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Dez Contos Sombrios de Mistério e Suspense
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Dez Contos Sombrios de Mistério e Suspense
E-book282 páginas3 horas

Dez Contos Sombrios de Mistério e Suspense

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Sobre este e-book


Inspirado na tradição de autores clássicos como Arthur Conan Doyle e Edgar Allan Poe, DEZ CONTOS SOMBRIOS é uma deslumbrante coleção de contos. Dez emocionantes contos de mistério e suspense.

Começando com quatro brilhantes mistérios, cheios de reviravoltas e assassinatos, noir e aventura, os três contos seguintes levando ainda mais aos reinos da imaginação, e os três finais adicionam tensão nítida e palpável, com toques de mitologia e magia.

DEZ CONTOS SOMBRIOS certamente vai arregalar seus olhos e expandir sua imaginação. Uma a uma, inevitavelmente, as peças vão se encaixando... e a cada reviravolta surgem surpresas arrepiantes...

Tramas entrelaçadas e atmosferas vívidas são abundantes, remontando a esses grandes autores, misturando estilo clássico e contemporâneo.

Extremamente envolventes, as histórias cobrem uma gama incrível de assuntos: joias roubadas de valor inestimável; uma invasão de museu de alta tecnologia em uma sala trancada; um casal navegando por uma tempestade no Caribe em busca de um tesouro perdido; um romance de Dia dos Namorados como nenhum outro; uma noite de música clássica com um solo de violino assombroso; dois editores descobrindo um manuscrito antigo; uma noite na cidade e um homem confrontado por um velho pianista a caminho do teatro; um magnata imobiliário encontrando uma garota misteriosa na floresta; dois caçadores do século XVIII encontrando um vale escondido no deserto; e um pacote... Entrega Especial, direto em sua porta.

DEZ CONTOS SOMBRIOS é a sua porta de entrada não apenas em um, mas em vários mundos impressionantes. Uma coleção digna de nota, com certeza será amplamente lida e comentada por amantes do gênero e novos leitores, e apreciada por muitos anos.
 

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento26 de jan. de 2023
ISBN9781667449661
Dez Contos Sombrios de Mistério e Suspense

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    Dez Contos Sombrios de Mistério e Suspense - Craig Enger

    DEZ CONTOS SOMBRIOS

    de Mistério e Suspense

    por

    CRAIG ENGER

    MEADOW PRESS

    Este livro é uma obra de ficção. Todos os nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da imaginação e ficção do autor. Quaisquer lugares, objetos, elementos reais são usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com eventos, locais ou pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.

    Copyright © 2018 por Craig Enger

    Título Original: Ten Dark Tales of Mystery & Suspense

    Traduzido do Inglês por Julia Diniz

    Todos os direitos são reservados, incluindo o direito de reprodução no todo ou em parte sob qualquer forma.

    Produzido nos Estados Unidos da América

    Biblioteca do Congresso

    ISBN (hc)

    ISBN (pb)

    ISBN (ebook)

    DEZ CONTOS SOMBRIOS

    Introdução

    I. REVIRAVOLTAS...E ASSASSINATOS

    1. O Ladrão de Joias    7

    2. Segredo da Enseada    33

    3. Dia dos Namorados Mortal   57

    4. O Diamante Negro    89

    II. ENCONTROS MISTERIOSOS

    5. O Solo de Violino   129

    6. O Vaudevilliano    153

    7. O Manuscrito    169

    III. REINOS FANTÁSTICOS

    8. Dríade    201 

    9. Os Homens da Montanha   222 

    10. Entrega Especial    240 

    INTRODUÇÃO

    Esta coleção de dez histórias é minha homenagem aos clássicos escritores de mistério e suspense, Arthur Conan Doyle, H.G. Wells, Edgar Allan Poe e Robert Louis Stevenson. As quatro primeiras histórias apresentam mistérios sonoros cheios de reviravoltas e assassinatos, noir e aventura. O segundo conjunto de histórias leva o leitor ainda mais aos reinos da imaginação. A terceira e conclusiva parte oferece tensão nítida e palpável.

