Dores E Flores
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Dores E Flores - Marcos Barreto
DORES E FLORES
MARCOS BARRETO
DORES E FLORES
Rio de Janeiro - 2024
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Barreto, Marcos, 1965-Dores e flores / Marcos Barreto. - - 1. ed. - -
Rio de Janeiro: Ed do Autor, 2024.
ISBN 978-65-01-04558-0
1. Romance brasileiro I. Título 24-210048 CDD-B869.3
Índices para catálogo sistemático: 1. Romances: Literatura brasileira B869-3
Aline Graziele Benitez – Bibliotecária – CRB-1/3129
Copyright © 2024 – Todos os direitos reservados.
Dedico este livro a:
___________________________________
Um par de olhos aguardava por ela quando a porta finalmente foi aberta...
____________________ ___ / ___ / ___
Ao mundo dos Betinhos e das Rosinhas
"Eu tinha medo da dor, até
que aprendi que é necessário crescer."
Ernest Hemingway
SUMÁRIO
Capítulo 1...........................pág.17
Capítulo 2...........................pág.33
Capitulo 3...........................pág.47
Capítulo 4...........................pág.61
Capítulo 5...........................pág.75
Capítulo 6...........................pág.87
Capítulo 7...........................pág.97
Caro leitor,
É com grande prazer que apresento a você o romance Dores e Flores
, escrito por Marcos Barreto. Nesta obra, Barreto nos conduz por uma jornada emocional, explorando os altos e baixos da vida, os desafios e as belezas que encontramos ao longo do caminho.
As páginas de Dores e Flores
são como um jardim variado, onde as dores se entrelaçam com as flores, criando uma tapeçaria de sentimentos e experiências. O autor habilmente tece palavras, pintando com tinta literária os momentos de tristeza e alegria, amor e perda.
Nossos protagonistas enfrentam dilemas, desafios e escolhas difíceis. Eles são como flores que desabrocham sob o sol, mas também enfrentam tempestades e ventos fortes. A cada capítulo, somos convidados a mergulhar mais fundo em suas vidas, a sentir suas dores e celebrar suas flores.
Que este romance seja uma jornada inesquecível para você, caro leitor. Que as dores se transformem em flores e as flores continuem a desabrochar, mesmo nos momentos mais sombrios.
Com gratidão,
Marcela Barreto Professora de Língua Portuguesa & Redação Estudante de Jornalismo
"Uma certa angústia
brotou-lhe na alma. Olhou
para si mesmo e viu o quanto havia mudado."
CAPÍTULO 1
NAQUELA TARDE entediada e sem graça, o sol ainda brilhava. Apesar do insosso sorriso das bromélias, num esforço sem igual, tudo se parecia com um daqueles dias habituais. Considerado por muitos como um dia qualquer. Só isso.
No áspero da imensa calçada, sentada no zero, Rosinha se atracava com o mundo prestes a desabar sobre a sua cabeça. Imóvel e absorta, olhava detidamente para os girassóis cabisbaixos, como ela, castigados pelo ar quente. Às vezes, revezava o olhar para si mesma, como se fizesse um exame interior mais apurado.
17
Era impossível não olhar para aquela cicatriz no braço. Era o registro do passado. Tinha visivelmente o corpo marcado. Via-se, sem dúvida, naqueles frágeis girassóis.
Aquele era um momento cru, sem vida e sem rumo.
Vivera, no entanto, um tempo impossível de se colocar imperfeições. Guardava, porém, na alma o que a consumia intensamente. Mesmo que alguém atinasse para mudar isso, não seria o caso. As coisas, que antes pareciam estanques, estavam agora mergulhadas no caos.
Tinha terrivelmente o corpo marcado para sempre.
Rosinha era uma pessoa enigmática. Ocultava segredos que seus olhos e senso de humor permitiam disfarçar. Nos seus trinta e poucos anos, na verdade, mais para muitos que poucos, devido à feição maltratada, sabia camuflar muito bem suas mazelas. Seus olhos castanhos combinavam com o tom avermelhado dos cabelos. Mas, quase sempre esse fato a incomodava sensivelmente.
Não era algo assim tão fácil para ser esquecido.
Mesmo que quisesse, mesmo que fosse possível, ainda assim se deparava com fantasmas do passado.
Há alguns anos, ainda com tenra idade, teve parte do cabelo arrancado quando brincava no parquinho próximo de casa. Ao recordar o infeliz episódio, Rosinha passou a mão nas madeixas. Não deixou, assim, de sentir um arrepio, como se revivesse o passado.
Permitiu, por alguns segundos, que uma lágrima escorresse pela face. Mas teve de interrompê-la, à força.
Não julgava necessário chorar. Ainda que estivesse sozinha, achou por bem engolir o choro. Achava melhor assim. Sorriu. Melhor: fingiu um meio sorriso.
18
Apesar disso, lograva a admiração de todos. Pelo menos, às vezes, era o que pensava a pobre diabinha. Até aqueles que não tinham onde morar, os ditos mendigos e desafortunados, nutriam por ela alguma simpatia.
Pessoas importantes também.
Seu Jorge, vizinho do quarteirão, era uma daquelas pessoas que nutria algum sentimento por ela. Estatura mediana, de aparência rude, ele lhe acenava o cotoco de braço sempre que a via:
— Lindo dia, não?
— É. Mas parece que vai chover. O senhor não concorda?
— Nessa época do ano é praticamente imprevisível. Pode ser que sim, pode ser que não!
— Até mais ver.
E, com ares de quem, também, já enfrentou todas as intempéries da vida, o marido de D. Odete se despedia de Rosinha. Dava, em seguida, uns passos em direção à única padaria existente naquela cidadezinha: Padaria dos Prazeres.
Lá, qualquer um, com certeza, poderia encontrar um pão vespertino bem quentinho. E dos melhores. Por fim, quase como um carma, aquele homem de meio sorriso, como o dela, desaparecia no fim da calçada…
Mas isso é passado...
, pensava ela, mirando o infinito.