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A educação prisional como instrumento de recuperação
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A educação prisional como instrumento de recuperação
E-book185 páginas1 hora

A educação prisional como instrumento de recuperação

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Sobre este e-book

A relevância da educação prisional como instrumento de ressocialização e de desenvolvimento de habilidades e de educação para a empregabilidade é notória no sentido de auxiliar os reclusos a reconstruir um futuro melhor durante e após o cumprimento da sentença. Os objetivos de encarceramento ultrapassam as questões de ‘punição, isolamento e detenção. A educação auxilia e permite a obtenção dos objetivos centrais de reabilitação que incidem em resgate social e educação libertadora numa dimensão de autonomia, sustentabilidade e minimização de discriminação social.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de mar. de 2022
ISBN9781526002594
A educação prisional como instrumento de recuperação

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    A educação prisional como instrumento de recuperação - Benigno Núñez Novo

    Imagem

    FOTO DA ENTRADA DO MÓDULO DE ENSINO DA PENITENCIÁRIA REGIONAL DOM ABEL ALONSO NÚÑEZ DE

    BOM JESUS PIAUÍ

    A EDUCAÇÃO PRISIONAL COMO INSTRUMENTO DE

    RECUPERAÇÃO

    Imagem

    BENIGNO NÚÑEZ NOVO

    A EDUCAÇÃO PRISIONAL COMO

    INSTRUMENTO DE RECUPERAÇÃO

    REEDUCANDOS ASSISTINDO AULA DE GEOGRAFIA

    Em primeiro lugar a Deus pela disposição e saúde para realizar este

    trabalho.

    Aos reeducandos (detentos) que de forma especial contribuíram para

    que pudesse transcorrer de forma harmoniosa e satisfatória as pesquisas.

    A Gerência que nos deu toda a liberdade de acesso as dependências da

    Unidade Prisional.

    Aos Coordenadores, agentes penitenciários, policiais militares,

    professores da escola da penitenciária, Gerente da 14ª Gerência Regional de

    Educação de Bom Jesus que de forma sensível se dispuseram a colaborar e

    atender as solicitações que lhes foram encaminhadas.

    Por fim, gostaria de prestar uma homenagem aos amigos conquistados

    ao longo do desenvolvimento deste trabalho e a todos que contribuíram para

    a concretização.

    SUMÁRIO

    Primeira Parte

    A PRISÃO

    CAP. I – HISTÓRICO, 5

    CAP. II – SISTEMAS PENITENCIÁRIOS CLÁSSICOS, 7

    Segunda Parte

    A FALTA DE ACESSO A EDUCAÇÃO PRISIONAL.

    CAP. I – AS REALIDADES DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO,

    17

    CAP. II – REINTEGRAÇÃO SOCIAL, 30

    CAP. III – A EDUCAÇÃO DE DETENTOS, 33

    Terceira Parte

    EDUCAÇÃO E TRABALHO

    CAP. I - NECESSIDADE DE ESTÍMULO, 87

    CAP. II – AS DIFICULDADES DO EXERCÍCIO DO DIREITO À

    EDUCAÇÃO, 88

    CAP. III – A ESCOLA VIRTUAL, 90

    Quarta Parte

    O SISTEMA PRISIONAL DO ESTADO DO PIAUÍ

    CAP. I – A UNIDADE PRISIONAL DE BOM JESUS, 93

    CAP. II – A EDUCAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE RECUPERAÇÃO

    DE DETENTOS, 97

    Primeira Parte

    A PRISÃO

    CAPÍTULO I

    HISTÓRICO

    Ao buscar a origem da prisão a partir do surgimento da civilização,

    constata-se que na antiguidade, mais precisamente na Roma Antiga

    prevaleciam as penas corporais e de morte, sendo que a prisão constituía

    meio para encarcerar os acusados somente até o julgamento ou execução.

    Naquela época, não existia um local certo com uma arquitetura

    prisional definida para recolher os encarcerados, os quais ficavam

    geralmente em fortalezas reais, calabouços, torres ou edifícios diversos.

    Messuti (2003, p. 28) registra que existiam em Jerusalém quando houve a

    invasão dos caldeus, três prisões que se localizavam uma no portal de

    Benjamin, outra no palácio do rei e a última na residência de um funcionário

    público.

    Afora estas experiências isoladas de prisão, segundo Leal (2001, p. 33)

    foi a Igreja que, na Idade Média, inovou ao castigar os monges rebeldes ou

    infratores com o recolhimento em celas localizadas em uma ala própria do

    mosteiro com o fim de recolhimento e oração.

    A Idade Média, também, é marcada pelo aspecto estritamente punitivo

    da pena através do sofrimento físico corporal infligido aos acusados para

    libertação da alma com os suplícios, a forca, a roda.

    No século XVI, com a crise do sistema feudal e a migração da

    população dos campos para as cidades com cenário de pobreza e miséria na

    Europa, o aumento da criminalidade foi inevitável e forçou a construção de

    várias prisões para segregar mendigos, prostitutas e vagabundos com o fim

    disciplinar e corretivo através do trabalho, especialmente pelos crimes

    cometidos contra o patrimônio que não se solucionariam com a pena de

    morte que fatalmente exterminaria milhares de delinquentes assolados pela

    fome.

    Nesta época, a prisão mais antiga de acordo com Leal (2001, p. 34) foi

    a House of Correction, inaugurada em 1552 na cidade de Bridewell, na

    Inglaterra, com disciplina extremamente rígida para emenda dos

    delinquentes.

