coleção Horror
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Sobre este e-book
A "Coleção Horror" inaugura uma fase inovadora na editora Obook. Sob a direção do escritor Donnefar Skedar, este projeto transcende a mera apresentação de contos de horror para o público adulto.
A antologia destaca-se pela diversidade de autores cujas habilidades não apenas dominam a escrita, mas também demonstram uma maestria excepcional na concepção de ideias intrincadas.
Organizada meticulosamente por Donnefar Skedar que circula entre os Top 100 de sites como Amazon, Apple Books e Google Play com seus projetos literários, a coleção oferece uma jornada breve, mas intensa, pelos recantos mais sombrios da literatura obscura.
Cada conto, foi cuidadosamente elaborado, representa uma faceta única do horror, abrangendo uma ampla gama de sub-gêneros que cativam os amantes do macabro.
"Coleção Horror" diferencia-se ao apresentar narrativas que não compartilham similaridades, garantindo uma leitura instigante e imprevisível. Este não é apenas um conjunto de contos, mas uma experiência literária que desafia e instiga os sentidos do leitor.
Donnefar Skedar
Nascido na cidade de Santo André – São Paulo, Donnefar Skedar ou Jay Olce publica na internet desde 2009, criador do selo Elemental Editoração pelo qual realiza suas publicações. Atualmente o autor possui 11 livros publicados, dos quais 4 são coletâneas, o mesmo ainda possui diversos contos publicados em formato digital dos quais não fazem parte das coletâneas. Seus livros estão disponíveis de forma internacional, alguns títulos receberam traduções para os idiomas, Inglês, Espanhol, Francês e Italiano, como o livro Dirty Vampires – Revelações, que foi lançado em quatro idiomas. Seu mais recente trabalho é o livro “IV” publicado em 2018.
Leia mais títulos de Donnefar Skedar
Dirty Vampires: Revelações Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCrimes em Agatha Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoemas ao fim do dia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDirty Vampires Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDéjà Vu Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
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Pré-visualização do livro
coleção Horror - Donnefar Skedar
Ficha do Livro
Coleção Horror
Organizador: Donnefar Skedar
Projeto gráfico: Obook
Copyright desta edição: Obook, 2024
Imagem da capa: Leonardo AI
Capa: Obook
ISBN: 978-65-85165-11-2
Publicação independente.
Contato: contato@obook.com.br
Site: https://obook.com.br/
Sumário
Ficha do Livro
Nota
Apresentação
Pacto macabro • Tauã Lima Verdan Rangel
As meninas-leão • Alberto Arecchi
O Desfiladeiro Sombrio • Nancy Scarlett-Hayalla
O retorno do Morto-Vivo • André L. Melo
O Ataque do Quibungo • Tauã Lima Verdan Rangel
Pressagio Carmesim • Roberto Schima
Olhos Malvistos • Daniele Pereira
O diabo da Numídia • Alberto Arecchi
A Dança com a Morte • Condessa da Escuridão
A janela • Mauro André Oliveira
A casa da bruxa • Juliano Dall’Agnol
Mulher chocolate • William R.F. Ramires
Imaculada Concepção • Diego Celedônio
A Herança • Thaís Moritz Cordeiro
O encourado • Peterson Azevedo
Codex Obscura • Diego Celedônio
Se o Alvorecer Assim o Permitisse • Roberto Schima
A praga • Diego Celedônio
O último conto • Drikah Thabepe
Desordem aulimentar • TEOL
Em uma manhã qualquer • Carmen Villas Bôas
Falocêntrico • Uriel Volk
O atalho na floresta • André L. Melo
Carregando... • Daniel dos Santos Cunha
Macabra máscara • Sub Versão
O transtorno da mosca • Rangel Elesbão
Nota
Caro leitor,
Este livro é destinado exclusivamente a um público adulto devido ao seu conteúdo que inclui cenas de violência explícita e linguagem que pode ser considerada ofensiva. A obra se enquadra no gênero de horror, e, como tal, explora narrativas fictícias que evocam sentimentos de medo, suspense e fascínio.
É crucial ressaltar que todas as situações apresentadas neste livro são puramente fruto da imaginação do autor e são concebidas como parte de um universo de ficção. Os eventos descritos não têm relação com a realidade e não devem ser interpretados como representações da vida cotidiana ou de qualquer experiência factual.
Alerto que o conteúdo deste livro pode provocar reações emocionais intensas e, portanto, a leitura é recomendada apenas para aqueles que se sintam confortáveis com temas de horror, gore e fantasia macabra. Caso o leitor se sinta desconfortável com alguma passagem, é aconselhável interromper a leitura e passar para o próximo conto.
