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Educação, Pobreza e Desigualdade Social: O Contexto do Curso de Aperfeiçoamento - Volume 2
Educação, Pobreza e Desigualdade Social: O Contexto do Curso de Aperfeiçoamento - Volume 2
Educação, Pobreza e Desigualdade Social: O Contexto do Curso de Aperfeiçoamento - Volume 2
E-book181 páginas2 horas

Educação, Pobreza e Desigualdade Social: O Contexto do Curso de Aperfeiçoamento - Volume 2

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Sobre este e-book

Educação, pobreza e desigualdade social: o contexto do Curso de Aperfeiçoamento – Volume 2 é resultado das produções dos estudantes, professoras-tutoras e equipe de pesquisa vinculadas ao Curso de Aperfeiçoamento em Educação Pobreza e Desigualdade Social, no âmbito da UFPR.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de ago. de 2020
ISBN9786555235319
Educação, Pobreza e Desigualdade Social: O Contexto do Curso de Aperfeiçoamento - Volume 2

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    Educação, Pobreza e Desigualdade Social - Simony Rafaeli Quirino

    AUTORES

    INTRODUÇÃO

    A FORMAÇÃO CONTINUADA ENQUANTO ESPAÇO DE DEBATES SOBRE EDUCAÇÃO E POBREZA

    Gabriela Schneider

    Renata Peres Barbosa

    Simony Rafaeli Quirino

    Quando, seu moço, nasceu meu rebento 

    Não era o momento dele rebentar 

    Já foi nascendo com cara de fome 

    E eu não tinha nem nome pra lhe dar 

    Como fui levando, não sei lhe explicar 

    Fui assim, levando, ele a me levar 

    E na sua meninice 

    Ele um dia me disse que chegava lá 

    (CHICO BUARQUE, 1981) 

    Chico Buarque, cantor, compositor, escritor brasileiro, em 1981, lançava a música ‘‘O meu Guri’’, que retratava ‒ e retrata ‒ a situação de muitos meninos e meninas brasileiras que diariamente nascem nas favelas, nos bolsões de pobreza do nosso país. Meninos e meninas que são vítimas das adversidades que a realidade e o sistema lhes impõem, cujos direitos sociais mais básicos são, muitas vezes, negados. 

    Meninos e meninas que adentram as escolas, muitas vezes, oferecida para eles com infraestrutura precária, com professores temporários, sem formação, mas também escolas que se tornam refúgio e espaço de construção de novos saberes, novas experiências, sonhos e novas perspectivas. Uma escola que quando a ação do Estado é forte e eficiente pode ajudar esses meninos e meninas a chegarem a outro lugar, não na ‘‘manchete, retrato, com venda nos olhos, legenda e as iniciais’’ (CHICO BUARQUE) retratada na música, mas em espaços e locais negados para eles e elas.  

    Milhares de crianças e jovens oriundos de famílias cuja renda per capita mensal não ultrapassa R$ 178 reais e que são consideradas famílias em situação de pobreza e extrema pobreza e que precisam ‘‘viver nos limites viver, do sobreviver’’ (ARROYO, 2014, s/p); pobreza que é, muitas vezes, analisada apenas pela renda e que, apesar de importante, ainda precisa avançar, tendo em vista que muito autores, tais como Sen (2012) e Atkinson (2015) sinalizam a importância de pensar a pobreza e a desigualdade para além da questão da renda. Segundo Atkison (2015, p. 59) ‘‘Se considerarmos o consumo em vez da renda, os achados em relação à desigualdade e à pobreza podem ser diferentes’’ e, com certeza superiores ao número de pessoas consideradas em situação de pobreza e extrema pobreza na atualidade.  

    No ano de 2019, segundo dados da Secretaria Especial de Desenvolvimento Social, 14.134.323  famílias foram beneficiadas pelo Programa Bolsa Família (PBF) (QUEIJO, 2019), famílias cuja composição, em geral, conta com crianças em idade escolar que para permanecerem recebendo o benefício precisam se manter na escola. Essa vinculação entre recebimento dos recursos do PBF tem colaborado com a permanência de crianças e jovens de baixa renda na escola, diminuindo o abandono e a evasão entre essa população.  

    Meninos e meninas que estão na escola, tensionando cotidianamente os saberes e as práticas docentes, instigando-nos a necessidade de repensar nossas escolas, reconstruir imagens dessa instituição, de nós mesmos, mas, principalmente, dos estudantes, desnudando a realidade e nos impondo a outros olhares, a outras lutas, exigindo constantemente a efetivação dos seus direitos. 

