Violência nas Relações de Jovens com Parceiro Íntimo e Seus Pares: Perspectivas de Abordagem Quantitativa e Qualitativa
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Violência nas Relações de Jovens com Parceiro Íntimo e Seus Pares - Maria Conceição Oliveira Costa
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E HUMANIDADES
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, pelo apoio ao projeto e editoração do livro.
À equipe do EVISSA/UQAM, pelas contribuições técnico-científicas à equipe NNEPA na etapa da adequação do instrumento PAJ, para aplicação em contexto brasileiro.
Agradecimento especial aos jovens que participaram, cujas informações e contribuições permitem ampliar o universo de conhecimentos nessa área, vislumbrando subsidiar investimentos e ações direcionadas à prevenção da violência interpessoal na juventude.
Sumário
Introdução
REFERÊNCIAS 15
Capítulo I
Violência entre jovens
1.1 VIOLÊNCIA: UM FENÔMENO MULTICAUSAL 19
1.2 JUVENTUDE E VIOLÊNCIA 20
1.3 VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES DE JOVENS COM PARCEIRO ÍNTIMO 22
1.4 VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES DE JOVENS COM SEUS PARES 26
1.5 A ESCOLA NA PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA ENTRE JOVENS 28
REFERÊNCIAS 30
Capítulo II
Implementação de pesquisa utilizando instrumento de contexto sociocultural distinto
2.1 ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E VALIDAÇÃO 39
2.1.1 Contextualização 39
2.1.2 Procedimentos metodológicos para Adaptação Transcultural e validação do questionário PAJ 46
2.1.2.1 Etapa I – Tradução 46
2.1.2.2 Etapa II – Síntese 46
2.1.2.3 Etapa III – Back translation 46
2.1.2.4 Etapa IV – Avaliação pelo comitê de especialistas 47
2.1.2.5 Etapa V – Pré-teste: avaliação do PAJ pelo público-alvo 48
2.1.3 Resultados 49
2.1.3.1 Etapa I – Tradução e retradução do PAJ 49
2.1.3.2 Etapa II – Avaliação pelo comitê de especialistas 49
2.1.3.3 Etapa III – Pré-teste – Piloto III 51
2.2 ANÁLISES DAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS 53
2.2.1 Contextualização 53
2.2.2 Propriedades psicométricas 54
2.2.2.1 Validade 54
2.2.2.2 Confiabilidade 60
2.2.3 Procedimentos metodológicos para análise das propriedades psicométricas
do PAJ 63
2.2.4 Resultados 65
2.2.4.1 Seção 2 do PAJ – Relações afetivas e amorosas 69
2.2.4.2 Seção 3 do PAJ – Experiências difíceis 71
2.2.4.3 Seção 5 do PAJ – Família 72
2.2.4.4 Seção 7 do PAJ – Sentimentos e emoções 73
2.3 CONSIDERAÇÕES 75
REFERÊNCIAS 77
Capítulo III
Aspectos gerais da metodologia do projeto
3.1 INTRODUÇÃO 85
3.2 INSTRUMENTO DE COLETA 85
3.2.1 Questionário – Percurso amoroso de jovens/PAJ 85
3.2.2 Seções do instrumento PAJ 86
3.3 SÍTIO E AMOSTRAGEM DO PROJETO 87
3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 88
3.5 COLETA DE DADOS DO PROJETO E SUBPROJETOS 88
3.6 ASPECTOS ÉTICOS 89
REFERÊNCIAS 90
Capítulo IV
Experências de pesquisa com abordagem quantitativa – subprojetos I e II
4.1 INTRODUÇÃO 93
4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS – Subprojetos I e II 95
4.2.1 Etapa I – Análise de Classes Latentes (ACL) 95
4.2.2 Etapa II – Análises de Associação (bivariadas) 97
4.2.3 Etapa III – Análises Multivariadas (regressão logística binária) 99
4.3 RESULTADOS 100
4.3.1 Perfil dos jovens e dos atos violentos 100
4.3.2 Análises de associação 100
4.3.2.1 Subprojeto I 100
4.3.2.2 Subprojeto II 101
4.3.3 Análises multivariadas (Regressão Logística Binária) 102
4.3.3.1 Subprojeto I 102
4.3.3.2 Subprojeto II 103
4.4 DISCUSSÃO 104
4.5 PRINCIPAIS CONCLUSÕES 107
4.5.1 Subprojeto I 107
4.5.2 Subprojeto II 107
REFERÊNCIAS 120
Capítulo V
Experiência de pesquisa com abordagem qualitativa – subprojetos III e IV
5.1 INTRODUÇÃO 125
5.2 PERCURSO METODOLÓGICO – Subprojeto III e IV 126
5.2.1 Sítios das pesquisas 126
5.2.1.1 Subprojeto III 126
5.2.1.2 Subprojeto IV 127
5.2.2 Participantes dos estudos 127
5.2.3 Aspectos éticos 128
5.2.4 Procedimentos utilizados nos subprojetos III e IV 128
5.2.4.1 Software Iramuteq (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et
de Questionnaires) 128
5.2.4.2 Entrevista 130
5.2.4.3 Técnica projetiva – Desenho-Estória com Tema (DET) 131
5.3 ANÁLISE DOS DADOS: Análise de Conteúdo Temática (ACT) 132
5.4 SOFTWARE IRAMUTEQ 135
5.5 ENTREVISTA – Subprojeto III (etapa 2) 139
5.6 TÉCNICA PROJETIVA – Desenho – Estória com tema – Subprojeto III (etapa 3) e Subprojeto IV 142
5.7 PRINCIPAIS RESULTADOS 147
