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Batalha De Cambrai, 1917
Batalha De Cambrai, 1917
Batalha De Cambrai, 1917
E-book231 páginas2 horas

Batalha De Cambrai, 1917

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Sobre este e-book

Na madrugada de 20 de novembro de 1917, mais de 400 tanques (carros de combate) avançaram contra uma linha inimiga com cerca de 10 km, próxima da cidade de Cambrai, liderando o assalto de cinco divisões de infantaria contra esse setor da Linha Hindenburg. O estudo do terreno é a base da variável mais importante que será procurada, cientificamente, alterar e obter uma vitória britânica, qual seja, a de realizar uma ofensiva em área limitada com o objetivo de criar um saliente, entre os canais, dominando Cambrai pelo sul e pelo oeste (posição de Bourlon), que servisse de uma segura posição de ataque para a continuação das operações, após o inverno, visando, então sim, uma penetração estratégica. No cenário do jogo de guerra que será utilizado decidiu-se por não alterar a organização para o combate do Corpo de Tanques, por entender-se ser muito à frente do seu tempo uma “Blitzkrieg” e ainda mais, no caso, aplicando-se numa “guerra de sítio”. Por outro lado, corrigiu-se a falha estratégica operacional na alocação de meios ao III Exército em razão da diminuição da frente e da profundidade da penetração, bem como na redução do nível do objetivo, de estratégico para tático. Em suma, um seguro “laboratório” para novos sistemas de armas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de fev. de 2024
Batalha De Cambrai, 1917

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    Batalha De Cambrai, 1917 - André Geraque Kiffer

    ANDRÉ  GERAQUE  KIFFER

    Batalha  de  Cambrai,

    1917.

    Uma  Simulação  Histórica

    Britânica.

    Edição  do  Autor Rio  de  Janeiro

    2011

    ---  Kiffer,  André  Geraque.

    Batalha  de  Cambrai,  1917.  Uma  Simulação  Histórica Britânica.  André  Geraque  Kiffer.

    Edição  do  Autor,  Rio  de  Janeiro,  2011. Bibliografia:  275  f.  39  il.  21  cm..

    1.  História  Militar.  2.  Arte  da  Guerra.  3.  Ciência  da Guerra.  4.  Jogos  de  Guerra.  I.  Autor.  II.  Título.

    ISBN  978-85-9138-220-0

    2

    3 AGRADECIMENTOS

    À  Deus  pela  saúde.

    A  minha  querida  esposa  Leila,  pelo  apoio  e

    compreensão.

    4

    O  homem  superior  age  antes  de  falar  e  depois  fala  de  acordo com  suas  ações.

    (Confúcio)

    5 RESUMO

    Iniciei  a  construção  desta  obra  no  ano  de  1995, quando  inspirado  pela  leitura  da  obra-prima  de Arnold  Toynbee,  Um  Estudo  da  História,  e  pelo livro  "  Future  Wars"  ,  de  Trevor  N.  Dupuy,  desenvolvi a  monografia  Uma  Visão  Prospectiva  para  o  início do  século  XXI,  baseada  na  História  Militar  do período  1939-1991,  da  evolução  da  arte  da  guerra no  emprego  de  blindados,  que  apresentada  em 1999  encontra-se  arquivada  na  Escola  de  Comando e  Estado-Maior  do  Exército.  Na  seqüência desenvolvi  o  trabalho  profissional  Um  Estudo  da História  Militar  da  Guerra  da  Coréia,  aprovado  e arquivado  no  Estado-Maior  do  Exército  em  2004,  na qual  iniciei  a  esquematização  do  estudo  da  história militar  apoiado  pela  ferramenta  jogo  de  guerra. Em  2005,  com  a  leitura  do  livro  "  Wargame  Design" editado  pela  Strategy  &  Tactics  Magazine  , consolidei  uma  Matriz  para  Um  Estudo  da História  Militar  e  iniciei  a  análise  das  guerras,

