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A Colina Dos Fogos Fugazes
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A Colina Dos Fogos Fugazes
E-book149 páginas1 hora

A Colina Dos Fogos Fugazes

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Sobre este e-book

A Colina dos Fogos Fugazes de Emiliano D'Alessandro
O único romance na Itália sobre o massacre de Cefalônia.
Através de uma narração realista, Emiliano D'Alessandro conta a obscura tragédia que tem como protagonistas doze mil jovens do nosso exército real, os "filhos da mamãe" da Divisão Acqui do general Antonio Gandin, na ilha de Cefalônia, na Grécia.
O mês de setembro de 1943 foi decisivo para a Itália. Entregaria as armas aos alemães ou "resistiria" para honrar a Pátria? Prevaleceu a ideia de que "com arma você cai, mas não cede"!
Uma visão fascinante sobre o passado da Itália, uma retrospectiva importante para se concentrar em um evento que ainda está esperando para ser definido o seu papel na história daqueles anos, mas também a história pessoal e humana de Salvatore Di Rado, ainda jovem demais para morrer, talvez o único "sobrevivente de um fuzilamento" na segunda guerra mundial, testemunha de sua odisseia iluminada por um inesperado amor atormentado, uma amizade que consolida dia após dia e a visão de lugares encantados.
Através do protagonista, símbolo do jovem sacrificado, abandonado e finalmente esquecido, o romance relembra a história italiana e uma guerra infeliz que o mundo parece querer esquecer. Uma narração singular em que cada história desenvolve outra, e depois caem e fervem juntas no caldeirão caricaturado da história, agora defraudado por uma indiferença desenfreada.
Um texto envolvente, que desperta no leitor a consciência civil, às vezes brilhante e irônico, mas acima de tudo um ato verdadeiro que reconstrói de um novo ângulo uma tragédia nunca suficientemente investigada.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de fev. de 2019
ISBN9781547568147
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    A Colina Dos Fogos Fugazes - Emiliano D'alessandro

    www.emilianodalessandro.it

    Emiliano D’Alessandro

    A COLINA DOS FOGOS FUGAZES

    Aos meus pais

    A salvatore

    Às almas da Divisão Acquia

    Agradecimentos:

    Um agradecimento especial dirigido ao mestre Tanino Liberatore pela capa e à infinita docilidade como artista em suportar meus voos Pindáricos.

    Ao professor Dario Fo por ter me encorajado nesta obra literária gritando um energético sucesso,sucesso,sucesso!

    Além disso, um sincero agradecimento pelo carinho demonstrado pelo muito cortês Gianni Minà e a todas aquelas pessoas que acreditaram em mim e apoiaram essa obra moralmente.

    Estava imerso em sono profundo, e via

    Fantasmas raquíticos, e ouvia sussurros e vozes,

    Enquanto de repente na última valada

    Carregava os pensamentos sombrios e ferozes.

    A lua está cheia no céu,

    E eu dos fossos sobre o fogo

    A loucura corria, e parecia

    Que lia os anos e os nomes nas cruzes

    Eminente morte, que tinha guirlanda em seus ossos,

    E no túmulo alternava pegadas tremendas

    Para o miserável funeral solitário.

    E estendendo seu braço esquelético,

    Existe o lugar, aonde é necessário descer,

    Disse a fera, e eu acordei perdido.

    Dionysios Solomos

    (Zante, abril de 1798 - Corfu, fevereiro de 1857)

    I

    —Feüer! Fogo!

    Essa foi a última palavra que pude ouvir antes de ser baleado.

    Senti descargas de balas, pequenas e rápidas rajadas, como se estivessem a uma grande distância de mim.

    No entanto, apenas alguns metros separavam meu corpo débil e desprovido daquelas poderosas armas.

    Eu, como um espectador descuidado, seguia com o olhar as balas perdidas que teriam tirado minha vida e as de meus companheiros. Elas pareciam ser jogadas de uma catapulta.

