Pode durar o tempo de uma música
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Pode durar o tempo de uma música - Vander André de Araújo
Pode durar o tempo de uma música
Vander André Araújo
Título:
Pode durar o tempo de uma música
Copyright© 2022:
Vander André Araújo
Ilustração de capa:
Michelle Campos
Layout de capa:
Beto Eterovick
Diagramação:
Beatriz Albernaz
Revisão:
Diego Mendes
Livro digital:
Lucas Camargo
Gabriela Fazoli
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento por escrito do autor.
1ª Edição – 2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(BENITEZ Catalogação Ass. Editorial, MS, Brasil)
A692p
1. ed.
Araújo, Vander André
Pode durar o tempo de uma música / Vander André Araújo. – 1.ed. – Divinópolis, MG : Adelante, 2022.
ISBN: 978-65-89911-89-0
1. Pandemia 2. Romance brasileiro. I. Título
Índices para catálogo sistemático:
1. Poesia : Literatura brasileira B869.3
Bibliotecária : Aline Graziele Benitez CRB-1/3129
Adelante é um selo editorial de
Gulliver Editora Ltda.
Para mais informações:
www.gullivereditora.com.br
(37) 3511 - 1120
A todos aqueles e aquelas que desenvolvem atividades essenciais durante a pandemia de Covid-19 e aos que perderam a vida em função dela.
Lado A
Gari
Rua Capivari, 195
Pai falava assim, vamos pra rua. Eu corria, calçava chinelo, empoleirava no jipe e começava a imaginar o mundo que devia haver por trás daquelas montanhas, visto apenas pela janela de plástico transparente do automóvel. Ruim mesmo era quando chovia e os pingos dificultavam a nossa visão e o barro impedia que a gente prosseguisse a marcha. Sem a rua para explorar, ficava admirando a lua, trocando ideias, ruminando. Até então, minha aventura naquela estrada tinha pouca quilometragem, dava uma volta no quintal, passava pelo pé de manga, atravessava o laranjal até chegar no pastinho, junto do paiol antigo, onde os bezerros pastavam sossegados, amuados. Uma velha trilha de chão batido, a pele nua, pouca roupa, um cavalo de pau.
Quando então o asfalto lá surgiu, luminoso, eu já com rugas, dentro do automóvel modelo novo, sentia o vento passando depressa numa corrida louca para a falcatrua. Qualquer buraco na pista, uma verruga, marcas de quem já havia passado pela via, era motivo para a gente descer, pagar o pedágio, trocar pneu, compreender a verdade nua e crua do caminho.
Reconheço a nossa rua. Seus casebres, o número 195, a cruz no alto do monte, uma enxurrada de boas lembranças, amigos que já se foram. Ela tem o nome do maior roedor do mundo, essa rua, esse rio de Capivara, a Capivari da Terra da Senhora do Sol. Fui parar ali, vindo da roça, com sede de explorar belos horizontes, suar, rumar. Sinto vontade de pisar nela com força novamente, como um astronauta, sentir a sua gravidade, suas rotas de fuga, seus paralelepípedos. Hoje, ela é completamente sua.
Sagrado Coração
Lá em cima, nenhuma nuvem e, aqui na terra, nem sinal dos homens nas ruas. Parece que o aviso de ficar em casa estava sendo cumprido à risca e ninguém queria correr o risco de morrer assim, do nada, ainda mais agora que havia sinais de que o perigo estava à solta e era invisível.
Mesmo alertado pelas autoridades sanitárias, o homem andava sem máscara e sem luvas, desprotegido e, já cansado da extenuante jornada de trabalho naquele dia, encostou-se à parede do Shopping, apoiando-se na sua vassoura de garrafas pet, reparando o pouco movimento das pessoas e carros que transitavam por ali. Estava tudo muito diferente e isso lhe parecia estranho, pois não era feriado e nem dia santo, quando as ruas da cidade costumavam ficar desertas e as pessoas buscavam se esconder na solidão dos seus lares.
Como não passava mais quase ninguém à sua frente, uma vez que a maioria das gentes deveria se encontrar confinada, ele começou a revirar o saco de lixo que havia recolhido há pouco, até que se deparou com um objeto inusitado que lhe chamou a atenção. Olhou-o de perto e deduziu tratar-se de um quadro com a imagem de um santo bonito, de cabelos castanhos e olhos claros, parecendo artista de cinema. Por parecer à primeira vista assim tão belo, aquele quadro logo deveria ir para outro lugar, quem sabe, enfeitar a parede do seu barraco, que estava precisando de adornos para esconder a feiura incômoda daquelas paredes de tijolo à vista.
Seu cantinho não era de todo ruim e ele vivia sozinho naquele puxadinho de três cômodos, construído com muito esforço no último mutirão, quando o povo da favela resolveu fazer, com os trocados que o candidato havia ofertado na última eleição, em troca de fidelidade.
Na ocasião, ele contou com a ajuda da turma de pedreiros e de serventes da comunidade que desenvolvia atividades colaborativas naquele aglomerado famoso diante das câmeras de TV, sendo conhecido pelo seu alto grau de criminalidade e violência e que, a cada dia, invadia mais espaços na zona norte da capital, para desconforto dos proprietários de lotes no condomínio de luxo ao lado.
A construção do barraco foi realizada em mais um daqueles dias festivos em que o povo se reúne de um jeito pouco convencional, para dar andamento às obras no Morro e ainda aproveitar para fazer festa com poucos recursos, regada sempre