O Sr. Ganimedes: Psicologia de um Efebo
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Sobre este e-book
Lígia casa-se por interesse com um rico comerciante que fez fortuna no Brasil, um homem bastante mais velho do que ela. Respeita-o, mas não o ama. Quando fica viúva, aos 32 anos de idade, regressa a Portugal e perde-se de amores por Leonel, que conhecera de criança, quando era ainda um jovem tímido e efeminado, mas que agora crescera para se tornar num esbelto e elegante cavalheiro que fazia suspirar as donzelas da capital. Leonel, no entanto, estava apaixonado por Liberato, um homem rude e façanhudo, de farto bigode, que o gostava de ver vestido de dama fina.
Fernando Curopos, o autor da indispensável Introdução que acompanha e enriquece a 2.a reedição deste romance de 1906, considera que “Gallis antecipa a questão da disforia de género e da potencialidade erótica-identitária do travestismo, como também é precursor dos romances que vertem sobre a «feminização», subgénero da literatura pornográfica que emerge a partir da primeira década do século XX em França, a condizer tanto com a realidade do travestismo nas comunidades homossexuais das grandes capitais europeias, inclusive em Lisboa, quanto com a sua respetiva divulgação e teorização na «scientia sexualis».”
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O Sr. Ganimedes - Alfredo Gallis
O Sr. Ganimedes
Alfredo Gallis
2.ª edição
com Introdução por
Fernando Curopos
INDEX ebooks
2022
Ficha técnica
Título: O Sr. Ganimedes: Psicologia de um Efebo
Autor: Alfredo Gallis
2.ª edição, com Introdução por Fernando Curopos
Revisão, capa e notas: João Máximo, Luís Chainho e Patrícia Relvas
Edição 2.00 de 3 de outubro de 2022
Copyright © João Máximo e Luís Chainho, 2014, 2022
Todos os direitos reservados.
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Lisboa, Portugal
ISBN: 978-1005801854 (ebook)
Introdução
O Sr. Ganimedes ou a Lisboa das ruas de trás
por Fernando Curopos
No terceiro quartel do século XIX e início do século XX, surge em Portugal uma intensa circulação e uma vasta produção de literatura licenciosa, visivelmente ao gosto do público masculino burguês.[1] Essas publicações, classificadas como Romances para homens
ou Leitura para homens
, mas nem sempre vendidas como tal, saíram por assim dizer da clandestinidade com a publicação, em 1877, do primeiro romance de Arsénio de Chatenay, Os Jogos Lésbios[2], na editora portuense Typographia Nacional, Rua de Santa Thereza, 18
. Apesar de escrever sob pseudónimo, o verdadeiro nome do autor circulava na imprensa[3] e as suas obras, anunciadas nos jornais como Leitura para homens
, nunca foram condenadas por ofensa à moral e aos bons costumes, prova cabal de que já tinham uma certa aceitação social, embora muitas vozes apelassem a medidas coercitivas para jugular semelhantes infâmias
:
(…) algumas casas fundam a Biblioteca secreta e a Biblioteca reservada, tendo por baixo – Leitura só para homens; e este comércio infame de literatura pornográfica circula por todo o país e enriquece os que dele vivem, sem que o Governador Civil se lembre de cumprir com os seus deveres, mandando apreender todos os exemplares e mandando meter na cadeia o autor e editor, o impressor e vendedor de semelhantes infâmias.[4]
O mesmo aconteceu com as obras do Sr. Alfredo Gallis [1859-1910], de pseudónimo Rabelais, (...) distinto literato só para homens
[5] que se estreou nesse ramo do mercado com um livro de contos, Volúpias, publicado em 1886 pela Typ. Universal de Nogueira & Caceres
, do Porto[6], apesar de, na capa, estar indicado São Paulo como lugar de edição. O livro foi comercializado no Brasil nesse mesmo ano, pelo livreiro Teixeira & Irmão[7], sinal da circulação imediata da produção licenciosa portuguesa no Brasil, o seu maior mercado[8]. Mas, conquanto só aparecesse assinado Rabelais, algumas recensões ao livro nos jornais portugueses desvendavam o nome que se escondia por trás do pseudónimo[9] ou davam a entender que se tratava de uma figura conhecida no meio intelectual lisboeta:
Temos aqui outro livro também de contos, mas esse faz parte dos livros que ainda há dez anos, apenas se vendiam clandestinamente, em certas lojas especiais, e de que a polícia, em nome da moral pública, proibia severamente a exibição.
