Meu Amigo De 4 Patas

De Ricardo Almeida

Um conto emocionante de resiliência e compaixão em uma cidade esquecida pelo tempo, onde Úrsula Dato, uma mulher idosa e solitária, encontra um propósito renovado ao resgatar um filhote abandonado chamado Ruivo. Com o coração tocado pela vulnerabilidade do animal, ela enfrenta suas próprias batalhas pessoais e memórias dolorosas, revelando uma história de luta, amor perdido e redenção. Uma narrativa comovente que destaca a importância do cuidado e da empatia em um mundo marcado pela indiferença e solidão, enquanto Úrsula se apega a Ruivo como sua última conexão com esperança e afeição genuína.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 3 de nov. de 2023

Pré-visualização do livro

M E U A M I G O D E 4

P A T A S

Sobre o autor

Ricardo Almeida é escritor e

jornalista, formado na cidade

brasileira de João Pessoa em

2007. É especialista em

jornalismo investigativo. Além

do trabalho jornalístico, é

palestrante e escritor. Partilha

o seu conhecimento em

conferências, workshops e

publicações, com o objetivo de

divulgar informação sobre a

sociedade. Seu compromisso é

ajudar os outros a alcançar

uma vida equilibrada e

significativa.

1

Úrsula Dato completou 67 anos quando se conheceram pela primeira vez. A idosa já havia jogado um saco de lixo em um contêiner de plástico quando ouviu algo guinchar dentro do contêiner. Ela olhou para dentro e notou que havia outra bolsa idêntica ao lado da dela, movendo-se ligeiramente. O guincho vinha exatamente dali. Com dificuldade, Úrsula Dato alcançou a bolsa, colocou-a no chão e não podia acreditar no que seus olhos viam: um filhote magro e ruivo estava dentro da bolsa. Seu pelo estava grudado e lágrimas reais escorriam pelas bordas de seus olhos azuis. Ele olhou para a mulher com esperança e medo ao mesmo tempo, tentou se levantar sobre suas patas, mas não conseguiu; aparentemente, estava completamente debilitado. Mas quem é você, doce? quase sussurrou Úrsula. Ela o pegou com cuidado em seus braços e o segurou contra seu peito. O filhote lambeu sua mão. Veja só que monstros, continuou a mulher indignada. Perderam toda a consciência. São uns desalmados. Úrsula Dato ficou ali por cerca de 5 minutos, tentando descobrir o que fazer com este pobre animal. Era idosa, a cada ano tinha menos forças. Quanto tempo mais viveria neste mundo? Cinco anos, no máximo. E se agora pudesse cuidar do filhote, o que aconteceria com ele quando ela se fosse? A cidade onde Úrsula Dato havia vivido toda a sua vida estava em declínio, como muitas outras semelhantes. Só restavam três habitantes idosos: ela mesma, a ex-professora Casilda Morales do outro lado da rua e o velho Adão, que tinha quase 80 anos e quase não reconhecia ninguém. Há alguns anos, ele só se sentava em um banco, enrolando cigarros mal-cheirosos desde a manhã até a noite. A maioria de seus conhecidos havia falecido, ano após ano, ou se mudado para a cidade para ficar com seus filhos, e os jovens que reconstruíram casas como casas de campo eram de uma pasta diferente. Muitos vieram com seus cães ferozes e de raça, e não se importavam com os cães locais abandonados e sem lar. Frequentemente, chamavam o serviço de captura de animais vagabundos no outono, mas ela nunca se destacou por sua bondade, portanto não está claro como terminar as vidas dos desafortunados que conseguiram capturar e colocar em uma jaula.

2

Se Ruivo morresse, ele poderia ser capturado e levado para um lugar desconhecido. De alguma forma, entre suas reflexões, ela não percebeu como havia dado um nome a ele, mas de qualquer maneira, agora ela era responsável por Ruivo. Não podia simplesmente colocá-lo