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Sonhos do Cicy
Sonhos do Cicy
Sonhos do Cicy
E-book93 páginas58 minutos

Sonhos do Cicy

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Sobre este e-book

Cicy nasceu em 1927 em Passos, Minas Gerais e veio para a capital de São Paulo aos 15 anos. Realizou quase todos seus sonhos: família, profissão,casa própria, publicação do livro do pai, e finalmente encontrou a carta de 1910 que esclarecia a forma como se deu o assassinato do prefeito de Passos em 1909, um seu parente distante. O sonho de aposentadoria não foi realizado porque Cicy saiu de cena prematuramente, em 1976.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de ago. de 2022
ISBN9781526046857
Sonhos do Cicy

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    Sonhos do Cicy - Décio Martins de Medeiros

    Cicy - 1976

    Junho de 1976 - manhã de garoa fina na capital de São Paulo.

    Cicy entra naquele hall escuro do velho prédio cinzento à rua Cristóvão Colombo, 63, ao lado da Faculdade de Direito, do Largo São Francisco.

    Ele cumprimenta o porteiro e entra no antigo elevador de porta pantográfica. Cumprimenta o ascensorista e pede para irem ao sétimo andar onde fica o Laboratório Central de Prótese Dentária.

    Cicy, com 49 anos, já está calvo, usa um bigodinho, é um pouco obeso, estatura mediana, e carrega aquele ar alegre e simpático do mineiro amigável, ou seria um ar de militar, como já o confundiram anteriormente, até prestando continência, quando ele usava óculos escuros.

    O que era o envelope que carregava?

    O que iriam fazer em um laboratório de prótese dentária?

    Com quem iriam falar?

    O que se passava na cabeça de Cicy?

    Quem era Cicy?

    Nunca fumou e sempre dizia para os filhos não colocarem cigarro na boca, nem por brincadeira.

    Ensinava os filhos o seu senso de justiça. Quando dois filhos brigavam por um pedaço da laranja, ele dizia:-Um divide, o outro escolhe.

    Não torcia para time nenhum de futebol, apenas vibrava quando a seleção brasileira jogava.

    Sempre falava para os filhos não caírem nas tentações provocadas por suas turmas de amigos e dava o exemplo da roleta russa.

    Sempre foi partidário do Jânio Quadros.

    Tinha muito medo de que ele ou seus filhos herdassem a doença mental que já tinha afligido membros de sua família no passado.

    Aos sábados fazia serviços gratuitos de prótese dentária em uma casa de caridade.

    Devoto de São Judas Tadeu, tanto que batizou seu primogênito na igreja que tem este santo como padroeiro, no bairro do Jabaquara.

    Gostava de uma cervejinha, na verdade muitas, mas nunca quando estava sozinho e sempre quando estava em festas de parentes.

    Amigo de muitos. Raro era ouvir ele criticar alguém.

    Os sonhos do Cicy eram constituir uma família com esposa dedicada e prendada, filhos estudiosos, carreira na área odontológica na cidade grande, casa própria, e contato frequente com amigos e parentes. Também era sonho do Cicy ver publicado o livro intitulado Puerilidades com as poesias e contos escritos por seu pai. Além disso tinha paixão pela história de sua família e pela história da sua cidade natal.

    O que tinha no envelope que carregava? Seria a solução da preocupação que o incomodava desde a infância em Passos, Minas Gerais? O que tinha a ver com o seu senso de justiça?

    Fazenda do Retirinho - 1927.

    Cicy nasceu em 1927 na Fazenda do Retirinho, em Passos, Minas Gerais, de propriedade de sua bisavó Ponciana.

    A Fazenda do Retirinho era pertinho do centro da cidade.

    Como era gostoso sentir o cheiro da terra, do orvalho da manhã, ouvir o riacho e o monjolo. Ir buscar agua fresquinha na bica. Chupar cana de açúcar e tomar a garapa, o caldo de cana.

    Tinha algumas vacas com seus bezerros espalhadas pelo pasto. O leite tirado fresquinho ao amanhecer. Tinha só um carro de boi.

    A criação que tinham era para o consumo próprio. Um chiqueiro com poucos porcos.  As galinhas corriam soltas pela propriedade.

    Tinha um pomar grande, com bastante mamão, goiaba, abóbora, manga. Algumas árvores destas frutas chegavam até a porta da cozinha. Eram uma delícia os doces feitos com estas frutas todas.

    O arroz, feijão e açúcar se compravam na cidade no armazém de secos e molhados.

    Na cozinha tinha fogão a lenha. Tinha algumas panelas de barro e outras de ferro. Se usava banha de porco. Se fazia linguiça, massa de macarrão, pudim de leite, pudim de coco, pudim de chocolate, doce de leite, manteiga. Se fazia a farofa para acompanhar a feijoada que tinha toucinho, cebola, alho. Também se fazia costelinhas de porco. A mandioca era boa, desmanchava ao cozinhar e dava uma rosca saborosa.

    Na mesa do café sempre tinha rapadura, pé de moleque, pamonha, curau de milho verde, broa, bolo de fubá, pão de queijo, pães, bolos de vários sabores, biscoitinhos de polvilho, brevidades, sucos de goiaba, de laranja.

    Pai paulista e mãe mineira

    O pai de Cicy, o Tonico Martins, nasceu em 1889 em São Manuel, cidade do interior do estado de São Paulo.

    A mãe de Cicy, a Ju Silveira, nasceu em 1898 em Passos.

    Os pais do Tonico Martins se casaram em 1878 em Passos e tiveram 11 filhos . Em Passos nasceram Antônio em 1882, Francisco em 1884, Margarida em 1886. Em São Manuel nasceu em 1889 o Tonico Martins.  Em Aguas de Santa Barbara nasceram José em 1891, Laura em 1892, Ovídio em 1894, Ana Clara em 1896, Avelina em 1899, Baptistina em 1902 e Benedito em 1903.

    Em Itapetininga em 1907 o Tonico Martins se formou professor. Era bem conhecido porque tinha um olho verde e o outro olho azul.

    Seu pai, Antônio Martins de Medeiros, que foi o primeiro prefeito

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