Tintas do bisturi

De Alberto Daflon Filho

"Há a orelha de abano, a orelha elefantina do Papa João XXIII, a orelha de Catherine Hepburn e a de Leila Diniz; mulher mais de dizer do que de ouvir – de por a barriga em biquíni na avançada gravidez; Isabel Allende, nos diz por seu turno: "As mulheres gostam que lhe digam palavras de amor. O ponto G está nos ouvidos. Inútil procurá-lo em outro lugar."
Orelha assim nada mais é do que um uma forma, enquanto o ouvido capta o que é mais profundo. Cazuza escreveu "Que só eu podia/ Dentro da tua orelha fria/ Dizer segredos de liquidificador".
Orelha-ouvido então para quem é poeta não tem apenas uma de cada lado do rosto; cada uma é mais que uma orelha-ouvido, porque para muita gente orelha é só orelha (um ornato, às vezes com brincos) e o ouvido é para as dores de ouvido, isto é, dois lugares comuns fora das páginas de um livro, cuja capa assim fica protegida por um conteúdo virado para o interior da primeira e da última pagina.
Isabel de Allende mistura a orelha-ouvido com dizeres ternos e ponto G. O melhor poema de um livro também é semelhante a esse ponto. Sim o bom poema é um êxtase – encantamento!
Em Tintas do bisturi não há um poema orelha, mas há o encantamento-êxtase capaz de ser enxergado na leitura labial do acontecimento inevitável no leitor, mesmo em tom baixo, para si mesmo e sua orelha-ouvido de ler a poesia bem escrita."

• Idioma: Português
• Editora: Folio Digital
• Data de lançamento: 1 de mai. de 2014
• ISBN: 9788561012250

Pré-visualização do livro

Teresa

Prefácio

O doutor e o poeta

Maria Dulce Gonçalves

A época era os anos 1970, no meio de um turbilhão de comportamentos e questões políticas, um jovem sonhava em ser médico e assim se dedicou a estudar, se tornou academicamente um médico. E no meio de muito trabalho, casou e formou uma família com muitos meninos. Sempre estudando, especializando-se, foi surgindo um sábio competente ortopedista, enquanto iam brotando os conflitos através da medicina até toda uma conduta que se estabeleceu como uma missão.

Fomos testemunha de sua dedicação e sofrimento quando esse médico, já então Dr. Daflon, trabalhava na FUNABEM com os meninos internos que ficavam doentes ou já chegavam com defeitos seríssimos no corpo.

Hoje, conseguindo em palavras expressar essa sensibilidade nata e desenvolvida durante a trajetória como doutor, tratando seus pacientes...seres humanos, suas histórias, suas dores...Surgiu o Poeta!

A chegada do 3º livro demonstra para a gente que está mais seguro em seus sentimentos perante a vida e orgulhoso por mostrar para as pessoas em sua volta esse conjunto harmonioso