Posso falar do meu pequeno mundo?
De Paulo Berquó
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Sobre este e-book
Não é o que acontece em Posso falar do meu pequeno mundo?. Nesta seleção de crônicas, o Paulo Berquó do presente costura os retalhos do passado para se cobrir com o futuro. O Paulo menino dos veraneios em Torres encontra o Paulo jornalista da Porto Alegre dos anos 1990, de mãos dadas caminham na direção do Paulo vereador em seu pequeno mundo, todos olhando o céu infinito do Alegrete, todos Paulos filhos de Lenira.
Fazendo das palavras bonitas de um poeta não praticante e de um letrista conhecido nas rádios de Paris uma costura robusta e requintada, vamos conhecendo, retalho após retalho, lembrança após lembrança, os olhares e as reflexões de um autor que ama a vida e busca nas lembranças e nos detalhes do cotidiano a força necessária para continuar trilhando os caminhos de um país violento, onde as perdas são cíclicas, marcas do nosso passado, presente e futuro.
Posso falar do meu pequeno mundo? é um convite terno e profundo para que, debaixo das cobertas em um inverno frio que parece não ter fim, possamos reunir nossas forças, para que lembremos daqueles que estiveram e estarão sempre conosco, para que fiquemos atentos e fortes como Gal, construindo com o passado, no presente, um futuro menos sombrio.
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Posso falar do meu pequeno mundo? - Paulo Berquó
Quando eu me for e ao final louvar os amores necessários que tive à luz, jamais me esquecerei dos amores contingentes, que passaram na sombra, mas que nunca deixaram de viver em mim.
Simone de Beauvoir
Sumário
Dedicatória
Mundo de um e de todos
Posso falar do meu pequeno mundo?
Recebi em vida
Sobre amor, respeito e valentia
O primeiro ano do resto da minha vida
Viva L’Alegrete
Do fim até o começo
Disneylândias não vão nos levar pro céu
O som do silêncio
Desayuno
Fragmentos de vida e o HD lotado
Era doce e se acabou...
A agonia
A ciclista
O paraíso
Parabéns tua formatura
Sem parâmetros
Me incluam nesse pranto
Os mais perigosos
Três almas para Deus
Onde anda minha cabeça?
Motivo de festa em nossos corações
As talibãs canudenses
A turma do Bar Brasil
O que o senhor é da dona Eni?
E nem sei fazer pudim
O tempo todo
A velhice é um caso sério
O Queno
O dia em que Alegrete praticou amor
O timoneiro do nosso barco
O mago Danilo
Feitio do Alegrete
Ruy e Nehyta
Da tristeza
O céu do Alegrete
Só sei ser eu
Sem título
Das saudades que gostamos de ter
Dedicatória
Registrar em livro estas histórias e reflexões é uma forma de eternizar o amor incomensurável pela minha mãe, que está presente em cada uma destas linhas. A mãe era uma escritora rara. Tinha um absurdo domínio das palavras, tanto ditas quanto escritas. Nunca publicou. Gostava mesmo era de fumar sentada numa poltrona enquanto soltava suas pérolas acerca da vida e seus acontecimentos. Verdadeiros poemas em prosa, líricos ou sarcásticos.
Costumava dizer que ia lançar um livro. Tinha escolhido até título: Histórias que ninguém conta. E dizia isso com um sorriso irônico e quase ameaçador de canto de boca.
As historinhas deste livro não são nada ameaçadoras. Meu Posso falar do meu pequeno mundo? é um livro de amor, bem como sempre foi o meu pequeno mundo.
Estendo esta dedicatória ao Paulo André, meu irmão talentoso e amado; ao João, que foi pai pra toda obra; e ao Sebastião, meu cunhado de concurso: pedaços arrancados do coração da gente na avassaladora pandemia da Covid-19.
E se é um livro de amor, não poderiam faltar nesta dedicatória o meu pai, o Flávio, e minha vó — cada um a seu modo, figuras fundamentais na minha história.
Finalmente, dedico-o a vocês que me leem nas redes sociais ou nas páginas da Gazeta de Alegrete e são cúmplices diretos nesta ousadia.
Por fim, o desejo de que estas histórias e reflexões aqueçam o coração da Tanira, do Paulo Amaro e da Elaine.
Mundo de um e de todos
Cíntia Moscovich
Não é novidade para ninguém: cada vez que uma pessoa fala de sua vida, fala também da humanidade de maneira geral — a vida de um é, afinal, a vida de todos. Aqui, neste delicioso Posso falar do meu pequeno mundo?, Paulo Antônio Berquó Farias se debruça sobre as histórias familiares, crônicas que resultam de um olhar oblíquo e absolutamente amoroso sobre os fatos que compuseram, e que ainda compõem, o folclore e os afetos desse clã alegretense.
Desde as encenações que juntavam os primos no pátio da antiga casa (e que tinham lá suas pitadas de melodrama mexicano), passando pela máxima demonstração do amor maternal, pela cena de um café da manhã num hotel (com iogurte voando para todos os lados) e desaguando na carreira de letrista de Paulo, Posso falar... é um exercício de memória mas não de nostalgia, porque há em todo o volume essa alegria maiúscula de identidade e de comemoração, embora muitos tenham já partido — prova inequívoca do quão importante é pertencer a um núcleo garantido pelos vínculos do afeto, esses que nunca morrem. Com o foco mantido em Lenira, a mãe que se foi recentemente — o rol de perdas na pandemia da família é impressionante —, o autor garante seu norte afetivo, sem perder de vista os demais personagens desse universo tão rico e variado.
Com um texto impecável, simples e direto, cheio de humor e pleno de aceitação daquilo