5.7.1 Desempenhos: expressivo-motor, perceptivo-dinâmico e comunicação verbal/diálogo dos participantes 147
5.7.2 Características do ato de violência 148
5.7.3 Manifestações violentas precedentes, comportamento e sentimento do agressor 149
5.7.4 Comportamento e sentimento da vítima 150
REFERÊNCIAS 152
Considerações finais sobre os achados das
pesquisas (subprojetos I, II, III, IV, V) 155
Apêndices
Apêndice A – Tudo culpa minha 161
Apêndice B – Agressão por ciúmes 162
Apêndice C – O amor mata? 163
Apêndice D – Meus amigos 164
Apêndice E – Amiga venenosa 165
Apêndice F – Esquecer não é perdoar 166
Apêndice G – Questionário Paj 167
Sobre os autores 201
Introdução
Este livro descreve etapas do desenvolvimento de investigações implementadas entre universidades, visando a investigar comportamentos violentos sofridos e/ou perpetrados entre jovens nas relações com parceiros íntimos e seus pares, considerando a interferência dos antecedentes pessoais, familiares, amigáveis, entre outros.
A obra está organizada em cinco capítulos, cuja sequência permite ao leitor conhecer projetos do Núcleo de Estudos e Pesquisas na Infância e Adolescência/NNEPA, da Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS, no estado da Bahia, Brasil, desenvolvidos a partir da parceria com grupos de pesquisa da Universidade do Quebec à Montréal/UQAM – Canadá.
Os intercâmbios estabelecidos entre as equipes das universidades foram implementados em dois períodos. Inicialmente (2006-2010), com a participação do NNEPA/UEFS no Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Social da Juventude de Montreal/IRDS, referência nacional para denúncias e atendimento clínico e psicossocial de crianças e jovens na condição de vítima e/ou agressor, implementando pesquisas e intervenções voltadas à violência infanto-juvenil.
A segunda etapa de interlocução entre UEFS e UQAM ocorreu a partir de 2010, com a participação do NNEPA no grupo – Violência Sexual e Saúde/EVISSA, da UQAM, período no qual a equipe do EVISSA implementava um projeto nominado Parcour Amoreux des Jeunes/PAJ (Percurso amoroso de jovens). O instrumento original de coleta – PAJ – é de autoria do grupo EVISSA/UQAM, com as Universidades de Montreal/UM e de Laval/UL. A participação do NNEPA foi direcionada ao questionário PAJ, visando à aplicabilidade em contexto brasileiro, conforme critérios recomendados, considerando a diversidade sociocultural entre países.
A adequação do PAJ à realidade brasileira representou uma experiência pioneira e desafiadora para a equipe do NNEPA. Os processos de Adaptação Transcultural e Validação, assim como as Análises das Propriedades Psicométricas foram executadas, visando à aplicação do questionário, em contexto nacional. O apoio científico do EVISSA e parcerias com expertos da área de investigação metodológica foram essenciais à instrumentalização do NNEPA, visando à adequação e validação do questionário à realidade sociocultural brasileira, conforme procedimentos (REICHENHEIM; MORAES, 2007; CRONBACH, 1951; BEATON et al., 2000). Os resultados dos processos citados apontaram proporções de clareza e equivalência superiores a 80% e Índice de Validação de Conteúdo (IVC) acima de 95%, indicando validade e confiabilidade necessárias à aplicação da versão brasileira do PAJ (NASCIMENTO, 2014; CAMPOS, 2015; NASCIMENTO et al., 2015).
Com base na troca de experiências entre universidades, a partir de 2017, o NNEPA implementou um Projeto Interinstitucional, integrando quatro subprojetos, nominado Saúde de jovens e violência: Interlocução entre a rede de informação em saúde e o sistema de educação, para prevenir a vitimização familiar, amorosa e entre pares, contando com o apoio técnico do EVISSA/UQAM e de pesquisadores de outras universidades do país.
Os subprojetos foram desenvolvidos com distintas abordagens e procedimentos metodológicos, tendo como premissa ampliar e aprofundar conhecimentos sobre o tema: SUBPROJETO I – Ocorrências violentas nas relações afetivo-sexuais de jovens estudantes da rede pública de ensino de Feira de Santana/Bahia; SUBPROJETO II – Violência nas relações afetivo sexuais de adolescentes e adultos jovens: direcionalidade violenta, comportamentos e violência interparental; SUBPROJETO III – Violência na intimidade de jovens: fatores preditores, manifestações violentas e consequências; SUBPROJETO IV – Violência entre jovens estudantes e seus pares: perfil do ato violento, fatores preditores e sentimentos vivenciados.