A intenção desta antologia é proporcionar uma experiência envolvente e arrepiante, mas sempre dentro do contexto da ficção. Apreciamos a sua compreensão e esperamos que você desfrute deste mergulho no mundo sombrio da imaginação.
Desejo uma ótima leitura,
Don,
Organizador
Apresentação
Bem-vindo, apreciador do macabro e do desconhecido,
É com grande entusiasmo que compartilho com você a antologia de horror coleção Horror
. Esta coleção é o resultado de uma seleção minuciosa e prazerosa, fruto de semanas dedicadas à leitura de cada conto enviado por talentosos escritores nacionais, e com participação internacional, que abraçaram a proposta de mergulhar nas profundezas do horror.
Durante esse processo, mergulhei em um universo de ansiedade e expectativa, isolando-me de influências externas para garantir uma leitura desconectada e imparcial. O resultado é uma seleção diversificada e impactante, repleta de narrativas que exploram o terror em suas mais diversas formas.
Esta antologia não exige que você busque seu Kindle para encontrar uma narrativa estrangeira, pois aqui, em suas mãos, está uma coleção completa e envolvente de histórias assombrosas, todas concebidas por escritores nacionais, destacando o talento independente que é o cerne dos meus projetos.
Não ousarei afirmar que todos os contos aqui reunidos são os melhores já escritos no gênero, mas defendo veementemente que cada um deles possui uma escrita excepcional e histórias que merecem a atenção do leitor ávido por emoções intensas.
O verdadeiro prazer desta coleção reside nas situações adversas que aguardam o leitor em cada conto, transformando-a em uma experiência a ser degustada com cuidado e reflexão. Embora seja possível devorar todo o conteúdo de uma só vez, a diversidade dos textos oferece uma credibilidade única ao título da obra.
Deixo claro que cada autor é o guardião de seu próprio terror, mas esta antologia serve como uma porta de entrada fascinante para explorar os distintos perfis apresentados aqui.
Agradeço por se juntar a nós nessa jornada pelas sombras da imaginação. Aguardo ansiosamente por seus comentários e espero encontrá-lo novamente em futuras explorações deste gênero fascinante.
Com trepidante expectativa,
Don,
Organizador
Pacto macabro
Tauã Lima Verdan Rangel
Deve passar de pouco mais de dez horas da noite, quando me dou conta e, em um movimento instintivo, fito o relógio em meu pulso direito. Pela janela lateral, apesar da sujeira que impregnada nos vidros, consigo ver que nuvens de tempestade cobrem parcialmente o firmamento, acompanhadas de trovões e relâmpagos, com um luzir efêmero, iluminando, por poucos segundos, a noite. Ainda que sutil, consigo sentir o cheiro de terra molhada preencher minhas narinas e, pela forma como as arvores balançam, o vento forte a soprar. Uma indômita tempestade se aproxima rapidamente.
Pela fração de alguns segundos, chego a pensar se deveria estar naquele local... apesar de formular mentalmente o questionamento, falta-me a devida coragem para tentar apresentar alguma resposta a mim mesma. Já abandonei a necessidade de compreender algumas decisões que venho tomando e me escoro em uma justificativa mais palatável e que me sustenta: era a única saída que eu tinha, diante dos fatos... mesmo que o discurso seja leviano e evasivo, há muito tempo me despi das amarras morais que deveriam orientar os meus comportamentos. Repito a mim mesma: era a única saída que eu tinha...
Os meus olhos curiosos correm de um lado para o outro, em uma tentativa, quase infantil, de identificar todos os elementos que fazem parte daquela peculiar composição. Apesar de uma luz fraca, consigo, sobretudo devido aos lampejos da tempestade, verificar que o chão de madeira é pouco cuidado e encontra-se arranhado pelo decurso do tempo. Aliás, não apenas o chão, mas toda a casa aparenta ser bem antiga, com rachaduras aparentes nas paredes. As teias de aranha se avolumam nos cantos e uma camada abundante de poeira se deposita sobre os móveis surrados.
Próxima à janela, há uma estante com uma série de livros e vidrarias. Os livros estão malconservados e parece que o uso contínuo já retirou as letras utilizadas nas inscrições das lombadas. Todavia, o que mais me causa estranheza, talvez pela falta de costume, são as vidrarias espalhadas pela estante. Mesmo que eu não conheça todos os conteúdos, alguns eu consigo identificar, como, por exemplo, dois grandes recipientes com serpentes conservadas, ratos e aranhas em outras peças. Além disso, vejo que há uma série de ervas e plantas amarradas em fachos e que se avolumam entre os vasilhames.
