UPP Soft Power nascido na favela
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Sobre este e-book
Em “UPP - Soft Power nascido na favela” o autor primeiramente explicita, no contexto das Relações Internacionais, algumas das ferramentas de projeção de poder utilizadas pelos Estados-Nação. Em um segundo momento, são abordados os riscos e desdobramentos da criminalidade transnacional, incrementada pelas dinâmicas decorrentes da globalização. Posteriormente é examinada a hipótese de que experiências bem sucedidas no combate à criminalidade, como pode vir a ser o caso das UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora) no Rio de Janeiro, possam tornar-se ferramentas para a projeção de poder do Estado brasileiro através de soft power.
O autor aborda com precisão temas polêmicos como direitos humanos, violência urbana, crime organizado e a dinâmica de poder nas relações entre os Estados-Nação.
Rayel G. C. Barroso
O escritor brasileiro Ráyel G. C. Barroso busca inspiração no cotidiano,na essência dos relacionamentos humanos e nas formas diferenciadas de assumir a vida. Simpatizante do aprendizado pelo grande caminho, o Tao ( 道 ), Ráyel dialoga intimamente com o processo pelo qual cada coisa se transforma no que é. Totalmente livre de rótulos ou regras editoriais, suas obras cruzam a fronteira do meramente comercial para, mais adiante, serem incorporadas ao próprio caminho do autor.
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UPP Soft Power nascido na favela - Rayel G. C. Barroso
UPP – Soft Power nascido na favela
by Ráyel G. C. Barroso
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Ráyel G. C. Barroso
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Copyright 2011 by Ráyel G. C. Barroso
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Todos os direitos desta edição reservados à
Ráyel Guilherme Curado Barroso
rayelgcb@yahoo.com.br
Sumário
0 1 - Introdução
0 2 - Da importância de novas abordagens
0 3 - Projeção de poder
3.1 - Equilibrando um sistema baseado em percepções
3.2 - O hard power em exercício
3.3 - O soft power em exercício
3.4 - Combinação dos recursos
0 4 - A dimensão do crime em um mundo globalizado
4.1 - Aspectos gerais
4.2 - Crime organizado transnacional
4.3 - Sob a sombra do terrorismo
4.4 - Violência urbana
0 5 - O avanço da criminalidade na América latina
0 6 - Dimensões estratégicas do combate ao crime organizado e ao terrorismo
6.1 - Ameaça difusa
6.2 - O papel de organismos multilaterais
6.3 - Além da iniciativa estatal
6.4 - Desejo de segurança
0 7 - Menos enfrentamento e mais inteligência
0 8 - Unidades de Polícia Pacificadora
0 9 - Do Brasil para o mundo
1 0 - Considerações finais
1 1 - Referências
1. Introdução
Desde o corte epistemológico marcado pelo fim da Guerra Fria, com a subsequente distensão nas relações internacionais, o mundo experimentou uma crescente interação entre os Estados e suas múltiplas dimensões. A liberalização dos fluxos de comércio, capitais, tecnologias, informação e da mobilidade, acenava com oportunidades de progresso qualitativo das dinâmicas sociais, redução da assimetria em questões como renda, acesso à educação e segurança. Alguns autores chegaram a supor que o triunfo da democracia liberal ocidental se revelaria como o ápice da evolução, entre esses autores figurava Fukuyama com o artigo publicado em 1989 intitulado The end of history
.
Nas últimas décadas a humanidade, anteriormente dispersa e fragmentada, vivenciou e ainda vivencia os efeitos da chamada globalização ou transnacionalização. Este fenômeno não ocasionou apenas transbordamentos benignos
como o incremento na intensidade e amplitude das dinâmicas sociais ditas transfronteiriças (comunicações, cultura, pessoas, serviços, bens). Em consonância com o expresso por Weber, Keohane e Goldstein (1993, p. 4), ao sustentarem que as ideias ao lado dos interesses têm peso causal equivalente na explicação da ação humana, a globalização também revelou um substancial aumento na manifestação de ameaças à integridade do tecido social. Atividades de organizações criminosas foram redimensionadas, aproveitando ao máximo o ambiente favorável a expansão da rede de ilícitos. Esses novos delitos, ou ainda as novas formas de delinqüir, transcendem limites territoriais dos Estados Nacionais, revelando o escopo transnacional de iniciativas criminosas anteriormente acolhidas como sendo apenas relativas à questões de segurança pública ou no máximo segurança interna de cada Estado.
Líderes de todo o mundo são desafiados diariamente a desenvolver visão holística para abordar as diversas manifestações da criminalidade transnacional. Como preço do desenvolvimento das condições para uma paz social sustentável, muitos Estados e organizações estão receptivos ao aproveitamento das experiências advindas de casos de sucesso desenvolvidos em outros países. Dentre os estes figura o Brasil que, na área de segurança pública, possui iniciativas de destaque como o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP’s).
O presente livro tem o objetivo de, com base nos conceitos de soft power e hard power destacados pelo professor Joseph Nye Jr. (Nye Jr.,1990; 2002), questionar se a expertise adquirida pelo Brasil no combate ao crime organizado e à violência¹ urbana, particularmente com as UPP’s, constitui apenas uma contingência de caráter interno de um Estado-Nação ou representa uma nova dimensão de soft power, potencialmente empregável nas relações internacionais?
Antes de prosseguir, entretanto, é necessário fazer uma observação de ordem conceitual. Crime é um conceito jurídico. Diz respeito