O título desse livro diz perfeitamente o seu assunto, e nisso andou com certa lealdade o seu autor, não querendo iludir a confiança do comprador ingénuo.
(…) francamente, lamentamos que o autor, que se esconde atrás do pseudónimo do criador de Pantagruel e Gargântua, não aplicasse num trabalho de outro género mais digno, o seu talento, porque o tem, e os seus recursos de escritor, que são valiosos. (…)
Conhecemos muito Rabelais, temos por ele muita estima, e no seu talento muita confiança, e por isso lhe falamos com esta franqueza rude e profundamente sincera.[10]
Gervásio Lobato, ao censurar o autor por escrever pornografia
, aponta as influências francesas de Gallis no que diz respeito tanto ao seu imaginário erótico quanto à escrita em si, o que, diga-se de passagem, mostra o quanto estava a par da produção lasciva francesa:
As Volúpias de Rabelais, filiam-se no género pornográfico, posto em voga pelo moderno jornalismo parisiense.
Catulle Mendès e Guy de Maupassant com muito talento, Aurélien Scholl e Pierre Véron, com muito espírito, Richard O’Monroy com menos espírito, René Maizeroy com menos talento, e Armand Silvestre com muito menos de ambas as coisas, fizeram escola infelizmente, e daí a pretexto de gaieté gauloise, e de renovação Rabelaisiana um dilúvio de contos obscenos, que fariam corar o bom Paulo de Kock[11], que no seu tempo tinha má fama entre as pessoas decentes (...).[12]
Com efeito, a partir do terceiro quartel do século XIX, um leque de revistas francesas, Le Gaulois, Le Frou Frou, Gil Blas, Journal Amusant e sobretudo La Vie Parisienne, divulgam contos picantes ou eróticos nas suas páginas, alguns dos quais com gravuras eróticas ou desenhos brejeiros. Muitos desses contos foram depois compilados em livros com o nome dos autores, ou sem, quando publicados anonimamente, como no caso de Pommes d’Ève[13], cujas ilustrações foram retomadas em publicações licenciosas portuguesas[14], inclusive na capa e na contracapa da Segunda série
da Bibliotheca Reservada, para a qual Rabelais escreveu os seus primeiros contos. O exemplo não é anedótico nem único, e só vem ilustrar o facto de que a produção licenciosa francesa era obviamente lida, e assumidamente imitada, adaptada, quando não plagiada, pura e simplesmente.