    Sonhos, imaginação, juventude: estes são aspectos maravilhosos de nossas mentes humanas ilimitadas. Como Shakespeare disse: Dormir, porventura sonhar... Almejando o sonho. E podemos sonhar. Podemos imaginar. Podemos viajar para outros mundos em nossas mentes, sem limites. E em alguns desses mundos jaz o inesperado....

    Sob a Lua Resplandecente

    Na mais negra escuridão, sob a lua resplandecente

    Entre as sombras e a melancolia fulgente

    Um som fraco na névoa à deriva

    Um sino distante, uma badalada inoportuna

    Para causar um arrepio nos nervos e na coluna,

    Por trás de seu ombro, não se atreva a olhar

    Ler os prazeres desse livro você deve ousar.

    Em silêncio, que seu olhar sobre a página permaneça

    Para que a luz baixa e fraca brilhe e desapareça

    Nos mundos conjurados em sua mente soturna...

    Agora, sinta as escamas do corpo da serpente

    Encontre antigos salões de reinos perdidos,

    Procure através do véu rostos escondidos,

    Veja o navio negro atravessar mares e rios.

    ...Adentre no reino dos Dez Contos Sombrios

    I.

    REVIRAVOLTAS

    ...E ASSASSINATO

    LADRÃO DE JOIAS

    Hoje fora a noite.

    Levando os binóculos aos olhos, espiei através das lentes e analisei a cena do outro lado da rua, examinando o lugar uma última vez, apenas para ter certeza. A rua estava deserta, sem pedestres. Mantive minha posição, permanecendo curvado e bem escondido, esperando meu alvo chegar.

    Estava anoitecendo; logo estaria escuro. Minutos se passaram. Eu podia ouvir o som de carros a alguns quarteirões de distância, mas aqui não havia tráfego; aqui estava silencioso. Olhando através dos binóculos, treinei minha visão na casa do outro lado da rua, colocando-a em foco. A propriedade não era nova. Era uma daquelas casa velhas de arenito marrom, com uma porta vermelha escura na frente. Levando até ela, havia uma passagem estreita, ladeada por arbustos altos e bem aparados com cinco degraus de pedra. Melhor ainda, o endereço era a alguns quarteirões da rua principal. Não havia lâmpadas na rua.

    A escuridão caindo, o ar estava fresco. Uma brisa fria passou por mim, encolhi os ombros e virei a gola da minha jaqueta de couro. Vesti minhas luvas pretas, não apenas para manter minhas mãos aquecidas enquanto esperava, mas também porque precisava ser cauteloso. Não queria deixar impressões digitais.

    Pode soar estranho, mas só fui pego uma vez, há alguns anos, por furto, quando tive que cumprir pena. A questão é: aprendi muitos truques do ofício com outros caras enquanto estava preso. Sabe, eu não quero me gabar, mas possuo algumas habilidades como ladrão. Não havia sido pego desde então. Roubei algumas lojas, porém evito lugares que tenham câmeras, o que é difícil, pois elas estão em quase todos os lugares agora. O maldito mundo inteiro está gravado, ou digitalizado.

    Encontrar lugares para roubar sem ser gravado nos dias de hoje é difícil. Então, decidi me dedicar a invadir as casas das pessoas; é surpreendente quantas ainda estão sem sistemas de segurança. Ocasionalmente, tive que recorrer a abordar gente na rua, roubar suas carteiras e bolsos, coisas assim. Não é difícil de fazer, especialmente porque carrego uma arma, uma Glock 9 milímetros. Arma poderosa. Nunca tive que usá-la. Eu apenas a agarro em minha mão e aponto em suas direções, os alvos simplesmente levantam as mãos, em pânico. Eles sempre cedem, quero dizer, se eu tivesse realmente que disparar a arma, ela funcionaria, explodiria a cabeça de uma pessoa.