    campanhas  e  batalhas  de  uma  determinada  época

    6

    e/ou  de  uma  civilização  descritas  no  Atlas  of Military  History  ,  edição  2006,  do  Instituto Smithsoniano.  Em  cada  livro  uma  guerra, campanha  ou  batalha  selecionada  é  estudada,  em algum  (ns)  dos  níveis  de  decisão  aplicáveis,  ou seja,  o  Político,  o  Estratégico,  o  Estratégico Operacional,  o  Tático  e  o  Técnico.  Com  base  em um  resumo  do  fato  histórico  procura-se  destacar  o (s)  fato  (s)  decisivo  (s)  causador  (es)  do  resultado negativo  antes  de  jogar  a  simulação,  por  meio  de um  "  wargame  .  Quando  o  autor  entender necessário  ao  entendimento  da  simulação,  serão feitas  referências  às  regras  e  ferramentas  do  jogo de  guerra.  Como  o  autor  estará  jogando  e simulando  pelos  dois  lados,  para  aumentar  a credibilidade  científica  da  simulação,  o  outro  lado da  colina"  terá  suas  ações  criadas  em  um  jogo  de guerra  eletrônico,  editado  de  foma  semelhante  ao cenário  do  tabuleiro,  permitindo,  por  meio  dessa inteligência  artificial,  aplicar-se  a  vontade independente  do  inimigo.  Na  simulação  se

    completam  todas  as  possibilidades  do  propósito  do

    7

    estudo,  quando  o  passado  da  história  é  analisado com  base  na  teoria  do  presente  e  projetado  no futuro  ou  revivido  como  caso  esquemático  do  e se…,  permitindo  extrair  conclusões  e  princípios aplicáveis  a  outras  situações  no  tempo  e  no espaço,  sem  a  ilusão  de  esgotar  todas  as  variantes imagináveis,  ou  seja,  um  jogo  sem  fim,  idealizando sempre  que  quando  jogarmos  o  lado  que historicamente  perdeu  seguiremos  a  máxima ANTES  A  VITÓRIA  QUE  A  DERROTA  e  quando jogarmos  o  lado  do  vencedor  histórico,  A VITÓRIA  SEMPRE,  MAS  COM  O  MENOR  CUSTO POSSÍVEL. Palavras  chave:  História  Militar.  Arte  da  Guerra.

    Ciência  da  Guerra.  Jogos  de  Guerra.

    8 SUMÁRIO

    CAPÍTULO  1  –  BATALHA  DE  CAMBRAI,  1917.......9 CAPÍTULO  2  –  ANÁLISE  TÁTICA  BRITÂNICA.....42 CAPÍTULO  3  –  SIMULAÇÃO  TÁTICA...................75

    REFERÊNCIAS...................................................272

    9 CAPÍTULO  1

    BATALHA  DE  CAMBRAI,  1917

    O  reinado  da  Artilharia  nas  batalhas  terminou com  a  ofensiva  nas  Flandres,  nas  crateras  das granadas  que  com  o  revolver  da  lama  afogou inúmeros  feridos.  Mas  na  medida  que  atingiu  o ápice  improdutivo  cedeu  lugar  para  a  inauguração de  um  novo  reinado,  o  dos  Blindados.

    Na  madrugada  de  20  de  novembro  de  1917, mais  de  400  tanques  (carros  de  combate) avançaram  contra  uma  linha  inimiga  com  cerca  de 10  km,  próxima  da  cidade  de  Cambrai,  liderando  o assalto  de  cinco  divisões  de  infantaria  contra  esse setor  da  Linha  Hindenburg.  Por  volta  do  meio  do  dia 20  de  novembro  os  tanques  haviam  rompido

    através  das  três  linhas  de  trincheiras  penetrando

    10

    uma  profundidade  de  mais  de  6  km  –  distância  igual à  obtida  na  ofensiva  de  Passchendaele  ao  atingir seu  quarto  mês.

    Fig  1:  Localização  geral  de  Cambrai.

    As  duas  divisões  inimigas  que  guarneciam  o setor  foram  destruídas  como  força  de  combate, perdendo  mais  de  100  canhões  e  4.000  prisioneiros –  ao  custo  de  somente  4.000  baixas  britânicas. Este  brilhante  sucesso,  tão  econômico  em  sangue, foi  devido  principalmente  à  ação  dos  4.000  homens das  guarnições  dos  blindados.  O  princípio  de guerra  da  Economia  de  Força  ficou  amplamente

    demonstrado.

    11

    O  contraste  com  Passchendaele  foi  tão esfuziante  e  gratificante  em  oposição  àquele  outro final  melancólico,  que  após  as  primeiras  notícias chegarem  à  Londres  os  sinos  das  igrejas  tocaram em  homenagem  à  vitória.  No  quartel-general  do Comando  Supremo  Alemão  as  mensagens causaram  grande  impacto,  e  embora  Ludendorff tenha  ordenado  o  imediato  envio  de  reforços  para  a área  da  penetração,  ele  reconhecia  que  o  efetivo necessário  para  restaurar  a  defesa  local  dificilmente estaria  apto  antes  de  23  de  novembro,  portanto também  emitiu  alerta  para  uma  retirada  de emergência.  Mas,  na  continuação,  tanto  os  sinos britânicos  quanto  os  receios  alemães  eram prematuros  –  embora,  para  o  futuro,  proféticos.