É na senda lucrativa dessa papelada (...) toda recheada de mulheres nuas, de historietas sujas, de parisianismo, de erotismo
[15] e dos livros lascivos com que a França inunda a Europa
[16], que Gallis começa a publicar os seus contos, tanto em livros como nas várias coleções que surgem a seguir ao lançamento da série Bibliotheca Reservada (1886), de que conhecemos 63 números[17], vendidos avulso, mas compilados em livros pouco tempo depois. O sucesso de Vólupias – como da coleção Bibliotheca Reservada, a circular também no Brasil[18] – é imediato por o autor ser o primeiro a aclimatar a "gaieté gauloise"[19] da Belle Époque ao universo português, descrevendo, ele sim, uma Lisboa em Camisa[20]:
Rabelais publicou recentemente um volume de contos intitulado Volúpias e de que naturalmente já não resta um só exemplar, se dermos créditos às opiniões que por aí correm sobre o estado do paladar da maioria dos leitores…
As Volúpias, por isso mesmo que são de molde a não as recomendarmos a meninas solteiras, devem necessariamente a estas horas ter um lugarzinho reservado nas estantes de todos os machos solteiros, casados e viúvos.[21]
Além dessa produção fescenina semiclandestina assinada Rabelais, Gallis edita, a partir de 1890, uma série de romances de costumes antigos
. Aliás, é com O Sensualismo na Antiga Grécia[22] que o autor sai, por assim dizer, em plena luz. O livro, com toques eróticos, ostenta o nome do autor na capa, mas as indicações bibliográficas ainda apresentam as marcas da clandestinidade à qual esse tipo de literatura era votado: a obra é supostamente impressa em Paris – Lisboa na realidade –, sem nome de editor. A 2.ª edição[23] já aparece com o nome do editor e lugar de impressão, o mesmo sucedendo com os dois outros volumes que lhe dão continuidade temática: Voluptuosidades Romanas[24] e A Devassidão de Pompeia[25]. Contudo, a inspiração de Gallis continua tributária de um certo imaginário erótico e de modelos literários vindos de França, o "roman péplum"[26] neste caso, muito em voga na Belle Époque. Os grandes êxitos do género, alguns deles ilustrados, serão vertidos para português na primeira década do século XX: A Orgia Latina (Félicien Champsaur, 1904), As Virgens de Syracusa (Jean Bertheroy, 1905), A Orgia Bíblica (Carolus Didier, 1905), As Sacerdotisas de Mylitta (Jane de la Vaudère, 1908), A Dançarina de Pompeia (Jean Bertheroy, 1908), A Orgia Romana (Bagneux de Villeuneuve, 1908), Aphrodite: Costumes Antigos (Pierre Louÿs, 1909), As Últimas Bacchantes (Jean Gravigny, 1909). Nesses romances, a Bíblia e a História passam a ocupar o lugar (...) dos tratados de medicina
[27] no que concerne à representação das perversidades
sexuais, para o maior prazer do leitor-voyeur. Por conseguinte, não é de estranhar que Gallis, em A Amante de Jesus (1893) e A Luxúria Judaica (1910), acrescente o universo bíblico às suas revivências romanas
[28] e gregas. Aliás, esse interesse pelos costumes antigos
surge logo no seu primeiro livro, Volúpias. O conto Ligurino
serve-lhe de álibi para dar a ver relações sexuais entre homens[29], algo assaz raro tanto na produção licenciosa do autor quanto nas Leituras para homens
, como era de esperar num género literário destinado, a priori, a um público heterossexual[30]:
Ligurino exerce no seu amante, o nefando exercício de fellatore, e Horário sente que as forças cada vez lhe faltam mais.
(...)
Horácio afaga mansamente o seu Adónis, que o provoca com a brancura das suas nádegas e braços e com o ardor espontâneo do seu organismo, que se esvai numa epilepsia amorosa após um momento de doces e ternas carícias.
(...)
O deboche aumenta de intensidade, e em pouco tempo o vício terrível da sodomia apossa‑se de todos aqueles homens, perdidos por uma vida de desregramentos incríveis.[31]
Se bem que as obras realistas ou naturalistas já mostrassem ou insinuassem relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, eram sempre mais ou menos veladas para que os autores, mas também os editores, não fossem condenados pelo crime de ofensa à moral e aos bons costumes. Já os romances de costumes antigos
, por vezes ambientados em civilizações tão estranhas para o leitor burguês europeu como as do antigo Egito, da Pérsia, da Índia ou da China, deixavam uma maior liberdade à imaginação lasciva dos autores, nunca condenados por escreverem sobre Os Maridos de Nero
, Os monobelos de Heliogábalo
ou sobre os Pensionistas dos dois sexos no Lupanar
[32], outros tantos episódios que, não haja dúvidas, fizeram as delícias dos leitores queer, como deixa claro o autor anónimo de Elogio à Punheta ao escrever aquilo que se pode considerar como o primeiro discurso reverso
[33] da literatura em língua portuguesa:
Amava tanto a punheta,
O herói Heliogábalo,
Que tinha sempre por cetro
A porra do seu cavalo.