    A maioria dos roubos que fiz eram dinheiro fácil, mas pouca quantia.

    Então, por acaso, aluguei um apartamento no quinto andar, no prédio atrás de mim, na parte dos fundos, com vista para esta rua. Aluguei-o depois de ter feito um roubo, conseguido um pouco de dinheiro, e precisava me manter na surdina por um tempo. A maior parte do tempo eu me mantive fora de vista, apenas indo ao mercado para comprar mantimentos ou uma dúzia de cervejas. De vez em quando, se eu estivesse me sentindo um pouco ousado, daria uma volta pela vizinhança. Talvez tenha sido pura sorte, mas acho que devo ter instintos naturais como ladrão, ou talvez tenha feito isso por tempo suficiente, porque comecei a notar uma das vizinhas e sabia que havia encontrado meu próximo alvo.

    Imediatamente saí daquele apartamento e me mudei para outro lugar, do outro lado da cidade. Eu não podia viver próximo ao meu alvo; não podia ser visto tendo qualquer possível associação com ela. Precisava estar distante. Encontrei outro lugar para morar, a uma hora daqui.

    Porém, voltei discretamente para vigiar meu alvo. Ajuda conhecer seus hábitos, suas rotinas diárias. Eu esperei. E planejei. Até ter certeza que conseguiria. Até esta noite.

    Todos os outros roubos renderam apenas merrecas. Isso...isso era grande.

    Olhei para o meu relógio no pulso. Sete horas em ponto. O sol se fora, a noite havia caído. A rua estava escura, a escuridão se intensificando.

    E lá estava ela, bem no horário.

    Alvo selecionado.

    De fato, ouvi passos se aproximando do final do quarteirão, depois observei quando ela apareceu do outro lado da esquina. Ela se virou e começou a andar em minha direção, descendo a calçada, aproximando-se de sua casa caríssima. Moveu-se lentamente, arrastando-se a passos curtos. Seus sapatos eram de couro marrom com saltos baixos e grossos, e seus pés eram levemente tortos para dentro.

    Mas esperei pacientemente. Dê-lhe tempo. Ela era velha e seu cabelo era grisalho. Usava um vestido estampado que saiu de moda décadas atrás e um xale preto enrolado em seus ombros para se manter aquecida. Seu rosto estava coberto de rugas. Era um pouco estreito e retraído, com anéis escuros sob seus olhos profundos. Para andar, ela precisava da ajuda de uma bengala de metal, seus ombros eram curvados, ossos frágeis. Provavelmente, era artrítica.

    Certamente, ela era velha, mas era de longe a pessoa mais rica que eu havia visto. Ela não ostentava sua riqueza, então ninguém percebeu. Exceto eu; e é claro que ela ainda não sabia que eu sabia seu segredo.

    Ela caminhou os passos finais até sua casa e começou a subir a passagem estreita para a porta da frente.

    Pela última vez, olhei em volta, por toda a rua, para ter certeza de que ninguém estava assistindo. A barra estava limpa. Movi-me rapidamente e atravessei a rua. Assim que a senhora inseriu a chave e destrancou a porta, eu a peguei. Eu a abordei por atrás, rápido. Empurrei ela para dentro e fechei a porta. Imediatamente, tranquei a fechadura.

    Ela exclamou fragilmente: Oh, meu Deus! enquanto tropeçava no chão, seu xale escorregou de seus ombros.

    Como sou um cara bacana, ajudei a velhinha a se levantar. Ela ficou em silêncio, sem dizer uma só palavra, pois eu estava apontando a arma para ela.

    Fácil demais!

    Agora, só tinha que encontrar as pedras preciosas.

