Antigos segredos
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Sobre este e-book
Henry Devonshire era o filho ilegítimo de Malcolm Devonshire, dono de Everest Records. Henry era um homem irresistível, cujo único objetivo consistia em tornar-se no herdeiro do império do seu pai à beira da morte. A única pessoa que o podia ajudar a conseguir o seu sonho era Astrid Taylor, a sua adorável assistente pessoal; no entanto, não contava com a atração que viria a sentir por ela e que lhe podia custar, literalmente, uma fortuna.
Katherine Garbera
Katherine Garbera is a USA TODAY bestselling author of more than 100 novels, which have been translated into over two dozen languages and sold millions of copies worldwide. She is the mother of two incredibly creative and snarky grown children. Katherine enjoys drinking champagne, reading, walking and traveling with her husband. She lives in Kent, UK, where she is working on her next novel. Visit her on the web at www.katherinegarbera.com.
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Antigos segredos - Katherine Garbera
Capítulo Um
Astrid Taylor tinha começado a trabalhar para o Everest Group há exatamente uma semana. A descrição do seu trabalho assemelhava-se muito à de uma ama, mas o salário era bom. Isso era o único que lhe importava naquele momento. Ia ser a ajudante pessoal de um dos filhos de Malcolm Devonshire.
A sua experiência como assistente do lendário produtor discográfico Mo Rollins tinha-lhe assegurado o facto de conseguir o trabalho com a Everest Records. Alegrava-se de não lhe terem feito demasiadas perguntas sobre o despedimento do seu último emprego.
– Bom dia, senhora Taylor. Chamo-me Henry Devonshire.
– Bom dia, senhor Devonshire. Muito prazer em conhecê-lo.
Henry estendeu a mão e ela apertou-a. Ele tinha umas mãos grandes, fortes, embora de manicura perfeita. O seu rosto quadrado enquadrava um nariz que parecia ter-se partido em mais de uma ocasião. Obviamente, era de esperar num jogador de rugby de primeira classe, ao qual uma lesão tinha obrigado a abandonar o desporto. Apesar de tudo, continuava a ter um aspeto muito atlético.
– Preciso de si no meu escritório dentro de cinco minutos – disse-lhe ele. – Traga tudo o que tiver sobre a Everest Records. Assuntos económicos, grupos que tenhamos contratado, grupos que deveríamos deixar… tudo.
– Sim, senhor Devonshire – respondeu ela.
Ele parou no umbral do seu escritório e dedicou-lhe um sorriso.
– Pode chamar-me Henry.
Ela assentiu. Ele tinha um sorriso perfeito, que a deixou completamente petrificada. Era ridículo. Tinha lido os artigos da imprensa sensacionalista e das revistas. Era um mulherengo. Estava com uma mulher diferente todas as noites. Não devia esquecer-se disso.
– Por favor, chame-me Astrid – disse.
Henry assentiu.
– Está a trabalhar aqui há muito tempo?
– Só há uma semana. Contrataram-me para trabalhar especificamente consigo.
– Ótimo. Assim não terá dúvidas sobre a quem deve lealdade.
– Não, senhor. O senhor é o chefe – afirmou ela.
– Disso pode ter a certeza.
Astrid começou a reunir os relatórios que ele lhe tinha pedido. Desde a aventura sentimental pela qual tinha terminado o seu último emprego, fez a si mesma a promessa de que, no seguinte, comportar-se-ia de um modo completamente profissional. Sempre tinha gostado de homens e, para ser sincera, sabia que se metia com eles mais do que devia, mas ela era assim mesmo.
Observou como Henry se metia no seu escritório. Namoriscar no lugar de trabalho era uma má ideia, mas Henry Devonshire era tão encantador… Obviamente, ele não ia insinuar-se a ela. O círculo social no qual ele se mexia contava com supermodelos e atrizes de primeiro nível, mas Astrid sempre tinha tido debilidade por olhos azuis e sorrisos encantadores. Além disso, dez anos atrás, sentiu-se muito atraída por Henry Devonshire quando lho tinham apresentado no início de um jogo dos London Irish.
