O Ginásio Vocacional de Rio Claro – Perspectivas Históricas
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Sobre este e-book
De acentuado cunho conservador, as desconfianças quanto ao sistema educativo adotado pelos ginásios vocacionais, muitas vezes interpretado como subversivo por poderes políticos, clérigos e professores que não souberam compreender a atualidade de sua proposta pedagógica, contribuíram para a precoce extinção do ginásio vocacional, em 1970.
Partindo da meso-abordagem proposta por Justino Magalhães, este livro reconstrói a identidade histórica do Ginásio Vocacional de Rio Claro, valendo-se do entrecruzamento de informações selecionadas do contexto local e estadual obtidas em bibliografia especializada e documentações coletadas em arquivos e jornais da época. A pesquisa possibilitou visualizar as dificuldades da sociedade local na aceitação da proposta pedagógica diferenciada, somando-se os revezes no âmbito estadual e federal com o Golpe Civil-Militar e o silenciamento de sua experiência após esse parco espaço de tempo.
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O Ginásio Vocacional de Rio Claro – Perspectivas Históricas - Juliano Bernardino Godoy
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
À memória da professora Maria Nilde Mascellani, que pensou a educação como agente de transformação da sociedade pelo estudo e pelo trabalho.
AGRADECIMENTOS
Esta obra não poderia chegar a bom porto sem o precioso apoio de várias pessoas. Em primeiro lugar, não posso deixar de agradecer ao Prof. Dr. Cesar Romero Amaral Vieira toda a paciência e o empenho com que sempre me orientou neste trabalho e em todos aqueles que realizamos durante as disciplinas do mestrado. Muito obrigado por me corrigir quando necessário, sem nunca me desmotivar. Também agradeço aos Profs. Drs. Borges de Aguiar e Tony Honorato a dedicação na análise do trabalho.
À Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e ao Conselho Nacional de Pesquisa Científica (CNPq), pelo fomento para a realização da pesquisa. Desejo igualmente agradecer a todos os meus professores do mestrado em Educação do PPGE da Unimep, especialmente ao Prof. Dr. Thiago Borges de Aguiar, que foi meu primeiro orientador. Aos professores Alan da Silva Coelho, Bruno Pucci, Andreza Barbosa, Maria Guiomar Carneiro Tommasiello e Tânia Barbosa Martins, cujo apoio e amizade estiveram presentes em todos os momentos.
À minha família, de modo especial à minha mãe, Rosemary Godoy, e à minha esposa, Paula Godoy, pela compreensão e paciência nestes últimos anos. Aos amigos do PPGE, do mestrado e doutorado, pela amizade, troca de experiências, bate-papo, cervejadas e militância nos eventos educativos e socais da universidade. À comunidade paroquial da Igreja Anglicana Episcopal de São Jorge em Rio Claro, pela compreensão de minhas limitações, não dispondo de tempo integral para o pastoreio, atendimentos e cerimônias.
Ao Pe. Otto Dana, professor doutor em Ciências Sociais e padre emérito da Diocese de Piracicaba, por ter me incentivado a ingressar na vida acadêmica e pelo pronto apoio, sempre que precisei. Ao Pe. Valmor Alves Pimenta, meu irmão no sacerdócio, que exerce o ministério presbiteral em Londres, que me apoiou bastante (mesmo a distância) espiritualmente nesse processo, encorajando-me a não desistir. Gratidão!
A Prefeitura Municipal de Rio Claro, Secretaria Municipal da Educação, Arquivo Público Municipal de Rio Claro e Escola Estadual Chanceler Raul Fernandes, a todos os seus funcionários e corpo administrativo, pela abertura e possibilidade da realização desta pesquisa. Finalmente, quero agradecer a DEUS, por ser minha base incondicional e incansável nos momentos mais difíceis. Como humano, é fácil desistir e abandonar tudo, mas TU me deste forças nos momentos de fraqueza para chegar até aqui.
APRESENTAÇÃO
Esta pesquisa sobre o Ginásio Vocacional de Rio Claro, posteriormente nomeado de Chanceler Raul Fernandes, traz uma nova perspectiva de análise para a discussão dessa temática ao procurar incidir sobre a história das instituições escolares uma visão que contempla tantos os fatores micro como os fatores macro de sua história. Preocupando-nos com a análise dessa experiência educacional, que deixou um importante legado não só para a cidade quanto para a história da educação paulista, buscamos compreender como a cultura escolar gerada por essa instituição escolar penetrou na sociedade local, legando novos ganhos pedagógicos e humanísticos.
