Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

História da Residência Médica na Escola Paulista de Medicina: os primórdios
História da Residência Médica na Escola Paulista de Medicina: os primórdios
História da Residência Médica na Escola Paulista de Medicina: os primórdios
E-book226 páginas2 horas

História da Residência Médica na Escola Paulista de Medicina: os primórdios

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

A Residência Médica caracteriza-se por uma imersão num modelo de aprendizado,
de treinamento e de trabalho tão bem sucedido, que passou a ser usado em outras áreas
da Saúde e até mesmo em outros campos, como as Ciências Humanas e as Artes.
Apesar do sucesso atual, porém, as coisas nem sempre foram assim. As primeiras
turmas da Residência Médica na Escola Paulista de Medicina, que nasceu em 1960,
tiveram de demonstrar uma firme atuação para que aceitassem uma atividade que ainda
não era totalmente compreendida, a despeito do apoio de importantes professores em
sua instalação e em seu desenvolvimento.
No reforço ao papel dessas primeiras turmas, aplicamos um esboço de método de
estudo histórico que denominamos "teoria dos primórdios", que pode ser aplicada a
processos de consolidação inicial de eventos históricos com supostas fundações oficiais.
Além disso, por serem fatores essenciais da Residência Médica, realizamos um
breve histórico dos "hospitais-escola" e do "ensino à beira do leito", além de termos
levantado alguns fatores correlatos à instalação da Residência Médica na EPM.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de dez. de 2016
ISBN9786588359150
História da Residência Médica na Escola Paulista de Medicina: os primórdios

Leia mais títulos de Afonso Carlos Neves

Relacionado a História da Residência Médica na Escola Paulista de Medicina

Ebooks relacionados

Médico para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de História da Residência Médica na Escola Paulista de Medicina

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    História da Residência Médica na Escola Paulista de Medicina - Afonso Carlos Neves

    © 2016 by Afonso Carlos Nevess

    Todos os direitos reservados

    Coordenação editorial: Douglas Souto

    Preparação e revisão: Cláudio Cruz

    Diagramação e capa: Cássia Souto

    Produção do e-book: Schaffer Editorial

    e-ISBN: 978-65-88359-15-0

    C. I. Editora e Livraria Ltda.

    Rua Florineia, 38 - Água Fria

    02334-050 São Paulo (SP)

    (11) 2950-4683

    livrariaciailimitada@gmail.com

    Sumário

    Apresentação

    Prefácio

    Introdução

    Capítulo 1

    Esboço de uma teoria dos primórdios

    Capítulo 2

    Alguns termos em questão

    2.1. Interno, médico interno, ou Internato Médico, ou Internato

    2.2. Médico residente, Residência Médica

    2.3. Hospital, hospitalidade

    Capítulo 3

    Um primeiro e remoto modelo de imersão no aprendizado médico

    Capítulo 4

    O ensino da Medicina à beira do leito

    Capítulo 5

    A primeira Residência Médica

    Capítulo 6

    Alguns aspectos da Escola Paulista de Medicina entre 1933 e 1964/66

    6.1. Preâmbulos

    6.2. Fundação da Escola Paulista de Medicina

    6.2.1. Os fundadores da Escola Paulista de Medicina

    6.3. Primórdios do Hospital São Paulo

    6.4. Processos que precederam a Residência Médica: Primeira turma de médicos internos da EPM e início de Internato Médico e Residência Médica na FMUSP

    6.5. Alguns fatores do contexto da saúde em que se instalou a Residência Médica na EPM em seus primórdios

    6.6. A federalização da Escola Paulista de Medicina

    6.6.1. Dois discursos do período de federalização

    6.6.1.1. Aula inaugural de 1956 da EPM

    6.6.1.2. Discurso da formatura de 1957 da EPM

    Capítulo 7

    A Residência Médica na EPM: primórdios

    7.1. A primeira turma de médicos residentes da EPM (1960-1961-1962)

    7.2. A segunda turma de residentes da EPM (1962-1963-1964)

    Conclusões

    Epílogo

    Referências bibliográficas

    Sites consultados

    Acervos consultados

    Imagens

    Sobre o autor

    Apresentação

    Algumas coisas não envelhecem, nutrem-se do tempo e das pessoas, transformam-se, reinventam-se, colocam-se num futuro herdado de muitas almas. E então, mesmo sem saber, algo da esfera da subjetividade, alicerça e pavimenta desejos e ideais. A Escola Paulista de Medicina, fundada em 1933, traz em si os princípios e instrumentos dessa luminosidade que norteia.