Por fim tinha preparado o que lhe tinha pedido Henry. Tinha colocado tudo numa pasta depois de imprimir a informação que ele tinha organizado. Também tinha copiado o ficheiro no servidor que os dois partilhavam.
O seu telefone começou a tocar. Olhou para o aparelho e viu que Henry ainda continuava a falar pela sua extensão.
– Everest Records. Escritório de Henry Devonshire – disse.
– Temos que falar.
Era Daniel Martin, o seu antigo chefe e amante. Era um produtor discográfico que transformava em ouro tudo aquilo em que tocava. No entanto, quando o ouro perdia o seu brilho, Daniel perdia interesse, algo que Astrid tinha experimentado na sua própria carne.
– Acho que não temos nada para dizer – replicou ela. A última coisa que desejava era falar com Daniel.
– O Henry Devonshire poderia ter outra opinião. Reúne-te comigo no parque de estacionamento que há entre o City Hall e a Tower Bridge dentro de dez minutos.
– Não posso. O meu chefe precisa de mim.
– Não será teu chefe por muito tempo se não falares comigo. Acho que ambos sabemos isso.
Não te estou a pedir muito tempo. Só uns poucos minutos.
– Está bem – replicou Astrid, consciente de que Daniel poderia estragar a nova oportunidade que a vida lhe tinha brindado na Everest Records simplesmente com um rumor sobre o ocorrido no seu último trabalho.
Não tinha a certeza sobre o que Daniel queria. A sua relação tinha terminado de má maneira. Talvez só quisesse fazer as pazes com ela dado que Astrid estava de novo na indústria da música. Pelo menos, isso era o que ela esperava.
Enviou a Henry uma mensagem instantânea para lhe dizer que voltaria em breve e preparou o gravador de chamadas dos seus telefones. Cinco minutos mais tarde, ia passeando por uma zona verde que havia junto ao Tamisa. Muitos trabalhadores estavam ali naquele momento, fazendo uma pausa para fumarem um cigarro.
Astrid começou a procurar Daniel. Viu rapidamente o seu cabelo louro. O dia estava nublado e chuvoso e estava bastante frio. Daniel levava o sobretudo com a gola levantada e estava muito bonito. Apesar de Astrid ter conseguido esquecê-lo, não pôde evitar fixar-se nele. Viu a desilusão de muitas mulheres quando Daniel se voltou para ela. No passado, tinha gozado com os olhares de inveja de outras mulheres. Nunca mais. Sabia perfeitamente que não tinham nada que invejar. O encanto de Daniel Martin era apenas superficial.
– Astrid.
– Olá, Daniel. Não tenho muito tempo. Por que é que querias ver-me?
– O que é que achas que estás a fazer a trabalhar para a Everest Records?
– Contrataram-me. Preciso de trabalhar, dado que não sou rica. O que é que querias dizer-me?
– Que se ficares com alguns dos meus clientes, asseguro-te que acabarei contigo.
– Asseguro-te que eu nunca faria isso – replicou ela, sacudindo a cabeça.
– Estás avisada. Se te aproximares dos meus clientes, telefonarei a Henry Devonshire e conto-lhe tudo o que a imprensa sensacionalista não revelou sobre a nossa relação.
Dito aquilo, Daniel virou-se e afastou-se dela. Astrid simplesmente observou como ele se ia embora e perguntou-se como se ia poder proteger de Daniel Martin.
Regressou rapidamente ao arranha-céus do Everest Group, entrou no elevador que levava ao seu andar e dirigiu-se para a porta que dava entrada ao escritório de Henry.
– Posso entrar?
Ele estava a falar ao telefone, mas fez-lhe um gesto para que ela entrasse. Ela assim o fez e pousou as pastas que Henry lhe tinha pedido em cima da mesa do seu escritório.
– Parece fenomenal. Estarei lá às nove – replicou Henry. – Dois. Seremos dois – acrescentou. Desligou o telefone e olhou para ela. – Sente-se, Astrid.