    *

    Agarrei a senhora pelos ombros e a conduzi até a sala de estar. Para uma velha com tanto dinheiro, ela vivia em um lugar bastante humilde. Uma lareira de pedra estava em frente aos móveis, que pareciam tão antigos quanto ela. Um velho tapete se estendia pelo chão de madeira, exibindo um sofá ralo e três cadeiras de madeira frágeis. Uma antiga escrivaninha ficava em uma das paredes, enquanto pinturas desbotadas pendiam nas outras. Até o ar cheirava um pouco obsoleto.

    Em todo caso, eu a sentei em uma das cadeiras de madeira. Enfiei a mão no bolso da jaqueta e, com a corda que trouxe comigo, amarrei os pés e os pulsos dela. Não que ela pudesse fugir, dada a sua velhice, mas ainda assim: eu amarrei os pés dela na cadeira. Apertei os nós, embora não tão apertados quanto teria amarrado alguém com metade de sua idade. Apenas seguro o suficiente para ter certeza de que ela não fugiria.

    *

    Quando terminei de apertar o nó final, um som agudo veio do lado de fora: cinco bipes rápidos. Levantei a cabeça assim que ouvi o barulho. Eu sabia que era uma sirene da polícia. Mas foi cessado imediatamente, como se o policial houvesse acidentalmente apertado o botão da sirene e desligado em seguida. Me assustei quando ouvi, pois eu havia acabado de invadir o lugar. Tinha certeza de que ninguém estava observando quando invadi. Então, como a polícia poderia saber? Como puderam chegar aqui tão rápido? A menos que estivessem armando para mim. Silêncio. Ouvi com mais atenção e pude perceber um carro se aproximando.

    Então me virei para a velha senhora. Fique quieta, sussurrei, levando um dedo aos lábios e levantando a arma em minha mão para ter certeza de que ela seguiria minhas instruções e manteria a boca fechada.

    Na ponta dos pés, andei rapidamente pelo chão, em direção à janela ao lado da porta da frente. Mantive-me abaixado para ter certeza de que não seria visto, depois me levantei com as costas contra a parede, ao lado da janela.

    Minha mão estava firme, pronta para disparar a arma a qualquer momento.

    Inclinei-me lentamente, cauteloso para não ser visto, e me virei para olhar pela janela.

    Desta posição, pude ver o outro lado da rua, onde uma viatura da polícia havia parado no meio-fio. Na calçada do outro lado, o policial falava com um dos vizinhos. Não sei sobre o que conversavam, mas sabia que não era a meu respeito, pois apertaram as mãos, e o policial já estava retornando ao seu carro. No meio do caminho, ele apertou o passo; deve ter recebido outra chamada. Em um segundo, ele estava dentro do carro, a sirene alardeando de verdade desta vez. O policial pisou fundo no acelerador, e a viatura passou, as luzes vermelhas e azuis girando noite adentro.

    Ver a polícia... quase me matara de susto. Eu podia sentir a adrenalina bombeando em minhas veias, mas agora eu sabia que estava seguro. Certificando-me de que ninguém poderia ver através da janela, fechei as cortinas.

    Voltei ao que estava fazendo.

    Já era hora de acabar com isso.

    *

    A velha estava sentada na cadeira de madeira, bem onde eu a havia deixado. Quando voltei, ela levantou a cabeça. Era óbvio que estava apavorada. Ela permaneceu lá, me encarando com seus olhos azuis-acinzentados.

    Parado, a encarei, imaginando que quanto mais duro eu soasse, mais rápido a faria falar.

    Está bem. Sei que estão aqui em algum lugar. Onde você as esconde? Em um cofre?

    Eu não sei o que você quer dizer, ela respondeu fracamente, balançando a cabeça.