E Nero que da punheta,
Sempre foi um partidário,
Ao puto com quem casou
Deu em dote o seu erário.
Júpiter a Ganimedes,
Não tratava com ternura,
Não nascia da punheta
Tanto bem, tanta doçura!
(...)
Os Romanos a punheta
Soberba erigiram,
E por baixo em letras d’oiro
Esta legenda esculpiram.
= A punheta é paz do mundo
= A vida dos inocentes,
= O morgado dos futuros
= A riqueza dos presentes.
Quando César no Senado
Sobre a punheta falou,
Toda a ordem Senatória
A favor dela votou.
Companheira das Vitórias
Dizia Aníbal morrendo,
Que parece que nos Alpes
Ainda hoje a estou comendo.[34]
Na pena dos raros escritores portugueses dessas revivências romanas
, nem a Lusitânia teria escapado à depravação sexual, daí Alfredo Amorim Pessoa descrever as noites quentes de Ébora
como se estivesse em Subura:
A esposa do anfitrião não pode conter-se; levanta-se do leito para ver melhor aquele espetáculo irritante e as roupagens presas por um cinto verde, que ainda há pouco desapertaram para ingerir as pesadas iguarias do banquete, caem-lhe aos pés, patenteando as formas esculturais e deslumbrantes da matrona, em plena florescência da sua beleza triunfal. Um dos convivas, ébrio de volúpia, corre para ela, mas Leónia, a cortesã de formas opulentas (...) antecipa-se ao audacioso conviva e vai tomar nos braços o corpo audacioso da matrona, caindo com ela sobre o leito, onde não se ouvem senão os gritos lúbricos das duas mulheres, cevando numa fúria enorme o fogo da sua espantosa luxúria...
– Misício – gritou a cortesã, passando algum tempo, desprendendo-se dos braços da matrona –, deves-me uma taça de prata, sabes?
– Porquê, formosa Leónia? – perguntou ele em voz sumida e abraçado a um jovem efeminado que havia pouco chamara para o seu leito.
– Pois não viste? Salvei tua esposa de um adultério iminente. Encontrou nos meus braços o que os do teu amigo Vítulo lhe prometiam.
– Ah, era Vítulo o audacioso? Deixasse-lo, Leónia! Tratava-se apenas de uma restituição conjugal. Eu acabava de dar a Vítulo o que ele tencionava oferecer à minha esposa.
Vítulo, efetivamente, havia já nessa noite partilhado o leito de Misício. Era um efeminado muito querido do anfitrião pela sua beleza e condescendência.[35]
Já no dealbar do século, na senda da moda do romance de psicopatologia sexual que acompanha o desenvolvimento da scientia sexualis, Gallis publica um conjunto de obras cujos títulos e/ou subtítulos não deixam espaço para dúvidas quanto ao conteúdo: O Marido Virgem (Patologia do amor) (190?), O Abortador (1902), As Mártires da Virgindade (Romance patológico) (190?), Helena Lourenço (O preço da virgindade) (1904). Em paralelo, entre 1901 e 1904, o prolífico autor lança um ciclo romanesco de temática naturalista
[36] intitulado Tuberculose Social (12 volumes no total). Maria Helena Santana, a primeira estudiosa portuguesa a resgatar o escritor do olvido[37], indica que a série
(...) merece poucos comentários. Como o nome indica, trata-se de uma (mais uma) série de romances dedicada ao que na altura se designava por chagas sociais – a saber, o adultério, a prostituição, o alcoolismo, enfim, a dissolução dos costumes nas várias classes sociais. (...) De resto, pouco mais contêm do que a representação de costumes devassos, conduzindo as personagens ao habitual desfecho catastrófico.[38]
Porém, é importante frisar que, ao contrário do que acontece nos romances naturalistas e finisseculares, no que diz respeito aos volumes IV e VIII da série, Mulheres Perdidas (1902) e Sáficas (1902), não aparece nenhum desfecho catastrófico
como pretende Santana. Pelo contrário, apresentam um final feliz, bastante invulgar na literatura de temática sáfica[39] de modo geral. Em ambas as obras, as lésbicas predadoras
, retratadas de modo caricatural e depreciativo, não morrem nem sofrem o martírio por terem cometido o pecado nefando
. O mesmo acontece com Leonel, figura central de O Sr. Ganimedes (1904)[40].
