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Híbridos: A volta dos Neflilins
Híbridos: A volta dos Neflilins
Híbridos: A volta dos Neflilins
E-book131 páginas1 hora

Híbridos: A volta dos Neflilins

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Sobre este e-book

É possível impedir o cumprimento de uma profecia bíblica? A um ser humano é dado esse poder? É lícito tirar vidas para salvar a humanidade do fim inevitável e iminente ou a religião é só um pretexto para que um vil assassino sacie sua sede de sangue. Perguntas que certamente o leitor mais cético irá fazer, tal a maestria com que é escrita a obra. Desnudando a fragilidade de nossas visões, incutindo a dúvida onde havia certeza. Uma trama bem alinhavada, desenvolvida em um suspense crescente, desvendado de forma extraordinária no final do livro. Por que os demônios não produzem mais nefilins nos dias de hoje? Será verdade que Deus deu um ponto final aos demônios tendo relações com os seres humanos ao colocá-los no abismo? Talvez isso seja verdade, mas talvez apenas uma forma de encobrir as verdades que este livro na sua real ficção busca desvendar.
IdiomaPortuguês
EditoraLitteris
Data de lançamento1 de ago. de 2019
ISBN9788537404478
Híbridos: A volta dos Neflilins
Autor

Cícero Leitão

Cícero Leitão nasceu em 16 de maio de 1969, no Rio de Janeiro, com alma de artista. Ativista da cultura, romancista, já trabalhou como músico, compositor e instrumentista. Premiado em alguns concursos literários, é autor de seis livros. A sua obra “O Cativeiro” foi muito bem aceita pela crítica especializada. Ao final da resenha sobre “O Cativeiro” no Jornal do Brasil, é dito o seguinte: “Acho que a literatura brasileira acaba de descobrir um bom autor.” (JORNAL DO BRASIL, Caderno Livro – 7 de março 2006) Um homem fascinado pela natureza e apaixonado por gente, principal ingrediente de seus livros. Escreve sobre os fatos correntes de seu tempo, escreve sobre fantasias e sobre o desconhecido. Brinca com as palavras que em suas mãos se transformam em literatura.

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    Híbridos - Cícero Leitão

    Hibridos_-_capa_interna.jpg

    Copyright desta edição © 2015 by Cícero Leitão 

    Direitos em Língua Portuguesa reservados a Litteris Editora. 

    ISBN - 978-85-374-0447-8 (2019) 

    ISBN - 978-85-374-0278-8 (versão impressa) 

    Conversão: Cevolela Editions 

    440

    Litteris Editora Ltda. 

    Av. Marechal Floriano, 143 - Sl. 805 - Centro | 20080-005 Rio de Janeiro - RJ 

    tel (21) 2223-0030; (21) 2263-3141 

    litteris@litteris.com.br 

    www.litteris.com.br

    Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo.

    (2 Pedro 2:4)

    Sumário

    Capa

    I- Dora

    II- A Casa de Azaeel

    III- Nora

    IV- Frei Constantino

    V- O Livro

    Aparições

    Sobre o Autor

    I

    Dora

    1.

    Fazia um frio de rachar. Inverno dos brabos. E era manhã de segunda-feira. Levantar cedo naquele dia? Só por obrigação, porque aquela chuva fina ajudava o frio a penetrar até aos ossos.

    Bem-aventurado quem podia ficar na cama até mais tarde naquela manhã, porque lá fora tudo era cinzento, o teto de nuvens tão baixo que engolia os morros, nuvens pesadas e escuras que se arrastavam como um caracol de chumbo. Velada pelo cromo da garoa, a cidade parecia uma pintura dissolvendo.

    Naquele alvorecer, os despertadores ganhavam vida, violando silêncios e interrompendo sonhos, e as pessoas, ao darem com aquela escuridão cinzenta, pensavam que seus relógios estavam errados.

    Só que não estavam, e por ser o maldito primeiro dia útil da semana a maioria das pessoas tinha que se despedir da maciez calorosa dos seus edredons e mergulhar no dia glacial, dia cujo brilho seguia baço e preguiçoso.

