Tráfico
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Tráfico - Leandro Malósi Dóro
Grande merda Não suporto mais. Até há pouco eu sentia o amargo na garganta, agora nem isso.
Amorteceu minha garganta, nariz e boca.
Parece que nem tenho mais língua. Meus olhos estão esbugalhados e cansados. Meu corpo tremelica tanto. Não posso suportar.
Fazem três dias ou mais que eu, o Besunto e o Tapume estamos aqui fazendo buchas de pó. Recebemos do Jeca um tijolo do tama-
nho de uma Bíblia ilustrada. Depois desses três dias, transformamos em bucha metade do Antigo e Novo Testamento.
Agora deve ser umas duas horas da tarde de algum dia da semana. Não sinto fome, não tenho relógio e não há nem sequer um rádio, por isso não sei de nada. As paredes deste apartamento são brancas demais e manchadas de pés, formando figuras que, às vezes, parecem monstros ou demônios, mas protegem contra a polícia, que está lá fora, provavelmente nos cercando. Devem fazer dias que ela está à nossa esprei-ta. Tenho certeza: os policiais esperam o momento em que devolveremos a cocaína ao Jeca, em forma de buchas, para fazer o flagrante e nos prender. Às vezes penso que essa idéia é doida porém a cada minuto parece ser mais verdadeira.
Por enquanto é melhor cheirar. Já perdi a conta de quanto cheirei, nesses dias. O momento mais incrível do período em que estamos cheirando foi quando raspamos tanto pó que eu cheirava direto no montesinho, que se formava ao lado do tijolo. O Tapume me chamava por nome, sobrenome e apelido e nem assim eu o ouvi; continuava a fazer buchas de pó, sem parar. O Tapume me dizia Ricardo, Ricardo Reis, Flanela, Flanelinha, você está me ouvindo?
e, cada vez que ele repetia, sua voz parecia mais distante. Meu espírito via meu corpo fechar as buchas, mas não podia intervir. Parecia que havia sido ligado o piloto automático de meu corpo e meu ser saltou pela porta, rumo a uma floresta de marofa.
Eu estou doido. Desde o primeiro dia, cheiramos antes de misturar o pó com o pó
de giz, tanto que não sinto mais meu nariz.
Esse pó que nós misturamos com o giz já veio misturado, mesmo assim dá para sentir um toquezinho
bem leve de cocaína, no meio da lambança.
Olhe a cara do Tapume. Parece que não teve mãe. Cara troncho, fungando sem parar, enquanto escorre pó com ranho pelo nariz. Esse aí deve ter apanhado um monte do pai, quando era pequeno. Ele me falou, esses dias, que odeia o pai, porque o velho bebia e batia nele e na mãe. Foi por causa do pau que levava do velho que ficou com o nariz quebrado ao meio desse jeito, parecendo lutador de boxe, além dessas ci-catrizes na cara, sem o dente da frente.
Ele é repugnante. Esbranquiçado, bigodu-do, com uns cabelos mais pretos que piche.
Esse morre logo. Não sei que idade tem,
mas já está com uns fios brancos e, com a quantidade que cheira e as confusões em que se mete, não irá durar muito. Alguém irá meter uma bala na cara dele ou uma facada bem dada na prisão.
O Besunto é um merda. Sempre quer en-ganar os outros. Tem cara de fuinha, magro, sem queixo. Parece não haver nada debaixo daquela jaqueta de lã, de posto de combus-tível. Quem saiba haja apenas