Publicado logo a seguir a Sáficas, constituindo, por assim dizer, o seu pendant, como fica claro no prólogo,[41] Gallis escolheu não incluir O Sr. Ganimedes no seu ciclo romanesco, realçando deste modo o seu estatuto particular. Tanto este romance quanto os 12 volumes da série Tuberculose Social inserem-se num projeto de sistematização dos desvios
e das taras
sexuais, à maneira do escritor francês Armand Dubarry (1836-1910), cujos 12 tomos de Les Déséquilibrés de l’amour (Os Desequilibrados do Amor) têm como base científica
as perversões sexuais categorizadas por Richard von Krafft-Ebing no seu Psychopathia Sexualis (1886), vertido para francês em 1895. Refira-se que Gallis remete explicitamente para o trabalho do sexólogo ao analisar os instintos sensuais
e as perversões morais e físicas
de Leonel, o senhor Ganimedes do romance: "E que ninguém se admire do caso, porque ele está de sobra estudado pelas celebridades médicas mais notáveis da França, Itália e Alemanha, como o Dr. Krafft-Ebing explica no seu livro O Instincto Sexual e Suas Aberrações"[42].
Dubarry – uma celebridade literária na época – pretendia estudar à luz da ciência todos os vícios carnais que desorientam a Humanidade
[43], como indicado no volume com que abre o ciclo romanesco. O 2.° tomo da série, Os Invertidos (Les Invertis), foi um dos maiores sucessos tanto do autor quanto dos romances de psicopatologia de temática homossexual da Belle Époque; lançado em 1896, já estava na 44.ª edição em 1906, ano em que é reeditado O Sr. Ganimedes. Todavia, o mais divulgado dos epígonos do naturalismo francês em Portugal foi Jean-Louis Dubut de Laforest (1853-1902). Pelo menos 33 volumes[44] da sua série Les Derniers scandales de Paris (Os Últimos Escândalos de Paris) foram traduzidos para português. Enquanto os romances picantes de Paul de Kock (1794-1871) e do seu émulo, Maximilien Perrin (1796-1879),[45] foram dados à estampa com o rótulo preventivo de Leitura para homens
, o mesmo já não aconteceu com os de Dubarry e de Dubut de Laforest, conquanto muito mais escabrosos, a começar pelos títulos,[46] o que mostra a rápida aceitação dos romances passionais psicopatológicos e dos romances populares com toques lascivos:
(...) tem continuado a publicação dos interessantes romances de Dubut de Laforest, urdidos por este brilhante escritor com o fim de patentear a toda a gente a torpe realidade de factos que passam despercebidos à grande maioria dos indivíduos (...), quer esses factos ocorram nas furnas da miséria ou nos faustosos salões onde ela tantas vezes aparece disfarçada em deslumbrantes ouropéis.[47]
Por isso, à medida que a sociedade portuguesa e a polícia dos costumes se mostravam mais tolerantes perante a representação mais ou menos velada do sexo na literatura, multiplicavam-se as traduções de romances