    De fato, embora tudo parecesse alterado por fortes emoções, distinguia claramente a ogiva que, indolente mas segura, atravessou impiedosamente a trajetória preparada pelo competente atirador.

    As narinas estavam cheias, saturadas com um cheiro acre, forte, e todo o ar ao redor estava impregnado daquele mau odor. Não havia lugar, num raio de centenas de metros, onde não se podia sentir aquele cheiro insuportável de pólvora.

    Penetrava na pele, de modo que quase podia tocá-la.

    Respirando-a, era quase inevitável não a senti subindo pelas narinas como uma afiada lâmina espetando o cérebro, devastando-o e aniquilando as derradeiras lembranças da nossa última batalha.

    Que espetáculo!

    Parecia que estava assistindo a uma comédia macabra, em que os meus camaradas não passavam de figurantes obscuros, os seus assassinos eram diretores de trupes decadentes e eu um espectador atônito e perdido. Certamente não poderia estar lá com eles se fosse uma execução real, porque é humanamente inconcebível matar homens, soldados de uma maneira tão estúpida. Nenhum ser humano teria uma ferocidade tão impiedosa dentro de si.

    No momento em que considerava com frágil convicção a minha presença como espectador em uma trama bem elaborada, meus olhos voltaram novamente para presenciar a realidade que eu estava experimentando e aquele projétil, muito lento, mas implacável, canalizou toda a sua energia devastadora para meu coração.

    Disseram-me que era uma questão de um segundo, um momento e tudo terminaria: nem mesmo o tempo perceberia o que realmente estava acontecendo.

    Hoje me pergunto como foi possível, naquele momento, refazer toda a minha vida, minuto a minuto, instante a instante.

    Ouvia o som terno da voz de minha mãe e suas mãos calejadas pelo trabalho faziam carícias no meu rosto. De fato, pareceu-me vê-la ao meu lado segurando meus ombros para tentar, como toda mãe faria por seu filho, acalma-lo da angústia. Juntos assistíamos a morte chegar e naquele momento percebi que nunca mais a veria novamente.

    Pobre mulher, quanto já sofrera! E mais essa nova prova.

    A voz abaritonada do meu pai, no entanto, eu a ouvi entre a abundância de tiros. Ele me censurava pelas calças sempre gastas nos joelhos e as roupas desleixadas, mas, como de costume, o tom severo era desajeitadamente enganado por sua expressão que denunciava afetuosidade.

    Aqueles olhos grandes e escuros quase sempre expressavam o oposto do que dizia.

    Mas, foi precisamente a objetividade escarnecedora daquele momento que me lembrou que um mecanismo da morte estava prestes a interromper meus pensamentos. Olhei apenas para o avanço do projétil, mesmo considerando quão estúpido ele poderia ser e quão atraente a terra em que eu estava era.

    Mesmo esse pensamento suavizava essa agonia rápida e lenta.

    Pela última vez, pude aproveitar o lugar maravilhoso que em breve abrigaria meu corpo. Tive forças para me virar e olhar as muitas colinas verdejantes que me cercavam.

    À minha direita, o mar gritava. Encantador e sedutor, azul como os olhos da minha irmã e tão grande quanto o amor que eu tinha pela vida; as ondulações aceleradas das ondas mostravam toda a sua ira pelo massacre que acontecia diante dele.

    Inesperadamente, vi minha irmã aos meus pés, como um padre em devoção no genuflexório. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas ela não queria que eu a visse enquanto chorava; ela nunca fazia isso, só nossa mãe podia olhar e colher as confidências mais íntimas. Eu a vi com as pupilas abertas e coradas para me dar aqueles deliciosos biscoitos que ela mesma preparava, e sabia do quanto eu gostava.

    Ansiava o domingo também por esse motivo: degustar seus doces. Enchia a boca com aquelas iguarias e me contentava enquanto falava, pois tive a impressão de que minha família estava presente.

