Curitiba 330 anos: Uma cidade de muitas faces
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Sobre este e-book
Com uma cidade que é, desde as origens, indígena? Com uma cidade que se transformou pelas mãos imigrantes? Com uma cidade que é das artes e da cultura? Talvez, com uma cidade que respeita a fé de cada um? Com uma cidade que é considerada a mais sustentável da América Latina? Com a cidade de mentes que projetam boas ideias? Quem sabe, uma cidade que faz suas mulheres serem protagonistas da história? Ou uma cidade que preza pela diversidade?
Essas e outras perguntas serão respondidas nesta obra comemorativa dos 330 anos de Curitiba, que além de uma sucinta análise sobre os principais eventos da história da capital paranaense, traz, também, um elo entre o passado e o presente; entre tempo e espaço; entre cultura e identidade.
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Curitiba 330 anos - Felippy Strapasson
INTRODUÇÃO
Em 2019, a falta de material feito por historiadores que analisasse especificamente a história dos bairros na formação sociocultural de Curitiba me levou a produzir minha primeira obra, intitulada História concisa dos bairros de Curitiba: do Abranches ao Xaxim. Sobre a história da cidade de Curitiba em termos gerais, existe uma quantidade enorme de materiais publicados que nos fornecem esplêndidas informações.
Mas este é um caso especial. Em 2023, Curitiba, cidade na qual nasci, cresci e vivo, e pela qual possuo um enorme carinho e dedicação para vê-la cada dia melhor, completa seus 330 anos de existência. Produzir um livro que aborde os principais temas de sua história é mais do que uma comemoração de aniversário. É presentear a cidade e os que nela moram, estudam, passeiam, trabalham. É contribuir com a bibliografia curitibana a fim de enriquecer aqueles que ainda irão estudar e compreender o desenvolvimento e os aspectos de uma cidade que inspira outras cidades pelo mundo. É manter viva a memória histórica de uma das capitais mais importantes do Brasil. Como bem disse o poeta Carlos Drummond de Andrade: "As coisas tangíveis tornam-se sensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão".
Apresento nesta obra uma versão diferente das que já foram trazidas até agora. Apresento – como o próprio título já diz – as diferentes faces que Curitiba tem. Uma cidade que é indígena e lega desde o nome essa origem. Uma cidade que foi moldada pelas mãos dos imigrantes. Uma cidade que exala arte e cultura. Uma cidade que respeita a fé de cada um e dialoga em favor da paz. Uma cidade sustentável que olha para o ontem pensando no amanhã. Uma cidade onde florescem as boas ideias. Uma cidade que empodera mulheres e as faz protagonistas de sua história. Uma cidade que preza pela diversidade e pelo direito de ser quem quiser ser.
O objetivo desta obra é fazer com que o leitor se identifique como sujeito histórico, que participa ativamente da construção da história de Curitiba, porque fazemos parte dela a todo momento. Somos nós quem fazemos a cidade e, para isso, é preciso se dar conta da importância histórica do espaço no qual estamos inseridos. Sendo assim, pesquisei minuciosamente diversos autores de suma importância para a historiografia local, como Romário Martins, Altiva Pillati Balhana e Ruy Wachowicz, por exemplo, e também da historiografia nacional como Edgard Carone, Sergio Buarque de Holanda e Darcy Ribeiro, dentre tantos outros, para lhes mostrar a história como ela realmente é: baseada nos fatos advindos dos mais variados tipos de fonte.
Esta é uma obra feita por quem ama Curitiba, por quem ama viver em Curitiba e, principalmente, por quem se dedica a levar o conhecimento aonde quer que seja, pois, o conhecimento transforma vidas e contribui para a construção de um mundo melhor. Lembremo-nos da frase do polímata italiano Leonardo Da Vinci que diz: "Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende".
Desejo uma ótima leitura e que, de alguma forma, esta obra lhe faça encontrar-se dentro da história dos 330 anos de Curitiba, uma cidade de muitas faces.
CAPÍTULO 1 -
A Curitiba Indígena
A cultura indígena tem um papel crucial na construção de nossa identidade local e nacional. Conhecer e respeitar esses que estavam aqui antes de qualquer um, é conhecer e respeitar cada capítulo da nossa história.
Felippy Strapasson Hoy, historiador e escritor
Curitiba é indígena. Desde o nome, Curitiba é indígena. Num trecho do hino municipal tornado oficial em 1967, composto por Ciro Silva e Bento Mossurunga, onde se ouve: " Salve! Cidade querida. Glória de heróis fundadores ", os referidos heróis fundadores são ninguém menos que os povos indígenas que pisaram nesse chão muito antes de nós. Estudos arqueológicos feitos pelo Museu Paranaense (Mupa), em 2014, mostram que a presença de indígenas no território que hoje corresponde ao Paraná remonta a cerca de 10 mil anos. Originários das regiões andina e amazônica, esses indígenas que ocuparam as atuais terras paranaenses migraram atraídos pelo clima mais frio e seco.
Os primeiros habitantes das terras curitibanas foram os índios tinguis – cujo nome traduzido para o português quer dizer: nariz afilado (MARTINS, 1938). Os tinguis, legítimos habitantes das matas de araucária, fazem parte do tronco linguístico Tupi. Eles viviam da caça, da pesca e da agricultura, colhendo frutas, tubérculos, raízes e sementes. O jerivá, a batata-doce, a mandioca e o pinhão eram a base de sua alimentação e também eram comumente utilizados nos seus rituais. O imortal Darcy Ribeiro (2015, p. 27), que estudou a formação étnica e cultural de nossa gente, fala que a agricultura lhes assegurava fartura alimentar durante todo o ano e uma grande variedade de matérias-primas, condimentos, venenos e estimulantes
.
Os povos Tupi predominaram por todo o sul do Brasil e grande parte do território da América do Sul. Faris Michaele (1969, p. 22 e 23), renomado professor e escritor paulista, considera que:
Só no atual estado do Paraná, pelo menos umas cinquenta tribos [...] foram registradas, em sua maioria pertencentes à grande família tupi-guarani. Portanto, o Paraná é chão preponderantemente tupi-guarani, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, o Uruguai, a Argentina, o Paraguai e até a Bolívia (Santa Cruz de la Sierra), parcialmente.
O viajante alemão Hans Staden nos mostra através de seus relatos que as tribos pertencentes ao tronco Tupi eram acessíveis ao contato com o estrangeiro. O historiador Romário Martins (1938, p. 32) confirma essa afirmação, pois se referiu aos