Recepção, Emissão E Vice-versa
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Recepção, Emissão E Vice-versa - Maria Carcará; E Moita Neto
INTRODUÇÃO
"Acerca das águas, é preciso considerar da melhor maneira possível como elas são, e se as usam pantanosas e moles, ou duras, provenientes dos lugares altos e rochosos, ou ainda se as usam salgadas e cruas. (Hipócrates, segunda metade do século V a.C.1 )
. (CAIRUS, 2005)
Quando, na antiguidade, Hipócrates redigiu o tratado Ares, Águas e Lugares
, documento em que destacava a relação entre ambiente e saúde, foi lançado o primeiro alerta para a premência de se investir em saneamento básico em favor do bem-estar da população. É fato que a história mostra a existência de estruturas de irrigação, diques, canalizações superficiais e subterrâneas mesmo antes de Hipócrates, mas o tratado Ares, Águas e Lugares
deve ser considerado como o marco principal na história do saneamento. Mais do que edificar estruturas físicas, o escritor grego, pai da medicina, reconheceu a relação íntima entre saneamento e saúde, plantou a semente de ações preventivas no concurso de evitar doenças e reduzir mortalidade. Suas ideias ainda influenciam na criação das leis. É a força da palavra escrita, perpetuando revelações e imortalizando conceitos.
Passados alguns séculos, a Lei 6.938/81 formalizou meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. O saneamento, em sua forma mais básica, opera como instrumento que resguarda e sustenta essas interações. Em uma definição preliminar, pode-se dizer que saneamento básico é um conjunto de medidas que visam preservar ou modificar o meio ambiente para prevenir doenças, incentivando a saúde na medida em que melhora a qualidade de vida dos cidadãos, a produtividade do indivíduo e otimiza a atividade econômica.
No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição Federal. Desde o abastecimento público por água de chafariz, época em que a remoção individual de dejetos domésticos era feita pelas próprias famílias, no século XVIII, até a promulgação da Lei nº. 11.445/2007, a história das demandas por ações de saneamento básico passou por um longo percurso, cujos momentos críticos prenunciaram a degradação dos corpos hídricos, na década de 1950, em consequência do processo de industrialização/urbanização, conflitos sociais e aumento da pobreza, má qualidade de vida, concentração populacional, exploração contínua dos recursos naturais, principalmente. A partir de 1950 até o final do século passado, o investimento em saneamento básico no Brasil ocorreu pontualmente em alguns períodos específicos, com destaque para os anos de 1970 e 1980, tornando prioridade o atendimento a demandas de coleta e tratamento de esgoto (LEONETI et al., 2011).
Nesse período, acrescenta Leoneti (2011), foi consolidado o Plano Nacional de Saneamento (Planasa), que enfatizou o incremento dos índices de atendimento por sistemas de abastecimento de água, mas, por outra via, não contribuiu para diminuir o déficit de coleta e tratamento de esgoto, o que é ainda verificado atualmente. A lenta consolidação das políticas públicas no cenário urbano brasileiro, vem permitindo que os problemas ambientais se avolumem pari passu com a insatisfação da sociedade, que cobra a mitigação das sequelas que estes problemas acarretam. A falta de saneamento básico é protagonista no contexto das demandas tanto nas grandes quanto nas pequenas cidades. Seja o aumento da incidência de enchentes; seja a dificuldade na gestão dos resíduos sólidos ou o crescente despejo destes em áreas impróprias; seja a inexistência de rede de esgotos adequada, ou mesmo a soma de todos estes fatores, o que chama a atenção é a implicação dos impactos no meio ambiente, na saúde da população, na economia do país.
Foi a partir da Lei 11.445/2007 que se definiu o conteúdo, as diretrizes para o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), os princípios a serem obedecidos pelos prestadores de serviço, o papel de agências regulatórias na fiscalização dos contratos e da prestação dos serviços de saneamento, entre outros pontos. Desta forma, o novo modelo lançou mudanças significativas na base normativa, no sentido de separar o planejamento, a regulação e a prestação dos serviços.
No que se refere à insuficiência informacional do setor de saneamento básico, Galvão Júnior et al. (2006) realçam que a informação é uma das características institucionais mais relevantes na área da infraestrutura. Os prestadores de serviços conhecem a qualidade de seus produtos, suas despesas, investimentos e dados operacionais, enquanto que os demais atores setoriais - titulares dos serviços, entidades reguladoras e usuários - dependem das informações desses prestadores para a realização de estudos, revisões tarifárias, análises de reclamações, inclusive para a elaboração dos próprios planos de saneamento básico.
Freeman et al (2013) situam a comunicação no mesmo nível de importância de áreas estratégicas globais de combate a doenças tropicais negligenciadas. Além das infraestruturas de água, saneamento e higiene, elencaram quatro áreas-chave de colaboração, incluindo (i) advocacia, política e comunicação; (ii) capacitação; (iii) mapeamento, coleta de dados e monitoramento; e (iv) pesquisa. Esse contexto justifica a pertinência dos meios de comunicação para o propósito de informar e despertar a consciência cidadã. A informação como matéria-prima da mídia, cuja função de formadora de opinião lhe imputa o dever de prestar serviço social, público e essencial é imprescindível para os assuntos de saneamento básico.
Nesse contexto, os seguintes questionamentos foram considerados ao se esboçar uma pesquisa que aliasse informação, cidadania e saneamento básico: 1. As notícias contribuem de forma efetiva para formação do público em saneamento básico? 2. A população reconhece saneamento na sua forma mais básica, como um sistema composto por quatro eixos? 3. É consciente sobre o controle social, instância onde é protagonista e pode obter informações sobre Saneamento Básico? Todavia, a hipótese de que as notícias não contribuem para formação de telespectadores foi considerada. Além desta, a pressuposição da limitação do conhecimento da população sobre saneamento básico. O ineditismo das conclusões apresentadas aqui reside no diagnóstico realizado sobre a compreensão da população piauiense sobre saneamento básico; na análise de notícias televisivas sobre saneamento básico a partir dos preceitos do jornalismo ambiental.