    Para  explorar  a  brecha,  o  Exército  britânico ainda  dependia  da  mobilidade  da  cavalaria,  sem  a proteção  blindada  e  a  motorização  adequadas  para enfrentar  as  metralhadoras  e  vencer  as  grandes distâncias  envolvidas  na  guerra  atual.  Cinco divisões  de  cavalaria  estavam  em  posição  de

    ataque,  mas  mais  uma  vez  demonstraram

    12

    incapacidade  para  aproveitar  o  êxito  com  os  seus meios  orgânicos.

    Poderia,  ainda,  ter  sido  colhido  o  sucesso  do rompimento  inicial  se  houvesse  sido  prevista  uma reserva  adequada  em  blindados  e  infantaria  que pudesse  ter  alargado  e  garantido,  em  melhores condições,  a  passagem  pela  brecha  com  a cavalaria.  Mas  os  recursos  necessários  haviam  sido desperdiçados  nas  Flandres,  logo  a  oportunidade perdeu-se,  o  inimigo  teve  habilidade  e  tempo  para reunir  meios  e  contra-atacar.

    O  contra-ataque  alemão,  a  partir  de  30  de novembro,  foi  tão  devastador  que  a  opinião  pública britânica  nunca  mais  mostrou  disposição  para celebrações  prematuras.  O  surpreendente  golpe impôs  uma  profunda  cunha  nos  flancos  e  na retaguarda  da  linha  britânica,  tanto  a  anterior  como a  atual,  enquanto  capturou  6.000  homens  e  158 canhões  no  primeiro  dia.  Embora  a  ameaça  tenha sido  posteriormente  detida,  o  balanço  final  da batalha  foi  praticamente  um  empate  –  os  alemães

    fizeram  9.000  prisioneiros  e  os  britânicos  11.000,

    13

    enquanto  a  perda  relativa  de  terreno  foi  numa proporção  similar.

    Fig  2:  Localização  particular  de  Cambrai.

    Ainda  que  a  batalha,  ao  final,  tenha  sido  uma trágica  reunião  de  erros,  o  saldo  foi  positivo  para  os aliados  ao  apontar  e  pavimentar  os  vitoriosos métodos  do  último  ano  da  guerra,  1918.  Num  prazo mais  longo,  considerando  a  Blitzkrieg  alemã  no início  da  Segunda  Guerra  Mundial,  foi  considerada um  marco  na  história  militar,  o  alvorecer  de  uma

    nova  era.

    14

    Será  iniciado  o  estudo  pela  caracterização  dos principais  aspectos  da  área  de  operações envolvida  na  batalha.

    Fig  3:  Área  de  Operações.

    Por  que  Cambrai?  Após  sua  conquista  pelos alemães,  em  1914,  Cambrai  tornou-se  um importante  nó  ferroviário,  quartel-general  e  local  de acantonamento  de  tropas.  Sua  posição,  como  nó

    logístico,  ficava  caracterizada  pela  junção  de

    15

    ferrovias  conectando  Douai,  Valenciennes  e  Saint Quentin,  e  como  tal  participando  diretamente  do transporte  de  suprimentos  vindos  da  Alemanha  e  do nordeste  industrial  ocupado  da  França,  bem  como do  tráfego  de  homens  e  materiais  nas  ligações laterais  entre  os  exércitos  alemães  da  Frente Ocidental.  Também  na  área  de  Cambrai  localizava- se  a  conexão  logística  proporcionada  pela  hidrovia do  canal  de  Saint  Quentin  com  o  rio  Escalda.

    Assim,  como  objetivo  militar,  Cambrai justificava-se,  particularmente,  por  sua  importante posição  na  rede  de  comunicação  inimiga.  Mas, entretanto,  a  cidade  de  Cambrai  estava  situada atrás  de  uma  formidável  posição  defensiva.  E assumindo  que  essa  posição  pudesse  ser penetrada,  continuaria  sendo  muito  difícil  o combate  em  área  urbana  e  industrial  que  se seguiria,  como  anteriormente,  em  1915,  fora reconhecido  ao  evitar-se  investir  área  semelhante na  cidade  de  Lens.

