Cantora De Rua (chanteuse De Rue): Edição Bilíngue (português, Français)
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Cantora De Rua (chanteuse De Rue) - Gabrielle Bossis
Gabrielle Bossis
(1931)
Tradução de Flávia Cabral.
Adaptação de Dr. Zoltan Paulinyi.
Cantora de rua
Chanteuse de rue
Teatro em 3 atos.
Comédie en 3 actes.
Edição bilíngue (português, français).
1ª. Edição: Clube de Autores. Brasília, 2023.
Sinopse
Comédia em 3 atos. Uma miserável
que encontrou uma joia é colocada em contato com um grupo de burgueses
católicos, a maioria dos quais se preocupa apenas com seu bem-estar e aumento da própria fortuna. A Cantora de Rua
, a quem uma das jovens deseja empreender boa educação, passa, aos olhos de uma tia vinda da Espanha, por sua sobrinha por casamento. Tal sobrinha foi inventada para obter a herança, e a família se surpreende com a chegada inesperada da tia. No segundo ato, a Cantora de Rua
, que tem bom coração e soube praticar a caridade para com as crianças abandonadas da região, começa a se educar, ao mesmo tempo em que conquista a tia por herança; sua consciência desperta; ela percebe a imoralidade do processo usado para enganar a tia, mas sem encontrar uma maneira de restaurar a verdade. No terceiro ato, em Barcelona, para onde a tia levou toda a família, descobre-se a fraude, mas também ficamos a saber que a Cantora de Rua
é filha da sua benfeitora, de quem fora sequestrada quando criancinha.
A autora, Gabrielle Bossis (1874-1950), mística francesa, foi uma notável atriz do século XX. Esta edição publica tradução de Flávia Cabral com adaptação de Dr. Zoltan Paulinyi, fundador do Schola Cantorum de Brasília, seção cantante da Escola de Música Paulinyi sediada em Brasília Asa Norte, a cuja manutenção se destina a renda desta publicação. http://aulas.Paulinyi.com
Gabrielle Bossis
(1931)
Tradução de Flávia Cabral.
Adaptação de Dr. Zoltan Paulinyi.
Cantora de rua
Chanteuse de rue
Teatro em 3 atos.
Comédie en 3 actes.
Edição bilíngue (português, français)
1ª. Edição: Clube de Autores. Brasília, 2023.
Qr code Description automatically generated https://clubedeautores.com.br/livro/cantora-de-rua-chanteuse-de-rue-edicao-bilingue-portugues-francais
Autora: Gabrielle Bossis.
Tradução: Flávia Cabral.
Adaptação: Dr. Zoltan Paulinyi.
Revisão: membros do Schola Cantorum de Brasília.
Título em português: Cantora de Rua (chanteuse de rue): edição bilíngue (português, français).
Título original em francês: Chanteuse de Rue (1931).
Capa: rue Léon-Bonnat, Paris.
1a. Edição brasileira: Editora Clube de Autores.
Brasília, 2023.
Qr code Description automatically generated https://clubedeautores.com.br/livro/cantora-de-rua-chanteuse-de-rue-edicao-bilingue-portugues-francais
ISBN: 978-65-00-59680-9
Background pattern Description automatically generatedAgradecimentos
Agradeço a gentil, espontânea e valiosa tradução de Flávia Cabral. Agradeço o mecenato de Mário Jorge de Sousa Freire.
Incluímos as intenções dos nossos benfeitores em nossas orações cantadas do Schola Cantorum de Brasília, cujo membro fundador, Hiro Kumasaka, presenteou-me caridosamente com muitas publicações de Gabrielle Bossis, sabendo que a admiramos pela dedicada amizade íntima cultivada com Jesus.
Dedicatória
Para fundamentar essa admiração pela autora, buscamos conhecer melhor seus trabalhos artísticos, incluindo algumas de suas peças premiadas. Escolhemos publicar esta primeiramente por causa do protagonismo das cenas musicais e das crianças no intuito de dedicar esta publicação aos catequizandos, principalmente aos meus filhos João Marcos, Pedro e Frederico.