Em pesquisa sobre o nível de eficiência das informações, Motta (2004) observou a ocorrência das oscilações de linguagem entre o nível subjetivo, a intenção da eficiência e economia informativa própria do jornalismo e a experiência comunicativa integral. Segundo o autor, o jornalismo busca a ampliação da eficiência informativa ao máximo, preservando as mensagens de emoções ou de valores. Em contraponto afirma que a tentativa dessa eficiência não anula a percepção pragmática do jornalista, nem a sua interpretação subjetivada. Essa perspectiva acrescida aos princípios do jornalismo ambiental concebeu o objetivo geral deste estudo: analisar a eficiência das notícias veiculadas na televisão na divulgação de saneamento básico. Os objetivos específicos alcançados foram: 1. Descrever o conhecimento que a população piauiense dispõe sobre os quatro eixos do saneamento básico; 2. Identificar que problemas do setor os moradores do Piauí reconhecem em seu município; 3. Depreender sobre a influência da televisão na compreensão dos receptores sobre conceitos básicos de saneamento 5. Elaborar diagnóstico de análise de matérias de televisão a partir de modelo próprio voltado para o jornalismo ambiental.
Recepção e emissão: instâncias homogêneas ou heterogêneas?
Quem nunca abriu um livro, um jornal, uma revista e, encantado com o texto, imaginou: parece que foi escrito para mim! Sim! Aquele conteúdo foi planejado para aquele leitor. Não como leitor empírico, mas como um leitor conjecturado. Pertinente refletir sobre a autoria como produtora de conteúdos que preveem e antecipam a interpretação, e é o que se pretende neste livro. Discutir sobre produções textuais que, no momento da sua elaboração, consideram a comunidade interpretativa para a qual é formulada, que buscam condições de êxito, deduzam o que o leitor almeja ler e sugerem um caminho de interpretação. Seguindo essa perspectiva, a pressuposição de gostos, tendências, pendências para esse ou aquele tema permite a segmentação do texto em campos e gêneros.
Ao longo de sua vida, o leitor vai enriquecendo seu repertório pessoal de informações a partir do que lê, do que vivencia, da cultura do contexto em que vive, sua relação com o outro, sua exposição à programação midiática, desta forma vai alimentando esse repertório particular. Seguindo o percurso, esse indivíduo vai criando afinidade com determinados temas, seja por preferências pessoais ou por uma exposição mais recorrente a determinado conteúdo, o que pode justificar a opção pela leitura de um romance a um livro de ficção científica; pela editoria de turismo à de política, no caso do jornalismo.
Chancelando uma vênia para esboçar uma analogia da leitura com música, observa-se que o mesmo fenômeno acontece quando um indivíduo recebe um estímulo maior de um determinado estilo. A tendência é que ele passe a apreciar ou a preferir aquele estilo mais estimulado. Por exemplo, um morador de uma cidade no interior do Piauí que constantemente ouve forró ou música sertaneja vai preferir esses estilo ao jazz de Ella Fitzgerald. Da mesma forma, a preferência por artigos sobre Vaneirão será maior na população do Rio Grande do Sul. Para além desse fenômento, a cultura local prepondera e influencia nas preferências. Importante pontuar, à guisa de rememoração, que não existe cultura superior a outra. No jornalismo, a cultura regional e a localização geográfica são só alguns dos aspectos considerados pela instância da produção no momento da produção de conteúdo.
O tácito conhecimento do contexto cultural, social, econômico, entre outros aspectos, ou a suposição das preferências e do repertório de conhecimento que circunda esse leitor conjecturado, idealizado, permite ao autor conceber conteúdos estrategicamente planejados, voltados para esse receptor.
Esse repertório de informações, a que Umberto Eco chama de conhecimento enciclopédico, é atualizado pelo leitor imaginário no momento da leitura. Ele recebe a informação e busca uma associação na sua coletânea pessoal e mental. Que informações devem ser atualizadas? Quanto maior o número de atualizações, mais afinidade com aquele campo. Sustentado por essa estratégia de vislumbre das preferências de leitura dos consumidores de conteúdo, os textos editoriais e jornalísticos são produzidos.
Apesar de considerar que o intérprete é livre, deve-se vislumbrar que o texto ou proposta editorial estabelece certas condições a leituras possíveis, mas que deixa brechas, lacunas as quais o leitor deve preencher com as informações de seu repertório pessoal e com as interpretações fundamentadas nas suas ideologias, anseios, preferências ou antipatias, seu modo de ver o mundo conforme a sua cultura e história de vida.
Além disso, para compreender esse processo, é incontinenti que se pondere sobre os contratos de comunicação, que preveem um certo dialogismo entre emissor e receptor. Uma cumplicidade que permite que um escreva para o outro e que o outro prometa fidelidade se perceber que o conteúdo publicado reforce suas crenças, seus anseios, suas ideologias, sua maneira preferencial de observar o mundo.
Partindo desses pressupostos, este conteúdo tem como objetivo discorrer sobre o processo de produção textual que se fundamenta na previsão de conhecimento prévio do receptor, na conjecturação deste, na idealização do que pode tornar exitoso o contrato de leitura e como essas considerações podem nortear um pesquisa.
Quando se observa a dinamicidade do ato da leitura, compreende-se que a emissão não é só ponto