    Foi a vovó que revelou o antigo segredo daquela receita saborosa. A doce avó que prontamente preparava os cobertores da cama antes que o netinho adormecesse. Com o pensamento de que eu nunca mais desfrutaria desses afetos, meu coração se partiu. Cada gesto meticuloso seu era cheio de imensa bondade. Atenta a cada detalhe, ela arrumava o travesseiro para verificar se ele estava bem posicionado sob a minha nuca. Acariciava meus cabelos e ao mesmo tempo ordenava para não deixá-los bagunçados demais. Suas mãos quentes repousavam sobre os cobertores, como se quisessem molda-los ao meu corpo esguio, transformando-o em uma forma homogênea e compacta com a cama.

    Percebi naquele momento como eu sentia falta daquelas camadas duplas, quentes e fortes como as bochechas do meu avô, que morrera três meses antes da minha partida ao fronte que já estava me preparando para abraçar.

    Mas é justo morrer aos vinte e seis?

    Essa era a pergunta que tentava, frequentemente, responder a mim mesmo.

    Nenhuma resposta parecia plausível. Não se exauria.

    Como nenhuma outra sentença teria sido capaz de fazer justiça a uma questão tão difícil e brutal. Nada e ninguém era capaz de justificar uma morte tão ilógica e irracional.

    Nem mesmo Deus poderia.

    Só naquele momento, com aquela pergunta entre os dentes cerrados e com a minha família ainda diante dos olhos, senti uma necessidade incontida de chorar. Queria fazer isso quando presenciei meu cachorro morrer ainda criança. Chorei durantes dias e parecia que ninguém poderia me consolar novamente.

    Apesar dessa condição, a velocidade do projétil apontado diretamente para o coração conseguiu impedir até mesmo um grito de libertação.

    Aqui estamos nós!

    Como o tempo e o espaço pareciam dilatados, a bala estava prestes a terminar sua corrida letal.

    Estas foram as palavras que Salvatore pronunciou, nunca tirando a vista do meu olhar incrédulo, com minhas mãos e cotovelos repousando sobre a mesa, no pequeno espaço de sua casa.

    No entanto, eu tinha certeza de que aqueles muros antigos tiveram a sorte de hospedar sólidas existências. Habitação antiga certamente fortalecida entre mil histórias abrasadoras de uma dura realidade que era a vida nos campos; entre adolescentes e crianças, jovens e avós; risos e lágrimas, alegria e sofrimento. Observei com cuidado para que eu não fosse notado, as mãos de Salvatore se entrelaçavam nervosamente, os gestos rápidos e decisivos de seus dedos, como se ele fosse um regente, acompanhavam suas palavras, por sua vez ágeis e expressivas; carregado de seu dialeto rochoso dos Abruzos. Impressionado com o que ouvi, escrevi em um caderno os trechos mais importantes daquela história tão envolvente.

    E já me considerando o repositório de memórias desconhecidas e preciosas, tirei o gravador portátil da minha bolsa, que usava exclusivamente para serviços que envolviam política e assuntos públicos; em suma, quando era necessário registrar cada palavra pronunciada, mesmo que fosse apenas para evitar reclamações indesejáveis e desagradáveis.

    Convicto, sem sequer pensar por um momento, de que o meu dever e obrigação era gravar em uma fita cada palavra pronunciada pelo veterano.

    O LED vermelho acendeu, começando a gravação, e a fita começou a girar lentamente ao redor das pequenas cabeças brancas do meu velho Olympus.

    Teria marcado aquela pequena luz vermelha, um longo caminho de um homem perseguindo um refúgio, uma ermida, podendo-se filtrar esse drama? E também a indignação viva de um jovem e zeloso cronista?

    No começo, no entanto, fui tomado pela dúvida: Perguntei-me se estava me levando a sério, jornalista com pouca experiência, talvez usando com seu público o mesmo método de um ilusionista habilidoso.

    E, no entanto, parecia-me que com profunda benevolência ele queria me dar a alegria de ter encontrado uma notícia que ao mesmo tempo era completa e única.

    Ou ele era um presunçoso a ponto de se passar por soldado em guerra, levado a morrer diante de um pelotão de fuzilamento e sobreviveu por milagre de um destino certo? Certamente

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