    Outro modelo de inspiração para época foi o de Rasphuis de

    Amsterdam, inaugurado em 1596, onde o trabalho era obrigatório, a cela

    individual era utilizada somente a título de punição com vigilância contínua

    e leituras espirituais.

    Percebe-se, desta forma, que a prisão surgiu para a segregação de

    mendigos, prostitutas e vagabundos, fato sociológico que merece registro

    pela atualidade da problemática da população carcerária atual, não se

    olvidando da sua finalidade: corretiva através do labor.

    A partir desta época, começou a se desenvolver estudos e ideias sobre

    o sistema penitenciário, especialmente a preocupação com a questão

    humanitária da prisão, destacando-se dentre os mais importantes: a obra

    Reflexões sobre as prisões monásticas de Jean Mabillon (1695), o clássico

    revolucionário Dos Delitos e das Penas de Cesare Beccaria (1764), O Estado

    das Prisões na Inglaterra e no País de Gales de John Howard (1776).

    CAPÍTULO II

    OS SISTEMAS PENITENCIÁRIOS CLÁSSICOS

    As teorias de execução das penas, sustentadas por Cesare Beccaria,

    John Howard e Jeremias Bentham, germinaram, nos Estados Unidos, no

    século XVIII, o movimento de criação de sistemas penitenciários

    padronizados, cujos mais famosos foram experimentados em colônias

    prisionais sob o influxo do notável político Benjamin Franklin, autor da

    Constituição norte-americana de 1787, que, no campo do Direito Penal,

    escreveu, em 1723, a obra From Liberty and From Necessity of Penalty’s

    Pleasure (Da Liberdade e da Necessidade do Prazer da Pena).

    Os Sistemas Penitenciários Clássicos, que prosperaram nos Estados

    Unidos, na Europa e serviram de modelo para o mundo, a partir do século

    XIX, foram também incitados por organizações comunitárias, objetivando

    suavizar a vida dos condenados nas prisões. A mais famosa dessas

    organizações foi a Philadelphia Society for Alleviating the Miseries of Public

    Prisons (Sociedade de Philadephia para Aliviar a Miséria das Prisões

    Públicas), criada em 1787, que conseguiu introduzir modificações nas leis

    penais, como a abolição dos trabalhos forçados, dos açoites e das mutilações,

    além de restrições ao emprego da pena de morte que passou, em 1794, a ser

    aplicada, na Philadephia, apenas aos homicídios dolosos.

    Os Sistemas Penitenciários Clássicos são:

    1. Sistema Pensilvânico; 2. Sistema Auburniano; 3. Sistema

    Progressivo Inglês; 4. Sistema Progressivo Irlandês; 5. Sistema de Elmira; 6.

    Sistema de Montesinos; e 7. Sistema Borstal.

    1. O SISTEMA PENSILVÂNICO

    O Sistema Pensilvânico, também conhecido como Sistema de

    Philadephia, foi implantado na Eastern Penitentiary, na Philadelphia, em

    1829, cuja construção foi inspirada na Penitenciária Panopticon idealizada

    por Jeremias Bentham, na Inglaterra. A base do Modelo Pensilvânico era o

    isolamento celular, com trabalho no próprio interior da cela, separando os

    presos para evitar promiscuidade e fazer com que todos meditassem sobre

    seus crimes com o objetivo de melhora pessoal. A solidão foi tão cruel, no

    estado de espírito dos enclausurados, que muitos foram vítimas de loucura.

    Somente podiam visitar os presos o diretor do estabelecimento, os guardas,

    o capelão e os membros da Sociedade de Philadelphia para Aliviar a Miséria

    das Prisões Públicas.

    A única leitura permitida era a Bíblia. O completo isolamento em

    relação ao mundo exterior não permitia nem mesmo receber ou enviar cartas.

    O Modelo Pensilvânico serviu de orientação para os regimes celulares da

    Europa, começando em prisões da Inglaterra, Alemanha e Bélgica com as

    devidas adaptações nesses países.

    2. O SISTEMA AUBURNIANO

    O Sistema Auburniano foi implementado na Penitenciária de Auburn,

    em Nova Iorque, a partir do ano de 1818. Impunha o trabalho em comum

    durante o dia, sob absoluto silêncio, punindo com variados castigos qualquer

    tentativa de comunicação. À noite, o isolamento celular também era absoluto

    para descanso da labuta diária e como meio de evitar a corrupção dos

    condenados. Por isso, ficou conhecido nos Estados Unidos como silent

    system. Os presos não podiam, inclusive, receber visitas, nem mesmo de

    familiares e eram proibidos exercícios e distrações de qualquer espécie, com

    direito apenas a rudimentar instrução e aprendizado proporcionados pelos

    funcionários da prisão. Interessante anotar que a desumana imposição das

    regras do silêncio propiciou o aparecimento da linguagem indireta, utilizada,

    universalmente, até hoje pelos presos, por via de gestos, leitura dos dedos ou

    dos lábios e pancadas nas paredes.

    Uma lei de 1821, do Estado de Nova Iorque, determinou que os presos

    de Auburn ficassem divididos em três classes: a) delinquentes mais velhos e

    mais perigosos, que deveriam ficar em isolamento celular completo; b)

    delinquentes que deveriam ficar trancados, em suas celas, três dias por

    semana; c) delinquentes que deveriam ficar isolados apenas um dia por

    semana. Nos demais dias, os delinquentes da segunda e da terceira classes

    deveriam trabalhar em silêncio absoluto.

    A Penitenciária de Auburn foi construída pelos próprios presos, com

    108 celas propícias

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