    Por certo as marcas do tempo estão impressas em todos que respiram a epm. Não só os que nela se formaram desde o berço, mas naqueles que nela aportaram para fazer sua especialização médica. E este contingente de pessoas, nele inclusos os funcionários e todos os outros profissionais que lhe dão suporte, promovem o espírito de uma Escola médica que se lança na realidade com idealismo e vigor.

    E de onde vem essa chama ideal, que motiva, promove, alimenta e projeta nossa sorte, espaços, realizações, preocupações e universalismo?

    Há várias formas de penetrarmos nas particularidades e caminhos da epm. Nesta obra o leitor poderá vislumbrá-la sob o prisma da Residência Médica. O Prof. Afonso Carlos Neves não poupou esforços para trazer ao cenário de nossa realidade o que ficou inscrito no comportamento, na cultura de nossos protagonistas até os dias de hoje. Este livro não poderia estar em melhores mãos, pois o Prof. Afonso, em seu doutorado em História Social da Ciência, realizado na usp, com a tese O emergir do corpo neurológico no corpo paulista: Neurologia, Psiquiatria e Psicologia em São Paulo a partir dos periódicos médicos paulistas (1889-1936), adquiriu grande experiência na produção científica de valores históricos. O leitor poderá confrontar documentos e a apreciação dos fatos segundo várias fontes.

    A residência médica é o produto acabado da grande revolução Osleriana. O aprendizado médico sob supervisão de um douto é seu principal esteio. O próprio sistema nervoso aprimora suas ações, seus movimentos e também conceitos (considerando-se a esfera cognitiva) segundo parâmetros ideais, segundo metas de aprimoramento. E se utiliza de vários recursos para esta finalidade. Além disso, o rodízio dos médicos em treinamento, entre vários serviços e supervisores, dá ao treinando uma visão de controvérsias e opções, as quais, quando pautadas em literatura científica, permite o engrandecimento do aprendiz para além das dimensões de seus mestres. Eis o milagre! Outro aspecto dessa revolução, considerando esse conceito apenas no que se refere à formalização do processo de treinamento, o que o Prof. Afonso bem argumenta dentro da Teoria dos Primórdios, é a instituição de um modelo hierarquizado, onde residentes já em fases mais avançadas de treinamento dão suporte aos residentes nas fases iniciais, e todos sob a supervisão de um médico técnica e eticamente reconhecida.

    Durante minha passagem pela coordenação da Residência Médica da epm, percebi a ausência de um documento que desse à luz nossa História. Os corredores de nossa coreme sequer insinuam seu passado. Não há quadros, não há símbolos. Mas nossos corações estão plenos. Temos orgulho do que somos e fazemos. Nessa perspectiva de conferir respeito aos nossos antecessores, solicitei ao Prof. Afonso que se debruçasse nesta árdua tarefa. Foram meses de trabalho, incluindo entrevistas com nossos mestres, fotografias, levantamento de documentos e a concepção da ideia dos Primórdios.

    Este livro apenas inicia uma obra de resgate de nossa história da Residência Médica, onde figura a Escola Paulista de Medicina e o Hospital São Paulo, e serve de modelo metodológico a futuras pesquisas. Essa história é de todos.

    Deixo meu grande reconhecimento ao Prof. Afonso pelo trabalho árduo, método irreparável, cuidado ao reportar os mais variados depoimentos e respeito a todos os protagonistas e à nossa epm.

    Prof. Dr. Gilmar Fernandes do Prado

    Professor Associado Livre-Docente de Neurologia da

    epm

    -Unifesp

    Chefe do Setor de Neuro-Sono da Disciplina de Neurologia da

    epm

    -Unifesp

    Prefácio

    Este trabalho procura responder a duas perguntas que me foram feitas pelo Prof. Dr. Gilmar Fernandes do Prado, quando presidente da Comissão de Residência Médica – coreme – da Escola Paulista de Medicina-Unifesp:

    Quando começou a existir a Residência Médica na Escola Paulista de Medicina?