    Não se faça de boba, senhora,  eu disse com ênfase, levantando o braço, ameaçando bater as costas da minha mão em seu rosto. Quase bati na velha senhora, pois ela estava relutante em me dizer onde as escondia. Eu quase a agredi, e é um pecado capital bater em alguém com mais de, vamos dizer, sessenta anos. Você acredita? Quase tão ruim quanto matar alguém. Mas presumi que deveria deixar minhas intenções claras, provar que não estava brincando. Então exigi: Você sabe exatamente o que quero dizer. Me diga, onde estão as pedras?

    Ela permaneceu em silêncio. Encolheu-se de volta em seu assento e não olhou diretamente para mim. Eu podia ver suas mãos tremendo de medo.

    Tudo bem, deixe-me perguntar novamente, continuei. Vou contar até três.

    Estou com frio, ela choramingou.

    O quê?

    Eu disse que estou com frio. Importa-se?, ela perguntou. Com o queixo, indicou o local onde seu xale havia caído quando entrei. Fui até lá para pegá-lo, depois voltei e o coloquei na parte de trás de seus ombros frágeis.

    Obrigada., disse ela, calmamente. Isso foi gentil da sua parte, acrescentou. Ela curvou os ombros, cobrindo-se com o xale para manter-se aquecida, e então olhou para mim. Seus olhos estavam cheios de decepção e um tom de desgosto. Como se eu estivesse fazendo algo errado. O que eu, de fato, estava. Continue...O que estava dizendo?

    É simples, expliquei. Vou contar até três, e você vai me dizer onde estão as jóias.

    Balançando a cabeça, ela baixou os olhos, desapontada comigo.

    Eu estava inflexível e comecei a contagem: Um...

    Ela não disse uma palavra. Fiquei surpreso por ela não ceder em me contar, surpreso com sua determinação. Mas eu podia ver que ela estava tremendo de nervosismo e medo. Não deveria demorar muito mais.

    Dois...

    Ela levantou a cabeça e me olhou com seus olhos azuis-acinzentados suplicantes, E o que você está planejando fazer? Me matar? Roubar é uma coisa, mas pense por um momento. Você realmente vai cometer assassinato?

    Cale a boca.

    Por favor, pense no que está fazendo. Vamos conversar, você e eu. O que quer que o tenha feito ficar assim, me conte. Eu vou lhe ouvir, sinceramente, eu vou.

    Havia algo quase maternal em seu tom de voz.

    Garoto, escute-me. Ouça-me, por favor! Não vou fingir que não estou com medo, pois estou. Você invadiu minha casa. Mas não precisa fazer isso. Você tem uma escolha. Você pode mudar sua vida..."

    Ela parou de falar quando apontei a arma para a cabeça dela.

    Senhora, cale a boca. Você é quem tem que me escutar. Não me dê sermão sobre o modo errado como vivo. Poupe seu fôlego.

    Isso a assustou. Ela estava se encolhendo na cadeira, agora.

    Por favor!, ela persistiu e começou a chorar baixinho.

    Poupe-me, zombei sarcasticamente. Comecei a sentir certo receio sobre escolhê-la como alvo, pensando que talvez ela não estivesse totalmente sã, dada a sua velhice. Como se a mente dela estivesse começado a desaparecer, se é que me entende. Ou, pior, talvez ela fosse uma bruxa velha e louca e eu acidentalmente tivesse tropeçado em sua casa antiga e apavorante, o tipo de coisa que acontece em todos aqueles filmes de terror alternativos, que eu costumava assistir quando criança.

    Ela respirou fundo e pareceu recuperar a compostura. Garoto, se você disparar sua arma, não acha que alguém vai ouvir o tiro?

    O jeito como ela falou me surpreendeu, então continuou: Você não quer me machucar. Não quer realmente, se não for necessário. Olhe, você tem uma escolha. Se você desistir e sair agora, em silêncio, deixo você ir. Juro não contar a ninguém. Não direi a uma única alma o que aconteceu, que você tentou me roubar. Apenas...Ah querido, eu não quero morrer.

