mundo pouco tempo após ter chegado, com menos de dois meses de idade. A dor pela perda do filho mais novo aumentava a necessidade de ter Bernadete novamente nos braços. Da mesma maneira tornava-se, a cada dia, mais evidente a necessidade de abandonar o moinho. O fato inconteste: os negócios iam de mal a pior.

    Diga-se também que, desafortunadamente, François Soubirous, ao ajustar uma das rodas do moinho, foi atingido por uma lasca de pedra que lhe cegou um olho. Fragmentos de pedra que se soltavam das rodas dos moinhos não eram incomuns na região. O acidente, todavia, o impediria de trabalhar proveitosamente e produzir farinha com qualidade e também em escala maior. A clientela escasseava dia a dia.

    A situação, no seu conjunto, era atribuída, por alguns, como fruto de beberagem, jogatina e descompromisso do moleiro. Por outros, por bondade excessiva na administração do antigo moinho⁸. Talvez uma mistura de ambas fosse mais justo dizer. As razões, a essa altura, pouco importam. O fato é que François, sem instrução alguma, parcialmente incapacitado pelo acidente e com um envolvimento pouco profissional com o moinho, acabou por levar tudo à ruína.

    Diante disso, sua sogra, a sr.ª Castérot, numa tentativa de manter a família unida e alimentada, decidiu alugar por conta própria um outro moinho, não muito distante de Boly, o Laborde-Lousi.

    No Laborde-Louisi, entretanto, as dificuldades também eram inúmeras. As rodas não tinham um necessário ritmo diário. Só vez ou outra aparecia algum cliente interessado na moagem da farinha, o que ameaçava sobremaneira o pão de cada dia da família Soubirous. Entre as escassas moagens, François fazia trabalhos esparsos, ora

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