    O  solo  era  bom,  de  relevo  levemente  ondulado

    e  sem  as  crateras  características  de  outras  áreas,

    16

    por  até  então  ter  sido  um  setor  calmo  da  frente, excelente  para  o  movimento  dos  novos  blindados; dois  acidentes  capitais  destacavam-se,  o movimento  de  Flesquieres-Havrincourt  e  o movimento  de  Bourlon,  este  último  dominando  as áreas  de  retaguarda  alemãs,  permitindo  avistar  até Valenciennes,  a  cerca  de  45  km.  As  matas  ao  sul de  Havrincourt  estavam  intactas  e  forneciam  uma excelente  cobertura  para  posição  de  ataque  dos tanques.  A  área  estava  enquadrada  por  dois  canais, um  a  oeste,  o  canal  do  Norte,  e  outro  a  leste,  o canal  de  Saint  Quentin.

    O  clima  na  região  de  Cambrai  possui  as características  do  tipo  oceânico.  As  precipitações distribuem-se  regularmente  pelo  ano,  entretanto  os meses  de  junho  e  novembro  apresentam  as maiores  médias,  respectivamente,  66  e  60  mm, enquanto  fevereiro  as  menores,  40  mm.  A temperatura  média,  em  novembro,  é  de  cerca  de  7º C.  O  nascer  do  sol  é  por  volta  das  8:20  horas  e  o

    pôr  do  sol  por  volta  das  16:50  horas.  A  umidade  gira

    17

    em  torno  dos  80  %  e  os  ventos  predominam  de  sul para  sudoeste,  a  32  km/h.

    Fig  4:  Tabuleiro  do  Jogo  de  Guerra  Tático

    Cambrai  .

    Abordando,  agora,  as  principais  características das  nossas  forças  na  batalha.  Detalhes  mais técnicos,  como  características  e  desempenhos  dos armamentos,  serão  deixados  para  um  próximo  livro que  abordará  um  nível  de  decisão  mais  técnico.

    As  divisões  de  infantaria  britânicas  contavam com  um  poder  de  combate  de  três  brigadas  de

    quatro  batalhões  cada.  Cada  batalhão  possuía  um

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    efetivo  de  cerca  de  1.000  homens  divididos  por quatro  companhias.

    O  efetivo  das  divisões  de  cavalaria  era  cerca da  metade  das  de  infantaria,  consistindo  de  três brigadas  de  quatro  esquadrões.  Cada  esquadrão (regimento)  possuía  um  efetivo  de  cerca  de  500 homens.  A  artilharia  divisionária  consistia  de  duas brigadas  de  duas  baterias  com  6  peças  cada,  num total  de  24  canhões  13  libras  do  tipo  Quick  Firing  . As  divisões  de  cavalaria  eram,  ainda,  equipadas com  um  total  de  30  metralhadoras.

    A  artilharia  das  divisões  de  infantaria  era praticamente  igual  à  alemã,  consistindo  de  quatro brigadas  de  três  baterias  com  6  peças  cada.  Três das  brigadas  eram  equipadas  com  54  (3  x  18) canhões  18  libras  (83,8  mm)  do  tipo  Quick  Firing  e uma  brigada  com  18  obuseiros  4.5  polegadas  (114 mm),  num  total  de  72  peças  por  divisão.  Para  a batalha  de  Cambrai  as  divisões  receberam,  cada uma,  mais  72  peças,  dobrando  os  números  acima.

    O  Real  Corpo  de  Tanques  era  constituído  por

    brigadas,  cada  uma  com  3  batalhões.  Cada

    19

    batalhão  contava  com  3  companhias  de  12  tanques –  4  pelotões  de  3  tanques  -,  cada,  e  uma  reserva de  6  tanques  como  substituições.  Cada  brigada possuía  ainda  18  tanques  como  substituições  (6  por batalhão)  e  3  tanques  (1  por  batalhão)  para comunicações.

    Fig  5:  O  comandante  do  Corpo  de  Tanques

    britânico,  general  Hugh  Elles.

    Além  disso,  o  Corpo  possuía  um  destacamento para  emprego  junto  à  cavalaria,  no  aproveitamento do  êxito,  com  32  tanques  equipados  com  ganchos

    para  afastar  os  arames  farpados  e  2  portando

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    material  para  construção  de  pontes.  Por  último,  um tanque  apoiaria  as  comunicações  de  um  quartel- general  de  exército  em  campanha,  transportando cabos  telefônicos.

    O  III  Exército  contava  ainda  com  o  apoio  aéreo de  três  esquadrões  de  caça  e  de  apoio  aéreo aproximado  e  um  esquadrão  de  bombardeio  –  doze aeronaves  cada.

    A  ordem  de  batalha  britânica  para  a  Batalha  de Cambrai,  entre  20  de  novembro  e  3  de  dezembro

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