    Ela estava tentando ser forte a sua maneira, mas pude ver que custou muito a ela e parecia que estava prestes a começar a chorar novamente.

    Olhe, eu disse, eu sou um ladrão. Só me diga onde estão as jóias. Então, vou embora.

    Você diz que é um ladrão. Se queria me roubar, por que não esperou para fazer isso enquanto eu estava fora? Por que não esperou até que a casa estivesse vazia?

    "Porque estamos falando de jóias. Do tipo que sei que você não deixaria por aí, em qualquer lugar. Não. Você as mantém trancadas em um cofre. Eu não sei a combinação dele. Mas você sabe."

    Na verdade, meu jovem, eu não tenho um cofre. E mesmo se eu tivesse, você é um ladrão, você não pode apenas - qual é o termo -‘hackear’?

    Ah, certamente, senhora. Você faz parecer tão simples. Deixa eu lhe explicar. Não é. Além disso, mesmo descobrindo a combinação, cofres hoje em dia são todos de alta tecnologia. Estão ligados a alarmes silenciosos. Então, ainda que eu desvendasse, a polícia estaria aqui em pouco tempo.

    Ela pensou por um momento, e comentou: Suponho que você esteja certo,  não sei dizer. Considere que eu tenha um cofre, o que não é verdade, mas suponha que sim, e decidi não lhe dar a combinação. O que aconteceria? Você me mataria com essa... sua arma? E ainda não teria o que veio buscar, não é? Isso não faz sentido.

    É claro que faz, pois você pode abrir o cofre, ou me dizer a combinação.

    E se eu não disser?

    Levantando a mão, acenei com o glock para lembrá-la e engatilhei uma bala. Quando eu segurar essa arma na sua cabeça, acho que você vai.

    *

    Penso que, se vamos ficar presos nessa situação, devemos nos apresentar adequadamente. Qual é o seu nome? Você tem um nome?

    Eu balancei minha cabeça em descrença. Ela deve ter pensado que eu era burro. Eu havia entendido seu objetivo, é claro que eu não diria nada.

    Depois de um segundo, ela assentiu: Ah, entendi. Você não pode me dizer, pois tem medo de eu saber seu nome e entregá-lo à polícia. Bem, de qualquer forma, me chamo Ethel. Ethel Conway.

    Olhei de volta para a velha, Ethel. Caramba, eu segurei uma risada. Até seu nome soava antigo.

    Agora parecia que ela estava empolgada, pois não parava de falar. "Eu só vi crimes acontecendo em programas de televisão, mesmo não assistindo muito. Então, como funciona na vida real? Suponho que você tenha alguém à espreita, caso o tenham visto, chamado socorro, e a polícia chegue. Um cúmplice, talvez?

    Não.

    Pensei que a maioria dos criminosos trabalhava em gangues.

    Depende do roubo. Agora, cale a boca.

    Você está dizendo que planejou esse roubo sozinho?

    Essa pergunta me afetou... Algo na maneira que ela havia perguntado; então respondi: Isso mesmo. Ouça, sua bruxa velha. Pare de soar condescendente. Sim, eu mesmo planejei. Meu tom foi áspero, tive que apontar minha arma novamente para acalmá-la, mesmo sentindo um pouco de nervosismo.

    "Olhe, eu planejei esse roubo com muito cuidado. E sim, estou trabalhando sozinho. Terei mais dinheiro, todo o dinheiro, para mim desta vez, certo? Vasculhei o lugar; fiquei de olho em você, lhe escolhi como alvo. Agora só preciso que me diga onde estão as coisas. Se você cooperar, talvez eu lhe deixe viver. Ninguém me viu entrar. Eu me certifiquei disso. Ninguém me viu chegar, e quando eu sair daqui, não me verão partir. Moleza. Simples assim," eu disse, estalando os dedos.

    Seus olhos se arregalaram em descrença, "O que você quis dizer com ficar de olho em mim? Você

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