A implementação dos subprojetos, em conformidade ao tipo de abordagem e procedimentos específicos utilizados, obedeceu às etapas precedentes, cujos processos de Adaptação transcultural e Análises das Propriedades Psicométricas do PAJ foram determinantes para a aplicação do PAJ, em contexto nacional.
As trocas de experiências e tecnologias entre os grupos de pesquisa contribuíram para impulsionar a formação de novos pesquisadores; ampliar o conhecimento em diferentes tecnologias e abordagens de pesquisa; implementar a produção técnico-científica; divulgar conhecimentos nessa área, em universidades, serviços, eventos científicos e comunidades, em nível nacional e internacional.
Salienta-se a importância de investigações sobre fenômenos que interferem na dinâmica social e relacional de jovens, na perspectiva de subsidiar o planejamento e execução de políticas intersetoriais direcionadas a esse grupo, considerando sua alta vulnerabilidade. Priorizar investimentos nos setores de saúde, educação e desenvolvimento social voltados à juventude permite prevenir a transmissão intergeracional de relacionamentos violentos, especialmente no círculo de relações íntimas de jovens, com amigos, parceiros e familiares.
REFERÊNCIAS
BEATON, D. E. et al. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine, v. 25, n. 24, p. 3186-3191, 2000.
CAMPOS, M. R. da S. Análise das propriedades psicométricas da versão brasileira do inventário Parcours Amoreux des Jeunes-PAJ
. 2015. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva) – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2015.
CRONBACH, L. J. Coefficient Alpha and the internal structure of tests. Psychoketrika, v. 16, p. 297-334, 1951.
NASCIMENTO, O. C do. Adaptação transcultural e validação de conteúdo do questionário Parcours Amoureux des Jeunes - PAJ
- Montréal/ Canadá - para o contexto do Brasil. 2014. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva) – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Bahia, 2014.
NASCIMENTO, O. C; COSTA, M. C. O.; FREITAS, K. S.; HÉBERT, M.; MOREAU, C. Adaptação transcultural do inventário Parcours Amoureux des Jeunes – PAJ de origem canadense para o contexto brasileiro. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de janeiro, v. 20, n. 11, p. 3417-3426, 2015.
REICHENHEIM, M. E.; MORAES, C. L. Operacionalização de adaptação transcultural de instrumentos de aferição usados em epidemiologia. Revista de Saúde Pública, v. 41, n. 4, p. 665-673, 2007.
Capítulo I
Violência entre jovens
1.1 VIOLÊNCIA: UM FENÔMENO MULTICAUSAL
Trabalhar com o construto da violência é desafiador, visto que as múltiplas manifestações desse fenômeno são identificadas e introjetadas a partir das experiências e percepção pessoal de cada sujeito, cujas manifestações provocam ou são provocadas por uma forte carga emocional de quem comete, sofre e/ou presencia a violência. Os eventos violentos sempre passaram pelo julgamento moral da sociedade (MINAYO, 2005).
A violência configura-se como um grave problema de saúde pública, de grande magnitude e transcendência, resultando em profundos danos sociais, econômicos e emocionais, sobretudo em virtude do impacto negativo sobre a saúde e anos potenciais de vida perdidos (APVP) (BRASIL, 2010).
Desde a década de 1970, pesquisas têm apontado a violência como uma das principais causas de morbimortalidade, deixando de ser um problema exclusivo das esferas social e jurídica, abrangendo múltiplos setores, inclusive o setor da saúde, nos níveis primário, secundário e terciário, exigindo respostas intersetoriais e multidisciplinares em virtude dos efeitos nefastos às vítimas, familiares e à comunidade em geral (BRITO et al., 2005).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em nível mundial, anualmente, são registradas mais de 1,3 milhões de mortes em consequência da violência, em todas as suas formas. Isso corresponde a 2,5% da mortalidade global (WHO, 2014). Em contexto nacional, os dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) revelaram que, entre 2009 e 2018, ocorreram 152.898 óbitos de adolescentes, na faixa etária de 15 a 19 anos, por causas externas. Na Bahia foram 16.322, representando cerca de 30% das mortes da região nordeste para o mesmo período e causas (BRASIL, 2019).
Em dimensão mundial, a juventude destaca-se como o grupo social mais afetado pela violência. A mortalidade por causas externas entre jovens brasileiros, incluindo os óbitos que envolvem ações violentas, aumentam com a idade, sendo o risco de morte três a cinco vezes maior no grupo de 15 a 19 anos. Muitos atos violentos, no entanto, não levam à morte, mas ocasionam lesões, transtornos múltiplos, em nível físico e mental, além de outros problemas