    A escola não pode, sozinha, transformar a realidade de todos esses estudantes, não pode acabar com seus problemas, mas tem o dever de ensinar-lhes e a fazer-lhes compreender sua situação para que possam lutar pela sua mudança. É preciso olhar, acompanhar essas crianças e jovens e entender que a desigualdade de resultados 

    [...] afeta diretamente a igualdade de oportunidades... para a geração seguinte. Os resultados ex post de hoje determinam as condições ex ante de amanhã: os beneficiários da desigualdade de resultados de hoje podem transmitir uma vantagem injusta aos seus filhos amanhã. Preocupações quanto à desigualdade de oportunidades e à limitação da mobilidade social se intensificaram conforme as distribuições de renda e de riqueza se tornaram mais desiguais. [...] Se estamos preocupados com a igualdade de oportunidades de amanhã, precisamos nos preocupar com a desigualdade de resultados de hoje. (ATKINSON, 2015, p. 33-34). 

    Por outro lado, ainda que haja  

    [...] o reconhecimento de que a reforma educacional mais eficaz talvez fosse uma reforma social que modificasse a distribuição de oportunidades na sociedade não pode ser uma justificativa para a falta de ação no sentido de políticas que produzam mudanças significativas na distribuição de oportunidades educacionais. (BRUEL, 2014, p. 164). 

    Nesse sentido, o presente livro busca colocar luz sobre essas crianças e jovens, suas trajetórias e possibilidades frente o cenário de exclusão. Esse livro também busca divulgar produções dos cursistas e das professoras-tutoras do Curso de Aperfeiçoamento em Educação, Pobreza e Desigualdade Social realizado na UFPR, bem como um texto da equipe da pesquisa vinculada à Iniciativa Educação, Pobreza e Desigualdade. Esse curso, organizado na modalidade a distância, está inserido no contexto da Política Nacional de Formação dos Profissionais do Magistério da Educação Básica e da Rede Nacional de Formação Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública (Renafor), instituídas pelo Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e pela Portaria Ministerial nº 1.328, de 23 de setembro de 2011. Teve como centralidade a formação continuada de profissionais da Educação Básica e/ou de outros profissionais envolvidos com políticas sociais que estabelecem relações com a educação de crianças, adolescentes e jovens que vivem em circunstâncias de pobreza ou extrema pobreza.  

    Na Universidade Federal do Paraná (UFPR) essa versão do curso estava vinculada ao Departamento de Planejamento e Administração da Educação (Deplae)/Setor de Educação, sob a coordenação geral da professora doutora Gabriela Schneider e da professora doutora Renata Peres Barbosa, sendo ofertado em parceria com a extinta Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi)/MEC, atualmente Secretaria de Modalidades Especializadas. 

    O curso de aperfeiçoamento contou com a supervisão pedagógica da professora doutora Renata Peres Barbosa e da professora doutora Simony Rafaeli Quirino, que fizeram o acompanhamento do trabalho pedagógico, formação com as professoras-tutoras e reorganização do material didático. O curso também contou com uma equipe de professoras e professores vinculados ao setor de Educação da UFPR: professora doutora Taís Moura Tavares, professora doutora Andréa Barbosa Gouveia, professor doutor Marcos Alexandre Ferraz, professor doutor Ângelo Ricardo de Souza, professora doutora Ângela Scalabrin Coutinho, professora doutora Claudia Regina Baukat Silveira Moreira, que atuaram nos diversos módulos do curso, auxiliando no processo formativo das professoras-tutoras e dos cursistas. Além de contar com uma coordenação de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) sob responsabilidade da professora mestra Elizandra Jackiw.

    Por se tratar de um curso a distância, a equipe contava com 19 professoras-tutoras, que foram essenciais ao desenvolvimento do curso. Essas profissionais foram selecionadas pelas coordenadoras do curso com base no currículo, na experiência profissional e na proximidade com a temática. Participaram como professoras tutoras: Aline Di Giuseppe, Ana Maria Teixeira Lisboa, Andrea Polena, Beatriz Terezinha Muraski Heck, Danieli D’Aguiar Cruzetta, Ires Aparecida Falcade, Jéssica da Costa Ricordi, Jokasta Pires Vieira Ferraz, Karina Falavinha, Kátia Cristina Sommer Schmidt, Luciana de Melo Soriano Kopsch, Maíra Gallotti Frantz, Márcia Andreia Grochoska, Márcia Barbosa Soczek, Marina de Godoy, Polyana Lunelli, Suellem Raquel de Freitas Bonfim, Talita Costa de Oliveira Almeida, Veridiane Cristina Benato.

