Da Semente à Paisagem: sensibilidade e técnica na Arquitetura Paisagística
De Fabio Bei
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ARQUITETO MARIO YOSHINAGA
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Da Semente à Paisagem - Fabio Bei
1. PAISAGISMO
O que é paisagismo?
Sempre que inicio um novo curso, essa é a primeira questão. Fazer o aluno entender que paisagismo não é jardim ou serviço de jardinagem. Que paisagismo é muito mais que isso, é uma intervenção na paisagem.
Às vezes fica difícil para alguns diferenciar esse conceito. Muitos se expressam dizendo "vou fazer um ‘paisagismo’", em vez de falar: vou criar um jardim
. Dá para perceber bem a diferença? Mas esse engano é muito comum: confundir paisagismo com jardinagem, apesar de a jardinagem ser um dos elementos do projeto de paisagismo.
Quais os elementos do paisagismo?
As respostas direcionam primeiramente à vegetação, como flores, árvores e gramados. Incentivando e pensando no comportamento das pessoas, o que existe numa área livre de uma cidade, como uma praça, surgem outros elementos como playground, mesas de jogos para idosos, quadras esportivas, equipamentos de ginástica ao ar livre, bancos para conversas e descanso.
Vamos mais além: o caminho certo, para a percepção do usuário é um verdadeiro ponto chave na análise da paisagem. Sobre o calor, por exemplo, as sombras das árvores nos oferecem frescor. Quanto à luz, vivenciamos o dia e noite, e a iluminação artificial e natural; o olfato, os aromas das flores e o ar puro; a audição dos cantos dos pássaros, a água com suas fontes, espelhos d’água e chafarizes que estimulam os sentidos do usuário, chegando à visão, cores, árvores e canteiros. Assim podemos também desenvolver mais situações para criar elementos importantes nos tratamentos paisagísticos privados e urbanos nas ruas e suas calçadas e avenidas.
Quando buscamos criar o paisagismo residencial e de condomínios, surgem muitas variáveis que vão se incorporando ao projeto, desde o próprio espaço de atuação do usuário, o desenho da arquitetura – na área externa como pergolados, telhado verde, jardim vertical, espelho d’água, pisos, vasos, muros, fontes, piscinas, mobiliários e mesmo a arquitetura com seus usos, revestimentos e formas.
Pensando no parque urbano, numa escala macro, o espaço deve ser visto de uma forma mais ampla, visualizando a cidade como um todo, nas necessidades dos usuários, a importância da localização na cidade, seu desenho, a topografia, e as massas de vegetação existentes.
Um dos principais elementos a ser verificado é o entorno desse espaço, e como as edificações interferem nesse local. É importante integrar a paisagem em todos os seus aspectos. Não podemos pensar somente no metro quadrado que estamos pisando, mas precisamos entender o quanto podemos perceber o que existe a um redor muito maior de formas, escalas, cores e volumes, além da água, pisos e massas de vegetação significativas existentes.
Agora, com todos estes e outros elementos, o projeto de paisagismo está ligado à estruturação e à organização do espaço externo, da paisagem.
Concluímos que estamos falando da arquitetura da paisagem ou arquitetura paisagística na qual podemos interferir em áreas que podem ser de pequenas a grandes escalas – sejam praças, parques urbanos ou lineares, áreas ambientais, ou mesmo projetos em residências, comércio, indústrias e do paisagismo urbano de ruas, avenidas, áreas de lazer onde está inserida a cidade, que é o aspecto mais importante para se pensar na melhoria dos elementos. Então, antes de falar em paisagismo, que é um projeto de intervenção no ambiente, devemos pensar primeiro na paisagem.
A arquiteta paisagista Rosa Kliass, no Livro da Rosa
dá sua visão sobre o assunto: a interferência paisagística não é temática. O tema não é a rodoviária, o aeroporto, a escola, o parque. O tema é a paisagem: que inclui a arquitetura, a cidade
.
Paisagens da natureza (fotos do autor)
Beleza visual de plantas e sensibilidade humana (fotos do autor)
A IMPORTÂNCIA DA PAISAGEM
A palavra paisagem
surge e é mencionada muitas vezes neste trabalho, pois é o elemento principal. Podemos definir a paisagem como tudo o que se vê sob determinado ângulo de visão. Mas também é tudo que se sente, que se escuta, que se cheira, que se olha e se toca. São todos aspectos dos sentidos do indivíduo. A cultura e a história estão na linha da percepção em que podemos entender a formação da paisagem através delas.
Gosto muito do conceito de paisagem descrito por Milton Santos no livro Metamorfoses do espaço habitado
: "paisagem é tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc. [...] A paisagem é um conjunto de formas heterogêneas, de idades diferentes, pedaços de tempos históricos representativos das diversas maneiras de produzir as coisas, de construir o