Prefácio
Gabrielle Bossis, mística francesa, catequista, atriz, professora de música e incansável buscadora da beleza integral, nasceu em Nantes em 26 de fevereiro de 1874 e faleceu em 9 de junho de 1950 na mesma cidade, aos 76 anos de idade. Durante a I Guerra Mundial, trabalhou como enfermeira pela Cruz Vermelha, iniciando suas produções teatrais catequéticas em 1923 a pedido do pároco de Fresne-sur-Loire.
Embora tenha se destacado em várias artes, incluindo música (principalmente nos teclados como piano, órgão e harmônio), pintura, escultura, bordado e costura, teatro e direção cênica, Gabrielle Bossis tornou-se internacionalmente conhecida pelas suas conversas íntimas com Jesus registradas em seu diário "Lui et moi (
Ele e eu"), publicado paulatinamente com permissão eclesiástica (imprimatur). Em tais conversas, encontram-se também registros de palavras da Santíssima Trindade e da própria Mãe de Jesus, Santíssima Maria. Em que pese os biógrafos terem enfatizado a interioridade de suas locuções, suas descrições incluem elementos visuais (gestos, sorrisos) sugerindo que Bossis vira ou percebera algo além das palavras.
O fomento para a tradução deste livro possui objetivos indiretamente alinhados às atividades de nossa Escola de Música, cuja seção cantante é impulsionada pela Schola Cantorum de Brasília. Desejamos nos cercar de bons exemplos artísticos, principalmente dentro da rica tradição católica, como exemplificado pela nossa inicial publicação tetralíngue da ópera Ordo Virtutum de Santa Hildegard.
Esta peça de Bossis, embora contenha elementos musicais indiretos, é um exemplo da produção literária e dramatúrgica dessa extraordinária atriz francesa. Esta edição bilíngue permite uma apreciação mais clara e difundida da arte de Bossis, tanto por francófonos quanto por lusófonos.
Bossis conquistou prêmio literário e consolidou internacionalmente sua carreira artística em vários países de língua francófona antes de iniciar os registros de seus diálogos com Jesus numa turnê ao Canadá em 1936. A respeito desta peça, temos dois relatos de reapresentações em seu diário.
Em 25 de novembro de 1937, em dia de duas apresentações desta peça em Ajácio, Bossis disse a Jesus: Senhor, será você quem interpretará meu papel
, ao que Ele respondeu: Tu apresentas. Eu toco as almas
.
340. [VI,99] — 25 novembre. — Ajaccio, jour des deux séances de « Chanteuse de rue », je Lui disais : « Seigneur, c’est Toi qui jouera mon rôle. » Il m’a répondu : « Toi, tu joues. Moi, Je touche les âmes. »
Em 26 de maio de 1939, em Lyon, entre duas récitas desta peça, Jesus lhe disse: Se tu estás lassa, repouse teu corpo ao Meu serviço. Repouse-o, como se fosse o Meu
. Continuou: Serve-te de Minha infinita doçura. Tu serás incapaz de encontrá-la suficientemente em ti mesma. Quanto a Mim, Eu sou tão feliz de te fornecer isso que te falta. Dize-me que tu contas comigo. Força a porta do Tabernáculo. Força-a, com golpes de amor! Tu me libertarás quando tu libertares as almas, e é o amor que liberta.
685. [VII,179] — 26 mai. — Lyon, entre les deux séances de « Chanteuse de rue » :
« Si tu es lasse, repose ton corps à Mon service. Repose-le, comme si c'était le Mien. »
« Sers-toi, dans Ma douceur infinie. Tu serais incapable d'en trouver suffisamment en toi-même. Et Moi, Je suis si heureux de te procurer ce qui te manque. Dis-Moi que tu comptes sur Moi ». « Force la porte du Tabernacle. Force-la, à coups d'amour ! Tu Me délivres, quand tu délivres des âmes, et c'est l'amour qui délivre. »
—
O estilo da autora, nesta peça, caracteriza-se por diáforas, paronomásias e ironias, que desafiam a tradução direta, tornando necessária a adaptação de várias expressões ao português. Eis alguns trechos memoráveis.
No fim do primeiro ato: "A música! É a língua internacional. E então, você tem que cantar quando está com o estômago triste! A escala, são oito janelas por onde voa a alegria, e quando o feixe de sons se espalha no ar, forma gotas de felicidade que voltam a cair no peito; esquecemos o frio congelante, a febre cortante e o pão superfaturado.