    Visando a proporcionar o acesso ao curso a diferentes municípios, os cursistas puderam inscrever-se para seis polos, distribuídos em cidades de diferentes regiões do estado do Paraná (Guarapuava, Londrina, Ponta Grossa, Rio Negro, São José dos Pinhais), e em Curitiba, capital do estado, em que se ofertou cinco turmas. Inicialmente, foram ofertadas 300 vagas, mas considerando o número de interessados e a comum desistência nos cursos de educação a distância, foram matriculados 329 cursistas. Cabe ressaltar que dos alunos matriculados, 31 desistiram antes mesmo de iniciar o curso. Dessa forma, apenas 298 matriculados efetivamente iniciaram o curso e, destes, 217 concluíram. Assim, verifica-se uma taxa de aprovação de 73%. As atividades do curso ocorreram entre fevereiro e julho do ano de 2019.

    O livro conta com dois volumes, sendo que o primeiro intitulado "Educação, pobreza e desigualdade social: a escola e o direito à educação", conta com artigos produzidos pelos estudantes do curso de Aperfeiçoamento em Educação, Pobreza e Desigualdade Social, que versam sobre a questão da educação e da desigualdade e seus desafios no cenário da escola. Já o segundo e atual volume, busca discutir o contexto social e político mais amplo dos contextos de pobreza e de desigualdade social e o lugar que ocupa a formação continuada de profissionais que atuam diretamente em cenários de pobreza e extrema pobreza.

    Esta coletânea é composta por seis textos distribuídos em dois blocos. No primeiro bloco, as abordagens privilegiam as discussões que envolvem o Curso de Aperfeiçoamento em Educação Pobreza e Desigualdade Social, percebendo como um importante espaço formativo, no atual contexto histórico, enquanto difusor de debates e reflexões sobre as desigualdades escolares e a herança histórica de profundo abismo social do país. No segundo bloco estão aglutinados artigos que analisam o contexto de diferentes grupos beneficiários do Programa Bolsa Família, despertando o senso crítico a partir das limitações dos cenários de pobreza e de desigualdade social.

    O artigo que abre o primeiro bloco, intitulado Curso de Aperfeiçoamento em Educação, Pobreza e Desigualdade Social: Oferta, Permanência e Aspectos Pedagógicos, de autoria de Simony Rafaeli Quirino e Andrea Polena, buscou avaliar a oferta e a permanência dos cursistas no curso, bem como avaliar os aspectos pedagógicos que envolveram sua concepção, realização e os resultados alcançados. Para tanto, as autoras analisaram o perfil dos cursistas concluintes por meio da análise dos questionários preenchidos no ato da matrícula, assim como os motivos que levaram os desistentes a evadirem. No que se refere aos aspectos pedagógicos, optou-se por construir uma análise a partir da avaliação dos cursistas e das professoras-tutoras no que se relaciona às duas dimensões: condições de oferta e oportunidades de aprendizagem e objetivos atingidos e resultados alcançados.

    No que tange ao perfil dos cursistas, os resultados encontrados trazem informações referentes à faixa etária de composição, suas formações iniciais entre outros dados. Quanto aos desistentes, a pesquisa elenca os motivos determinantes para a evasão. Verifica-se que as evasões no Curso de Aperfeiçoamento em Educação, Pobreza e Desigualdade Social se deram em sua maior parte por Fatores situacionais. Já no que se refere aos aspectos pedagógicos do curso, a avaliação realizada junto aos cursistas e professoras-tutoras por meio de questionários, demonstra que ambos os grupos estão satisfeitos com o curso, pois as avaliações obtidas nos questionários aplicados ao término do curso se enquadram majoritariamente nas melhores avaliações.

    A contribuição de Elizandra Jackiw, com o artigo O ambiente Virtual como Espaço de Aprendizagens e Vivências na modalidade a distância, colabora com a discussão sobre a utilização da plataforma Moodle no curso de Aperfeiçoamento em Educação, Pobreza e Desigualdade Social. A autora traz reflexões sobre o momento histórico em que a sociedade se encontra e se organiza em torno da Tecnologia da Informação e Comunicação. Pondera sobre o cenário proporcionado pela sociedade em rede, que coloca desafios à Educação e à cultura escolar, promovendo tensões em relação às práticas escolares, organização do tempo escolar, do currículo e colocando em xeque o modelo escolar que se constituiu ao longo da história. No decorrer do texto, a autora traz elementos que

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