— Minha criança, está assustada? —, indaga-me a estranha mulher diante de mim, com um tom de cinismo peculiar. Aparentando ter pouco mais de sessenta anos, a feição dela não passaria despercebida em meio a uma multidão. A face demasiadamente pálida já apresenta as rugas da passagem do tempo e os olhos não possuem qualquer viço ou beleza; ao contrário, são olhos que revelam uma essência maldosa e extremamente vingativa. As olheiras revelam as muitas noites mal dormidas e um nariz curvado se projeta do rosto em minha direção. A boca fina e murcha traz um sorriso amarelado dos poucos dentes que ainda sobrevivem. As mãos extremamente magras e ossudas possuem longas unhas pouco cuidadas se movem sobre o tampo da mesa de madeira.
— Absolutamente... —, respondo de modo evasivo. Mesmo que eu tente fugir de uma resposta mais bem-formulada, a minha voz denúncia que o meu coração bate descompassadamente e a minha respiração está ofegante.
— É a sua primeira vez? —, a mulher me questiona, com um sorriso que revela os poucos dentes que ainda estão em sua boca.
— Como assim? —, indago com certo espanto o questionamento formulado pela mulher diante de mim.
— Madame Cassandra quer saber se é a primeira vez que você procura os serviços do sobrenatural? —, a velha mulher me indaga, enquanto abre uma espécie de lenço antigo e que envolve algumas cartas de tarô.
— Sim, é a minha primeira vez. Na verdade, eu estou aqui, porque...
— Não precisa me dizer o teu motivo, minha jovem... —, ela me interrompe de modo abrupto — Todos que me procuram sempre têm motivos nobres ou não tão nobres, mas, ainda assim, possuem motivos... com mais de cinquenta anos no meu ramo, já parei de procurar entender o porquê. Hoje, eu prefiro me fixar no para que —, ela dispara com uma gargalhada diabólica.
Detenho-me, por um segundo, enquanto vejo a mulher colocar um caldeirão pequeno diante de nós. De maneira ligeira, ela despeja um cálice de uma substância rubra, que, no primeiro momento, penso que se trata de vinho, mas, devido ao odor ferroso, identifico como sangue. Além disso, ela despeja algumas ervas e um punhado de pequenos ossos. Ela afunda a ponta do dedo indicador no preparado dentro do caldeirão e, após retirar, risca uma série de retas que se entrecruzam e que formam um símbolo similar a um pentagrama.
O tom da voz muda e ela coloca uma vela em cada ponta do desenho feito sobre a mesa. Depois de acender cada uma delas, ela recita algumas palavras em um idioma que eu não consigo identificar. O meu coração volta a bater descompassadamente e uma sensação de pavor indescritível toma conta de cada célula do meu corpo. Por um segundo, sinto a minha visão turvar e o suor frio a escorrer pelo meu corpo. Mesmo que eu não consiga descrever de modo racional o que os meus olhos testemunham, sei que forças ocultas e diabólicas estão na iminência de se manifestar.
— Tenha calma, minha criança! Ele, dentro de instantes, estará conosco... —, ela dispara com um olhar maquiavélico e um sorriso entrecortado na face.
— Quem? —, indago com o tom de voz capaz de revelar cada medo que habita no interior do meu corpo.
— Nosso convidado, minha criança...
Por um instante, fez-se um silêncio sepulcral naquele lugar.
Era possível ouvir até mesmo o som de nossas respirações. À medida que o tempo passava, um cheiro nauseabundo e pútrido foi ganhando força, tal como se algo estivesse em avançado estado de apodrecimento, e preencheu todo o ambiente. O mau cheiro era tão forte que eu senti o meu estômago embrulhar e uma ânsia tomar conta de mim. Havia algo de diabólico tomando parte naquele ritual, respondendo à invocação feita por aquela feiticeira. Uma força que eu não conseguia dimensionar, mas, mesmo assim, meus instintos me aconselhavam a buscar segurança e proteção.
Os segundos se arrastavam de maneira preguiçosa e, cada segundo, por si só, parecia uma eternidade, diante da cena dantesca que tomava forma. Acredito que não conseguia sequer disfarçar o temor que se apoderara de mim e isso ficava explícito para a mulher. Aos poucos, pude perceber que nós já não estávamos sozinhas! Eu sabia que havia uma terceira presença naquele lugar. Aliás, eu podia sentir a terceira presença a tomar forma, com uma energia caótica e descomunal.