– Sim, senhor.
– Obrigada pelo material que preparou. Antes de nos pormos a trabalhar, fale-me um pouco de si.
– E o que é que quer saber? – perguntou-lhe ela.
Não lhe parecia prudente contar a sua história inteira. Não queria revelar por acidente detalhes que era melhor que permanecessem ocultos. Tinha esperado que o facto de trabalhar para a Everest Group fosse a mudança que necessitava para marcar diferenças entre o seu passado e o seu futuro. Um trabalho que a mantivesse tão ocupada que a obrigasse a deixar de se preocupar sobre o passado e aprender a viver de novo a vida.
– Para começar, por que é que trabalha para o Everest Group? – perguntou-lhe ele, cruzando os braços. A cingida camisola negra que vestia esticava-se contra os avultados músculos dos braços. Evidentemente, o seu chefe estava em muito boa forma física.
– Contrataram-me – respondeu. Depois da sua conversa com Daniel, tinha medo de dizer demasiado.
– Isso quer dizer que este trabalho é somente uma forma de ganhar a vida?
– É algo mais. Gosto muito de música e formar parte da sua equipa pareceu-me muito divertido. A oportunidade de ver se podemos encontrar o seguinte cantor de êxito. Sempre me considerei uma pessoa que pode marcar tendências e agora tenho oportunidade de ver se isso é mesmo assim.
No passado, tinha pensado que poderia dedicar-se à produção musical, mas descobriu que não tinha a personalidade necessária para o conseguir. Não podia sentir paixão por um cantor ou grupo musical e depois deixar tudo de lado quando as vendas dos seus discos começassem a descer. Gostava de acreditar que tinha integridade.
– Isto faz com que trabalhar para mim seja mais fácil. Vou precisar que seja a minha ajudante pessoal mais do que simplesmente a minha secretária. Terá que estar disponível vinte e quatro horas durante sete dias da semana. Não teremos um horário regular de escritório porque penso conseguir que esta divisão da Everest Group seja a que mais lucros tenha. Alguma objeção?
– Nenhuma. Disseram-me que este trabalho requereria muita dedicação.
– Ótimo. Normalmente, não estaremos neste escritório. Gostaria de trabalhar na casa que tenho em Bromley ou no meu apartamento aqui em Londres. Principalmente, teremos que ir ouvir atuações musicais de noite.
– Perfeito.
– Bem. Nesse caso, ponhamos mãos à obra.
Preciso que crie um arquivo no qual guardar informação de vários talentos. Vou enviar-lhe um correio com o nome das pessoas que trabalham para mim.
Astrid assentiu e tomou notas enquanto Henry continuava a explicar os termos do trabalho. Apesar do facto de a imprensa o fazer parecer um playboy, parecia que ele tinha cultivado uma série de contactos que lhe seriam muito úteis para o mundo dos negócios.
– Mais alguma coisa?
– Sim. Sou muito bom a encontrar jovens promessas da canção quando os oiço nos locais de atuação, mas gosto de ter uma segunda opinião.
– E por que é que pensa isso?
– Bom, acho que sou a típica pessoa que a maioria desses músicos procura. Sou jovem, social e conheço o ambiente. Acho que isso me deu um bom ouvido para captar as tendências. E a ti, Astrid?
– Adoro música. Além disso, acho que parte da razão pela qual me contrataram é porque fui assistente pessoal de Daniel Martin.
– De que tipo de música gostas?
– Algo que tenha alma. Sentimentos – respondeu ela.
– Isso parece…
– Antiquado?
– Não, interessante.
Astrid saiu do escritório de Henry e tentou concentrar-se no seu trabalho, mas tinha desfrutado da sua companhia mais do que deveria tê-lo feito para ser o seu chefe. Tinha que se lembrar que, efetivamente, Henry Devonshire era o seu superior. Não tinha intenção alguma de voltar a começar com o coração partido e uma conta bancária em números vermelhos.
Henry