No início do ato II: "Se todas as jovens da França dedicassem apenas uma hora por dia aos pobres, os pobres seriam mais bem consolados por não serem ricos."
No ato III, cena 5: "Não tenho pressa: os impacientes vão de comboio, mas os amantes de belas paisagens seguem os rios…"
Sobre docência e multiplicação de talentos: Raízes e galhos altos não se encontram com frequência… então ensinarei aos outros o que você me ensinou, será a tocha que passará de mão em mão sem jamais apagar sua luz.
Autora ausente, resta-nos a promessa de Jesus na leitura desta peça: Eu toco as almas
.
Dr. Zoltan Paulinyi.
Brasília, 26 de dezembro de 2022.
Preâmbulo
de Padre Cássio Selaimen Dalpiaz
Sob uma óptica pós-moderna, em que o belo e o chocante se confundem como signo de arte, encontrar um critério de discernimento acerca da temática estética é um desafio que se impõe ao nosso olhar, razoamentos e, por conseguinte, as nossas ações/construções.
Ora, Dostoevskij, na sua obra O Idiota
propusera: qual é a beleza que salvará o mundo?
Essa questão se levanta uma vez mais e, entre tautologias de cunho relativistas, não vemos senão uma cultura repleta de sofismas fundados sobre a experiência subjetiva de indivíduos privados de paradigmas que lhes possibilitem experimentar o Belo
por excelência. A pergunta é posta por um jovem personagem, tuberculoso em estado terminal, Hippolit, que fora acolhido na casa do protagonista da obra, o príncipe Michckin, o idiota
assim considerado pela sua postura altruísta e bondade.
Na sequência, o mancebo tísico, já sem esperança de vida, vomita durante a festa de aniversário do Príncipe um discurso repleto de delírios e ranços, no qual anuncia seu suicídio iminente (que é frustrado). Dessa vociferação, o relato da visão de um quadro com a representação de Cristo recém-retirado da cruz se faz bastante pertinente na busca da resposta da questão que ele mesmo propusera. Nas pinturas em que esse tema é recorrente, o rosto do Cristo é normalmente preservado por uma inusual beleza, mesmo se tratando de um homem torturado e morto. Contudo nessa, o artista não hesita em representar cruamente a realidade de um homem que pelo suplício e crucificação morre, tendo assim sua face desfigurada.
Diante da peculiar imagem, o moribundo tece suas reflexões. Como poderiam acreditar que esse mártir iria ressuscitar?... se a morte é tão terrível e as leis da natureza são tão fortes, então como superá-las?
, argumenta ele acerca do aniquilamento das esperanças e das crenças daqueles que com ele conviveram e testemunharam suas palavras e milagres. Propõe então um novo questionamento: E se aquele mesmo mestre pudesse ver a sua imagem na véspera da execução, teria ele próprio subido à cruz daquele jeito e morrido do jeito que agora se vê?... Pode deixar-se entrever em imagem o que não tem imagem?
De fato, o que pode levar-nos a ver a beleza nesse panorama tão cruel? A beleza impressa na forma será apenas consequência do amor, que é o sim antecipado à toda criação. A aparente ausência
de forma nesse caso não é senão o assentimento sem reserva à vontade e disposições divinas. Da mesma natureza desse amor é que Maria, a partir do seu fiat, acolhe a palavra de Gabriel, tornando-se assim a Mãe do Belo Amor
. Assim podemos compreender qual a Beleza salvará o mundo: o faça-se
do Filho ao Pai, da Virgem ao Anjo, da Igreja e de todos os seus membros ao Senhor, donde manifesta-se o amor como determinação e energia transformadora em vista do Plano Divino acerca da Criação em cada criatura individual situada no tempo e no espaço.
Sobre a beleza e arte, temos a alegria de ter em mãos uma edição bilíngue em francês e português realizada por Flávia Cabral com adaptação musical do Dr. Zoltan da escritora, catequista e mística francesa Gabrielle Bossis. Escrita em 1931, dividida em 3 atos, é uma excelente oportunidade deste encontro com a beleza e a salvação que vem do Senhor. Faço votos que cada um que tenha acesso a esse material, encontre-se com o Mestre, bom e belo!