O trabalho de pesquisa desenvolvido centrou-se no resgate da singularidade histórica do Ginásio Vocacional de Rio Claro, município localizado no interior paulista, seguindo o veio aberto por outros estudos pioneiros que também se detiveram na análise dessa mesma experiência implantada em outros municípios do estado de São Paulo. O recorte da pesquisa compreende desde a criação da escola, no ano 1961, e pretendeu chegar até sua completa extinção, no ano de 1970. Essa temática foi escolhida por sua ampla significação social no contexto local, regional e estadual e por sua densidade histórica. A pesquisa deu-se por meio da utilização de fontes secundárias, tais como livros, teses e dissertações de pesquisadores que se debruçaram sobre o estudo dessa temática, e da análise das fontes primárias localizadas no Arquivo Público de Rio Claro e dos jornais do período proposto. Inserida no campo temático da história das instituições educativas, esta pesquisa busca compreender a instituição com base em seu meio envolvente (MAGALHÃES, 1999, 2004), levando em conta não somente os fatores advindos do contexto socioinstitucional ou os fatores circunscritos às particularidades das práticas escolares, mas pretende, pela análise das diversas fontes, contribuir para a construção de uma identidade histórica da instituição educativa investigada.
Procuramos demonstrar, por meio de relatos forjados nos documentos históricos, que as atividades do Core Curriculum dos Ginásios Vocacionais favoreceram os seus egressos na escolha de suas futuras profissões e na busca constante por uma formação continuada. O estudo sobre essa temática orientou-se por um abrangente levantamento documental e bibliográfico; uma boa orientação teórico-metodológica da história das instituições educativas; e por um amplo conhecimento sobre a criação, o funcionamento e a pedagogia dos ginásios vocacionais. Auxiliaram-nos nessa tarefa os estudos seminais de Marques (1985), Rovai (1996), Tamberlini (2001), Oliveira (1986), entre outros. Por meio de uma pesquisa criteriosa das fontes, foram encontradas fichas de alunos, correspondências, memorando, planos de aulas, roteiros de estudo do meio (prática pedagógica de visita guiada), fichas e formulários com movimentações do Banco Vocacional (banco interno para alunos, sem valor comercial, que apresentava os principais conhecimentos de uma instituição da vida real), esquetes e peças de teatro, partituras de músicas etc.
Os Ginásios Vocacionais foram experiências renovadoras de ensino que nasceram na década de 1960, revolucionando a educação com suas práticas diferenciadas de ensino, segundo os ideais da Escola Nova. Foram pensados e instituídos em seis municípios do estado de São Paulo: São Caetano do Sul, Barretos, Batatais, Rio Claro, Americana e a capital. Cidades com diferentes densidades populacionais, matizes culturais e situações socioeconômicas. Todas as unidades foram baseadas na experiência do modelo francês de ensino da Escola de Sévres. Na década de 1950, o Brasil, com base nesse modelo francês, tem sua primeira experiência nas chamadas classes experimentais, realizadas primeiramente na cidade de Socorro, no interior de São Paulo.
Foi a professora Maria Nilde Mascellani (mentora intelectual desse projeto), após planejamento e com a formação de uma equipe dentro dos mesmos pressupostos teóricos e práticos, quem obteve a autorização especial da Secretaria da Educação para implantar os ginásios vocacionais em São Paulo, como um projeto mais aperfeiçoado das classes experimentais, e que mais tarde representaria uma guinada na educação do estado, com um potencial de transformar a educação em nível nacional.
Este trabalho é um esforço de demonstrar, via estudo localizado da história do de Rio Claro, a importância histórica dessa instituição tanto para os alunos e professores que por lá passaram como para a cidade que a acolheu, revelando suas práticas e concepções pedagógicas em um período de forte controle sociopolítico e cultural.
O Ginásio Vocacional foi uma experiência valiosa, apesar do curto tempo de funcionamento. É lamentável que a ideologia imposta pelo regime militar tenha se sobreposto à experiência de uma nova modalidade de ensino e tenha retardado novas formas de educar e educar-se. Para Magalhães, enquanto projeto social,
[...] a educação é uma construção pessoal, é um processo centrado no sujeito e que tende a assumir a modalidade de projeto cuja representação e futuro medeia entre uma idealização e a realidade educativa na sua complexidade e atualidade. (MAGALHÃES, 2004, p. 15).
Pensando nas proposições de António Nóvoa (1995, p. 17), o estudo das instituições escolares deve ter um local especial nas ciências educacionais, e esse aprofundamento é muito contemporâneo. Portanto, é necessário que qualquer estudo nessa vertente busque compreender o contexto e as relações estabelecidas nas esferas sociopolítica e religiosa. Entender as relações estabelecidas é entender como os locais se apropriaram e fizeram circular a construção cultural produzida pelo ginásio vocacional em Rio Claro.