    Quando, na história da Medicina, começou a existir alguma prática similar à Residência Médica?

    A partir daí, conduzi pesquisas a esse respeito em textos, livros, panfletos da Escola Paulista de Medicina, bem como em sites da internet, em acervos e em variada bibliografia.

    Quando descobri que a primeira turma de médicos residentes da Escola Paulista de Medicina foi a que iniciou a Residência em 1960 (formados em 1959), pudemos contar com a valiosíssima ajuda dos professores José Kerbauy e Luiz Kulay Júnior, que faziam parte dessa mesma turma. Posteriormente pudemos também acrescentar informações dadas pelos professores Benjamin Loebenstein e Celso Ferreira sobre a turma seguinte (anos 1962-63-64).

    Esta descoberta veio corroborar a hipótese histórica que estamos desenvolvendo a respeito dos primórdios, cujo esboço foi aqui acrescentado, como uma forma de entender as fundações e as instalações mais como processos complexos, em vez de apenas como fatos isolados, além de buscar entender os eventos informais ou semiformais que precedem as fundações como já fazendo parte de seus processos em sentido pleno.

    A resposta de onde é que mais remotamente ocorreu algo similar à Residência Médica pode surpreender a alguns, mas a prática de imersão no treinamento/aprendizado/trabalho começou influenciada por métodos monásticos de vida e de trabalho nos primeiros séculos depois de Cristo. Desdobramentos deste achado são descritos no livro.

    Entre os eventos Residência na epm e a mais remota forma de imersão no treinamento, William Osler criou, no fim do século xix, a Residência Médica, e deu consistência moderna, ou mesmo contemporânea, ao ensino à beira do leito.

    A Residência Médica na Escola Paulista de Medicina certamente é oriunda de circunstâncias e objetivos da instituição e da época em que esse processo se deu. Procurando entender esses fatores, é interessante ressaltarmos a primeira frase do Prof. Dr. Octavio Ribeiro Ratto no Prefácio do livro sobre os sessenta anos da Escola Paulista de Medicina,¹ que num primeiro momento pode causar perplexidade: A Escola Paulista de Medicina, a despeito da acirrada luta de muitos para destruí-la, acabou por se tornar uma instituição de muito bom conceito.

    Ao prosseguir, ele acrescenta: Ao longo destes anos acumulou uma incontável série de importantes realizações e ao mesmo tempo teve momentos de grandes dificuldades, que com seriedade e galhardia soube vencer.

    Então, ele formula um questionamento que eventualmente aparece a quem busca se aprofundar na história da Escola Paulista de Medicina: Uma pergunta frequentemente é feita: como a Entidade conseguiu tamanho progresso?.

    A seguir, ele procura responder:

    "Vários foram os motivos: o pioneirismo e o espírito criativo nortearam a sua conduta e, só como lembrança, entre outros fatos, podemos citar: a instalação do Pavilhão Maria Tereza de Azevedo, berço do Hospital São Paulo, primeiro Hospital de Clínicas do Brasil; a Escola de Enfermagem criada em 1939; a modernização do exame vestibular, de que resultou o cescem e posteriormente a Fundação Carlos Chagas; a transformação da Cadeira de Higiene na de Medicina Preventiva; a adoção do sistema departamental; a criação do curso de Ciências Biológicas modalidade médica; sediar a bireme² – Biblioteca Regional de Medicina –, centro de comunicação científica biomédica para a América do Sul e Caribe; o curso de Pós-Graduação, em nível de mestrado e doutorado, instalado em 1970, um dos melhores na área médica".

    A seguir ele diz: A manutenção do fogo sagrado tem sido uma outra de suas preocupações.

    O Prof. Dr. Ratto então correlaciona o que chama de fogo sagrado com o pensamento voltado para a compreensão das contingências da vida.