    Compromissos era o que movia pernas naquela manhã, não mais que compromissos, e logo o baile dos guarda-chuvas tomaria os espaços do centro da cidade, o clima, tão sádico, soprando lufadas geladas nos rostos carrancudos, as poças de água de vez em quando pegando um pé desprevenido com glacial crueldade.

    Até o trânsito parecia se arrastar ao ritmo do dia, das nuvens, do congelamento das horas, e as buzinadas insistentes só serviam para irritar quem já estava pleno em amargura.

    Os olhares eram duros, melancólicos, mal-humorados, como se todos pressentissem o algo terrível que havia acontecido no centro da cidade naquela madrugada. Justo no momento em que estavam embalados em seus sonos prazerosos e quentes, uma vida resvalava para o frio da morte de maneira cruel, macabra, apavorante.

    Mas nem todos os compromissos, que fazia as pessoas saírem cedo de casa naquela manhã infernalmente invernal, estavam relacionados a trabalho. Havia gente como a Dona Carminda, uma beata viúva, já com seus setenta e poucos anos, que sempre saía de casa as cinco e meia da manhã para ir à igreja.

    Tinha um compromisso com Deus, era o que ela sempre dizia, porque Deus lhe dava vida e o mínimo que podia fazer era frequentar as missas das seis e meia para fazer suas orações de agradecimento.

    Seus filhos estavam bem. Seus netos também. Um deles tinha até passado em um concurso público. O que dizer das suas noras, que eram pessoas maravilhosas, que faziam questão de visitá-la quase todo final de semana enchendo sua casa de crianças e vida.

    Muitos filhos e netos em torno de uma mesa farta. Isso sim era uma bênção de Deus, portanto, como não levantar cedo para ir à missa agradecê-Lo?

    A igreja era aberta as dez para as seis da manhã, todos os dias, para que os fiéis pudessem fazer suas preces silenciosas antes de a missa começar.

    Quando chegou, Dona Carminda verificou que o templo estava vazio, isso por volta das seis e quinze, o que era perfeitamente compreensivo para uma manhã fria como aquela. Mas logo notou que não fora a primeira a chegar e o que ela viu quando entrou quase a matou de susto. Alguém chegara antes dela – não sabia quanto tempo antes – e tinha feito, ao que parecia, a última prece.

    O que enxergou primeiro foi o pé da vítima, lá na frente saindo da segunda fileira de bancos. Pelo tipo de calçado, Dona Carminda notou que se tratava de uma mulher.

    Aproximou-se, apressada, a mão pressionando o rosário que levava no peito, ainda com a esperança de que a mulher estivesse apenas desmaiada.

    O que viu quando chegou lá, a fez sentir um choque tão grande que quase desmaiou, a voz sumiu ao tentar soltar um grito.

    Caído sobre uma poça de sangue estava o corpo de uma mulher que fitava o vazio com olhos arregalados. Encravado em sua barriga havia um punhal estranho, parecendo ser feito de prata. Na testa da mulher havia uma cruz desenhada com sangue, provavelmente o próprio sangue. Uma imagem que cabia perfeitamente em um filme de terror de segunda categoria.

    Apavorada, Dona Carminda fez o sinal da cruz vezes seguidas e tentou gritar por ajuda, a voz ainda presa na garganta. Olhou ao redor, desesperada, e toda companhia que dispunha era das esculturas inanimadas dos santos, que olhavam para algum lugar de forma clemente e bondosa, e de velas que bruxuleavam no ar frio da manhã.

    Conseguindo enfim reagir, cambaleou para fora da igreja para buscar ajuda.

    2.

    Em vez de fiéis, a igreja ficou repleta de policiais e repórteres, que rodeavam o cadáver para conseguir o melhor ângulo para as fotografias. Na porta de entrada, isolada pela polícia, populares se aglomeravam para saber o que havia acontecido lá dentro, por que a missa das seis e meia havia sido cancelada e por que havia carros da polícia e da imprensa na porta.

    Dona Carminda estava sentada no último banco, a uma distância segura do cadáver, e bebia um copo de água com açúcar que alguém providenciara. Sentado ao seu lado estava o inspetor de polícia Edgard Rocha, que esperava que ela se acalmasse para tomar seu depoimento.