O autor
Referências
MAGALHÃES, J. P. Tecendo nexos: história das instituições educativas. Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2004.
NÓVOA, A. (org.). As organizações escolares em análise. 2. ed. Lisboa: [s. n.], 1995.
PREFÁCIO
Sobre quem prefacia um livro recaem duas grandes responsabilidades: apresentar o autor do livro e o livro do autor, já que um está associado ao outro como os dois lados de uma mesma moeda. Entretanto, ao apresentar aqui o autor e a obra, coloco-me em uma situação bastante confortável, pois ambos são resultados de um mesmo processo, dois anos de convivência no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). O jovem autor, Juliano Bernardino Godoy, foi o meu orientando no curso de mestrado em Educação no período de março de 2017 a fevereiro de 2019, e este livro é a materialização do resultado de suas pesquisas. Mas, diferentemente do período de acompanhamento de seu trabalho acadêmico na condição de um leitor qualificado, hoje leio com outros olhos e expectativas as mesmas páginas que outrora foram escritas para atender às exigências acadêmicas. Retomo a leitura não mais como quem ampara e estimula os primeiros passos titubeantes daquele que um dia se enveredou por trilhas pouco conhecidas, mas como alguém que, após essa primeira etapa, tem o privilégio de parar para refletir sobre essa caminhada ao observar as pegadas deixadas ao longo do percurso trilhado, agora mais firmes e autônomas. O orientando tornou-se sujeito singularizado de seus próprios saberes!
Juliano Bernardino Godoy, padre anglicano, é o autor da obra que tenho o prazer de apresentar. A pesquisa, que se transformou em livro, debruça-se sobre a trajetória de uma das mais belas e inovadoras experiências pedagógicas vivenciadas no estado de São Paulo, a história do ginásio vocacional, que teve palco em seis municípios do estado paulista: São Paulo, Americana, Batatais, Barretos, São Caetano do Sul e Rio Claro. Os ginásios vocacionais constituem-se em um modelo de escola pública experimental que vigorou no estado de São Paulo, na década de 1960, via Lei estadual nº 6.052, de 3 de fevereiro de 1961. Coube a Juliano investigar, como aprendiz de historiador, a trajetória desta última instituição escolar, atento aos detalhes desde sua criação, no ano de 1961, e às particularidades históricas que levaram a sua completa extinção, em 1970, em plena vigência do governo ditatorial instituído pelo golpe militar de 1964. Com o objetivo de ampliar e sistematizar a compreensão sobre a história do Ginásio Vocacional de Rio Claro com base em sua integração com o sistema educativo paulista e estabelecendo uma ligação com o contexto local, Juliano busca resgatar, por meio de uma competente pesquisa bibliográfica e documental, a identidade e singularidade histórica do ginásio, e também sua importância para a história da educação local e brasileira. O autor analisa de modo amplo a cultura escolar produzida por essa instituição educativa, que, apesar de efêmera, legou à cidade de Rio Claro e ao município um papel de destaque no cenário educativo paulista. Para dar vivacidade a essa experiência única, o autor não limita sua investigação aos aspectos puramente educacionais, mas integra-a às esferas social, política e religiosa da época na busca pela compreensão das relações e inter-relações estabelecidas entre essas esferas.
Juliano não é o primeiro pesquisador a escrever sobre a história do ensino vocacional de Rio Claro. Diversos pesquisadores antes dele pesquisaram, descreveram e narraram em competentes estudos a mesma temática. Como Juliano mesmo revela e consulta, outros autores estudaram o ensino vocacional nos mais diversos pontos de vista: estudos comparativos, práticas escolares e processos de ensino-aprendizagem, históricos e memorialísticos, sociológicos (estudos de casos, relatos de experiência) entre outros. Juliano preocupou-se em lançar um olhar do ponto de vista da história das instituições escolares, e desse ângulo realizou um consistente trabalho que auxiliará, como um documento de consulta e referência, pesquisadores, professores e gestores da área de educação.
Este livro, na origem, é um trabalho acadêmico bem documentado e com um linguajar, por vezes, exclusivo, mas que certamente trará à memória dos leitores rio-clarenses lembranças de uma experiência educativa única que fora realizada nas cercanias de seu próprio município, e que deixou profundas marcas na história da cidade e daqueles que um dia frequentaram suas salas de aulas, suas oficinas, seus corredores, seus laboratórios...
Recomendo a leitura deste livro, na certeza de que irá proporcionar reflexões críticas e prazerosas sobre a história desse importante