    Na medida em que pudemos caminhar na história da Escola Paulista de Medicina, constatamos que ela é uma história constante de sucessivas crises e superações desde a motivação de sua origem. Unindo-se a isso, a perplexidade sobre a rapidez do sucesso da Escola Paulista de Medicina e seus assim chamados pioneirismos nos levaram a perceber o espírito que centraliza a epm e que será apresentado no transcorrer deste trabalho.

    Ainda é interessante destacar um texto sobre a Residência Médica, que consta no livro sobre os sessenta anos da Escola Paulista de Medicina, de 1993: A Residência Médica é, atualmente, a maior, mais testada e bem estruturada modalidade de formação profissional em qualquer área do conhecimento.³

    Atualmente essa informação é de tal forma notável que o conceito de Residência penetrou em outras áreas da saúde além da Medicina e também nos mais variados campos de conhecimento aplicado, como em áreas de Ciências Humanas, Artes e outros campos diversos, conforme tem sido informado pela mídia em geral.

    1. O. R. Ratto, Prefácio. In: Escola Paulista de Medicina: 60 anos de história. São Paulo:

    cape

    /

    epm

    , 1993, p. 2-3.

    2. Atualmente a

    bireme

    não está mais sediada na Escola Paulista de Medicina.

    3. Escola Paulista de Medicina, op. cit., p. 238.

    Introdução

    A assim chamada Residência Médica é uma atividade cujo nome diz respeito à peculiaridade de que os médicos a ela ligados praticamente residem no hospital-escola durante esse período da vida profissional. O quão literal é esse atributo de residir no próprio local de trabalho e ensino depende do período histórico e do hospital ao qual se estiver referindo. Quando William Osler criou oficialmente a primeira Residência Médica, na última década do século xix, tratava-se de uma acepção mais apropriada do termo em relação ao envolvimento com a atividade prática.

    Com o passar do tempo, seu caráter domiciliar aos poucos foi modificado. Na medida em que entraram em jogo outros fatores, como, por exemplo, certo caráter de profissionalização da Residência, limitações de carga horária, além de outros elementos, a obrigatoriedade de morar no próprio hospital passou a ser, em muitos casos, desnecessária. Apesar disso, um fator fundamental e central de toda atividade da Residência Médica continua sendo a imersão no ambiente de ensino e trabalho. Essa imersão muitas vezes fez que se atribuísse à Residência Médica a comparação de ser uma atividade quase monástica. Veremos que esta associação ou atribuição talvez não seja apenas uma analogia, mas pode estar relacionada à própria origem mais remota de alguma coisa similar à Residência Médica, em atividades de aprendizado após a formação regular.

    Apesar de William Osler ser considerado o fundador da Residência Médica e até mesmo uma espécie de pai da Medicina Moderna, bem como um iniciador do aprendizado de Medicina à beira do leito, sabemos que essas fundações de Osler têm precedentes. Isso não tira seu mérito nem mesmo sua importância na história da Medicina Moderna, mas mostra que o processo de estruturação da educação médica e, mais especificamente, do ensino prático da medicina passou por diversas etapas até atingir suas características atuais.

    Nesse âmbito da atualidade, nota-se que, embora o método de ensino médico prático básico semiológico seja consagrado, existem algumas tendências atuais em substituir grandemente a abordagem propedêutica tradicional por procedimentos tecnológicos, tanto no ensino como na prática clínica. No entanto, isto ainda está longe de ser um consenso, e esse debate não é o cerne deste nosso trabalho.

    Ainda em relação à questão de precursores de fundadores (como no caso dos que tenham antecedido a Osler), podemos dizer que, de modo geral, os assim comumente considerados marcos históricos têm seus precedentes. Tais precedentes são menos valorizados do que o evento tido como principal, ou são mesmo desconhecidos pela história, até que se jogue luz sobre eles. Mesmo a ideia de precedente pode ser inapropriada, na medida em que esses supostos antecessores podem ter sido apenas pessoas de seu próprio tempo que concomitantemente tenham tido um pendor de inovar com novas linguagens, métodos ou feitos em relação a certas circunstâncias próprias do momento, de modo que podem ter proposto novos paradigmas, talvez pouco aceitos por seus contemporâneos. Chamar de precedente pode eventualmente dar a entender que se trata apenas de uma personagem ou de um evento coadjuvante de algo ou alguém que seja tido como

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1