    Edgard Rocha tinha quarenta anos e estava há quinze na polícia. Era um homem sereno, mas enérgico quando precisava ser. Sua serenidade o havia atrapalhado um pouco no início da sua carreira – ninguém acreditava que ele era policial quando dava voz de prisão –, mas com o tempo aprendeu a ser enérgico, quando necessário. E descobriu que esse seu jeito bilateral, sereno e enérgico, era uma grande qualidade tornando-o um investigador brilhante.

    Tinha olhos inteligentes, inquisitivos, e cabelos começando a ficar grisalhos. Sempre que abria um sorriso franco, apareciam rugas no canto dos olhos que lhe lembravam que os anos estavam passando.

    Quando ela terminou com a água, pousou o copo vazio sobre o banco, as mãos tremendo muito, e olhou para o investigador Edgard com olhos suplicantes como se esperasse dele uma resposta, para que ele, um policial, explicasse como uma coisa daquelas pode ter acontecido, como alguém pode ter sido assassinado dentro da casa de Deus, e daquela forma brutal, e como o mundo pode ter chegado naquele ponto.

    Ela contou a ele como encontrara o cadáver e quando terminou o relato, ele perguntou:

    – A que horas a senhora chegou?

    – Ah, por volta das seis e pouca, a hora que sempre chego, mas hoje tava vazio. É por causa desse frio que tá fazendo. Mas isso é um absurdo, você não acha, filho? Não respeitam mais a casa de Deus. Onde vamos parar, hein? É o final dos tempos, meu filho. – ela ergueu os olhos e então o viu se aproximando – Ah, lá vem o Frei Constantino, deve estar decepcionado. Como alguém pode fazer uma coisa dessas dentro da igreja dele?

    Frei Constantino era alto e estava enfiado em uma batina escura. Uma figura sombria é o que ele era, Edgard reparou, suas feições lembravam muito Abraão Lincoln. Tinha olhos serenos, mas inteligentes, e o policial viu neles um brilho que revelava muita vitalidade, a despeito da aparência triste.

    E aquela calma que havia nele... Aquilo chegava a incomodar.

    Ele os cumprimentou com um aceno e sentou-se ao lado da senhora Carminda, colocando as mãos dela entre as suas, as dela desaparecendo dentro das dele como se fossem mãos de uma criança.

    – Dona Carminda... – o frei começou a falar, a voz cautelosa e cheia de serenidade – a senhora está... bem?

    – Agora estou melhor, frei, mas foi um susto danado.

    Ele moveu levemente a cabeça, indicando que a compreendia.

    – Como pode acontecer uma coisa dessas, frei? – ela perguntou, os olhos clamando por uma resposta que fosse capaz de consolá-la – Como pode acontecer isso dentro da casa de Deus?

    Ele ergueu os olhos para as paredes imponentes que se fechavam em cima em um arco, os vitrais coloridos, as pinturas retratando a Paixão de Cristo, e disse:

    – Deus não habita em lugares feitos por mãos humanas, filha. Essa não é a casa de Deus. Deus mora em nossos corações.

    – Mas, frei...

    – Se Deus morasse aqui – continuou –, não suportaríamos entrar nesse lugar, porque não suportaríamos a Sua presença, o Seu poder e Sua glória.

    Voltando-se para o inspetor Edgard Rocha, estendeu a mão:

    – Sou Frei Constantino, o pároco desse lugar.

    A mão do frei era grande e quente, confortavelmente quente para um dia como aquele.

    – Muito prazer, frei. – disse Edgard de forma cortês – Sou o inspetor Edgard Rocha, espero que não se incomode em responder algumas perguntas.

    – Vou repetir o que disse para os seus colegas lá na frente e para os repórteres: abri a igreja faltando dez minutos pras seis, como faço todas as manhãs, durante mais de trinta anos, e depois me retirei para meu gabinete para a meditação, a fim de me preparar para celebrar a santa missa. Abro a igreja quarenta minutos antes para que os fiéis possam chegar mais cedo e fazer suas

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