De um dos cantos do cômodo, eu mirei em um par de olhos esverdeados que reluziam em meio ao negrume das trevas. Mesmo assim, havia uma malícia estranha naquelas irises. Os dentes brancos e polidos pareciam meticulosamente forjados em pérola e guardavam uma beleza soberba, indescritível. Ainda que eu não pudesse ver claramente, eu conseguia discernir o contorno do corpo daquela criatura. Com uma altura elevada, aparentando quase dois metros, ele tinha uma compleição física vigorosa e aparentava estar muito bem vestido, com um cavanhaque soberbo a emoldurar o rosto. Quando me dei conta, a velha mulher fez um sinal de reverência para a criatura e disparou
— Meu senhor! Nós louvamos a sua odiosa presença e rendemos nossos agradecimentos por ter respondido à nossa invocação.
— O que vocês querem comigo? —, a criatura indagou com a voz em um tom macio, convidativo e malicioso.
— A pequena criança, diante de nós, veio até aqui em busca de seus dons, meu senhor! —, a mulher continuou a falar. Eu não conseguia pronunciar nenhuma palavra. O meu corpo tremia diante da demoníaca criatura e, a todo momento, repetia a mim mesmo, buscando convencer-me: era a única saída que eu tinha...
— Está com medo, criança? —, a criatura demoníaca, com um sorriso no rosto, indaga-me em um tom quase retórico.
— Não, meu senhor! —, respondo sem muita convicção.
— Tente pensar que era a única saída que você tinha... —, ele dispara como se fosse capaz de ler meus pensamentos! Na verdade, naquele instante, eu pude perceber que ele era capaz de ler os meus pensamentos.
— Com certeza, meu senhor! Era a única saída que eu tinha! —, respondo a ele, desconhecendo o atrevimento que se apoderara de mim.
— Minha criança, para os favores de nosso senhor, há um preço —, a velha feiticeira dispara, com uma adaga a repousar na palma das mãos.
— Sim, minha criança! Para um favor, outro favor de igual valor! Para um auxílio, uma recompensa atraente! Sou justo... —, o odioso ser fala, com a voz ainda mais aveludada. Eu sabia muito bem que o preço seria caro, mas todo preço era pequeno, quando pensava na recompensa que eu poderia ter.
A velha mulher colocou a adaga afiada sobre a mesa, próxima ao caldeirão, e fez um sinal para mim. Compreendendo o que deveria fazer, estiquei minha mão esquerda e abri um talho na palma da mão, deixando algumas gotas de meu sangue caírem dentro do caldeirão e se misturarem com o preparado que a mulher estava fazendo.
— Você vem em busca de morte e a morte eu te darei! Conte, a partir desta noite, sete dias corridos e o seu desafeto estará morto! —, a criatura dispara com veemência — Com o seu sangue, fechamos nosso pacto e, por ele, eu te darei quinze anos de muita felicidade. Será capaz de ter tudo aquilo que desejar, inclusive ele, mas, depois de quinze anos, virei cobrar o preço...
— Sim, eu aceito os teus termos, senhor!
— Como você busca a morte de uma alma, o pagamento será a sua alma... confesso que precisa ter muita coragem para se buscar a morte de uma pequena criança para conquistar o pai, mas como minha serva sempre diz, não estamos aqui para entender o porquê, mas sim para ajudar no para que —, ele dispara com um sarcasmo no rosto.
Não tive coragem de falar nenhuma palavra, afinal, para conseguir aquele que desejamos, todo o preço a ser pago é ínfimo...
As meninas-leão
Alberto Arecchi
Noite de lua nova, no meio do mato. As sombras tomaram posse de todo o mundo, dos objetos inanimados e dos seres vivos dormentes. Em noites como esta, a crença tradicional acreditava que os maus espíritos podessem sair do mato, para contaminar o mundo dos homens.
Na escuridão quase total, toda a aldeia está dormindo. Só os olhos das aves de rapina podem distinguir as formas das coisas, como se fossem óculos sensíveis à luz infravermelha. De tempos em tempos, o grito de uma vítima desesperada relata que um predador ganhou sua refeição.
Quatro sombras furtivas passam o muro espetado, colocado como uma barreira protetora ao redor das casas, descuidadas dos fetiches que assistem a afastar os maus espíritos. O cão de guarda se acorda, num tremor alarmado. Ele mal tem tempo de se virar em si mesmo, mas não consegue nem mesmo emitir um chocalho. Afoga regurgitando seu sangue, com a garganta cortada por longas garras afiadas. Passos furtivos através da porta, agora desprotegida. Em poucos momentos, a tragédia acontece. O cheiro lúgubre da morte enche o ar do quarto pequeno. Uma capa fria parece ter agarrado o coração do mundo,