Padre Cássio Selaimen Dalpiaz
Brasília, 12 de março de 2023.
Análise
CANTORA DE RUA
Comédia em 3 Atos
de Gabrielle BOSSIS
Para T.R. Padre LHANDE
Homenagem respeitosa. G.B.
A caridade: belo tema para um sermão! Mas o espectador que, com razão, vem ao teatro para se distrair, não se assustará com tal tema, e não terá medo de ver em pedaços
anedotas edificantes? No entanto, aqui são apresentados três atos sobre uma das formas de caridade, aquela que se exerce em relação aos pobres, que se esforça para melhorar suas condições de vida e para educar a sua consciência: a caridade do Bom Samaritano. E estes três atos, de estilo muito moderno, agradarão aos espectadores mais rigorosos e farão o mesmo sucesso que seus predecessores, O Charme
, As Ilusões de Sra. Dupont
, A Leoa
…
Como nas obras precedentes da mesma autora, as personagens são nossas contemporâneas, e nós as entendemos ainda melhor porque possuem nossa linguagem, nossas ideias, nossos hábitos. Alguns talvez pareçam um pouco indignados com aqueles que não perceberam a miséria ao seu redor ou que, ao percebê-la, viraram a cabeça para não se envergonharem dela. A Garfona
, suas crianças vestidas de trapos, com passos e linguagem pitoresca, não vivem apenas na área: nós os encontramos todos os dias. Depois de vê-los no palco, muitos os reconhecerão na rua, os que nunca prestaram atenção neles: e a lição de caridade que eles receberam enquanto se divertiam não será inútil.
Em poucas palavras, aqui está o argumento.
[ SINOPSE ]
Uma miserável
que encontrou uma joia é colocada em contato com um grupo de burgueses
católicos, a maioria dos quais se preocupa apenas com seu bem-estar e aumento da própria fortuna. A Cantora de Rua
, a quem uma das jovens deseja empreender boa educação, passa, aos olhos de uma tia vinda da Espanha, por sua sobrinha por casamento. Tal sobrinha foi inventada para obter a herança, e a família se surpreende com a chegada inesperada da tia.
No segundo ato, a Cantora de Rua
, que tem bom coração e soube praticar a caridade para com as crianças abandonadas da região, começa a se educar, ao mesmo tempo em que conquista a tia por herança; sua consciência desperta; ela percebe a imoralidade do processo usado para enganar a tia, mas sem encontrar uma maneira de restaurar a verdade.
No terceiro ato, em Barcelona, para onde a tia levou toda a família, descobre-se a fraude, mas também ficamos a saber que a Cantora de Rua
é filha da sua benfeitora, de quem fora sequestrada quando criancinha.
O contraste entre os personagens, sua vida intensa, suas personalidades bem desenhadas e algumas bastante engraçadas — a noiva moderna, a velha solteirona que ainda espera o casamento, o pequeno Camembert
, a pequena empregada de Angevine — a vivacidade do diálogo à la Gyp
, os balés infantis, tudo contribui para tornar esta peça uma obra singularmente atraente sob todos os pontos de vista. Ela será o maior sucesso. Todos os que assistiram às primeiras apresentações ficaram encantados: como poderia ser diferente para as obras de uma autora que estreou no teatro com O Charme
? Não foi este título, ao mesmo tempo, um espetáculo repleto de promessas, que foram magnificamente cumpridas?
ANALYSE
CHANTEUSE DE RUE
Comédie en 3 Actes
de Gabrielle BOSSIS
Au T.R. Père LHANDE
Hommage respectueux. G.B.
La charité ! beau sujet pour un sermon ! Mais le spectateur qui, avec raison, vient au théâtre pour se distraire, ne sera-t-il pas effrayé par un pareil sujet, et ne craindra-t-il pas d’y voir « mises en pièces » des anecdotes édifiantes ? Pourtant, voici trois actes sur l’une des formes de la charité, celle qui s’exerce à l’égard des pauvres, qui s’efforce à l’amélioration de leurs conditions d’existence et à l’éducation de